Operation Swan escrita por Mrs Ridgeway


Capítulo 11
Step four: Admire!


Notas iniciais do capítulo

Oie bbs,

O meu retorno estava marcado para sexta feira, porém (contudo, todavia, entretanto) em algumas horas eu estarei viajando, para bem longe do notebook, então resolvi postar antes de ir. Melhor adiantar o capítulo do que atrasa-lo.

Ah, detalhe. Sugiro trilha sonora para esse capítulo, hahah.

Agora vamos ao que interessa!



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London,

March 19, 2017

 

 

Agitada, Hermione andava de um lado para o outro, com o iPad na mão direita.

— Ginny, eles não me deram a resposta sobre a decoração dos pranchões! – ela pôs a mão na cintura, preocupada. – E eu ainda tenho que resolver as questões das lembrancinhas do final da festa. Rose quer alguma coisa que possa ser reutilizada depois pelos convidados.

— Mione, calma. – a amiga pediu, do outro lado da linha. – Não é tão desesperador assim.

— Como não?! Faltam três semanas para o aniversário!

— Você precisa respirar ou vai enlouquecer de vez!

Hermione semicerrou os olhos para ruiva, mesmo sabendo que ela estava a milhares de quilômetros, fazendo a cunhada rir da sua expressão. Ela se sentou em um dos banquinhos acolchoados da ilha de mármore branco da cozinha.

— Eu me encontrei ontem com o responsável pelo espaço e em relação isso você pode ficar tranquila. Não teremos surpresas. – Ginny garantiu. – Sobre a decoração das mesas, eu vou ligar para cerimonialista de LA e pedir indicações. É bem capaz que ela mesma se responsabilize em achar alguém pra executar o serviço.

Mione respirou um pouco mais aliviada.

— Obrigada.

— Por nada. Você sabe que eu nunca deixaria a minha afilhada na mão.

— Só mesmo a Rosie pra querer fazer essa festa aí, do outro lado do oceano atlântico.

— Ela teve muito bem a quem puxar essa teimosia.

Hermione riu e Ginny a acompanhou. O assunto se desviou e as duas aproveitaram para conversar sobre outras questões, matando um pouco da saudade, ainda que via satélite. Em algum momento, Mione olhou para cima, na direção do grande relógio da cozinha. Já eram quase quatro da tarde.

— Ai meu Deus, tá quase na hora! – ela se ajeitou no banco de madeira, sobressaltada.

— Na hora de quê? – a ruiva questionou, confusa, franzindo a testa.

— Eu marquei com o Ronald de escolher uns preparativos para surpresa da Rosie agora, no final da tarde.

— Me prometa que vocês não vão tentar se matar. Pelo menos não até a festa de aniversário da minha sobrinha.

— Nós não tentamos nos matar. – ela se defendeu. – E, de qualquer forma, não temos nos falado muito desde a última audiência.

— Aquela que vocês adiaram. – Ginny completou, esperta.

— Aquela que ele adiou.

— Tanto faz. Você aceitou.

Mione fez uma careta. Ela se sentia nervosa. Ginny pareceu adivinhar os seus pensamentos.

— Como você tá?

— Não sei. – ela suspirou pesadamente. – Acho que eu já parei de pensar.

— Sobre o divórcio?

— Sobre tudo.

Ginny não disse nada a respeito da declaração da amiga. A campainha tocou logo em seguida.

— Deve ser o seu irmão. – a mulher avisou. – Eu tenho que desligar. Nos falamos outra hora?

— Falamos sim. Beijos e até breve.

— Beijos.

Mione pôs o aparelho em cima da ilha da cozinha ampla e desceu do banquinho. Ela seguiu pelo corredor, parando somente para se olhar rapidamente no espelho do hall. Hermione passou a mão pela roupa que usava, desamassando a barra da camisa. Talvez ela devesse ter se arrumado mais. Por algum motivo seu estomago fervilhava, como se ela fosse uma adolescente em seu primeiro encontro.

— Ele poderia ter usado a chave dele... – ela murmurou.

Era uma ideia boba, imaginou. Talvez Ron nem tivesse mais a chave. Eles estavam separados há quase um ano, afinal. Com esse pensamento, Hermione girou a maçaneta e abriu a porta. O ruivo sorriu do outro lado.

— Oi... – Mione o cumprimentou e retribuiu a cordialidade.

Ron demorou um pouco para responder. Inconscientemente, seus olhos se direcionaram para as vestes da mulher a sua frente. Hermione usava uma das camisas velhas do ruivo, como era de costume quando eles eram casados. Seus vastos cabelos cacheados estavam presos com uma caneta, em um coque bagunçado. Os pés estavam descalços, ainda que as temperaturas permanecessem baixas naquele fim de inverno.

Ron mordeu o lábio inferior levemente, concentrado. Às vezes parecia que o tempo não passava para Hermione. Era difícil não admira-la daquele jeito. Ron se perguntou porque parecia que ele não reparava isso há anos.

— Oi. – ele disse. – Olha! – e completou alguns segundos depois. – Eu não me atrasei dessa vez!

Ronald sinalizou a sua pontualidade com o indicador. Hermione rolou os olhos, e sorriu outra vez. A mulher jogou a cabeça para o lado, graciosamente e abriu espaço para que ele atravessasse. Já dentro do apartamento, Ron analisou o espaço como se fosse a primeira vez que ele estivesse passando por aquele lugar.

Assim que Hermione fechou a porta, os dois seguiram pelo amplo corredor do imóvel.

— Fiquei surpreso quando você pediu que eu viesse aqui. – o ruivo assumiu, sincero. – Achei que íamos sair pra comprar alguma coisa.

— Eu te chamei aqui porque, na verdade, eu estava pensando em montar algo diferente ao invés de comprar alguma coisa. – ela se justificou. – Eu imagino que a Rose vá gostar mais.

Ronald levantou uma sobrancelha, interessado.

— E no que você está pensando?

Ela fez um sinal com a mão e os dois entraram no antigo quarto do casal. Ron parou junto à penteadeira, enquanto Hermione andou até o armário embutido e arrastou uma das portas. Ela se esticou tentando pegar uma caixa azulada na parte de cima, a mais alta, sem sucesso.

Ron esperou por longos minutos, se controlando para não rir. O ruivo mordeu os lábios ao observa-la de costas para ele, com os músculos da perna distendidos e a camisa levemente levantada, deixando amostra parte da sua coxa. O homem foi acordado do prazeroso transe quando se viu encarado pelo alvo da sua observação.

— Você não vai fazer nada?! – ela indagou, irritada.

— Não... – ele negou com a cabeça. – É divertido ver você pulando.

— Ronald!

Rindo abertamente dessa vez, Ron se desencostou da parede e andou até o armário. Ele pegou a caixa, se surpreendendo com o peso. Ronald sabia quais eram as coisas que tinham ali dentro, só não imaginava que fossem tantas assim.

Hermione agradeceu e os ambos seguiram até a larga cama de casal.  Ela se encostou mais largamente na cabeceira almofadada. O ruivo, porém, sentou-se a beirada do colchão. Mione abriu a tampa da caixa azul e tirou de lá de dentro uma grande quantidade de fotografias, as dispondo displicentemente sobre o edredom bem forrado.

Hermione apontou para as fotografias.

— Bom, é isso que eu quero fazer.

— Bagunçar as fotos?

Ron a encarou, descrente. A mulher rolou os olhos.

— Não, Ron. Eu quero fazer um memorial com as fotos da Rosie. Uma homenagem com todos os momentos bons dela registrados aqui.

O ruivo permaneceu calado por alguns instantes, absorvendo a ideia. Hermione o fitava apreensiva.

— Hmm... – ele pegou uma foto de Rose com algumas semanas de vida .– Eu gosto dessa.

— Então quer dizer que você concorda com a minha ideia?

— Você achou que eu não concordaria?

— Não sei...

— Eu achei a sua ideia muito boa, como sempre. Isso nem é lá uma novidade, por sinal.

Mione sorriu de canto, enrubescida. Ela desviou o olhar por um momento, analisando as imagens espalhadas.

— Por onde vamos começar? – perguntou.

— Deixa eu ver... – Ronald afastou algumas fotos com a mão antes de alcançar a desejada. – Talvez essa. Olha?

Ron estendeu a foto para Hermione. Ela sorriu abertamente e a segurou com cuidado. Era uma das mais antigas. Na imagem, Hermione segurava um canudo de formatura, feliz. Sua barriga de oito meses chamava atenção, enorme.

— Oh deus, olha essas pernas inchadas...! – ela comentou com uma mão na bochecha e Ron caiu na risada. – Esse sapato estava me matando.

— Eu me lembro disso! Você o tirou no meio da festa e me fez carrega-lo de um lado para o outro durante o resto da noite!

O ruivo assumiu uma postura revoltada, ainda que em meio aos risos. Hermione replicou, altiva.

— Nada além da sua obrigação. Alguém tinha que o segurar enquanto eu cumprimentava os convidados.

Ronald a encarou, indignado. Mione apenas deu de ombros, concludente. Eles vasculharam mais algumas fotografias até que a mulher ergueu uma de seu interesse, com um sorriso bobo no rosto.

— Ah, e essa aqui...?

Ron se esticou para ver a fotografia. Rose estava afundada na areia da praia até os joelhos, segurando metade de um picolé derretido nas mãos. Seus cabelos vermelhos, cheios como os da mãe, voavam descontrolados, sem uma direção exata. A menina parecia muito feliz, exibindo um sorriso enorme e deixando a mostra apenas alguns dentinhos.

Pelo o que Ron se lembrava da ocasião, a pequena ruiva deveria ter um pouco mais de um ano na época daquela fotografia. Eles haviam acabado de se mudar para Los Angeles. Aquela era a primeira vez que Rose tinha ido à praia.

 – Ela ficava tão bonitinha nesse biquíni...

— Você se lembra do choro que foi quando ela parou de caber dentro dele?

— Como não lembrar? Dava pra ouvir os berros do outro lado do quarteirão.

— Tinha aquela nossa vizinha... a dominicana... Como era mesmo o nome dela?

— Mrs. Hernández. – Hermione o lembrou.

— Essa mesmo. – o ruivo continuou. – A coitadinha ficou com pena dos nossos ouvidos e acabou fazendo um maior às pressas, com os mesmos desenhos. Foi o que salvou a nossa semana.

— Ela o tem até hoje.

— Era de se imaginar. Rosie é dramática que nem a mãe.

— Eu não sou dramática!

Hermione bateu com a tampa da caixa no braço de Ron, que riu de maneira divertida. Juntos, eles continuaram escolhendo as fotos e comentando um pouco sobre cada uma delas.

Ao cair da noite Ron se espreguiçou, exausto, com as costas apoiadas no colchão. O paletó do ruivo jazia no canto da cama. Ele também havia retirado os sapatos, deixando-os de lado de maneira relaxada. Seus pés enormes, dentro da meia preta social, se movimentavam distraídos ao som de “Crazy”, que tocava no apartamento abaixo. Enquanto separava as últimas fotos, Ronald se perguntou se o os jovens ainda escutavam o Aerosmith.

 O coque da mulher ao lado de Ron já havia se desfeito e seus cabelos achocolatados descansavam livremente pelos seus ombros. Hermione o observava bater os pés levemente em cima do tapete felpudo, de soslaio. Ela, que era avessa a bagunça, estranhamente não viu problema naquilo tudo espalhado dentro do cômodo. Pelo contrário. Mione sorria, muda, cada vez que o ruivo fazia alguma coisa que remetia aos seus velhos hábitos.

Retornando a realidade, Hermione reuniu um bloco com as fotografias escolhidas, dentre as quais se encontravam imagens de Rose em todas as idades até aquela data de escolha. Ela contou rapidamente a quantidade exata do material.

— Isso é o suficiente, eu acho. – comentou, satisfeita.

— Temos quantas aí?

— 15.

— É um bom número.

— É sim.

Sem mais fotografias para olhar, um silêncio constrangedor se instaurou entre o casal. Eles desviaram os olhares um do outro, envergonhados. Para disfarçar, Ron conferiu o relógio de pulso.

— Bom, acho que tá na hora de ir...  – o ruivo avisou, erguendo o corpo do estofado macio.

Hermione concordou com um aceno de cabeça e os dois se levantaram. Ela o esperou se recompor e o guiou até o hall de entrada do apartamento.

— Fizemos um bom trabalho.

— Fizemos sim. E não nos matamos.

Ron franziu a testa, sem entender o comentário.

— Eu estava falando com a sua irmã, antes de você chegar. Quando eu disse que você tava estava vindo pra cá, ela me passou essa recomendação. – Hermione explicou, entediada.

— Que absurdo! – Ron fingiu estar ofendido. – Nós nunca tentamos nos matar!

— Foi o que eu disse a ela!

— Talvez algumas leves escoriações, mas nada demais.

— Admito que às vezes eu tenho muita vontade de quebrar o seu ílio com um chute.

— Ok, eu não sei onde fica esse osso e pretendo continuar sem saber.

Hermione riu da piada do ruivo. Ron observou o contorno feliz do seu rosto, tão verdadeiro, e não conseguiu deixar de sorrir também.

— Obrigada por ter vindo, Ron. – ela agradeceu, sincera.

— Não precisa agradecer, Mione. – o ruivo respondeu, também sincero. – Você sabe que eu faço qualquer coisa pra ver a minha princesinha feliz.

— Provavelmente a Rose não iria concordar muito se você a chamasse assim em público.

— Provavelmente.

Eles riram. Mais uma vez.

Nesse meio tempo, algo prendeu a atenção de Ron. Ele passou o braço pela lateral do corpo de Hermione e pegou um porta-retratos depositado em cima do aparador de vidro. O ínfimo segundo de toque fez com que a pele da mulher se arrepiasse instantaneamente.

Ela esfregou os braços de maneira disfarçada e se virou para ver o que o ruivo segurava. Ron admirava a fotografia com um brilho diferente nos olhos. Um brilho nostálgico, para ser exato. Hermione o observou por um tempo, compenetrado. Aquela foto tinha uma história. Não era de se estranhar que ela o atraísse daquele jeito.

— Eu acho que a gente deveria usar essa também.

A sugestão foi dada por Hermione. Ronald a encarou, inquisitivo.

— Uma fotografia para cada ano de vida da Rosie. – ela completou.

Até então eles não haviam escolhido nenhuma foto onde os três estivessem juntos como aquela. Ron sorriu de canto.

— Eu me lembro desse dia como se fosse hoje. – o ruivo comentou, ainda passando o polegar carinhosamente pelo vidro do porta-retratos.

Hermione também se recordava com muita clareza daquela data. Não tinha como ela se esquecer. Congelados pela máquina, Ron a abraçava pelas costas, apertado, enquanto ela segurava no colo a filha do casal, agora um pouco mais velha.

Os três sorriam abertamente para o fotografo, de frente a um sobrado em Santa Mônica. Eles haviam acabado de receber as chaves do imóvel. Ron triplicara a quantidade de trabalho com o Harry naquele ano para conseguir dar entrada naquela casa.

— Eu sinto saudades de lá. – ela confessou.

— Acho que todos nós.

O ruivo olhou para o teto, com um sorriso saudoso.

 – Às vezes eu me pego relembrando como era voltar pra casa depois de estar na ativa, na estrada, viajando com o Harry. O ar da cidade me trazia uma sensação boa, de recomeço.

— Eu sinto falta de morar junto à praia. De dar aulas as crianças e, no fim do dia, admirar aquela imensidão azul. Era tão bom...

Pelo visto não eram poucas as recordações de ambos.

 – Também sinto saudade do nosso jardim... – a mulher sorriu, boba. – Deus, das minhas Dálias! Elas eram tão bonitas!

Nosso jardim, Ron pensou. Frase dita no plural.

— Você nunca pensou em voltar? – Mione inquiriu, curiosa.

— Pra Califórnia? – ela acenou que sim. – Não sei, o Harry precisa de mim aqui.

O ruivo umidificou os lábios.

— E acho que voltar sozinho agora não seria a mesma coisa...

— É, não seria...

Hermione concordou. Ela o fitou.

— Eu nunca te agradeci por aquilo.

Ron a encarou de volta.

— Pelo quê?

— Por ter se esforçado tanto por mim e pela Rose.

— Valia a pena. – o ruivo afirmou. – Eu teria feito tudo de novo, se necessário.

Hermione se apoiou no aparador, comovida.

— Eu não conseguiria sem você.

Ron analisou Hermione como se ela fosse um item raro de alguma coleção. Após alguns segundos, o ruivo fez uma careta engraçada. 

— Calma...  isso é um elogio...? – ele conferiu a temperatura na testa da mulher – Você está com febre...?

— Larga de ser bobo, Ronald... – Mione rolou os olhos, divertida – Você pode até achar que não, mas eu sempre te admirei.

Ela se virou em direção aos outros porta-retratos, sem jeito.

— Eu sempre tive muito orgulho do seu trabalho e da sua dedicação. Isso sempre teve um valor muito grande pra mim.

Mil coisas se passaram pela cabeça de Ronald, mas ele só se fixou em uma: apreciação. Saber que Hermione ainda se importava o balançava de uma maneira absurda. Com o coração acelerado, ele se deixou dominar pelo impulso. Ron se abaixou na direção de ex-mulher e a beijou.

Mesmo ávido, de início Ron não foi impetuoso. Ele estava dando espaço a Hermione para se certificar se deveria ou não ir à diante. Esse tempo, porém, não foi necessário. Tomada pelo desejo daquele contato novamente, Mione retribuiu o toque dos lábios do ruivo com vontade.

O beijo então se transformou de algo incerto para algo arrebatador. Ron puxou o corpo de Hermione para si, pela cintura, enquanto prendia os dedos nos compridos fios de cabelo dela. Mione passou os braços pelos ombros do ruivo e fixou as mãos em sua nuca.

— Ron...

Ela o chamou, em um sussurro, quando eles se afastaram por um breve momento para respirar.

— O que estamos fazendo?

— Não sei. – ele respondeu, visivelmente atordoado. – As pazes...?

A pergunta não foi respondida. Impacientes, os dois andaram alguns passos, cambaleantes. Hermione se viu pressionada na parede, na ponta dos pés, enquanto os lábios do ruivo desciam em direção à pele exposta do seu pescoço. Pelo visto, Ronald ainda sabia muito bem como arrancar gemidos involuntários da mulher.

— Isso parece tão... – várias palavras de duplo sentido passaram pela mente do ruivo – Errado...

Ele escolheu completar a frase da forma mais indicada. Hermione arfou, de olhos fechados, concordando. Ela segurou os cabelos do ruivo com força quando ele continuou a sua trilha de beijos.

— Isso não deveria estar acontecendo.

— Não deveria...

Ronald assentiu, com a voz abafada em meio à borda do sutiã de Hermione.

— Mas...

— Shhhh Mione, por favor...

— Eu não vou cal...!

Hermione foi arrebatada por um beijo que mostrou exatamente o contrário. Uma das mãos do ruivo apertou a coxa da mulher com vontade. Mione se agarrou ao tecido do braço do paletó que contornava o corpo do homem a sua frente, sôfrega. Ron afastou o rosto por alguns segundos e encarou a mulher, com volúpia nos olhos.

— Você não muda, Granger...

— Digo o mesmo sobre você, Weasley...

Hermione, como sempre, respondeu a provocação à altura, com a mesma malícia no olhar. Ambos gargalharam logo em seguida, cúmplices. Ron trouxe Hermione ao seu colo e ela fixou as suas pernas em volta da cintura do ruivo. Enquanto suas bocas se encaixavam novamente, mais calmas, eles atravessaram o corredor, em direção ao cômodo onde, até pouco tempo atrás, os dois estavam remexendo boas memórias.

Não havia controle ali, nem sobrepujança. Aqueles corpos se conheciam há muito tempo e sabiam muito bem o que precisavam fazer. E foi com essa certeza, em meio aos risos, beijos e carinhos, que a porta do quarto do casal foi trancada.

 

—-- Ω ---

 

9:46 p.m.

 

A noite havia chegado há muito. No relógio digital os números brilhavam acesos. Várias peças de roupa jaziam espalhadas pelo chão, amassadas. Deitados na cama, um casal dormia tranquilo, abraçados. Nenhum dos dois ouviu quando a porta do apartamento fora aberta e duas garotas entraram conversando, animadas.

— Mãe! – Rose chamou em alto e bom tom. – Já cheguei!

Hermione abriu o olhou, alertada pela voz da filha. Ela apertou os olhos algumas vezes, se situando no ambiente. Sua visão se focou no homem imóvel ao seu lado, que a segurava firme junto ao peito. Ronald permanecia dormindo, alheio a qualquer ruído. Mione sorriu, boba.

— Mamãe?!

O novo chamado de Rose fez a mulher despertar para a consciência real da coisa. Hermione analisou mais uma vez o ambiente ao seu redor e praticamente entrou em desespero. Sem saber o que fazer, ela cutucou o ruivo freneticamente. Ron se virou e murmurou algumas coisas sem sentido, embebido no seu sono.

— Ron, acorda! – ela o chamou, em voz baixa. – Acorda!

Mione o insistiu mais uma vez, cutucando-o novamente.

— Ronald!

— O quê?!

Ron reclamou, irritado por ter sido acordado. A mulher pôs as mãos na boca do ruivo, afobada.

— Fala baixo, pelo amor de deus!

O ruivo fez uma cara feia.

— A Rose chegou...

Como se tivesse levado um choque, rapidamente Ronald ficou alerta. A situação piorou quando vieram as batidinhas na porta.

— Mamãe...? – a garota perguntou do outro lado – Tá aí?

Hermione, sem saber como reagir, apenas respondeu com a voz trêmula.

— T-tô sim, meu bem.

— Aconteceu alguma coisa?

O tom da menina parecia preocupado.

— Não!

Ronald riu do desespero da mulher ao seu lado.

— Quer dizer... – Hermione pigarreou. – Eu só me deitei um pouco mais cedo. Não estava me sentindo muito bem.

O ruivo se ajeitou, posicionando o seu corpo sobre o de Hermione.

— Mas que mentirosa...

Ele sussurrou a sua orelha, mordiscando o lóbulo bem depois. Um arrepio gostoso se espalhou pela pele de Hermione. Ela fechou os olhos por alguns segundos.

— Quer que eu pegue algum remédio pra você?

— Não precisa, querida. É só uma dor de cabeça. Logo, logo passa.

— Tudo bem então.

Ron estendeu as mordidas até a barra do lençol que cobria os seios nus da sua quase ex-esposa. Devagar, ele puxou o tecido, brincalhão, enquanto Hermione o observava de olhos semicerrados, segurando o pano firmemente.

— Ah... mãe?! – a filha do casal a chamou outra vez. – A Lily tá aqui.

— Oi tia!

A filha mais nova dos Potters a cumprimentou.

— Oi, Lil!

— Ela vai dormir aqui hoje. Tem algum problema? – Rose perguntou.

— Não, nenhum...

Hermione tentou conter a cabeça do ruivo, que se mantinha imperativo, tentando distrai-la.

— Só não se esqueça de... hmm... avisar ao seu pai...

Ron e Mione prenderam uma gargalhada na traqueia. Houve um breve momento de silencio até que Rose se manifestasse outra vez.

— Acho que não precisa. – ela disse. – O papai já deve saber que a Lily tá aqui.

Dessa vez o ruivo deixou o riso rolar solto. Hermione abafou o barulho com um travesseiro rapidamente.

— Então tudo ok, Rosie. Eu vou voltar a dormir. Boa noite!

— Boa noite!

As meninas responderam, uníssonas. Rose e Lily seguiram pelo corredor, em silêncio. As duas entraram no quarto da ruiva mais velha e fecharam a porta, se perdendo por lá. Hermione se permitiu relaxar apenas depois de escutar o barulho da tranca do cômodo onde a filha e a sobrinha estavam. Ela fechou os olhos momentaneamente quando uma grande quantidade de ar foi expulsa do seu pulmão.

— Então... – Ron beijou lentamente o seu pescoço. – Quer dizer que a senhora está com uma terrível dor de cabeça?

— Terrível... – ela confirmou, fingida, se deixando ser beijada. – Insuportável até, eu diria...

— Ah é...? – o ruivo fez uma cara surpresa. – Que engraçado, eu também diria...

Os beijos subiram para o maxilar e algumas mordidas acompanharam o processo. Hermione sorria com as mãos apoiadas nos ombros largos do homem.

— Porque exatamente hoje eu vim aqui com um analgésico muito bom...

— Oh, jura?

— Ah, se juro!

— Que sorte a minha então.

— Você não sabe o quanto.

Ron roçou o nariz no dela, divertido. Mione riu com gosto e passou os braços pelo pescoço do ruivo, o puxando para um beijo.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?!
Me contem aqui nos comentários! Eles são muito importantes para a evolução da história! (e podem ajudar a postagens mais rápidas ;] )

Para quem não conhece ainda, eu tenho uma página onde posto os links das histórias, alguns spoilers de vez em quando, umas novidades também... Dá uma chegadinha lá!
==> https://www.facebook.com/Mrs-Ridgeway-1018726461593381/

Beijos, até dia 23!



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