Ao sair da caverna com os amigos, Percy e Annabeth felizmente inclusos, Jason sentiu como se pudesse respirar novamente. Tanta coisa havia acontecido na casa de Hades... Suspirou ao pensar na reação de Reyna ao saber que ele havia promovido Frank a pretor. Ele não se sentia grego e sabia que, quando tudo acabasse, voltaria ao Acampamento Júpiter. Mas ele poderia encontrar uma casa em Nova Roma e incomodar uma linda morena enquanto ela tentava trabalhar. Esse pensamento o fez sorrir.

                — Parece que nossa carona está chegando! — A voz de Hazel interrompeu seus pensamentos e ele observou o Argo II se aproximando. O treinador Hedge começou a gritar com eles enquanto o navio ancorava no porto.

                — Já era hora! — Os olhos do treinador brilhavam, como se estivesse feliz por ver todos vivos. — Vocês deixaram a visita esperando, docinhos.

                E então o coração de Jason parou. Ao lado de Hedge estava uma linda morena, de calça jeans e camiseta roxa. Com os cabelos praticamente soltos, rosto cheio de fuligem e vários cortes nos braços. Ainda assim, ela era a garota mais linda que ele já viu. O sorriso que se formou em seu rosto contagiou a garota, o que fez o coração dele disparar. E ele correu ao encontro dela.

                Reyna demorou alguns segundos para perceber que aquilo estava realmente acontecendo, e então foi ao encontro dele. Quando finalmente se encontraram, Jason a abraçou muito forte. Tão forte que qualquer pessoa poderia reclamar, mas ela continuou ali. Precisava daquilo tanto quanto ele. Sentir o calor do corpo de Reyna e poder tocá-la. Saber que aquele momento era mesmo real. Fazia muito tempo que Jason não se sentia tão vivo.

                Após alguns segundos ele deixou o abraço, mas mantendo o braço na cintura de Reyna, conduzindo-a para um banco no porto. Ele sabia que todos precisavam conversar, já que o inimigo ainda não havia sido derrotado. Mas naquele momento ele precisava de um momento com a sua garota, apenas com ela.

                Sentaram-se frente a frente e, ao encarar o par de obsidianas, ele a tocou levemente em uma das bochechas, acariciando e fazendo a morena fechar os olhos. Olhando-a de perto ele percebeu o quanto estava machucada. Seu coração apertou mais uma vez, pensando no quanto Reyna estava aguentando nos últimos tempos, sempre sozinha. Colocou um braço contornando sua fina cintura e depositou um beijo em sua cabeça.

                — Eu ainda nem acredito que isso é real, Rey. Ainda não acredito que estamos aqui, vivos. — A garota se aproximou um pouco mais, ajeitando-se nos braços dele.

                — Isso parece mesmo um sonho, Jay. Com tanta coisa ruim acontecendo, estamos aqui agora. Juntos. Mesmo sabendo que esse momento não vai durar muito. — Existia angustia em sua voz e Reyna não costumava demonstrar tão claramente o que acontecia com ela. Talvez estivesse cansada de precisar ser forte o tempo todo e ele mostraria para ela que, junto dele, ela não precisaria ser.

                — Sei que teremos mais tarefas para cumprir, sem contar a batalha final. Mas eu não vou morrer, Rey. Eu tenho uma linda e maravilhosa garota para voltar depois que tudo isso finalmente chegar ao fim. E o acampamento precisa de você. Sei que você retira forças de onde nem existiam quando pensa nisso. E eu preciso de você, muito. — Ele levou sua mão ao rosto da garota mais uma vez, fazendo-a olhar nos olhos enquanto acariciava sua bochecha. — Será a última vez, Rey. Depois que tudo isso acabar, nada mais poderá me deixar longe de você. Eu juro pelo...

                Antes que ele pudesse concluir a frase, Reyna o calou com um beijo. Ele demorou uma fração de segundos para entender o que estava acontecendo, e então se concentrou nela. Levou as duas mãos para a fina cintura de Reyna, trazendo-a para ainda mais perto de si, inalando ainda mais seu perfume. Seu hálito tinha gosto de menta e ele sabia que poderia passar dias apenas beijando-a.

                Reyna levou uma das mãos para a nuca dele, escovando as unhas levemente. Jason sentiu um arrepio deslizar daquela região até seus pés e seu coração batendo ainda mais forte. Beijar Reyna era ainda mais perfeito do que ele poderia sonhar. Ficaram ali por alguns minutos até começarem a diminuir o ritmo do beijo. Quando ele foi finalizado, continuaram frente a frente, com os narizes se tocando e Jason percebeu que a garota estava sorrindo.

                — Você é realmente muito estúpido, herói. Sorte a sua que beija tão bem. — Os olhos dela faiscavam em diversão, provocando-o, e ele finalmente lembrou da conversa anterior ao beijo, fechando a cara.

                — Por que não me deixou concluir? Eu quero que tenha certeza que jamais vou deixar você de novo, Reyna. — Ele tentou falar calmamente, mas sua voz denunciou a angustia que pensar nisso lhe causava. Ele não queria se separar dela nem mesmo agora.

                — Você é um semideus, Jason. E para piorar, um filho de Júpiter. Eu realmente peço aos deuses para que essa seja sua última missão, já que está salvando o mundo mais uma vez. Mas você não pode fazer um juramento tão sério sendo quem você é. E também não precisa. Dane-se o conselho de Vênus. Eu acredito em você e estarei te esperando. — Os olhos dela brilhavam, acompanhados de um belo sorriso, mas ele não pode deixar de franzir a testa ao ouvir o nome da deusa do amor.

                — Que conselho de Vênus? Do que você está falando, Rey? — O olhar da garota esfriou e ela não parecia confortável com o assunto. Ele esperou por alguns segundos, e então ela suspirou pesadamente.

                — Lembra do fantasma em Charleston? Era Vênus. Ela basicamente me disse que eu não iria encontrar o amor. — Os olhos da morena brilharam de maneira diferente enquanto ela encarava o horizonte, fazendo o coração de Jason doer.

                — Os deuses muitas vezes nos dizem coisas cruéis para nos preparar para o que está por vir, Rey. Sei que eu te fiz sofrer e toda a minha vida não será suficiente para que eu me perdoe por isso. Mas escute claramente o que vou lhe dizer agora. — Ele segurou-a no rosto levemente, fazendo seus olhares se encontrarem. — Eu te amo, Reyna. Você passou por muita coisa e aguentou muito mais do que a maioria jamais poderia fazer. Você é a garota mais maravilhosa que conheci. Inteligente, disciplinada, determinada, absurdamente linda e muito, muito sensual. A melhor líder e guerreira que já vi. Não esqueça do quanto você é maravilhosa e alguém tão perfeita sempre desperta amor. E eu amo você, Reyna. Eu te amo muito. Você aceita ser minha namorada?

                Conforme ele falava, pode ver a garota corando mais e mais a cada palavra. Quando finalmente criou coragem e fez a pergunta, ela lançou-se com os braços ao redor de seu pescoço e respondeu com um beijo em que ambos tentaram transmitir todo o amor e carinho que sentiam pelo outro. Mesmo após perderem o ar, continuaram nos braços um do outro. Nenhum deles queria que esses momentos tão bons que estavam passando juntos acabassem, mas Rena acabou tocando no assunto, mas uma prova de seu senso de responsabilidade, uma das milhares coisas que ele tanto amava nela.

                — Acho que nós temos que voltar, não é? Mas eu realmente não queria ir. A viagem de volta será terrível, ainda mais depois do que aconteceu... — Ela parou e seus olhos se encheram de lágrimas.

                E então ela contou que sua viagem foi realmente muito difícil. Fora atacada muitas vezes e Scipio acabou muito machucado. Assim que encontrou o Argo II, ela e o treinador tentaram cuidar do pégaso, mas seu ferimento era muito grave e estava sofrendo muito. Reyna soluçava quando contou que teve de sacrificar seu melhor amigo para acabar com o sofrimento dele.

                Jason abraçou a garota muito forte, quase como se quisesse coloca-la dentro de si mesmo, evitando que ela sofresse mais. Não era justo que alguém tivesse que passar por tanta coisa. Ele realmente não sabia como Reyna aguentava tudo aquilo. Manteve-se ali, abraçado com ela e acariciando seus cabelos enquanto ela chorava a perda do amigo. Jason faria o possível e o impossível para evitar que ela sofresse mais e estaria ao lado dela. Nada nem ninguém impediria isso.