Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 6
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

O apoio de vocês foi tão grande que estou tentou que juntar inspiração de qualquer coisa e escrever o mais rápido possível, então me desculpem se tiver alguma errinho de gramática aqui e ali.



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Saí daquele corredor horrível o mais rápido que meus pés me permitiam, mas acabei dando de cara com outro corredor enorme. Caminhei a passos largos rumo a única saída que via, ignorando os comentários dos detentos, que haviam piorado bastante. "Vem aqui, delícia!", "A rainha também gosta de fu...". Não é preciso repetir a última parte. "Ela ainda não é rainha Kevin!", "Legal, então eu posso comer ela todinha".

Quando estava prestes a atravessar outra porta, pude escutar Ben atrás de min: "Esse comportamento depressivo será adicionado a ficha de todos vocês!". Segui para a entrada e, quando já estava com a mão levantada, ordenando que os guardas abrissem a enorme porta, Ben segurou meu braço e me fez olhar pra ele.

— O que foi Mal? - ele perguntou - Sua mãe fez alguma coisa com você?

Puxei o braço de volta, escapando de seu toque. Aquele gesto pareceu machuca-lo imensamente, perfeito, era o que eu queria.

— É claro que deve ter sido ela - respondi com sarcasmo - é sempre mais fácil culpar um vilão, não é Benjamin?!
— Do que você tá falando? O que foi que eu fiz dessa vez?
— O que você fez?! Escondeu de mim que podiam mata-la! Foi isso o que você fez!

Ele pareceu ficar espantado e sem resposta, mas logo tratou de gritar de volta.

— Não disse pois sabia que era exatamente assim que você ficaria! Não queria que ficasse ainda mais machucada - ele tentou se explicar
— E pretendia o que?! Esconder de mim?!
— Não! É claro que não! - ele ficou vermelho nessa hora - Sabe muito bem que eu sou o rei, minhas decisões...
— Ah claro! Como rei você tem o controle sobre tudo, não é mesmo? Mas tem uma coisa sobre a qual você não exerce nenhum controle: EU!

Aproveitei que o guarda havia finalmente aberto a porta e sai em disparada. Logo fui atingida por flash's de milhares de cameras, mas dessa vez não me importei de empurrar quem estivesse na minha frente.

Ignorei o motorista do Ben, que estava com a porta do carro aberta para mim, e atravessei a rua sem olhar para os lados. Já na outra calçada, estiquei o  braço, fazendo um táxi parar. Antes de entrar no mesmo, pude escutar Ben gritando do outro lado da rua: "Mal!". Mas já era tarde, eu só queria ir para bem longe dali, sozinha.

Disse para o taxista, com um visível excesso de peso, para que iniciasse a viagem.

** P.O.V Ben **

Tentei me focar me focar na pilha de papeis a minha frente, mas era impossível. Minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, milhares de ideias borbulhando no meu cérebro. Por que ela tem que ser tão dramática, ás vezes? Durante todo esse tempo, ela nunca havia demostrado que se importava tanto com Malévola. 

Ela não disse que me aceitava? Não disse que não importava quais dificuldades? Que permaneceria ao meu lado? Por que ela não está cumprindo o que disse?! O Conselho não para de me ligar, os repórteres quase invadindo o castelo, tentando chegar até o meu escritório. A Fada Madrinha exige que eu faça alguma coisa o quanto antes. Mas, de verdade, nunca estive tão perdido em toda a minha vida. 

Escuto o povo? Os Conselheiros? A Fada Madrinha? Ou escolho um dos grandes ensinamentos que já tive na vida? O de seguir meu coração? No discurso é tudo muito bonito, as palavras são inspiradoras e cheias de esperança, capazes de levantar qualquer um que tenha cavado a própria cova, mas por trás das cortinas a coisa é bem diferente. Não existem "finais felizes" ou beijos de amor verdadeiro, não existe a "vontade do coração", por trás de tudo isso existem apenas três coisas: poder,  escolha e decisão. 

Durante toda a minha vida eu fui treinado para ser rei. Enquanto todas as crianças iam para a escola, eu tinha aulas particulares em casa. As matérias eram várias e bem diferentes das abordas no jardim de infância: etiqueta, gramática, história antiga, latim, espanhol, francês... Ninguém nunca me perguntou se eu queria aquilo, se eu gostava realmente de aprender o que todos aqueles professores me empurravam goela a baixo, ou se eu preferia brincar lá fora com as outras crianças. 

Mas foi assim que aconteceu, eu gostando ou não, minha vida inteira já estava escrita, pois eu não era só o Benjamin, filho de Adam e Bella, eu era o príncipe Benjamin, o futuro rei de Auradon. Não podia me dar ao luxo de passar o dia brincando, brincadeiras só eram permitidas aos fins de semana e apenas com crianças ditas de "sangue real". 

Desenhos também não eram permitidos, eu só podia assistir documentários educativos. Mas eu nenhum momento eu reclamei, em nenhum momento saí quebrando coisas, nem mesmo quando, aos doze anos, fui mandado para um internato para aprender mais sobres "as responsabilidades de um futuro rei", onde passei três anos inteiros. Não, eu sempre tive a consciência do que eu era e do que me tornaria um dia, se essa consciência foi implantada em mim eu já não sei, mas sei que nunca fui ensinado a seguir minhas próprias opiniões. 

As instruções sempre foram bem claras: sorrir, acenar, discursar, reunir - o conselho - e proclamar. Mas, por mais que eu me esforçasse, aquele livro de regras nunca fez sentido pra mim, se eu teria de fazer exatamente o que meu pai fez antes, com qual objetivo aquela coroa seria passada a mim? Não, eu sabia que teria que mudar as coisas, sabia que se quisesse ser feliz, não poderia passar o resto da vida seguindo ordens. 

Então porque devo seguir as do conselho? Eu iria para aquela maldita reunião amanhã, mas já não para perguntar o que devo fazer e sim, para informar o que irei fazer. Mal é minha noiva, a mulher escolhi para dividir não só o trono, mas meu coração. Nós nem casamos ainda e eu já a excluo totalmente da vida real? Afinal, não é essa a vida que ela vai ter daqui algumas semanas? Ou eu também terei que roubar a vida de minha própria esposa apenas para fazer o o povo e o Conselho felizes? 

Eu  prometi a ela que sempre levaria sua opinião em conta e o que eu fiz? A ignorei por completo, garantindo que tudo ficaria quando sabia exatamente o que o Conselho queria com Malévola, sua cabeça em uma bandeja, assim cortando pelo raiz qualquer um que planejasse algum tipo de traição contra Auradon. Desde o começo deveria ser isso o que queriam, mas meu pai sucumbiu as ordens deles, criou a Ilha com o protesto de uma prisão, mas na verdade era um refúgio, um refúgio da morte. 

Agora estou certo do que tenho que fazer, do meu dever não só para com o povo, mas para com Mal também, pois não deixar que o simples fato dela usar uma coroa na cabeça apague todo o seu passado. Auradon cometeu um erro enorme, cega de vingança, predestinou não só seus inimigos, mas também os filhos destes, os seus Descendentes, a uma vida desumana. 

Mas agora eu sou o rei e vou cumprir o meu dever como tal, pois os habitantes da ilha, também são meu povo. Malévola irá a julgamento, pois esse é o certo a ser feito, mas nada vai acontecer como os membros do conselho esperam, nada que antes tenha acontecido se assemelha ao que irei fazer. Só espero que minha decisão seja a cera. 

** P.O.V Mal **

O táxi parou em frente a um enorme, o motorista alegando que não podia ir mais longe. Apenas paguei a corrida e desci, estava tão perdida em pensamentos que não me importava que lugar era aquele, estava aliviada só de estar longe de todos. 

O calçadão dividia a rua de uma imensidão de areia fina, alguns coqueiros perdidos ricocheteavam sua palmeiras, devido a força do vento. Aquela parte da praia era vazia, completamente deserta. Tirei meu sapatos e pressionei os dedos dos pés na areia, a sensação me fez lembrar instantaneamente do litoral da Ilha e a Ilha, de minha mãe. 

Lembro-me que as doze anos eu fiz uma pergunta á ela: 

"Mamãe, porque não podemos sair da Ilha?"

 

Malévola não respondeu, apenas ordenou que eu me vestisse e depois me levou até o litoral. Eu fiz exatamente o que estou fazendo agora, tirei minhas botas roxas e saí correndo pela areia, jogando a mesma para cima e achando graça. Ela deixou que brincasse até cansar e, quando eu finalmente parei de correr, ela segurou minha mão e me fez olhar para o mar. 

A visão era difícil por conta da barreira, uma enorme névoa que cobria desde pouco antes da água escura até o céu, fazendo toda a volta. As ondulações transparentes só eram percebidas quando, entre um momento e outro, jorravam faíscas, como cabos de eletricidade cortados. Eu me assustei com uma delas, segurando sua mão com força. Só ai ela me respondeu: 

"É por isso que não pode sair daqui"

 

Agora eu estava ali, diante daquela extensão incrível de água limpa e transparente, as gaivotas cortando o céu e produzindo o seu som inconfundível. Sentei na areia e segurei um pouco da mesma na mão, deixando-a escapar entre os dedos e retomando o processo. Até ontem minha vida estava perfeita, tudo no lugar, como um clássico conto de fadas. Mas... será mesmo? 

Eu não sabia sequer o que estava acontecendo ao meu redor, não tinha ideia do que meu próprio noivo era capaz de fazer para não "manchar sua imagem" perante um povo que queria minha mãe morta. Será mesma que eu tinha todo o controle da situação? Ou só acreditava que tinha? 

Enxuguei algumas lágrimas que insistiram em cair e respirei fundo a brisa fria, tentando recolocar as ideias no lugar. Será que eu sei a história completa? Será que foi exatamente como me contaram? Por que não chamaram a minha mãe para aquele batizado? Por mais perverso que tenha sido o encanto que minha mãe jogou sobre aurora, ela não a matou. 

Essa última fez com que eu me perguntasse mais uma coisa: Por que minha mãe não a matou? Por que, pelo contrário, deixou uma porta de saída? Deixando o feitiço vulnerável a um beijo de amor? E por que ela nunca acreditou no amor? 

Todas aquelas perguntas que faziam minha cabeça arder e mais lágrimas descerem, foram interrompidas quando meu celular vibrou, mostrando na tela uma mensagem do Ben, a abri. 

"Me desculpe por esconder a verdade de você, mas peço que também entenda o meu lado e, como a Evie disse mais cedo, não deixe os sentimentos lhe cegarem. Você é garota mais forte que eu já conheci Mal, você me inspira todos os dias a continuar exercendo minha funções como rei, mas estar nessa posição também não é fácil. Acredito que encontrei uma solução mais plausível para toda essa situação, espero que venha me encontrar assim que possível. 

Beijos, Ben"

Fiquei olhando a mensagem por alguns segundos, mesmo depois de lê-la, antes de respirar fundo, levantar e voltar para a escola. Pois, agora, eu também já havia encontrado uma "solução plausível". 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar, talvez eu ainda poste hoje! Não esqueçam também de favoritar a história, beijos.



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