Two Worlds - Dois Mundos escrita por HuannaSmith


Capítulo 5
Malévola


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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— Você tá falando sério? - perguntei segurando o pulso de Evie com um pouco de força - Sabe que não gosto quando brinca com essas coisas

— Olhe nos meus olhos e diga que estou mentindo

Acho que na verdade eu estava atrás do pingo de esperança que ainda restava, mas não tinha mais nada, Evie estava falando a verdade e isso significava que minha mãe havia realmente voltado. Faz tanto tempo que não há vejo... como ela vai reagir ao saber que estou noiva e em breve serei rainha?

— Para onde os guardas a levaram? - Ben perguntou em tom forte, tomando minha atenção

— Para a penitenciária máxima no sul da cidade, ela está sem o cajado, portanto, sem magia - Evie respondeu prontamente

— Ela ainda consegue se transformar em um dragão poderoso - Ben disse - Temos que reunir todo o Conselho, contate a Fada Madrinha e diga que precisamos dela  urgentemente - Evie começou a digitar no celular - Também precisamos reforçar a guarda, diga ao general que preciso de mais homens ao redor...

Eles estão falando muito rápido, não me deram sequer tempo para digerir aquela notícia. Só o que eu conseguia pensar naquele momento é que minha mãe havia voltado depois de tanto tempo e que, na mesma proporção que eu sentia saudade dela, também ainda guardava um sentimento de raiva.

— Esperem! - gritei, chamando a atenção de Ben e Evie - Guardas? Penitenciária? É da minha mãe que estamos falando Ben

— Malévola é uma inimiga do reino, Mal! - Ben gritou - Achei que soubesse disso

— Não venha usar o sarcasmo comigo! - gritei de volta - Você sabe muito bem que o único motivo pelo qual eu aceitei que ela vivesse todo esse tempo em uma jaula, foi porque ela fez aquilo consigo mesma!

— Como pode ter tanta certeza? Você pode ter reduzido ela aquele tamanho!

— Como ousa?! Ela é minha mãe! A Fada madrinha disse...

Ben começou a falar em cima das minhas palavras e em poucos segundos nós estávamos apenas gritando um com outro no meio do gramado, chamando a atenção de quem passasse, sem nem ao menos escutar o que nós mesmos dizíamos. Até que Evie se intrometeu:

— PAREM OS DOIS! - ela gritou - Ben, você é o rei de Auradon, acha que era assim que seu pai resolvia os problemas? Brigando com sua mãe?! - Ben abaixou o olhar - Mal, você será rainha um dia, acha que Bella se comportaria de tal maneira? Deixando os sentimentos atrapalharem e lhe tirando a visão?!

Eu também baixei o olhar, Evie estava certa, eu fiquei ansiosa e apreensiva com a notícia e a reação de Ben, só fez com que eu ficasse mais nervosa. Mas eu também não podia ignorar os crimes que minha mãe cometeu, ela teria de pagar por eles. Ben não poderia ter escolhido melhor pessoa como sua conselheira chefe.

— Você tem razão Evie, obrigada por abrir meus olhos - Ben agradeceu - Mal, eu entendo como isso deve ser difícil pra você, ver sua própria mãe em uma situação como essas, mas como rei de Auradon, é meu dever fazer o que é certo

— O certo é ela ser mandada de volta pra Ilha junto com os outros, não? - perguntei

— O Conselho já se prontificou, Ben - Evie informou - Eles querem que Malévola vá a julgamento

Meu coração apertou na hora, eu não entendo muito bem de justiça e essas coisas, mas aquilo nem de longe parecia uma boa notícia.

— O que isso quer dizer? - perguntei, apreensiva

— Vamos dar uma passo de cada vez certo? - Ben segurou meu ombro - Evie, diga ao Conselho que falarei com eles amanhã pela manhã, enquanto isso, Malévola continua na penitenciária

— Que coisa pior do que viver naquela Ilha poderia ser sentenciado a ela? - perguntei

— Vamos aguardar a reunião do Conselho, se eu fizer alguma coisa sem que uma reunião tenha sido organizada antes, minha imagem seria manchada diante do povo

Naquela hora eu queria mandar o "povo" se fuder, mas me controlei, não queria iniciar uma nova briga com Ben. Segurei no rosto dele e o fiz olhar para mim.

— Apenas garanta, que não irão machuca-la - disse

— Isso eu posso fazer

ALGUMAS HORAS DEPOIS

Olhei para a tiara de ouro em cima da minha penteadeira, pensando se deveria usa-la ou não. Até que cheguei a conclusão de que, se não pretendia continuar escondendo quem realmente eu sou, teria que me mostrar por completo. Peguei-a e coloquei cuidadosamente na cabeça, a tiara se destacava do meu vestido roxo escuro, que ia até os joelhos.

Apesar de toda a imprensa que teria, não permiti que Evie me comprasse uma roupa nova, aquilo não era um evento, não havia nada para ser comemorado. Ouvi leves batidas na porta, era Ben, permiti que ele entrasse. Meu noivo veio até mim, passou as mãos pelos meus braços descobertos e beijou meu ombro.

— Você está certa disso? - Ben perguntou, me olhando pelo espelho

— Sim - respondi com firmeza, depois me virei e o beijei demoradamente

Novas batidas foram dadas na porta, Evie apareceu logo em seguida.

— O carro está pronto e a espera de vocês - ela disse, pude notar seu olhar preocupado

— Não vamos na limusine real? - perguntei, confusa

— Não é um lugar muito agradável Mal, é melhor irmos em um carro mais reforçado

Concordei com a cabeça, em seguida fui até Evie e a abracei, que me desejou boa sorte. Eu a prometi que tudo ficaria bem, mas, na realidade, eu não tinha certeza sobre isso. Ben segurou minha mão no caminho até o carro e, quando chegamos, abriu a porta para mim.

O trajeto até a penitenciária foi silencioso, Ben resolveu falar apenas quando chegamos no local.

— Eles farão algumas vistorias em você, teremos de nos separar, mas assim que terminar estarei com você novamente - ele disse com um olhar apreensivo

— Não vão fazer em você? - perguntei

Ben abaixou a cabeça, deixando sua coroa em destaque no meu campo de visão. Eu logo entendi o que ele queria dizer, Ben é o rei e eu... sou só a "senhorita". Mas não me estressei com isso, tinha que me manter o mais calma possível.

— É tudo protocolo - ele disse - se eu pudesse...

— Tá tudo bem - eu disse

Nós descemos do carro e fomos levados pelos seguranças até um enorme prédio cinza escuro, coberto por uma grande cerca elétrica, que me causou arrepios. Os fotógrafos tiraram várias fotos e os repórteres gritaram as perguntas idiotas de sempre: "Malévola será inocentada dos crimes cometidos apenas por ser mãe de sua futura esposa, Majestade?", "Mal, você será capaz de testemunhar contra sua própria mãe?", "Mal, a senhorita terá coragem de banir sua própria mãe?". Ben e eu praticamente corremos, quando finalmente estávamos dentro, a enorme porta foi fechada.

— Senhorita Mal, por aqui - uma mulher alta e forte me chamou com uma voz firme

— Te encontro em alguns minutos - Ben beijou minha testa e tirou minha tiara, dizendo que iria guarda-la para mim

Eu respirei fundo e fui até a sala que a enorme mulher indicava com o dedo. Quando entrei, ela fechou a porta atrás de mim. Acho que nunca passei por uma humilhação tão grande, que tipo de pessoas estavam presas ali? Minha mãe é tão ruim que um lugar como aquele não era o suficiente e ela teve de ser mandada para a ilha?

Tive que tirar minha roupa e ficar em diferente posições, apenas para que comprovassem que eu não levava nada que fosse, de alguma forma, ajudar a libertar minha mãe. Depois de toda aquela tortura, me vesti novamente e segui um guarda por um longo e parcialmente iluminado corredor, coberto por portas de grades, de onde escapavam braços e comentários horríveis.

— Eai princesa?

— Que tal você vir aqui e eu te ensinar como se faz uma poção do sono?

— Que é isso, meu Deus!

Ignorei todos aqueles comentários, só queria chegar o mais rápido possível até a cela da minha mãe, que ficava do lado feminino da enorme penitenciária. Os comentários lá não foram muito melhores. Quando vi Ben, conversando com outros dois guardas, fui até ele. Meu noivo me abraçou apertado.

— Me desculpe pelo que teve que passar - ele disse com um olhar preocupado

— Acredite, já passei por coisas piores

Ben pegou minha tiara de dentro de um dos bolsos de seu paletó. Eu segurei as pontas do meu vestido enquanto fazia uma pequena reverência, Ben a colocou na minha cabeça. Percebi que dois guardas protegiam uma porta em destaque, a qual não era formada por grades como a outra, essa tinha apenas uma pequena abertura coberta por um vidro revestido.

— É essa? - perguntei

— Sim - Ben respondeu - quer que eu entre com você?

— Não, eu tenho que fazer isso sozinha

Ben concordou com a cabeça, me deu mais um beijo e permitiu que eu fosse. Os guardas bateram continência e abriram os cadeados da enorme porta, lá dentro conseguia ser ainda mais escuro do que o corredor. Respirei fundo, mas antes de entrar, ouvi Ben ordenar que um dos guardas fosse comigo.

— Não precisa Ben - eu disse

— Mas Mal...

— Ela é minha mãe, não vai me machucar - garanti a ele, depois entrei de vez naquela cela que mais parecia vazia.

Os guardas fecharam a porta atrás de mim, passei os olhos por todo o local, não tinha muito o que olhar, se tratava de um cubículo bem pequeno, com uma cama de ferro e uma espécime de banheiro no canto, as paredes eram úmidas e escuras, no alto de uma delas, havia uma pequena janela retangular, protegida por grades reforçadas.

Na sombra formada pelo encontro de duas das quatro paredes, pude ver uma sinueta se mexer lentamente, era ela.

— Mãe? - perguntei

— Olá Mal... - ela disse com uma voz suave, vindo para a pouca luz que havia naquele lugar

Eu pude observa-la por completo e ter a certeza de que era real, ela havia realmente voltado. Fiquei paralisada, sem ação diante da pessoa que vi durante toda a minha vida, mas que, durante os últimos dois anos, havia sido quase que completamente ausente. Ela também pareceu surpresa em me ver, me olhando de cima a baixo, tendo a certeza de que era sua filha. Eu não estava tão diferente. Ou estava?

Ficamos alguns segundos caladas, depois fomos nos aproximando uma da outra, lentamente, passos leves e incertos, enquanto nos aproximávamos cada vez mais. Quando estávamos a menos de meio metro de distância, vi seus olhos ficarem rapidamente verdes e senti que os meus haviam ficado em sintonia.

Aquela sensação fez meu coração apertar e, quando a vi esboçar o que viria a ser um sorriso, não consegui mais me conter. A abracei fortemente, ela passou a mão pelo cabelo e beijou meu rosto. Quando nos separamos, pude perceber que seus olhos estavam marejados.

— Quanto tempo... - ela disse me soltando

— Eu senti sua falta - disse com um sorriso, mas que logo depois de desfez

— Já é rainha? - ela perguntou, se referindo a minha tiara

— Não, foi apenas um presente do Ben - respondi - Como você está?

— Como acha que eu estou? - ela perguntou, olhando em volta

— A Fada Madrinha e o Conselho decidiram assim

— E o idiota lá fora? Não manda em nada?

Eu respirei fundo, tentando manter a paciência da qual eu, claramente, não dispunha.

— O idiota se chama Rei Benjamin - disse com firmeza, a encarando nos olhos. Ela soltou um riso abafado - e ele é... meu noivo - disse por fim

— Ah sim, eu pude notar a aliança em seu dedo. Acha que não vejo as mudanças em você?

— Nunca me olhou de verdade, não me admiraria...

— Pare com isso! - ela me intrometeu - Sabe que isso é mentira, a minha vida inteira foi dedicada a você, a molda-la a...

— A que?! - foi minha vez de interrompe-la, com a voz já mais forte e meus olhos ardendo por segurar as lágrimas - A ser exatamente como você?!

— A nunca sofrer como eu - ela concluiu

Eu virei de costas e limpei algumas lágrimas que insistiram em cair. Respirei fundo e me virei novamente para ela, que ainda me olhava.

— Eu não quero brigar, não vim aqui pra isso

— E veio pra que então? - ela perguntou

— Pra te ver, mas já vi que foi um erro

Caminhei para ir embora, mas Malévola segurou meu braço, me fazendo olhar para ela novamente. Seus olhos continham um pouco de raiva, mas acima disso, pude identificar profunda tristeza e apreensão.

— Já não é mais uma menina, se está noiva do rei, sabe muito bem sobre todas as punições possíveis para mim...

— Não posso interferir nas decisões de Ben - respondi, já sabendo aonde ela queria chegar

— Vai deixar que me matem? Eu fui uma mãe tão ruim assim?

Não! Eu queria gritar, mas ela não estava merecendo saber disso naquele momento. Agora, matar? Ben não havia me falado nada sobre isso.

— Como assim matar? - perguntei

— Acha mesmo que eles vão simplesmente me mandar de volta para aquela Ilha? Se fosse assim, não já o teriam feito?

Pensei por alguns segundos, não queria deixar que ela soubesse que eu não estava tão inteirada assim sobre os assuntos do reino. O que na realidade é um motivo vergonha, já que em breve serei rainha. Não quero ficar apenas sentada, fazendo o papel da boa esposa que concorda com seu marido em qualquer coisa.

— Eu a verei de novo

Respondi, olhando fixamente para sua cama e dizendo em minha mente: "Com fome não ficarás / e uma bela refeição terás / quando provar deste prato / o gosto será um barato ". Uma refeição completa surgiu sobre a cama, me virei e ordenei que os guardas abrissem a porta.

Quando saí, Ben veio ao meu encontro, mas eu desviei de seu beijo e simplesmente caminhei até a saída. Ele não podia ter escondido de mim que minha mãe poderia ser morta.

 


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Notas finais do capítulo

Agradeço novamente ao apoio que estão dando nos comentários e no grupo do Nyah lá do Facebook, apenas peço para que os leitores fantasmas venham a comentar, é muito importante para mim saber o que vocês estão achando!

Ih... o Ben tá encrencado!



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