Ela estava sentada no pequeno cais do Acampamento Meio Sangue, apreciando a vista do estreito de Long Island e tentando se convencer de que não estava sonhando. A Segunda Guerra dos Gigantes havia finalmente acabado e Gaia foi forçada a adormecer mais uma vez. Houve baixas do lado deles, como era de se esperar. Leo Valdez se sacrificou para salvar o mundo e aos seus amigos. E pensar que ela tomava o garoto por tolo... Ele realmente era um herói. Esperava que estivesse em um bom lugar.

Como era de se esperar, Jason estava arrasado pelo que aconteceu com o amigo. Ele quer acreditar que Leo sobreviveu devido a uma cura que conseguiram na viagem, mas Reyna podia ver em seus olhos o sofrimento. Já se passaram três dias e Leo não estava em lugar algum. Caso realmente tivesse sobrevivido, eles não faziam ideia de onde poderia estar. Enquanto isso ela estava fazendo seu melhor para ajudá-lo a passar por isso. Ela estava ali por ele e com ele. 

Enquanto divagava em seus pensamentos, ela sentiu uma mão quente em seu ombro. Não precisou olhar para a pessoa que se sentou ao seu lado para saber de quem se tratava: o arrepio que percorreu o corpo dela era um sinal claro de que o toque pertencia ao namorado. Ela virou-se, encontrando um belo par de olhos azuis elétricos e sorriu enquanto abraçava o garoto.

— Escondendo-se de mim, senhorita? — Jason retribuiu o abraço, fazendo com que ficasse mais apertado. Ela sabia que restava sendo seu porto seguro, assim como ele era o dela.

— Eu seria incapaz disso. Sei que revistaria o acampamento todo até me encontrar, com seu jeito tão discreto de Golden Retriever. — Ela entrou na brincadeira e ficou feliz com a gargalhada que Jason soltou em resposta.

— Eu gosto de cachorros, ok? Ser comparado a um Golden Retriever me deixa muito feliz! — Ele soltou-a por alguns segundos para que pudesse se posicionar atrás dela, envolvendo os braços em sua cintura aconchegando a garota em seu peito.

— Existe algo nesse mundo que você não goste, Grace? — Ela balançava a cabeça em descrença, mas falava com bom humor. — E só pra você saber, o Golden é meu cachorro favorito. Só não conte para Aurum e Argentum.

— Ora ora ora. Acho que alguém está em minhas mãos, hein? O que a senhorita me oferece em troca do meu silêncio? E respondendo sua pergunta, eu odeio ficar sem você, mesmo que sejam poucos minutos. Gostaria que pudesse ficar no chalé 1 comigo, durmo melhor com você por perto. — O garoto falava com os lábios próximos ao ouvido dela e depositou um beijo no pescoço, fazendo-a​ arrepiar.

— Pensei que eu teria seu silêncio por ser meu namorado. Você é muito interesseiro, Jay! Caso eu lhe dê muitos beijos, ficará de boca fechada? — Jason não podia ver seus olhos, mas gargalhou ao saber pelo tom de voz dela que eles foram revirados. — Os campistas de Atena estão sendo muito gentis comigo, mas também gostaria de ter você perto. Sou outra pessoa quando está comigo.

Ela alisou os braços de Jason e apertou-os um pouco mais ao redor de sua cintura. Depois de tudo o que passaram desde que Jason foi forçado a deixar o acampamento, era mais do que normal que passassem tanto tempo juntos. Ainda existia o medo de que algo os separasse. Talvez esse medo nunca os deixasse de verdade.

— Beijos são uma ideia fabulosa, ainda mais quando são muitos. — Ele mordeu a orelha de Reyna levemente, recebendo um tapa em resposta. O sorriso dele era contagiante. — Ei, isso dói! Mas eu entendo que Quíron não confie em mim para resistir aos encantos de minha linda e sensual namorada. Se eu fosse ele, também não confiaria.

— Você é absurdamente bobo e hormonal, Jason Grace. Quem disse que você teria que resistir a mim? Seu ego é tão grande assim para achar que não posso ficar sozinha em um quarto com você sem tentar te seduzir? — Ela fez a pergunta fingindo periculosidade, mas sabia que Jason não acreditaria. Ele sempre sabe quando ela fala sério ou não. Ele a conhece melhor do que ninguém.

— Um homem pode sonhar, ok? Um homem pode sonhar... — Ela o repreendeu com um leve tapa em um dos braços, o que só fez com que o garoto apertasse o abraço. — Eu te amo, Rey.

Ela já havia escutado essa frase dos lábios de Jason algumas vezes, mas a cada vez que dizia seu coração aquecia, assim como todo o seu corpo. Podia sentir como se fosse flutuar. No fundo ela ainda não acreditava que as coisas finalmente estivessem dando tão certo.

— E eu te amo muito, Jay. — Ela sorria enquanto falava com os olhos fechados, desfrutando ao máximo cada momento. — Ainda não acredito que tudo isso está acontecendo.

— Eu já disse, Rey. Não há nada nesse mundo que me faça ficar longe de você de novo. Voltamos para o Acampamento Júpiter daqui a dois dias e uma vida só nossa nos espera.

— Já decidiu o que vai cursar na universidade, Jay? Seu tempo tem que ser preenchido, já que promoveu Frank.

— Mas meu tempo já está preenchido, Rey. Uma linda morena que eu adoro distrair enquanto trabalha! — Ele passou os lábios pelo pescoço dela, causando um arrepio.

— Jason! Eu estou falando sério! — Ela tentou soar zangada, mas ultimamente estava bem difícil demonstrar mau humor. E o motivo estava justamente rindo dela.

— Eu estou brincando, Rey. Ainda tenho dúvidas sobre o que cursar, mas no começo estaremos todo ocupados com a reconstrução do acampamento. Só que isso não significa que não te impedir de afundar no trabalho. E Frank será um ótimo colega para você, ele faz o tipo responsável.

— Grace, Grace. Você ainda não voltou ao acampamento e já planeja distrair do trabalho um dos pretores? — Ela sacudia a cabeça, fingindo descrença. — Também tenho pensado no que fazer após a reconstrução. Acho que talvez deixe a pretoria.

Jason virou-a delicadamente, para que pudesse olhar em seus olhos, provavelmente achando que Reyna estivesse fazendo uma piada. Quando percebeu que a garota falava sério continuou a observá-la por alguns segundos até decidir o que falar.

— Isso é sério, Rey? Você ama seu trabalho! E é a melhor pretora que o acampamento já teve. — Ela sentiu suas bochechas corarem e sorriu timidamente.

— Verdade, eu adoro meu trabalho. Mas já lutei duas grandes guerras, Jay. Queria saber qual a sensação de ser uma pessoa normal, então tenho pensado em Berkeley e Stanford.

— Uau, eu nem sei o que dizer, Rey. Não sabia que estava planejando sua aposentadoria. — O garoto sorriu enquanto alisava o rosto de Reyna e colocou uma mecha de cabeça atrás da orelha. — Você é brilhante, entraria facilmente em ambas. E as duas estão perto o suficiente do acampamento, então, bem, eu estaria perto de você.

— Jason! — Agora foi a vez dela de acaricia-lo no rosto. Eles olharem durante alguns segundos, ambos estudando a profundidade no olhar do outro. — Você não é o único que não quer ficar distante. Estou te contando para que pense a respeito. Seja a Universidade de Nova Roma, Berkeley, Stanford, ou qualquer outro lugar, eu estarei com você.

O sorriso que o loiro exibiu logo depois disso fez o coração de Reyna derreter. Ele aproximou os lábios dos dela e iniciou um beijo lento, cheio de amor e carinho. A morena levou suas mãos para o pescoço do garoto e começou a acariciar levemente, o que o fez sorrir entre o beijo.

— Eu já disse o quanto eu te amo? — A voz do garoto era quase um sussurro entre seus lábios e Reyna não cabia em si de tanta felicidade.

— Algumas vezes. Mas sinta-se à vontade para repetir, afinal, eu te amo muito, Grace.

Eles ficaram ali, juntos, até o sol se pôr. Trocando beijos, abraços e carinho para expressar tudo o que sentiam um pelo outro. Reyna e Jason passaram por muita, muita coisa para chegar até ali e não podiam deixar de desfrutar a felicidade. Os caminhos tentaram inutilmente separá-los, mas não havia como negar: eram feitos um para o outro.