Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 2
II


Notas iniciais do capítulo

Voltei, amores ♡
Boa leitura.



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Os homens amam aquilo que não podem ter e odeiam aquilo que não podem controlar. Para Sasuke, Sakura foi as duas coisas... 

"Meu pai ordena que eu vá para a Corte, servir à Rainha mãe. Não quero ter o mesmo destino de minha mãe, por mais que ela tenha se casado por amor. Devo considerar que é uma chance de fazer um bom casamento, talvez com alguém próximo ao Rei, e viver de forma confortável até o fim dos meus dias. Há quem me considere ambiciosa demais para alguém de meu sexo, mas estou longe de ser uma garota simples e sem requintes (...)"

A jovem dos cabelos rosados chegou à Corte numa manhã nublada. Na carruagem eram trazidos seus pertences, ela desceu encantada com a visão do castelo que seria sua nova moradia e imaginou que ali poderia encontrar o futuro que sempre sonhou. 

Seu pai tinha posses, sua família era rica, embora sem sangue nobre. Ainda assim, o ambicioso Kizashi conseguiu um cargo próximo ao Rei, como embaixador,  ganhou sua confiança e indicou sua única filha como dama de companhia de Mikoto. Sakura sempre foi instruída, muito inteligente, tivera uma educação restrita à maioria das mulheres de sua época e com certeza a mãe do Rei gostaria de sua companhia.

Foi recebida gentilmente por uma moça dos olhos claros, quase cor de pérola, que a levou até os aposentos da Rainha mãe. 

Educadamente, Sakura adentrou à câmara da Rainha, encantada com o luxo do lugar, e fez uma reverência em respeito a antiga consorte do país. 

– Sakura Haruno, Majestade. - A moça dos cabelos azulados falou - Sua nova dama de companhia. 

– Jura? - Mikoto indagou um pouco surpresa - Meu filho não avisou que ela viria. Deve ser um presente.

– Foi indicada pelo embaixador Kizashi. - Respondeu - O Rei imaginou que ela agradaria com sua instrução e inteligência. É uma moça de muitos talentos. 

Sakura não corou ou ficou acanhada. Odiava falsa modéstia e reconhecia os talentos que tinha. 

– Ora, meu filho tem um bom gosto e nunca se engana. Sinto que gostarei dela.

A rosada esboçou um sorriso. Conseguiu imediatamente encantar a mãe do Rei e isso era bom. 

Após apresentar a nova dama de companhia para a Rainha, a moça dos cabelos escuros se retirou da  câmara com Sakura para levá-la aos seus aposentos. 

– Esqueci de me apresentar. - Disse com a voz risonha enquanto ambas caminhavam juntas por um grande corredor - Hinata Hyuuga. 

Sakura assentiu, permanecendo em silêncio. Embora Hinata parecesse simpática, Sakura sabia que não poderia confiar totalmente nas pessoas.

Olhava encantada para cada detalhe daquele castelo. Era mais luxuoso do que ela imaginou e por um segundo sentiu que seria justo levar uma vida confortável ali. 

[...] 

Sarada fechou o diário de sua mãe, em seguida passou a mão pela capa negra de couro. Suspirou pesadamente e sentiu seu coração bater mais forte. 

Depois de ter vivido sua vida toda sem saber nada sobre sua mãe além de várias histórias - algumas claramente falsas - horríveis sobre ela, Sarada finalmente saberia quem realmente foi Sakura Haruno. Saberia da história de sua mãe pela própria, escrita por ela. 

Levantou-se com o diário em suas mãos e abriu a porta de madeira, encontrando com Boruto de pé do lado de fora. 

Encarou o loiro com uma sobrancelha arqueada e ele suspirou, encostando uma de suas mãos na parede e olhando para a Rainha com um ar de seriedade.

– Não sabia que tua antiga governanta tinha segredos para contigo.  - O rapaz comentou indiferente e Sarada riu, pois sabia que por dentro a curiosidade o corroía. 

– Admita logo a vontade que sente de saber o assunto de nossa conversa. - Ela ousou um sorriso desafiador e Boruto trincou o maxilar. Sabia que Sarada iria torturá-lo. 

– Nunca escondeste nada de mim. - Respondeu. 

– E nem vou. - A Uchiha então mostrou o diário para Boruto, deixando o loiro intrigado. 

Todo aquele alvoroço por um objeto velho? O que poderia haver de tão importante naquilo? 

Boruto realmente foi consumido pela curiosidade. 

– Sim, mas qual a importância disso? 

– Tenho esperado a minha vida inteira por isso. 

– O que está falando?  - O loiro uniu as sobrancelhas, claramente desentendido.

– Pegue. 

Boruto então assentiu e pegou o diário das mãos de Sarada. O objeto não era tão velho, mas era nitidamente antigo, levando em consideração as folhas um pouco amareladas. 

Deu uma breve folheada no intrigante diário, passando os olhos pelas palavras escritas nele com a caligrafia impecável. Ficou boquiaberto ao se dar conta do que se tratava. 

– Sua mãe escreveu isso. - Desviou seus olhos arregalados para Sarada. Estava realmente surpreso, o que não era de se admirar. 

Parte das jóias de Sakura voltaram para a Coroa, algumas ficaram com sua filha. Agora que era Rainha, Sarada tinha acesso às jóias que foram não só de sua mãe, mas de todos os Reis e Rainhas que vieram antes dela. No entanto, seus retratos e objetos pessoais simplesmente desapareceram. Era como se não houvesse rastro de Sakura, portanto era impressionante que seu diário tivesse sobrevivido. 

– Karin o guardou em segredo durante quinze anos. - Disse Sarada, sanando a curiosidade quase palpável de Boruto. 

 - Ela correu um grande risco, pois seria realmente um problema caso seu pai descobrisse que Karin portava um objeto de sua mãe. 

Sarada riu sem humor. O que levaria Karin a guardar aquele diário? Realmente ela se arriscou bastante por Sakura. Sarada era cada vez mais grata a sua amiga e antiga governanta, por quem tinha um sentimento fraterno. 

– Acho que Sasuke não pensou nessa possibilidade. - Comentou pensativa - Será que meu pai sabia da existência desse diário? 

– Não. - Boruto respondeu sem hesitar - Se soubesse, iria destruí-lo. 

– Por quê? - Ela questionou com um ar de melancolia - Por que tanta crueldade? 

Separar mãe e filha de uma forma tão cruel e desumana foi uma atitude de Sasuke que Sarada jamais iria compreender. Talvez, lendo a história de Sakura, ela pudesse tentar ver as coisas pelos olhos de seu pai, embora jamais fosse concordar com as decisões dele. 

Sasuke era amado como Rei, mas Sarada duvidava que seu povo iria amá-lo tanto caso o conhecesse intimamente. Ele não foi o melhor homem do mundo e cometeu erros com as pessoas que mais o amaram. 

– Talvez você descubra quando terminar de ler as palavras de sua mãe. - O loiro respondeu.

Sarada apenas assentiu, permanecendo em silêncio por alguns segundos. 

– Eu não posso deixar esse diário ser descoberto. Entendeu, Boruto?

– Ora... - Disse com estranheza - Por quê? É a Rainha...

– Mesmo assim, muitos não apóiam meu reinado. - Explicou - Me vêem como ilegítima, mas nada podem fazer uma vez que meu pai sempre me manteve na linha de sucessão. 

– Sarada... Se seu pai teve tanto ódio da sua mãe a ponto de querer apagar a imagem dela da história, por que não casou novamente? Por que não teve outros filhos ou legitimou outra pessoa? Por que manteve a filha de Sakura Haruno como sua única herdeira? Por quê? 

– Esse sempre foi um grande dilema na minha vida. - Respondeu, pegando de volta o diário das mãos de Boruto - E agora, mais do que nunca, poderei finalmente descobrir. 

Dito isso, Sarada deixou Boruto sozinho, seguindo para os seus aposentos. Dispensou todas as suas damas, queria ficar sozinha. 

Deitou-se em sua cama e fitou aquele diário por uns segundos. Estaria preparada para o que estava escrito ali? Poderia descobrir que realmente nasceu de uma mulher horrível, que seu pai foi uma vítima... Mas, e se fosse o contrário? 

Só saberia quando lesse. 

Sentou-se, ficando escorada na grande quantidade de travesseiros sobre sua cama. Abriu novamente o diário, para poder ler de onde havia parado. 

Notou, pelas datas, que Sakura não escrevia todos os dias. Pelo visto ela registrava apenas os momentos mais importantes de sua vida. 

"Acho que posso afirmar com toda a certeza deste mundo que meu coração pertence totalmente a um homem. Digo, sem medo de pecar, que estou apaixonada. Conheci há pouco um jovem dos cabelos ruivos, Sasori, filho de um homem influente, que pretende me desposar. Estamos realmente apaixonados (...)"

Num momento em que Mikoto não necessitava de sua presença, Sakura escapou para um dos jardins do castelo para se encontrar com Sasori. O rapaz a esperava ansiosamente. 

 Beijou-o nos lábios por não haver ninguém por perto, estavam a sós. Andaram juntos de mãos dadas, fazendo planos para o futuro. Realmente o casal estava verdadeiramente apaixonado. 

Deitaram-se sobre o chão gramado, sob a sombra de uma grande árvore. 

– Acha que sua família gostará de mim? - A jovem perguntou um pouco receosa - Aprovaram o casamento, mas ainda me sinto insegura pela inferioridade de meu nascimento. 

– Sakura, eu te amo. - Disse Sasori, levando uma de suas mãos até a face rosada da moça - Minha família também te amará. 

– Não poderá desposar-me sem uma aprovação do nosso regente. - Falou com desânimo - O Rei aprovaria?

A conversa do casal foi interrompida por uma figura dos cabelos negros que entrou no campo de visão de ambos. Orochimaru, um mensageiro Real, estava ali para falar com os jovens sobre seus planos para o futuro feitos pelas costas do Rei de Konoha.  

Num pedido mudo, apenas com o olhar, Orochimaru convidou os dois a acompanharem-no até um escritório dentro de um dos vários aposentos daquele castelo. 

O mais velho se sentou numa cadeira de madeira e apoiou seus cotovelos sobre a mesa, tendo os mais novos ficado de pé, de frente para ele. 

– O Rei recusa a permissão para o casamento. - Disse sem rodeios, deixando os dois pasmos. 

– Por quê? - Sakura indagou com tristeza.

– Ele disse o motivo? - Sasori questionou com curiosidade nítida. 

– Casamentos da nobreza são assuntos de Estado, Sasori, errei em encorajá-lo. - Orochimaru respondeu, levando uma taça dourada à boca - O Rei, em sua maior sabedoria, quer que você se case com a filha de um Conde. 

– Não. - Protestou o ruivo - Sou noivo de Sakura! É uma boa união. 

– És membro de minha família, portanto obedecerá. - O homem dos cabelos longos e negros falou num tom calmo, mas que soou ameaçador.  

– Nada foi dito contra até então! - Sasori se mostrou indignado, pois estava realmente apaixonado pela rosada e não pretendia perdê-la para tomar como esposa uma desconhecida. 

– Ouviste a palavra do Rei. - Orchimaru retrucou - Dois jovens tolos não poderão transtornar a política. 

– Por que nada foi dito? - O ruivo se alterou, confrontando Orochimaru - Meu pai, o pai dela... O senhor, que conhece os assuntos do Rei...

– Cale-se! - Orochimaru bradou, pondo um fim no escândalo de Sasori. 

Sakura, por sua vez, estava inexpressiva. 

– Por favor... - Sasori falou num fio de voz.

– Obedecerá, ou suas propriedades serão confiscadas. - Disse seriamente o mais velho - Se continuar resistindo, e mostrar deslealdade, é duvidoso que viva muito. Não deve contrariar a vontade do Rei. Agora vá...

– Deve ir. - Sakura disse séria, olhando com frieza para o homem sentado à sua frente - Tenha muito cuidado, Sasori. 

– Sim, terei. - Assentiu - Por você. 

Ela finalmente olhou nos olhos de Sasori, estavam tristes. Ambos sabiam que o melhor a fazer era sucumbir à vontade do Rei. 

O rapaz assentiu e, mesmo contra sua vontade, deixou o escritório, todavia, Sakura permaneceu parada de frente para Orochimaru. 

– Amo-o de todo o meu coração. - Declarou a rosada - Se forçar-lhe a casar com outra, digo sinceramente meu senhor, tens uma inimiga! 

– Criança, nada tenho contra você. - Falou tranquilamente - Sou apenas um mensageiro. 

– Mensageiro? - Arqueou as sobrancelhas, colocando ambas as mãos na cintura - Então... Quem é o escolhido para mim?

– Quando Sasuke Uchiha pousa seus olhos numa moça bonita, ela não consegue desviar tão facilmente. - Levantou-se, olhando nos olhos esverdeados que demonstravam surpresa. 

– O Rei? - Indagou boquiaberta - Ele pediu por mim? 

– Sim... Meu dever, por muitas vezes, é antecipar os desejos de Vossa Majestade. 

– Ora essa. - A moça riu com um ar de deboche, demonstrando petulância - Então seja sábio e antecipe minha resposta. Poupe Vossa Majestade de um desprazer. 

– Está desprezando um pedido do Rei? - Orochimaru questionou um pouco espantado com a atitude da moça, uma vez que qualquer dama de companhia da Rainha, principalmente uma sem títulos de nobreza, adoraria um convite para o leito Real. 

Por mais estranho que possa parecer, a posição de amante do Rei sempre foi muito cobiçada, e o monarca sempre foi muito exigente na escolha das moças que teria entre seus lençóis. 

– Estou nessa Corte há tempo suficiente para conhecer a fama de nosso soberano. - Respondeu. 

– O Rei pode conceder-lhe favores. Não somente a você, Sakura. Toda a sua família seria privilegiada. 

– Ora! - A Haruno aumentou o tom de voz, sentindo-se ofendida - Me toma por uma prostituta, meu senhor? 

– Perdão, criança, não quis ofender.

– Presentes e favores irão embora tão rápido quanto vieram. O que será de mim quando o Rei pousar seus olhos em outra? Serei deixada de lado, muito provavelmente com um bastardo em meu ventre! - Bradou - Portanto, não levarei o Rei à minha cama! 

Após ter respondido da forma mais atrevida possível, a rosada virou as costas e deixou Orochimaru sozinho, batendo com força a porta de madeira. 

Sua petulância era notável, mas um homem sabia perfeitamente que uma mulher não poderia controlar seu próprio destino. 

Mais cedo ou mais tarde, Sakura se veria obrigada a ceder. 


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Notas finais do capítulo

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