Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 16
Capítulo XVI


Notas iniciais do capítulo

Voltei, queridos ♡
Boa leitura.



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"Estou novamente grávida e ao mesmo tempo que a esperança, o medo também me consome. Temo cair em desgraça caso os anos de minha juventude passem sem que eu tenha dado um herdeiro ao Rei. Todavia, encontro-me mais confiante, minha barriga já cresce e isso é um sinal de que meu filho não será tão pequeno, não é mesmo? 

Desfruto os melhores momentos de minha vida, com certeza, agora vejo a calmaria após a tempestade. Casei-me com o Rei, fui coroada como legítima Rainha, e agora meu tão sonhado herdeiro irá nascer. Tudo parece estar sob controle, e estou ciente de que carrego meu destino em meu ventre. 

Como aconteceu na última vez, não há margem de dúvidas, o filho que carrego é um varão. Ninguém ousa contestar isso, embora às vezes eu me pegue pensando se não carrego uma menina... Que tolice a minha! (...)" 

Sakura estava entrando no quinto mês de gestação e alegrava seu marido cada vez que era vista em público. Quando esteve grávida pela primeira vez, no quinto mês era quase imperceptível e havia quem questionasse se realmente ela estava grávida; Todavia, agora, sua barriga estava arredondada e todo mundo notava a gravidez. 

Os médicos estavam esperançosos de que a criança fosse maior e mais forte que a anterior, o que enchia Sasuke e Sakura de alegria. 

Para evitar que Sakura tivesse quaisquer complicações, Sasuke a dispensou de seus deveres como Rainha para que ela tivesse o máximo de repouso. Ordenou que fosse preparado tudo o que Sakura tivesse vontade de comer, dava-lhe presentes quase que diariamente e já havia encomendado o berço do bebê. 

Quando estava com um tempo livre, ao invés de ir caçar como tanto gostava, Sasuke resolveu visitar a esposa em seus aposentos. 

As aias se curvaram quando o soberano entrou pela porta, e Sakura esboçou um sorriso meigo e satisfeito. Embora Sasuke sempre pedisse notícias e mandasse presentes, não era todos os dias que ia vê-la. 

– O marido lembrou-se da esposa... - Comentou com um certo tom sarcástico, permanecendo sentada na poltrona próxima a lareira que aquecia o quarto. 

Deixou de lado o tecido branco que bordava, então se colocou de pé antes de ordenar que suas damas de companhia saíssem. 

– Ando bastante ocupado ultimamente... - Sasuke chegou mais perto de sua esposa, segurou suas mãos e depositou um sutil beijo em seu rosto - Alguns assuntos de Estado andam me consumindo.

– Espero que sejam somente assuntos de Estado. - Disse friamente. 

– Por que tão rude, Sakura? 

A rosada se afastou, então virou de costas para o Rei e caminhou até uma das janelas do quarto, olhando pelo vidro transparente o enorme jardim. 

Sasuke havia proibido que as janelas fossem abertas por muito tempo, como forma de evitar que o vento frio se fizesse muito presente no quarto. Queria prevenir qualquer tipo de resfriado ou algo que pudesse comprometer a saúde de Sakura. 

– Eu prefiro infinitamente sua presença a todos aqueles presentes... Acha que pode me comprar? 

– Eu não estou te comprando, Sakura. Os presentes são uma prova do meu amor.

– Se quer provar seu amor, Sasuke... - Ainda com um braço apoiado na janela, Sakura se virou para o marido - fique ao meu lado. 

– Sabe que eu não posso. - Disse com a voz firme, mas tentando manter a calma.

– Eu espero realmente que esteja ocupado somente com os assuntos de Estado. 

– Você não precisa se preocupar. - Ele sorriu de canto - Então... - Sasuke caminhou para perto da rosada e tocou em sua barriga - Como ele está? 

– Pensei que conversasse com o médico. 

– Por favor, não dificulte as coisas. - Pediu após respirar fundo. 

Sakura tinha constantes variações de humor e o próprio médico já havia alertado o monarca para ser paciente com sua esposa. 

– Ele está bem, se é o que quer saber. - Ela forçou um sorriso - Já se mexe um pouco, principalmente à noite. 

– É bom saber disso. - O Rei sorriu alegremente, então se abaixou e beijou a barriga de Sakura - Ora, garoto, então quer dizer que você não deixa sua mãe dormir...

– É. - Sakura falou um pouco irritada - Como o pai dele, quando ainda sentia alguma atração por mim. 

Sasuke se levantou e olhou nos olhos de sua esposa, ela parecia realmente irritada. O Rei já não a procurava durante a noite desde que o médico confirmou a gravidez, isso fez com que Sakura se sentisse indesejável por conta das mudanças em seu corpo.

– Sabe por que eu não posso. - Explicou o Rei - Está grávida, Sakura, não podemos. Não quero machucar nosso filho. 

– Talvez se o Rei se fizesse mais presente... Se ficasse ao meu lado por mais tempo... Se me visitasse todos os dias... - Ela suspirou, contendo as lágrimas - Talvez se você fosse um pouco mais atencioso no sentido de estar presente, Sasuke, eu não me sentiria tão mal! 

– Sakura, eu tenho meus deveres. - O moreno explicou - Não faça com que eu me sinta péssimo, pois eu ficaria ao seu lado todos os segundos do dia se pudesse, mas nem mesmo um Rei pode controlar tudo.

– Então durma comigo. - Ela implorou, segurando as mãos de seu marido - Fique ao meu lado... Essa cama é tão grande, me sinto só. 

– Tudo bem. - Ele puxou sua amada para um abraço - Dormirei com você todas as noites até que seja confinada para o nascimento. Isso lhe fará feliz?

– Muito. - Sorriu - Obrigada, Majestade. 

– Não precisa agradecer. - Sasuke deu um delicado beijo nos lábios da Haruno - Se você ficar feliz, então nosso menino também ficará. 

– Menino... - Disse pensativa - Como tem tanta certeza?

– Conversei com médicos e alguns astrólogos. - Explicou - Os médicos dizem que o bebê nascerá saudável, pois cresce rápido. Os astrólogos previram que a criança que está em seu ventre, Sakura, será o maior monarca que esse país já viu... - Sasuke sorriu orgulhoso - Disse que reinará por longos anos, que será forte, e que em pouco tempo conseguirá calar muitos que irão subestimá-lo. Provará, por meio de ações, que tem o sangue dos Uchiha e honrará o nome dos seus ancestrais.

– Fico feliz, mas... Os astrólogos que previram isso, eles disseram com todas as letras que será um menino?

– Não disseram o sexo, mas pela previsão é óbvio. Uma mulher não possui atributos para tais feitos. É claro que o futuro grande monarca que carrega em seu ventre, Sakura, é um menino. 

– Isso me alegra profundamente. 

(...)

Boruto caminhava pelo jardim. As aias de Sarada haviam comentado que a Rainha estava atordoada, e que as havia dispensado pelo resto do dia. Boruto conhecia Sarada muito bem, sabia que o diário de Sakura estava mexendo com ela, assim como sabia para onde a atual monarca ia quando estava triste.

Encontrou a morena sentada sobre o chão gramado, com as costas apoiadas num tronco de árvore. Olhava para o céu azul sem nuvens, lágrimas escorriam por seu rosto. 

Sarada só notou a presença de Boruto quando o loiro se sentou ao lado dela.

– Perdão, Sarada... Sei que quer ficar sozinha, mas seu comportamento vem me preocupando a cada dia.

– Boruto, eu... eu estou me sentindo horrível por algo que sequer é culpa minha, mas que ao mesmo tempo é culpa minha. 

– Do que está falando? - Questionou confuso.

– Quando eu estava para vir ao mundo, minha mãe se encontrava feliz e esperançosa porque a previsão era de que o Reino teria um Príncipe... contudo, o Príncipe era uma Princesa... eu. 

– Ninguém escolhe o sexo dos filhos, Sarada. E não há como prever. 

– As coisas teriam sido muito diferentes se nascesse um menino ao invés de uma menina! Minha mãe poderia estar viva.

– As acusações que pesaram contra Sakura não tem nada a ver com o fato de ela ter dado à luz uma menina. 

– Ela estava vulnerável. - Explicou - Se tivesse dado um menino ao Rei, certamente sua posição estaria fortalecida. 

– Não se culpe por isso, Sarada. As coisas acontecem como devem acontecer, e se você veio ao mundo como mulher, então seu destino está traçado como uma mulher. 

– Claro. - Ironizou - Estarei fadada a viver pelo resto de minha vida procriando e bordando em frente à uma lareira? - Questionou irritada - É isso que meus conselheiros querem para mim! 

– Talvez seja algo mais. - Boruto disse pensativo - Talvez você esteja aqui, como uma Rainha regente, para mostrar ao mundo que as  mulheres podem ser iguais ou até mesmo superiores aos homens. Prove, Sarada, que mulheres também são capazes de grandes feitos. 

– Eles querem que eu me case... Querem que eu dê um sucessor para o trono. 

– Isso pode não ser um problema. 

Com um sorriso de canto nos lábios, Boruto chegou ainda mais perto de Sarada, segurou delicadamente em seu rosto e, sem aviso prévio, levou seus lábios de encontro com os da Rainha.

Sarada ficou sem reação, mas ainda assim, como um instinto, retribuiu o beijo de Boruto. 

Quando ela o afastou de si, com uma expressão um tanto quanto assustada no rosto, ele sorriu com os lábios levemente inchados. 

– Boruto... - Sussurrou - Por quê? 

– Sarada, há tempos nós dois sabemos que nossos sentimentos um pelo outro são ainda mais genuínos do que uma mera amizade. - Confessou - Case-se comigo, Sarada. Terá os herdeiros que precisa, e não vou exigir que divida seu poder comigo. Aceitarei a posição de consorte da Rainha... Sei que pode parecer insignificante para um homem, mas quando há amor, nada é insignificante. - Sorriu - Por favor, Sarada, aceite meu pedido. 

Sarada não podia negar que sentia algo realmente muito forte e inexplicável pelo seu amigo de infância. Todavia, sabia o que sua mãe havia passado por conta do amor. 

Deveria se entregar para um homem? 

A realidade que vivia era clara, um homem controla sua esposa, mesmo sendo ela uma Rainha. Sarada se recusava a ser controlada por alguém. 

– Admito que em meu coração tenho sentimentos que não sou capaz de controlar... - Falou seriamente - Entretanto, Boruto, haverá apenas uma Rainha aqui. E nenhum Rei! 

– Está disposta a cumprir sua promessa de infância? 

– Estou disposta a ser dona de mim mesma. Não serei mandada por homem algum! 

– A Rainha é mais inteligente que qualquer outra mulher... - O loiro soltou um riso anasalado - Torno a dizer que a consequência disso será uma cama vazia, Sarada. 

– Por favor, Boruto, compreenda meus motivos. 

Boruto tentava se colocar no lugar de Sarada. Era a mulher mais importante, a pessoa mais poderosa do país, mas ainda era uma mulher. Seus receios eram diferentes dos receios de um homem, principalmente por saber o que sua mãe passou. 

– A desonra da sua mãe fez de você uma mulher cautelosa. - Comentou. 

– Só há desonra onde há culpa, Boruto. 

– Eu não sou como Sasuke. - Disse o loiro.

– Todo homem carrega em si o maldito ego acompanhado do orgulho. - Respondeu amargurada - Minha mãe foi vítima dessa armadilha, mas eu não serei.

Boruto riu sem humor. Se antes Sarada já era receosa quando o assunto era relacionamento, agora, enquanto lia o diário de Sakura, seus receios somente aumentavam.

– Eu vou provar, Sarada. - O rapaz acariciou levemente a bochecha de Sarada com o dedão - Vou provar que sou digno. 

Dito isso, Boruto deu um beijo na testa da monarca e se retirou, deixando-a novamente à sós com seus pensamentos. 

(...)

"Fui vítima de uma enorme traição, e o maldito traidor foi Sasuke! Foi um golpe inesperado, infelizmente o que eu mais temia. 

Ontem pela manhã chegou-me aos ouvidos histórias de escapadelas de Sasuke com uma de minhas aias, Tenten, uma jovem de boa aparência e nenhuma inteligência! Pensei serem apenas mentiras mal intencionadas, cruelmente espalhadas por eu já estar perto de dar à luz, e com isso, minha língua geralmente afiada encontra-se agora suavizada por causa da gravidez. 

Não me pareceu possível, pois Sasuke e eu estamos casados há pouco tempo e ele sabe como o choque de uma traição poderia me afetar no estado em que me encontro. 

Contudo, hoje pela manhã fui andar um pouco pelo jardim próximo aos meus aposentos e acabei por ouvir alguns comentários sobre o caso. Ouvi os nomes dos nobres que apoiavam o romance, então percebi que era verdade. É claro que isso em nada afeta minha posição, pois trarei um Príncipe ao mundo e a coroa estará mais segura em minha cabeça do que jamais esteve. Fui obrigada a admitir, somente para a minha consciência, que a conduta de Sasuke não era errada, tampouco extraordinária, segundo os padrões Reais. Mas, ainda assim, a idéia de que uma paixão se dirigisse a outra mulher que não seja eu, fez estremecer o amor que sinto pelo Rei. Tantos anos de dor e luta desperdiçados miseravelmente nos braços de uma prostituta estúpida! (...)"

Sakura se dirigiu aos aposentos do Rei, o mais depressa que sua figura de rosto e ventre inchados permitiam, então atirou-se a ele com uma fúria realmente incontrolável. 

– Nojento! - Gritou ao mesmo tempo que dava uma bofetada em Sasuke, deixando-o com a face avermelhada. 

O infiel marido ficou abismado com tal atitude, pois Sakura, mesmo com seu temperamento explosivo, jamais havia chegado ao ponto de agredi-lo. 

– O que significa isso? - A calmaria na voz de Sasuke deixava Sakura ainda mais furiosa. 

O olhar do Rei dizia que os rumores eram verdadeiros, e os olhos de Sakura ardiam por conta de amargas lágrimas. 

– Onde está o homem que me prometeu adoração eterna, que antes de assinar suas cartas dizia não procurar por mais ninguém? - Vociferou, olhando de um lado para o outro como se procurasse por esse homem - Diga-me onde ele está, pois aqui só consigo ver um maldito adúltero de duas caras! 

Sasuke a fitou de forma indiferente, pois não podia e nem queria brigar com a mulher que logo traria ao mundo seu filho. 

Tentando não aumentar o tom de voz para não adentrar uma discussão mais grave, Sasuke a encarou com um olhar firme que chegou a paralisá-la, então friamente respondeu:

– Feche os olhos, minha querida, e suporte o que as outras consortes, até melhores do que você, também suportaram. 

Seu mundo havia desabado! Estava acontecendo, e Sakura se sentia uma tola por ter acreditado que um Rei se contentaria somente com sua Rainha. 

O que Mikoto e as outras Rainhas antes dela suportaram, agora também teria que suportar. 

– Não!  - Protestou - Você me disse que não daria lugar a outra mulher em seu coração ou em sua afeição! Como espera que eu suporte saber que você levou uma de minhas aias para sua cama? Justamente a cama onde você também me tem! - Chorou amargamente - Deve saber o mal que me causa, Sasuke!

– E você deve saber que a qualquer momento posso fazê-la descer, tal como a fiz subir. - Ameaçou, fazendo a rosada estremecer, embora seu orgulho não permitisse que demonstrasse. 

Sasuke tocou na face avermelhada, então levantou da poltrona onde se encontrava sentado. Encarou a rosada que chorava diante dele, mas não demonstrou emoção alguma.

Para o Rei, era inadmissível que sua esposa o enfrentasse como Sakura o enfrentou. Sasuke não procurava por uma paixão, ou por um novo amor, mas sim por uma distração enquanto Sakura estava grávida. Sua atual amante não passava de uma diversão e logo seria descartada, portanto ele não engolia o alvoroço de Sakura. 

Aos olhos de todos, o que Sasuke fez não foi errado. 

– Se eu soubesse que seria assim, teria casado com Sasori às escondidas e jamais teria me rendido aos seus encantos, Sasuke. - Falou com desprezo, e Sasuke precisou se controlar para não explodir. Sabia que Sakura dizia aquilo por estar magoada.

– Rainha Sakura... Vá. - Ordenou.

O sangue da Haruno ferveu, ela odiava quando lhe davam ordens daquela maneira. 

– Vou, Sasuke. - Replicou - Eu vou... - Encarou o monarca sem retroceder - Mas saiba que magoou e ofendeu vergonhosamente a sua fiel esposa, mãe de seu filho. 

Sakura virou as costas para Sasuke, abandonando com altivez os aposentos do Rei, voltando para os seus e podendo chorar com todo o seu desgosto. 

"Ele se vai se cansar de você, como se cansou de todas as outras...", as palavras de Mikoto imediatamente lhe vieram à mente e Sakura se sentiu uma estúpida. Pensou que seria diferente, Sasuke era sincero em suas palavras, mas ele claramente não havia desistido de ter suas amantes. 

A rosada simplesmente não compreendia como Sasuke podia amá-la e ainda assim ser infiel... e pior, como todos viam aquilo como algo certo! Bem, era comum e visto como aceitável, mas Sakura jamais veria como certo. 

Após a Rainha ter ficado algumas horas na companhia de suas lágrimas, Kizashi entrou nos aposentos de Sakura e se deparou com a filha a chorar em sua cama.

 Sakura se mostrou ainda mais furiosa com a presença de seu pai ali, pondo-se a vociferar:

– Como ousa entrar no quarto da Rainha sem ao menos ser anunciado? 

– Sakura... - Kizashi dizia com desgosto - O Rei foi visto com uma vermelhidão no rosto que claramente foi um tapa! - O riso um tanto quanto maquiavélico formado nos lábios da Haruno fez Kizashi ter certeza do que estava pensando - Sakura, você bateu nele?

– Bati! - Respondeu petulante, colocando-se imediatamente de pé e ficando de frente para seu progenitor - Não me arrependo, meu pai... Faria de novo, e faria pior!

– Céus, minha filha!  - Kizashi se mostrou desesperado com a atitude de Sakura - Você perdeu o juízo, Sakura? 

– Sasuke perdeu! - Rebateu - Ele levou uma de minhas aias para a cama dele, a cama que também frequento! - Disse com ódio - Eu disse para ele que não iria suportar traições! 

– Você tem que suportar! - Ordenou - Sua posição depende disso. Nossa família depende disso!

– Nossa família. - Riu com desdém - Para o inferno essa família de interesseiros, que só souberam me usar como se eu fosse um lixo descartável. Vocês me subestimaram... e ainda subestimam. 

– Mesmo que você não se importe com nossa família, deve pensar em você e seu filho. Se o Rei ficar desgostoso, temo pelo seu destino. 

– Me toca saber que o senhor se preocupa comigo. - Respondeu com falsa emoção - Embora, na minha posição atual, eu não precise da preocupação de alguém tão inferior. 

Kizashi ficou sério. Sua filha havia mudado muito, ela já estava num estado em que acreditava fielmente ser independente de todos. Sakura já não era mais a menina que seguia suas ordens, mas uma mulher que parecia querer contrariar quaisquer regras impostas. 

– Por que agrediu o Rei? 

– Ora! - Respondeu irritada - Já respondi, meu pai. Sasuke me traiu. 

– E por que esse seria um motivo forte o suficiente para uma agressão?

Sakura se mostrou indignada, irada. 

– Porque ele é casado comigo! - Bradou.

– Sasuke é um homem... e um Rei. - Kizashi disse num tom de voz mais calmo - Filha, é comum que Reis procurem amantes. Você está grávida, é claro que não pode se deitar com o Rei para não machucar a criança que cresce em seu ventre, por isso ele procurou outra mulher para se divertir. Fique tranquila, isso não passa de uma aventura.  

Sakura riu com deboche, encarando seu pai. 

– Quando eu estava mergulhada em tristeza e de luto pelo meu filho, papai, o senhor praticamente me jogou para cima do Rei, usando como argumento que ele poderia acabar nos braços de outra mulher. Agora, simplesmente me pede para aceitar isso? 

– São duas situações diferentes, Sakura!  - Exclamou - Quando você der à luz, quando estiver com o Príncipe nos braços, terá o mundo e o Rei aos seus pés. Por enquanto, Sakura, você não está em condições de exigir nada. 

– Eu não vou aceitar que meu marido se deite com outra mulher, independente da situação. - Falou entre dentes - Vá, meu pai. Deixe-me sozinha. 

– Sakura...

– Lembre-se, meu pai. - Ela o cortou - Sou sua filha, mas também sou a Rainha. Agora, quem me deve obediência é o senhor, não mais o contrário. 

Kizashi olhou com ódio para a filha, temendo que a petulância dela fosse perigosa para os Haruno. 

Quando o homem deixou o aposento de Sakura, Karin entrou no cômodo, mostrando-se preocupada com sua soberana.

– Majestade. - Curvou-se - Por favor, preocupo-me com o bebê... Não se exponha a emoções tão fortes.

– Karin, chame Tenten. - Ordenou, ignorando as palavras da ruiva - Agora! 

Mesmo sabendo que Tenten havia se deitado com o Rei, e que provavelmente Sakura faria algo impensado, Karin não iria desobedecer sua Rainha.

Quando Tenten entrou no quarto de Sakura, encontrou a soberana com o olhar gélido sobre ela. A morena então teve certeza de que Sakura já sabia sobre a traição do Rei. 

– Majestade. - Curvou-se para a Rainha.

– Tenten... - Deu alguns passos em direção à moça dos cabelos castanhos, ficando próxima a ela, olhando fundo em seus olhos - Tenten, você já esteve na Torre Sangrenta? 

– Na Torre? - Estremeceu - Não, Majestade.

– Mas já ouviu o que dizem sobre ela? - Questionou retoricamente, num tom de voz doce e maquiavélico ao mesmo tempo, deixando Tenten apavorada - Dizem que na calada da noite pode-se ouvir o rugido de leões... Os gritos dos torturados... O cheiro fétido alcança as narinas durante todo o dia... - Sorriu de canto, passando delicadamente o dedo indicador pelo pescoço de Tenten - Parece terrível, não? 

Viu uma jóia que parecia bastante cara, um colar de ouro com diamantes que com certeza foi presente do Rei, como um pagamento para a prostituta. 

– Sim, parece terrível... Majestade. 

Sakura aproximou os lábios do ouvido de Tenten, sussurrando de maneira ameaçadora:

– Pois se você não quiser ir para lá, minha cara, sugiro que não apareça mais na minha frente. 

Tenten arregalou os olhos, pela primeira vez sentia medo da Rainha. Sakura a olhou nos olhos com frieza, um sorriso vitorioso estampado no rosto. 

– Majestade... - Disse com a voz fraca, implorando por piedade - Majestade, eu não tive culpa. 

– Não? - Fingiu surpresa - Você sabe por quanto tempo o Rei perseguiu a minha pessoa? Sabe por quanto tempo fugi dele para me manter casta? - Arqueou uma sobrancelha - Não... Não sabe. - Sorriu com desdém - Essa é a diferença entre nós, Tenten. Você usa o corpo, eu usei a mente, por isso cheguei onde estou agora. Eu sou uma Rainha, enquanto que você não passa de uma maldita prostituta! 

– Ninguém duvida de sua inteligência, Majestade.

– E é por isso que não posso permitir que qualquer mulher, por mais burra que seja, fique no meu caminho. Você entendeu? - Estreitou os olhos - Não permitirei que alguém estrague meu casamento, tampouco que ameace minha posição.

– Essa nunca foi minha intenção, Majestade. Sei que o Rei vai me largar quando a Rainha der à luz. 

Sakura segurou o colar no pescoço de Tenten, arrancando-o com violência. 

– É uma peça bonita demais para ser usada com tecidos tão baratos... Você não é digna dela. Também não é digna do posto que ocupa. 

– Por favor, Majestade... - Implorou com a voz embargada.

– Apareça na minha frente do novo, e você já sabe o que acontecerá. - Ameaçou - Agora vá. Está banida da Corte, Tenten. 

...

"Oh, meu Diário, ninguém neste mundo é capaz de compreender a profundidade desta traição. Estou me sentindo sozinha, mais do que estava antes. Sasuke e eu nos afastamos, estamos sem nos falar há vários dias. O bebê dá pontapés em meu ventre e na dor que me causa encontro consolo, pois se o amor do Rei se dissipou, este pequeno menino será o cordão inquebrável entre Sasuke e eu. Eterno." 


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Notas finais do capítulo

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Bjs♡