A tarde já estava caindo, e em seu escritório, estava com a cabeça apoiada na mão encostada na poltrona.

A menina estava num tédio que semicerrava os olhos e a fazia babar de sono.

"ZzzzzZzzzZzzz...Ãh! Que??! Tem alguém aí??" Levantou corpo num salto após ter ouvido algo.

A mascarada correu pelas escadas até o andar de baixo para abrir a porta do prédio. Acreditava ela que alguém haveria tocado a campanhia ou talvez aberto a porta antes.

Ela saltou do maior degrau da escadaria e foi correndo em seguida para a entrada com pressa.

Chegando lá, começou sua cerimônia de saudação.

— SEJA BEM-VINDO AO PARALE... - Parou de falar ao se deparar com a porta aberta.

Mesmo com a entrada do prédio escancarada, não havia ninguém por perto. Somente moradores passando apenas no outro lado da rua.

— Ah... - Bateu com a porta quase quebrando o vidros dela.

Subiu pelo elevador com a cara fechada.

Eram 3:35 da tarde e a única alma habitante daquele imenso prédio rondava em volta da mesa do escritório com os braços cruzados e a face cada vez mais vermelha.

Do lado de fora, os pássaros voavam por perto das janelas.
As folhas das árvores rodopiavam aos ventos e os sons de buzina cessavam no trânsito.

O movimento da cidade estava diminuindo junto com a luz do baixar do pôr do sol.

"Espere Marley!!"
Um cachorro de pelo branco começava a ficar agitado. Seu dono que segurava sua coleira cinza prateada com muita força, era puxado pelo animal que corria.

Era um garoto vestido com 

um grande casaco de capuz por cima de seu uniforme com gravata.
"Espere! Espere aí!" Tentava conter o cão que o arrastava para todos os lados da rua.
Em seu outro braço, o menino segurava sua tira-colo contra o corpo para seus livros não caírem.

"Você precisa é de um biscoito pra sossegar..."
Riu ele pegando o amiguinho no colo e olhando em volta para ver como estava o tempo.
Percebeu que o sol alaranjava o céu e estava cada vez mais baixo por trás das colinas do parque uns quarteirões atrás. Então ficou parado admirando aquela bela vista como fazia todos os dias.

Despertou depois de tanto observar o céu pelos latidos de Marley.
"Shhh..." Atravessou a rua tentando o acalmar tirando um pequeno pacote de ração do bolso.

— Pegue! - Jogou alguns grãos no chão depois de atravessar.

Ele observava com os braços cruzados o seu mascote comendo com o rabo abanando. A esta altura já formulava na cabeça as coisas que faria assim que chegasse em casa.

Desde estudar mais para o ensino da próxima matéria até limpar suas duas novas prateleiras no quarto para seus dois novos livros que acabara de comprar.
Ele pensava muito.
Seus olhos com um profundo tom de turmalina rosa brilhavam quando perdidos em meio a visão da paisagem. Estava tão distraído que não reparou no imenso prédio com um placa néon no topo.

— E-Espere... - Ele tirou os olhos da paisagem e se deparou com o prédio. - Meu deus...

Suas janelas brilhavam em fileiras e fileiras degradê em cores de arco-íris refletidas no 

fraco sol que cintilava nelas.

O menino ficou encantado e um tanto curioso ao soletrar o nome que brilhava no néon.

— Paral...Parale...

Não conseguia pronunciar corretamente pois estava mais concentrado com a beleza do prédio.

— Olhe Marley! Quem deve ser o dono desse prédio... - Pegou o cãozinho branco no colo.

Ficou curioso para saber do que aquilo se tratava. Pensava que era algum tipo de museu contemporâneo ou algo do tipo.
Por outro lado, achava perigoso ser tão curioso, mas um prédio tão bem decorado poderia ser construído para bons motivos sociais, além dele ver as frases que rodavam na placa reluzente, tomou a coragem de andar mais um pouco e entrar para saber do que se tratava.

Ao abrir devagar a grande porta de vidro grosso e verde, ficou mais encantado ao se deparar com a decoração que se apresentava diante dele.

Era como se estivesse em mais um do seus sonhos. Aqueles que particularmente planejava para si.

Começou a caminhar pela sala que lembrava um pouco a um saguão de hotel.

Olhava detalhadamente para cada decoração que tinha em cada mesinha e prateleira.
Não demorou muito para manter a atenção em uma flor que haveria caído do vaso que estava em uma estante de livros.

Deixou Marley no chão descansando e se agachou para pegar a flor.

— OI!!

Um grito estridente subiu ao seus ouvidos e o fez cair no chão com o impacto do susto.

Um ser mascarado com uma tiara de pedrinhas brilhantes surgiu diante dele. Se não estivesse com a face ocultada, saberia 

que por trás daquela máscara esconderia um grande sorriso.

— SEJA BEM-VINDO AO PARALELOQ!!! - Saltou com os braços estendidos.

O garoto gritou assustado.

Não demorou muito para já estarem no último andar.

Legendary estava por trás da mesa sentada na poltrona anotando coisas numa espécie de ficha enquanto o coitado olhava confuso para os lados sem saber do que estava acontecendo acariciando Marley em seu colo.

— Eu me chamo Legendary, você é a primeira pessoa a entrar neste prédio. - Disse ela sem tirar os olhos do que estava escrevendo.

— S-sou..? - Perguntou-se impressionado olhando para a decoração do escritório.

Ela parou de escrever e observou fixamente para o seu novo convidado.

— Ah! Desculpe ainda não te expliquei sobre o que se trata o PaRaLeLoq.

— Sim. Eu fiquei bem curioso com o nome e me arrisquei a visitar o lugar para conhecer.

Para Legendary parecia que esperava alguém arriscar a entrar lá por 70 anos.

— P E R F E I T O.

— Hã..? - O menino passou os dedos nos cabelos grisalhos sem entender nada com uma expressão um tanto sem-graça.

Legendary se levantou da poltrona rápido deixando-a rodar pela sua pressa e começou a andar pela sala.

— PaRaLeLoq é um teste... uma experiência. É mais ou menos uma organização da qual eu preciso de um determinado grupo de pessoas para executarmos uma ação. Mas isso só pode ser revelado com o tempo...Bem você foi o primeiro a vir aqui. Queria que se apresentasse. Seu nome? - Falou pegando seu bloco.

— Matt, 

Matt Soares. - Matt achou a ideia de se juntar a uma organização misteriosa uma aventura divertida, apesar de por um lado, sentir um pouco de anseio por saber que o dono disso tudo seria uma garota que ocultava o próprio rosto.

— Sua idade?

— 15 anos... - Respondeu segurando seu cão que se escondia de medo.

— Está interessado!?

— Bem, eu acho que sim. Quero sim participar do PaRaLeLoq!

— Perfeito! - Ela correu para a janela mexer em alguns botões para controlar a placa.

Matt levantou para deixar Marley no chão.

— Desculpe, o que está fazendo?

Ela apertou em diversas teclas o que fez iluminar mais o néon. Nele, continha frases de chamativas para atrair mais pessoas.

— Isso? É só o começo, Matt. É só o começo...