Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 20
Pensamentos conflitantes


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! Estou de volta (*^-^*). Não, eu não desisti da fanfic, mas eu tenho um bom motivo para não ter postado antes; eu tive que fazer uma viagem e meio que acabei ficando sem um computador para editar e postar os capítulos, eu realmente sinto muito por isso.
Ok... antes do capítulo iniciar eu quero avisar que eu vou tentar postar quarta e domingo, sem promessas, é claro, mas vamos ver como vai ser o andamento da fanfic.

Esse capítulo é dedicado a todos os leitores de Estrela da Alva, principalmente aos que tem comentado na história, eu tenho lido todos os comentários, apenas não tive tempo de responde-los, espero que isso possa demonstrar o quanto o suporte de vocês é importante para mim.

Aproveitem!!! (❁´◡`❁)



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POV. Edward Cullen

Encarei a noite escura que se estendia como um lençol do lado de fora, a lua não havia dado o ar da sua graça, o que não era nenhuma surpresa considerando as densas nuvens no céu, mas tão pouco chovia, embora essa também não fosse demorar.

Soltei um suspiro alto ao jogar a cabeça para trás e fechar os olhos, apesar de ser um vampiro eu estava visivelmente cansado, as informações que eu havia recebido ontem e hoje à tarde rodavam a minha mente me deixando confuso e angustiado. Eu sabia que precisava me lembrar de tudo o que aconteceu no passado, que havia mais coisas que Bella ainda não havia me dito, mas todas as vezes que eu forçava as minhas memórias uma dor de cabeça lancinante me atingia, eu já estava exausto, mas eu não pretendia desistir, eu continuaria tentando.

Peguei a aliança que Isabella me devolvera, era um anel simples, mas carregava tantos significados; girei o aro dourado em minhas mãos e encarei a inscrição: “Edward & Bella”, “Eternamente & Sempre”. Sorri ao perceber a grande ironia, talvez tivéssemos previsto que de alguma forma estaríamos aqui. Coloquei o anel em meu dedo com um sorriso satisfeito, coube perfeitamente.

Era ainda difícil acreditar que eu estava casado, mas não era uma ideia repulsiva, na verdade, eu gostava, considerando que minha esposa era Bella. Eu havia me encantado, primeiro por ela ser um enigma, eu sentia a necessidade de decifrá-la e depois, quando conversamos, descobri o quanto ela era perfeita, tão vulnerável e ao mesmo tempo tão forte, quando percebi já estava absorto em seus gestos, seus sorrisos e olhares, tudo na intenção de decifrá-la ainda mais. Eu estava viciado em sua presença e eu não conseguia dizer em que momento Isabella Swan se tornou uma necessidade.

Uma leve batida na porta me arrancou do meu devaneio com um susto, eu não havia percebido a sua aproximação.

—Pode entrar. -Respondi tirando a aliança e guardando de volta no bolso.

—Eu e seus irmãos estamos saindo para caçar, você vem? -Carlisle indagou assim que abriu a porta.

—Eu cacei ontem, mas podem ir. -Ele hesitou por um momento antes de entrar no quarto e parar ao meu lado.

—Como você está? -Suspirei jogando novamente a cabeça para trás.

—Confuso. -Carlisle soltou uma risadinha antes de se sentar em minha frente com as costas colada no umbral da janela, diferente de mim que estava com o braço apoiado sobre o joelho esquerdo enquanto a outra perna ficava esticada, Carlisle apoiou os braços sobre os dois joelhos.

—É normal se sentir assim, considerando tudo o que você e Alice descobriram.

—Isso é tão assustador, nunca pensei que fosse possível. -Ele deu um sorriso torto.

—Eu sempre soube que a relação de vocês era especial, a afinidade de vocês foi instantânea. -Eu ri.

—Realmente, no momento que a vi, Alice já havia se tornado a minha confidente. -Carlisle esticou as pernas cruzando os tornozelos e entrelaçando as mãos em seu colo.

—Eu lembro que levou muito tempo para que você confiasse em mim. -Dei um sorriso envergonhado.

—Me desculpe, é que...

—Eu sei, não precisa explicar. -Falou com um sorriso de lado. -Eu só quero mostrar o quão profunda é a relação de vocês.

—Obrigado. Eu só... -Carlisle esperou pacientemente que eu organizasse os meus pensamentos. -Só queria lembrar. -Confidenciei baixo, ele abaixou os olhos.

—Eu não quero que você se decepcione, Edward. -Falou voltando a encarar os meus olhos.

—Eu sei.

“Sabe que existe a possibilidade de não se lembrar, não sabe?”

Argumentou através dos seus pensamentos, respirei fundo tentando conter a angústia em meu peito.

—Eu sei, mas é que... -Parei sem saber como continuar.

—O que foi?

—Eu tive um lampejo. -Voltei a confidenciar, Carlisle apertou os olhos tentando absorver a informação. -Foi muito rápido, então... eu... ainda estou meio confuso.

—Quando foi isso? -Indagou curioso.

—Foi no dia do acidente.

—É por isso que estava tão transtornado quando veio me procurar? -Dei de ombros. -E o que te deixou tão assustado? -Esfreguei a nuca nervoso.

—É que...

—Edward, eu sou o seu pai, sabe que pode falar qualquer coisa comigo. Eu não vou te julgar. -Suspirei resignado.

—Eu empurrava a Bella... dentro de um lago... -Carlisle me encarou confuso.

—Mas vocês não eram amigos? -Apertei os lábios desconfortável.

—Bem... não exatamente.

—Acho que não compreendi.

—Bella e eu nos odiávamos, foi o que ela nos disse, só nos tornamos amigos depois, quando ela foi morar na casa dos meus pais. -Ele franziu o cenho.

—Então ela foi adotada, então? -Confirmei.

Carlisle começou a se lembrar dos dias que esteve cuidando de mim e da minha mãe, ele se perguntava porque ele não sabia da existência de Bella, já que estivemos por mais de um mês internados. Pensei em lhe dizer que era uma história complicada, mas antes que eu pudesse lhe falar qualquer coisa a imagem de Bella preencheu os seus pensamentos, ela estava em um vestido azul escuro e rodado, os cabelos estavam presos em um coque elaborado e usava uma leve maquiagem, na lembrança Carlisle encarava por bastante tempo o cordão em seu pescoço que carregava uma única aliança, a minha aliança. Engoli o nó em minha garganta enquanto ele afastava a lembrança para o fundo da sua mente.

—Edward, qual é o relacionamento entre você e Isabella? -Indagou temeroso, engoli em seco.

—Somos... amigos.

—Só isso? Tem certeza? -Inquiriu, mas eu não consegui responder. -Edward, existe alguma possibilidade de você e ela ter tido um relacionamento amoroso? -Encarei ele de olhos arregalados, como ele poderia saber? Tentei entrar em sua mente na tentativa de descobrir o que estava o preocupando.

“Não, Edward. Apenas responda a questão.”

Franzi a testa confuso. Carlisle começou a pensar que deveria descer logo para ir encontrar os outros, que Esme deveria está ansiosa para conhecer o novo garotinho da ala pediátrica que ele estava cuidando, que nos próximos dias choveria bastante, que Alice estaria surtando neste momento com a sua demora.

—O que está acontecendo, Carlisle?

—Só responda, Edward. Existe alguma possibilidade?

—Eu... eu... nós... nós estamos casados. -Soltei de uma vez.

—Deus... -Murmurou escondendo o rosto entre as mãos, fiquei estático apenas observando as suas reações. Carlisle levantou-se de repente se afastando.

—Pai…

“Perdoe-me, filho”

Seus olhos estavam tristes quando voltou a me encarar.

—Pelo quê?

—Bella esteve no hospital, dois dias depois que eu... que eu te levei embora. -Arregalei os olhos. -Eu estava saindo, não queria te deixar sozinho por muito tempo por conta da transformação. -Ele ficou calado por um tempo, encarava a floresta escura pela janela aberta, eu queria entrar em sua mente e saber o que ele estava pensando, mas tudo o que eu conseguia fazer era pensar o quão perto chegou de ela me encontrar em meu leito de morte. -Eu fui solicitado para atendê-la, ela estava... abalada... com a morte do marido. Edward ela estava... -Ele parou de falar novamente, suspirou. -Me desculpe, eu não sabia que era você. -Murmurou com os olhos baixos. Me levantei chegando perto dele e colocando a mão em seu ombro.

—Tudo bem, pai... eu entendo, você não precisa se desculpar, a culpa não foi sua. Na verdade, minha história com Bella é bem mais complicada do que isso.

—Mais complicada como? -Perguntou preocupado, dei de ombros deixando a mão cair ao lado do meu corpo.

—Eu não sei explicar, mas parece que alguém a está perseguindo. -Falei entre os dentes trincados. Ele suspirou. -É por isso que eu preciso lembrar, eu preciso protegê-la disso, eu preciso entender.

—Você ficou quase um século sem essa parte da sua vida, Edward; não será fácil lembrar mesmo que já tenha tido um lampejo. -Argumentou, assenti.

—Eu sei, mas eu tenho que continuar tentando. -Ele sorriu.

—Tudo bem, só não crie muitas expectativas, filho. -Orientou e eu concordei. -Agora eu preciso ir, antes que Alice venha me buscar. -Sorri também.

—Tudo bem. Boa caçada pra vocês.

—Obrigado. E não se preocupe, independente do que esteja acontecendo, nós vamos ajudar. Bella já é da família também.

—Obrigado, pai. -Ele assentiu.

—Eu já vou. E você juízo. -Eu ri ao vê-lo deixando o quarto, voltei para a janela me escorando nela e observando a floresta silenciosa, comecei a pensar em tudo o que Carlisle me falara, se Isabella tivesse chegado antes o que teria acontecido? Eu teria sido transformado? Minha mãe também teria sido salva? Afinal, Bella afirmou que fomos envenenados, deveria haver um antídoto, não? Será que teríamos nos reconciliado? Talvez sim, eu não me importava mais com o que quer que tenha acontecido conosco, talvez não me importasse antes ou me importaria? Suspirei passando a mão no cabelo nervoso, eram tantas questões...

Peguei o celular que estava no bolso da frente da calça e liguei o visor para ver as horas, eram 00:17, Bella deveria estar dormindo a essa hora, sorri já ansioso para vê-la. Me lancei pela janela pousando em um grosso galho de uma árvore e foi alçando voo entre elas que consegui chegar na frente da sua casa.

Pousei na margem da floresta lançando um rápido olhar para a sua janela, seu quarto estava escuro, mas eu sabia que ela não estava lá já que Isabella estava agora sentada no último degrau da sua varanda com as costas colada à pilastra. Seus olhos estavam fechados, então ela não poderia me ver. Sorri observando-a silenciosamente, ela era tão linda.

—O que faz aqui? -Murmurou com a voz suave, me assustei ao constatar que ela havia percebido a minha presença mesmo de olhos fechados. Como? Eu não sei, talvez seja mais um truque de bruxos. Corri na velocidade vampírica até parar em sua frente, Bella sorriu ao sentir seus cabelos soltos se agitarem.

—Não pensava que fosse te encontrar aqui fora. -Falei a primeira coisa que passou pela minha cabeça, ela repuxou os lábios levemente.

—Eu estou sem sono. -Explicou ao abrir os olhos. -Mas você não me respondeu. O que faz aqui? -Passei a mão através dos cabelos, eu estava nervoso com a sua pergunta.

—Eu pensei que estivesse dormindo. -Novamente falei a primeira coisa que pensei para logo me arrepender, era claro que Isabella juntaria 1+1 e chegaria à conclusão que eu estava a visitando a noite, ela com certeza iria pensar que sou um vampiro louco e psicopata.

—E...? -Inquiriu com uma cara incrédula, abri o meu melhor sorriso travesso.

—Você é interessante quando dorme, você fala. -Seus lábios se entreabriram em choque, ela estava tão fofa que me deu vontade de rir, mas fui inteligente o suficiente para não o fazer.

—Você esteve em meu quarto. -Cruzei os braços sobre o peito e apertei os lábios apreensivo, será que ela me mandaria embora aos gritos dizendo que eu era um psicopata? -Desde quando? -Troquei o peso do meu corpo de um pé para outro, embora não fosse necessário, era uma forma de canalizar o meu desconforto. -Edward...

—Não é importante. -Rebati nervoso, ela bufou.

—Desde quando? -Exigiu, esfreguei a nuca angustiado, eu não queria responder, mas eu sabia que ela não deixaria por isso mesmo. Suspirei resignado.

—Desde o acidente. -Ela arregalou os olhos, ficou me encarando por um tempo incrivelmente longo, troquei novamente o peso do corpo.

—Nós dormimos juntos? -Minha mandíbula travou, eu sabia que ela teria chegado a essa conclusão, era inevitável.

—Eu não sei se percebeu, Bella, mas eu não posso dormir. -Tentei desconversar, mas ela me lançou um olhar cortante que fez eu me arrepender no mesmo instante.

—Você entendeu o que eu quis dizer. -Suspirei derrotado, eu não podia esconder isso dela, ele tinha todo o direito de saber.

—Eu entendi sim. -Fitei seus olhos chocolates por um momento. -Você está certa. Nós dormimos juntos. -Respondi esfregando o rosto furiosamente antes de passar a mão nos cabelos. -Me desculpe, eu devia ter sido mais forte. -Bella fez uma careta.

—O que você está querendo dizer?

—Eu sou um cavalheiro Bella, pelo menos eu fui criado para ser um... eu acho.

—Você muitas vezes foi um cavalo comigo. -Por mais que o assunto fosse sério naquele momento, ainda sim, eu ri.

—Mas ainda sim fui criado para ser um cavalheiro e isso significa que eu deveria respeitar uma dama. -Bella me encarou confusa.

—Eu não estou entendendo, Edward.

—Bella, você estava frágil naquele momento, havia acabado de ter um pesadelo, eu não devia... -As palavras ficaram presas em minha boca, Bella me lançou um olhar indagador e eu suspirei derrotado. -Eu não devia ter me aproveitado de você. -Ela apertou os lábios firmemente.

—Você não se aproveitou, se não se lembra eu... eu pedi. -Seu rosto corou levemente e se não fosse a tensão do momento eu teria rido do seu constrangimento.

—Mesmo assim, Bella, como eu disse você estava frágil. Eu devia ter resistido ao desejo. Não está certo. -Ela bufou irritada, voltei a cruzar os braços sobre o peito.

—Você não entende, não é? Eu te amo, Edward. Te esperei por 92 anos, meu Deus, isso é muito tempo, mas mesmo assim eu te esperei e se você tivesse me rejeitado teria sido o pior de tudo. -Jogou as palavras com a voz embargada, ela se esforçava para segurar as lágrimas e eu estava desesperado por que não queria vê-la chorando. -Te desejo mais do que tudo nessa vida, Edward. -Caminhei a passos apressados até está em sua frente, me inclinei apoiando uma das mãos na pilastra atrás dela e segurando seu queixo com a outra mão, aproximei o meu rosto para que nossos lábios estivessem a centímetros de distância.

—Ei, pequena, não chora, por favor, eu te amo e também te desejo mais que tudo na minha existência. Eu não queria que você se sentisse rejeitada. -Murmurei com a voz suave, ela fungou levemente.

—Então, não fale besteiras. -Replicou irritada, sorri.

—Não falo mais. -Assegurei lhe dando um selinho, ela riu.

—Ainda bem que já estamos casados, Sr. Certinho. -Eu gargalhei me endireitando, afastei Bella para o lado delicadamente e me sentei em seu lugar, com as costas no pilar da varanda, a puxei para que sentasse entre as minhas pernas, com as costas grudada em meu peito, e a envolvi em meus braços.

—Muito espertinha você, Srta. Sabe tudo. -Bella paralisou.

—Por que me chamou de Srta. Sabe tudo? -Franzi a testa confuso com a indagação.

—Eu não sei, me pareceu o certo. Por quê? -Ela sorriu.

—Era como você me chamava antes, às vezes, principalmente quando você estava muito, muito bravo. -Acompanhei a sua risada doce.

—Então é bom que eu tenha me lembrado agora. -Murmurei afastando os seus cabelos e dando um beijo em seu pescoço, ela estremeceu e eu ri. Ficamos em silêncio até que eu reuni a coragem suficiente para lhe contar. -Bella…!?

—Hum...?

—Eu queria te contar uma coisa. -Declarei ansioso, Bella se aconchegou mais ao meu peito suspirando.

—O quê?

—Eu meio que tive uma lembrança.

—Lembrança? -Ela tentou se afastar para olhar em meu rosto, mas eu a prendi em meus braços.

—Na verdade, não foi bem uma lembrança, foi mais como um lampejo. -Engoli em seco. Por onde eu começava? Era melhor eu pedir desculpas primeiro? Ou talvez fosse melhor contar tudo de uma vez? Ou eu podia engolir a língua e deixar de ser idiota. -Me desculpe. -Murmurei baixo, Bella se remexeu inquieta.

—Por que está me pedindo desculpas? -Permaneci em silêncio, ela tentou se afastar novamente e dessa vez eu não a impedi. -Edward…

—Tinha um lago... -Respondi encarando a grama, Bella ficou em silêncio por alguns segundos, 8 para ser mais preciso.

—Não... -Murmurou por fim, sua voz estava estranha, mas continuei com os olhos fixos no chão.

—Nós estávamos brigando.

—Edward, não.

—E eu te empurrei para dentro do lago. -Bella se levantou em um rompante e eu a encarei de olhos arregalados. -Bella...? -Chamei um pouco culpado, mas ela não deu ouvidos. Em vez disso, continuou caminhando até a margem da floresta, me coloquei de pé imediatamente preocupado com a asneira que havia acabado de cometer. -Bella...? -Ela se dobrou vomitando em uma moita próxima, me aproximei a passos apressados segurando o seu cabelo para trás. -Bella, o que foi? O que você tem? -Questionei angustiado, ela me empurrou de leve.

—Saia daqui, Edward. Vira para lá... você não precisa ver isso. -Murmurou ofegante.

—Bella, você está me assustando. O que foi? Eu vou ligar para o meu pai. -Anunciei pegando o celular em meu bolso, ela engasgou e se debruçando mais uma vez, voltou a vomitar. Passei o braço em sua cintura a sustentando, Bella estava trêmula e um pouco gelada, ela estava mais pálida do que o  normal e eu estava começando a me desesperar.

—Eu estou bem. -Sussurrou com a voz falha. -Foi só um mal-estar. -Eu ia abrir a boca para argumentar, mas então ela começou a soluçar alto e eu fiquei mais angustiado. Ela se jogou em meu peito chorando e nada mais fiz do que apertá-la em meus braços. -Me desculpe. -Murmurou chorosa.

—Bella, eu estou preocupado, acho melhor você ver um médico, Carlisle não vai se importar. -Ela balançou a cabeça.

—Eu estou bem. -Revidou se afastando.

—Bella... -Tentei argumentar, mas logo fui cortado.

—Eu estou bem, Edward. Eu... eu só não gosto de lembrar desse episódio. -Encarei ela em pânico.

—Então foi isso? -Ela assentiu. -Bella, por Deus, não me diz que eu tentei te matar.

—Você não tentou, mas eu não quero falar sobre isso. -Falou passando por mim e seguindo em direção a casa.

—Eu preciso saber o que aconteceu.

—Não, Edward…

—Bella... -Ela parou na base da escada me encarando por sobre o ombro.

—Não hoje... eu preciso descansar.

—Eu posso ficar com você? -Indaguei ansioso, ela deu um sorriso de lado.

—Você nem precisa mais pedir. -Sorri a seguindo para dentro de casa, caminhamos a passos silenciosos até o seu quarto. -Fique à vontade, eu... preciso de alguns minutos como humana. -Murmurou baixo. Assenti, embora eu soubesse que o que ela queria era se esconder e chorar, ela caminhou a passos apressados em direção a uma segunda porta que deveria ser o banheiro, depois de um tempo eu a escutei vomitando novamente. Caminhei em direção a janela que dava para a floresta e encostei a testa no vidro encarando a noite escura.

—Eu sou um grande idiota.

Escutei o toque de um celular e encontrei o telefone da Bella no criado-mudo, o visor estava acesso e mostrava a foto de uma garota, tinha entre 17 à 19 anos, os olhos eram de um verde claro, brilhante e os cabelos eram castanhos meio ruivo, ela estava identificada como Lizzie. Senti uma enorme vontade de atender e falar com aquela garota, mas no final decidi que não era da minha conta. A ligação caiu um tempo depois.

Olhei o celular em minhas mãos e percebi que havia uma mensagem de Alice.

“Seu futuro está turvo. Onde está?”

Respondi com um ‘estou na casa da Bella’ e não demorou para que logo a tela voltasse a acender.

“Da próxima vez avisa estúpido, eu fiquei assustada”

Eu ri ao terminar de ler. Alice sempre cuidaria de mim mesmo que eu fosse um idiota. Me preparei para responder à mensagem quando o celular da Bella voltou a tocar. Apenas ignorei.

“Não precisa fazer drama tampinha.”

Enquanto eu esperava que Alice me respondesse, ouvi o chuveiro ser ligado.

“Vê se vai se ferrar”

Sorri desligando o aparelho e guardando de volta no bolso. Permaneci na janela enquanto esperava por Bella, o celular dela tocou ainda mais duas vezes e eu já estava começando a ficar preocupado, talvez fosse algo importante…

—Voltei. -Falou adentrando o quarto, ela vestia uma camisola azul escura de alças finas, seu cabelo estava trançado e um sorriso tímido brincava em seus lábios.

—Eu já estava com saudades. -Ela corou envergonhada, sorri. -Você está melhor? -Indaguei preocupado, ela assentiu desviando os olhos.

—Eu só preciso descansar. -Mas ela não fez nenhum movimento.

—Se quiser eu posso ir embora. -Sugeri um pouco desanimado, eu não queria ter que deixá-la.

—Não!!! -Exclamou ansiosa, eu ri ao vê-la corar mais uma vez. -Eu quero que fique, sinto falta de dormir ao seu lado. -Explicou constrangida. Me aproximei dela a envolvendo pela cintura e puxando-a até a cama, afastei os lençóis para que ela pudesse se acomodar debaixo deles e corri na velocidade vampírica até o outro lado da cama, me deitei sobre os cobertores e Bella se aconchegou em meu peito. -Eu te amo, Edward. -Murmurou sonolenta, sorri dando um beijo em seu cabelo.

—Eu também te amo, minha Bella. Agora durma, você está cansada.

—Você estará aqui pela manhã?

—Pode ter certeza que sim. -Ela suspirou se deixando levar pelo sono, mas antes que pudesse se entregar completamente, o celular voltou a tocar. Bella escondeu o rosto em meu peito, praguejando baixinho. -Eu acho melhor atender, é a quinta vez que toca. -Ela levantou a cabeça de olhos arregalados, se esticou pegando o aparelho e, lançando um rápido olhar no visor, atendeu.

—Alô?

—Graças à Dumbludore, onde estava? -A garota indagou chorosa, Bella se sentou.

—No banho.

—Dessa vez você me assustou. -Lamentou com um gemido quase inaudível. -Bella se retesou desconfortável esfregando a nuca nervosa. Me ajeitei na cama de forma que as minhas costas ficassem coladas à cabeceira.

—Me desculpe. -Eu estava confuso  com aquela conversa, mas permaneci de boca fechada. Bella fez uma careta ao ouvir um barulho estranho do outro lado da linha. -Onde você está? -A garota gemeu outra vez.

—No banheiro, tentando me recompor.

—Droga, Lizzie, me desculpe, eu…

—O que aconteceu dessa vez, Bella?

—Não foi nada. -Replicou de imediato, a outra suspirou parecendo exausta.

—Eu sei que está cansada tanto quanto eu estou, então, vamos pular essa parte, sim?

—Eu não quero preocupa-la.

—Bella, você já me preocupa. Sabe que eu posso senti-la de qualquer lugar desse mundo e até aquele vampiro antipático, metido a besta, do Angellus se preocupou quando eu quase desmaiei. -Encarei Bella confusa com toda aquelas palavras, ela arregalou os olhos. -As suas emoções me afetam. -Então aquela menina era empata?

—Você está em casa? -Bella indagou nervosa.

—Estou.

—Tony... -Tentei manter o rosto indiferente ao ouvi-la pronunciar aquele nome.

—Ele não está, mas aposto o meu Porsche, amarelo canário, que Angellus vai lhe dizer tudo; eu odeio esse idiota. -Bella ficou em silêncio, pude escutar o som de uma porta batendo. -Era para você ouvir mesmo, babaca. -Gritou provavelmente para o tal de Angellus. -Eu não o suporto. -Voltou a reclamar, Bella suspirou.

—Você não precisa se estressar por isso, querida.

—E então, vai me dizer o que aconteceu? -Bella se jogou na cama com o rosto sobre o travesseiro.

—Eu só estava conversando. -Murmurou com a voz um pouco abafada, a garota deu uma risada sarcástica.

—Você estava conversando com Charlie? Vai precisar ser mais convincente do que isso, Bella.

—Eu não disse que estava conversando com Charlie. -Bella rebateu se virando, ela me lançou um olhar ansioso antes de voltar a se sentar, a garota ficou em silêncio por algum tempo.

—E você estava conversando com quem, então?

—Com... Edward. -Ela praguejou em italiano.

—Ele ainda está aí?

—Hurum... -Eu estava achando aquela situação bem engraçada, mas resisti a vontade de rir.

—E ele está ouvindo. -Não era uma pergunta. Bella olhou para mim ansiosa, dei de ombros.

—Está. -Ela voltou a praguejar, não consegui segurar a risada.

—Droga! Ele deve pensar que eu sou maluca. -Lamentou.

—Só um pouquinho.

—Merlin, ele falou. -Eu ri. -Eu vou desligar, você está em boas mãos agora.. acho, eu. -Bella riu.

—Estou sim.

—Só, por favor, evitem esses assuntos emotivos, eu estou exausta.

—Tudo bem, bambola*, na verdade, eu já estava indo dormir.

—Que bom! Então, durma bem, acho que eu também vou tentar descansar um pouco. Tchau.

—Lizzie, espera... -Bella pediu ansiosa.

—O que foi?

—Por que você está em casa? -A garota ficou em silêncio por um momento.

—É complicado. Acho melhor conversarmos sobre isso amanhã quando estivermos mais descansadas. -Bella franziu a testa.

—Mas…

—Amanhã, eu prometo que te ligo. -Bella suspirou resignada.

—Está bem, se não tem outro jeito.

—Tchau, Bella, e mande um beijo para o Edward. -Falou animada, eu sorri.

—Outro, foi um prazer conhecê-la... de certa forma. -Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

—O prazer foi todo meu, mas teremos a oportunidade de nos conhecermos pessoalmente. -Ela falou um pouco mais baixo, dei um sorriso de lado, eu havia simpatizado com ela.

—Eu estou ansioso.

—Tchau, para vocês dois.

—Tchau, bambola, eu te amo. -Bella foi quem respondeu.

—Eu também, boa noite.

—Pra você também. -Quando Bella desligou seus olhos permaneceram distantes por algum tempo.

—Eu gostei da sua amiga. -Falei tentando trazê-la de volta, ela me encarou intensamente. -Ela me lembra a Alice.

—É verdade. -Respondeu com um sorriso torto.

—Ela é empata? -Indaguei curioso, ela assentiu.

—Ela é… Nós temos uma ligação bem intensa, Lizzie pode sentir minhas emoções mesmo que estejamos a milhas de distância. -Respondeu com um brilho em seus olhos.

—Percebi, vocês parecem se dar muito bem. -Bella não respondeu. -Eu a conheço?

—Não. -Bella ficou em silêncio encarando um ponto fixo no chão, comecei a ficar preocupado.

—Bella...?

—Eu preciso te contar uma coisa. -Anunciou ainda sem me olhar nos olhos.

—Sobre o quê?

—Sobre o dia que eu te procurei no hospital. -Meu maxilar travou, as lembranças de Carlisle me vieram à mente, a imagem de Bella abalada com a notícia da minha morte. Suspirei, eu queria lhe dizer que Carlisle se lembrava dela e queria saber também o que Bella queria tanto me dizer, mas decidi que esse não era um bom momento.

—Você precisa descansar. -Anunciei me arrumando na cama e puxando Bella para o meu lado, ela resistiu.

—Edward, eu preciso te dizer. -Reclamou com lágrimas nos olhos, balancei a cabeça.

—Hoje não, Bella, você precisa descansar e pelo visto a sua amiga também.

—Edward…

—Sem assuntos emotivos, querida. Teremos todo o tempo do mundo, agora você precisa dormir. -Ela me encarou por um momento antes de suspirar se rendendo.

—Ok. -Envolvi Bella novamente em meus braços e comecei a afagar os seus cabelos, mas ela estava inquieta e a sua perna balançando estava me deixando ansioso.

—Bella!

—Tudo bem, desculpa. -Rebateu respirando fundo para se acalmar, depois de um tempo de silêncio comecei a cantarolar a música que havia dominado a minha mente nos últimos dias, Bella riu.

—Eu gosto dessa.

—Você conhece? -Perguntei um pouco espantado por suas palavras.

—Hurum... você compôs para mim, era minha canção de ninar. -Murmurou sonolenta, fiquei estático com a sua resposta, mas antes que eu pudesse voltar a lhe questionar mais, Bella bocejou e eu voltei então a cantarolar, não demorou para que ela estivesse mergulhada em um sono profundo, perfeitamente segura em meus braços como deveria ter sido sempre.


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Notas finais do capítulo

OBS.!!! Os dons de Lizzie estão descritos nas notas finais do capítulo 8: Visita. Se você tiver alguma dúvida pode ir verificar lá. Obrigada por ler até aqui. Até o próximo, pessoal (❁´◡`❁).



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