Diving In The Past escrita por YinLua


Capítulo 4
Plans




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— Olá. — Harry sorriu e estendeu uma mão para o aluno sentado ao seu lado. — Sou Harry Paes.

— Snape. — O moreno ignorou sua mão, concentrando-se em sua poção. Jogava seus ingredientes suavemente no caldeirão e Harry tinha certeza que não eram os que estavam anotados no livro de poções. — Olhe para seu caldeirão, Paes. Pare de me encarar.

— Certo.

Harry então se concentrou para lembrar-se das anotações do Príncipe Mestiço, querendo impressionar o moreno ao seu lado. Era uma poção conhecida, de nível intermediário. Pegou-se lembrando de seu sexto ano e um arrepio percorreu seu corpo; naquela época, Draco já era um Comensal da Morte, logo, Severo já devia ser um. Ele e metade da Sonserina.

Recordou-se de Regulus Black, irmão de seu padrinho. Pensou no fato de que ele tinha descoberto onde estava o Medalhão de Sonserina e tinha o guardado, pondo uma réplica no lugar. Talvez devesse se aproximar dele...

— Terminei, professor Slughorn. — Severo ergueu a mão.

Percebeu Slughorn passeando pela sala, avaliando as poções ainda em andamento. O professor não tinha mudado quase nada nos próximos 20 anos, apenas ganhando alguns cabelos brancos a mais e rugas para acompanhá-los. Ao ouvir o chamado, o professor foi até a mesa que dividiam.

— Fantástico, senhor Snape. — O professor sorriu, orgulhoso. Severo era seu segundo melhor aluno, perdendo apenas para Lilian. Debruçou-se para analisar a poção do moreno. — Como esperado do senhor, está perfeita! Textura, cor, cheiro... Tudo correto. 20 pontos para Sonserina por ser o primeiro a terminar.

Harry pôde ver os cantos dos lábios de Severo se erguerem minimamente, como se estivesse orgulhoso de si mesmo, e revirou os olhos, voltando sua atenção para a poção.

Fazia uma semana que ele e seus amigos tinham chegado ao passado, sete dias que tinham resolvido mudar o passado, porém ainda não sabiam como começar. Hermione ficou de fazer relatórios sobre tudo o que lembrava acerca da guerra, não apenas daquele ano. Da última vez que tinha conseguido falar com ela, ela disse que estava quase acabando. Marcaram de se encontrar na Sala Precisa naquele dia às 19 horas.

Ele sabia que talvez mudar o futuro não fosse uma ideia sábia, que poderia ter consequências horríveis, inimagináveis, porém não custava tentar. Ele não poderia voltar para o futuro sabendo que não tinha feito nada para melhorá-lo.

Lembrava-se que Severo tinha sido uma peça importante na guerra e, infelizmente, uma morte desnecessária. Sua paixão por Lilian tinha sido o motivo de ele ter mudado de lado, de ter vivido em perigo por tantos anos, de ter sido capaz de protegê-lo por tantos anos. Uma paixão de criança que tinha se tornado em um amor para toda a vida, que tinha definido seu futuro. Harry não conseguia imaginar como Severo tinha lidado com aquilo por tantos anos.

Depois de saber toda a verdade, passou a admirá-lo. Ele tinha sido o maior engano de sua vida; todas às vezes tinha julgado-o sem saber nem um por cento do que estava acontecendo e Harry arrependia-se disso completamente. Queria dá-lo uma nova vida, desejava ser capaz de mudar seu futuro, queria que Severo pudesse ser feliz. Ele merecia ser feliz.

Fez uma anotação mental de conversar sobre aquilo com os outros.

— Terminei, senhor — disse para o professor que estava observando uma poção da dupla ao lado. Este parou ao seu lado e Harry reparou no olhar de canto que Severo lhe dirigiu.

Este último arregaçou as mangas, deixando Harry visualizar seus antebraços. Severo ainda não era um comensal.

— Oh, senhor Paes. — O professor deu um sorriso, verificando a poção. — Hm... Cor está correta, textura está boa... Muito bom, senhor Paes. Vejo que tinha aula de poções de onde veio.

— Sim, senhor — Harry respondeu um pouco envergonhado. Tinha atraído a atenção de alguns sonserinos e muitos lufanos que compartilhavam a aula consigo.

— Bom, senhores, o tempo acabou. Quero um pergaminho de 30 centímetros sobre a poção e seus diversos efeitos quando preparada erradamente para a próxima aula. — Alguns murmúrios de desagrado tomaram conta da sala, mas o professor não se abalou. — Estão dispensados.

Aquela aula tinha passado rápido demais, provavelmente porque tinha se perdido em pensamentos. Harry pegou suas coisas rapidamente, se encaminhando rapidamente para sua próxima aula, de Transfiguração, que seria conjunta com a Grifinória. Finalmente, poderia ver os amigos mais uma vez.

Queria saber se Hermione tinha pensado em algo... Andou mais rápido e virou no corredor, estava quase chegando. Estava ansioso: encontraria seus pais lá também. Na semana anterior, tinha tentado ao máximo ignorá-los, mesmo sendo duro ouvir a voz baixa de Lilian e a gargalhada de James.

— Lilian! — A voz de James ecoou pelo corredor e Harry estacou em seu lugar. Mordeu o lábio e diminuiu o passo, mantendo-se afastado do casal.

— Diga, Potter — Lilian respondeu. A ruiva estava acompanhada de suas amigas, Marlene e Dorcas. Harry percebeu as duas últimas se entreolharem e continuarem andando, deixando Lilian para trás.

— Eu queria saber se poderíamos trocar a rota de nossa monitoria com a dupla da Corvinal. — O moreno passou uma das mãos no cabelo e Lilian arqueou a sobrancelha. — A ronda deles vai passar pelo jardim e eu queria muito ir lá — ele murmurou, desviando o olhar.

— E por que não vai ao jardim durante o horário de almoço? — Lilian pareceu desconfiada.

— Porque o jardim fica mais bonito à noite. — Sua resposta pareceu óbvia e ela revirou os olhos.

— Se os monitores-chefes da Corvinal concordarem, por mim tudo bem. — Lilian deu de ombros. Voltou a caminhar e James seguiu ao seu lado, enquanto Harry logo atrás.

— O que achou dos novos alunos? — James cochichou para a menina, que lhe olhou de rabo de olho.  — As meninas são legais?

— Por quê? Quer chamar alguma delas para sair? — O deboche na voz da ruiva foi inegável e James quis se bater. Deu um passo atrás no progresso que tinha feito desde o ano anterior.

— Não — ele respondeu sinceramente. Nenhuma garota mais lhe interessava, a única que ele queria era a moça ao seu lado. Lilian era diferente de todas as outras com quem já tinha ficado. Para ele, Lilian era seu mundo. — Apenas perguntei porque vocês pareciam ter virado amigas, não falei muito com elas desde que chegaram.

Lilian pareceu sem graça ao mesmo tempo em que suas bochechas ganhavam uma leve coloração avermelhada e James sentiu seu coração acelerar.  Tão linda... James pensou e passou a mão pelo cabelo para conter sua vontade de abraçá-la. No início daquele ano, pouco antes das aulas do sexto ano acabarem, ele tinha prometido a Lilian que mudaria por ela, provaria que a amava de verdade e merecia estar ao seu lado.

James não pôde conter a surpresa quando foi convocado para ser o monitor-chefe. Quer dizer, suas notas sempre foram ótimas, mas, como maroto, tinha uma imensa coleção de detenções em sua ficha. Ele conversou com os amigos e com as amigas dela em segredo e todos deram conselhos semelhantes, então ele decidiu que aquilo era o certo a fazer: parar com as brincadeiras, sem pedidos para sair, tentar conquistá-la de outra forma.

— Perdão. — A voz de Lilian saiu baixa e ela manteve seu rosto virado para frente. Era orgulhosa, dificilmente pensava duas vezes a respeito da primeira impressão que tinha de outra pessoa. Dorcas vivia reclamando disso.

— Está tudo bem, sei muito bem a fama que tenho. — James riu levemente.

Harry seguiu atento a interação que seus pais tiveram e concluiu que eles ainda não estavam juntos. Ainda era o início do ano letivo, eles teriam muito tempo para ficarem juntos e se casarem no final do ano. Contudo, de certa forma, aquela cena aqueceu seu peito e ele se sentiu em casa. Ah, como queria estar com eles...

— Oh, Harry! — Ouviu a voz de Gina e conseguiu visualizar a moça balançando as mãos no ar. Percebeu que ela atraiu a atenção de outros que passavam pelo corredor. Acenou de volta para ela e sorriu. — Olá, Lilian, James. — A voz dela soou mais baixa, cumprimentando ambos que passaram ao seu lado.

— Olá, Gina. — Lilian lhe sorriu. — Cadê a Hermione e o Ron? Vocês três parecem que estão sempre juntos.

— Ah! Eles já entraram na sala. — Ela apontou para dentro. — Fiquei aqui esperando o Harry.

— Entendo. — Lilian acenou com a cabeça e virou-se para olhar para Harry.

Nesse momento, o moreno abaixou a cabeça, incapaz de manter contato visual com sua mãe. Fingiu mexer nos bolsos a procura de algo e diminuiu os passos, ganhando tempo.

— Bem, foi um prazer, Gina. — James falou, estendendo a mão para a ruiva dos olhos castanhos. — James Potter, como já sabe. Já vai começar a aula, vou entrando.

— Prazer, James. — Gina observou seu sogro entrando e virou-se para Liilan.

— Vou entrando também. Dê um oi ao seu namorado por mim, talvez possamos marcar de sairmos todos juntos no próximo passeio a Hogsmeade. — Lilian acenou levemente com as mãos e passou pela porta.

Harry, vendo que seus pais já tinham entrado, andou rapidamente até Gina. A menina o abraçou, ignorando os olhares estranhos que recebiam dos outros alunos por serem de casas diferentes. O Potter enlaçou seus braços pela cintura de Gina e a apertou contra si, estava com saudades.

— Senti sua falta. — O sussurro de Gina vocalizou seus pensamentos.

— Eu também senti sua falta. — Harry tinha passado os últimos meses depois da guerra na casa dos Weasley e acostumou-se a ver a menina todos os dias a qualquer hora, então vê-la só durante as refeições e algumas aulas naquele momento era difícil. — Como estão indo as coisas?

— Estão bem, na medida do possível. — Sentiu a risada dela contra seu pescoço. — A Lilian é legal, Marlene e Dorcas também. Ah, e Hermione tem alguns planos para a gente. Ela se recusou a contar, preferiu que estivéssemos todos juntos. Ah, sua mãe mandou um oi.

— Estou curioso para saber o que ela pensou. — Sorriu, mesmo que ela não pudesse ver.

Afastou-se do abraço e pegou o rosto dela com uma de suas mãos. Passou o polegar pela bochecha da ruiva, em um carinho saudoso. Tinham passado por tanta coisa juntos... mesmo antes de começarem a namorar, Gina estava lá ao seu lado. Ainda bem que a tinha ao seu lado. Sorriu para a moça, que lhe sorriu de volta.

— Senhores Paes e Wigges, não acham que está na hora da aula? — Minerva chamou a atenção dos dois. Eles se viraram e viram a bruxa os encarando com sua sobrancelha arqueada e a varinha sendo segurada por uma mão e apoiada na palma da outra.

— Claro, professora — Harry respondeu, sem graça.

Entraram na sala, sendo seguidos por Minerva. Com sorte, as cadeiras atrás de Hermione e Ron estavam vagas, poderiam conversar sobre os planos. Sentaram-se e esperaram a professora começar a falar.

Hermione pegou um pedaço de pergaminho e o encantou para quem tentasse ler o que estava escrito apenas visse-o em branco. Lá, escreveu sua mensagem e passou discretamente para trás, para que Harry respondesse.

— Hoje vocês irão aprender como transfigurar seus próprios corpos em animais. Esse feitiço pode ser muito útil em diversas situações, principalmente para aqueles que desejam se tornar aurores.

Está tudo indo bem com você? Digo, você está cercado de comensais! Conseguiu ouvir algo útil?

Ah, não esqueça que iremos para a Sala Precisa hoje à noite!

Harry escreveu sua resposta e devolveu o pergaminho. Recebia olhares de rabo de olho dos outros alunos, mas não se deixou abalar. Eles não tinham nada a ver com aquilo, pouco se importava se era incomum aluno da Sonserina se sentar com um grifinório, a vida era dele e a cadeira também.

— Contudo, há algumas diferenças entre a transfiguração e a animagia. Alguém pode me dizer qual seria uma delas?

Sim, está tudo bem. E com vocês?

Não descobri nada útil por enquanto, mas pensei em algumas coisas que podem nos ajudar. Quero conversar sobre isso depois.

Não vou esquecer!

— Senhor Potter, pode me dizer?

Harry levantou o olhar, pronto para dizer que não sabia, quando outra voz respondeu por si.

— Ahm... Transfiguração representa o animal desejado enquanto a animagia é o animal que a pessoa apresenta características reais?

E Harry se tocou de que quase tinha feito uma besteira. Se tivesse respondido no lugar de James, tudo iria por água abaixo. Provavelmente não acreditariam que era um Potter, mas isso daria início a uma maré de brincadeiras e curiosidades acerca de sua vida ou qualquer coisa que fosse; e isso não seria bom.

— Correto. 10 pontos para a Grifinória. Há mais algumas... Senhorita Guedes?

— Oh, sim. Outra diferença seria que a transfiguração dura apenas por alguns minutos, no máximo horas, se for bem feita. Já na animagia, a pessoa pode permanecer como o animal por quanto tempo quiser. — A voz de Hermione lhe deu certa nostalgia de seu próprio tempo.

Viu Hermione cutucar o pergaminho, porém ela continuou encarando a professora, como se quisesse esconder o fato de estar conversando por bilhetes durante a aula. Abaixou sua cabeça e a deixou na cadeira, virando seu rosto para Gina. Ela lhe olhava discretamente e percebeu um pequeno sorriso em seus lábios. Será que ela estava prestando atenção na aula?

— Muito bem, mais 10 pontos para a Grifinória. Última diferença... Senhor Paes, já que está tão interessado na aula, que tal nos dizer qual seria a última característica que difere animagia e transfiguração?

Ele levantou a cabeça e preparou-se para responder:

— Não sei, professora. — Ouviu algumas risadinhas, que ignorou completamente.

— Menos 10 pontos para a Sonserina por não prestar atenção na minha aula. Alguém?

Hermione mandou de volta o bilhete com a resposta.

Falaremos sobre isso depois, então!

Tome cuidado, Harry.

— Sim, senhorita Evans?

— A última diferença é que, ao contrário da transfiguração, a animagia exige muito esforço e tempo. Para uma transformação completa, levam-se anos, enquanto a transfiguração é mais simples e fácil de fazer. Além disso, a animagia requer um registro formal no Ministério da Magia.

— Correto, senhorita Evans. Mais 10 pontos para a Grifinória. Abram seus livros na página 245.

Tomarei.

[...]

— Ah, Fawkes...

Os cabelos grisalhos caíam por suas costas, enquanto a barba longa caía por seu peito. Seus olhos azuis observavam o horizonte do alto da torre de astronomia, perdido em pensamentos. A fênix tinha pousado ao seu lado e bicou seu braço, atraindo um pouco de sua atenção.

— Sim, eu sei. — Ele continuou falando sozinho. — O que será que acontecerá? Por que vieram? O que mudarão? O novo futuro será bom ou ruim? — O velho suspirou, passando a mão pelas penas vermelhas de Fawkes. — O que devo fazer, Fawkes?

O pequeno pássaro fez um som, como se respondesse o mais velho.

— Tem razão. Vamos esperar.

[...]

Finalmente, Harry suspirou. As aulas da manhã tinham acabado e era a hora do almoço naquele momento. Imaginou que Ron deveria estar com o mesmo pensamento e riu com isso. Sentia falta de seus amigos, mas era um mal necessário. Pegou suas coisas e colocou-as em sua mochila, jogando a mesma sobre seus ombros.

Andou pelos corredores o mais rápido possível, não queria perder nem um segundo daquele tempo precioso. Mesmo que não pudessem conversar sobre coisas mais sérias ou relacionadas ao futuro, ainda assim, estava ansioso para ter alguns minutos de normalidade. Sentar a mesa, falar sobre qualquer coisa que fosse, talvez até sobre a matéria da escola ou sobre quadribol; isso era tudo o que queria no momento.

— James... — Ouviu uma voz masculina conhecida e estacou o passo. — Cara, você tem certeza disso?

— Tenho, Almofadinhas. Isso vai ser ótimo! Só preciso da sua ajuda, você topa? — James parecia ansioso, Harry notou. Escutou também um som, como se seu pai estivesse esfregando as mãos.

— Tudo bem. — Sirius se deu por vencido. — O que eu não faço por você, cara? — Ele riu algo parecido com uma risada canina e Harry sentiu a familiaridade daquele som. Céus, que saudades tinha sentido daquilo!

— Você me ama, pulguento!

— Sai pra lá, seu veado! Não jogo nesse time não, viu?

— É um cervo, cachorro, cervo!

E então as risadas foram se tornando mais distantes, Harry suspirou e deu um sorriso fraco de canto, queria ter visto isso no futuro. A amizade de Sirius e James era tão preciosa... Como os outros podiam ter acreditado que Sirius tinha entregado seus pais a Voldemort? Ele não seria capaz, Harry lamentou. No futuro, deveriam ter acreditado mais em seu padrinho.

Ele poderia ter sido a família que nunca teve.

Virou o corredor, andando a passos tão rápidos quanto antes. Ao adentrar no Salão Principal, olhou para a mesa da Grifinória e pôde ver seus amigos comendo ao lado de sua mãe e dos marotos. Sentiu-se tentado a ir até lá e decidiu: não se importaria com o que os outros pensariam. Não era da conta de ninguém, nem nunca iria ser.

Caminhou até a mesa, sem tirar os olhos de seus amigos. Ignorou todo o burburinho e os olhares que o seguiam, pouco lhe importavam. Seus olhos estavam firmes e, mesmo que Lilian e James estivessem ali, ele conseguiria se segurar por apenas alguns minutos, certo? Talvez fosse só não olhá-los diretamente...

— Harry! — A voz de Gina soou alegre. Ela abriu espaço para o moreno ao seu lado, fazendo com que Dorcas, que estava ao seu lado, fizesse uma careta por se sentir apertada. — Venha, sente aqui.

— Obrigado, Gina. — Harry sorriu para a namorada, sentando no lugar que lhe fora apontado. Virou-se para Ron e Hermione, ambos a sua frente. — Ron, Hermione — cumprimentou-os.

— E aí, Harry?

— Como você está? — Hermione parecia surpresa. — Como se sente sendo o primeiro sonserino a sentar-se à mesa da Grifinória? — A morena sorriu.

— Bem, aqui é muito mais confortável. — Harry riu.

— Bom saber disso. — A voz feminina se intrometeu. Dona de cabelos castanhos claros e olhos azuis cinzentos, ela lhe estendeu a mão. — Sou Dorcas Meadowes e essa aqui na frente é a minha melhor amiga, Marlene McKinnon.

Harry aceitou a mão de bom grado.

— Sou Harry Paes, muito prazer.

— Ah, e esse aqui do meu lado é o meu namorado, Remus Lupin. — Ela cutucou o loiro. — Remus, cumprimente o Harry. — Embora sua voz tenha soado baixa, Harry conseguiu ouvir e riu.

— Certo. — Remus o acompanhou na risada. — Sou o Remus. É completamente inesperado um sonserino comer na mesa da Grifinória.

— Dá para perceber, estão olhando muito para cá. — Harry arqueou as sobrancelhas, parecendo divertido.

— Oh, não. Estão olhando para mim, não se preocupe. — Sirius entrou na conversa, estava logo na frente de Remus, logo, tinha ouvido tudo. Passou a mão no cabelo cacheado, fazendo pose. — Minha beleza atrai muitos olhares. Sirius. — Ele acenou com a cabeça para Harry.

— Olá. — Harry sorriu, um pouco mais contido. Seu padrinho estava muito diferente de quando o havia conhecido. Doze anos em Azkaban realmente mudam uma pessoa.

— Então, Harry... — Ron chamou sua atenção. — Obrigado por perder 10 pontos da Sonserina.

— Ron! — Hermione ralhou, mas acabou rindo. Harry apenas olhou-o, divertindo-se.

— É sério, cara. Faça isso mais vezes, vamos trazer a Taça das Casas para a Grifinória. Temos a Hermione aqui. — Apontou para a morena. — Não vai ser difícil.

Hermione revirou os olhos, mas sorriu com o momento.

Harry se sentiu aquecido.

— Vou pensar.

[...]

— Então, Harry, o que pensou?

A Sala Precisa tinha se transformado em uma sala de estar confortável, parecida com o Salão Comunal da Grifinória. Tinha dois sofás de couro de dois lugares na cor marrom ao redor de uma mesa de madeira e, nas extremidades da mesa, tinha um conjunto de pufes dourados. Atrás deles tinha uma lareira feita de tijolos com uma chama fraca acesa, apenas para ajudar na iluminação. As paredes possuíam uma textura num tom alaranjado claro e algumas luminárias estavam acesas.

— Eu acho que poderíamos começar a mudar o futuro através do professor Snape.

— Como assim? — Hermione arqueou as sobrancelhas.

— Digo, foi ele quem revelou a profecia para Voldemort e também foi ele quem nos ajudou por todo esse tempo. Acho que ele merece um futuro melhor do que sofrer por amor e morrer por uma mordida de cobra.

— É um bom ponto. — Gina reconheceu.

— Tem certeza, Harry? — Ron perguntou. Ron estava curvado, sentado no sofá. Suas mãos se entrelaçavam e os cotovelos estavam apoiados em suas pernas.

— Sim. O que acham?

— Bem, se mudarmos o futuro de Snape, ele não revela a profecia para Voldemort — Hermione disse, mordendo o lábio. — Mas não é garantia de que terá um bom futuro. Se ele se tornar um comensal, Voldemort não perdoará traição.

— Então acabamos com Voldemort antes dele descobrir a traição de Snape. — Ron deu de ombros. Os outros olharam para Ron e ele arqueou a sobrancelha: — O que foi?

— Brilhante!

[...]

— Ei, Sirius!

— O quê?

— Olha isso, cara. — James apontou para o pergaminho em suas mãos.

Ele mostrava as diversas salas, escadarias e andares de Hogwarts, além de suas passagens secretas. Parecia apenas um pergaminho velho e amarelado, porém aos poucos figuras semelhantes a pés apareciam andando pelo mapa e, embaixo dessas figuras, tinha o nome que aquele par de pés representava. Isso significa que tal pessoa estava no exato lugar mostrado naquela hora.

O nome do pergaminho era Mapa do Maroto, James quem tinha o encantado há alguns anos para que não fossem pegos por Severo Snape. Também servia para suas traquinagens e ajudava a fugir da gata do Filch que parecia ter um radar para alunos fora da cama.

Naquele momento Sirius e James tinham terminado o que estavam fazendo no jardim e o último tinha pego o mapa para ver se havia alguém indo naquela direção. Poderia ser um problema se encontrassem o que tinham feito.

Sirius arqueou a sobrancelha ao olhar o que James apontava. Era o desenho dos pés, indicando que tinha alguém andando, porém nenhum nome era registrado.

— Será que o encanto do mapa tem que ser refeito?

— Não, tenho certeza que é permanente. — James desconsiderou a hipótese. — Vamos ver quem é. — Estendeu a capa da invisibilidade em cima de si e manteve um espaço para Sirius. — Anda, cara. Parece estar indo para as masmorras.

— Muito perto. — Franziu o nariz. — Ainda acho que você corta pro outro lado, veado.

— Sou um cervo, cara. Tem diferença, sabia?! Entra logo.

— Se você diz... Mas ainda acho que é um veado. — Sirius riu, entrando embaixo da capa.

Andaram o mais rápido que conseguiram, sem fazer barulho. Parecia que o dono daquelas pegadas tinha parado em um corredor, então não foi difícil alcançá-lo.

Ambos estavam curiosos, intrigados, imaginando o que poderia estar causando aquele erro no mapa. Como podia? Tinha certeza que o encantamento fazia com que todos os nomes se revelassem e o mapa esteve com James o tempo todo, não daria para alguém ter o alterado. Continuou observando o mapa enquanto andavam, vendo um par de pés se aproximar do desconhecido.

Alvo Dumbledore.

James arqueou a sobrancelha e mostrou aquilo para Sirius, que fez um careta para ele.

Ainda debaixo da capa, viraram no corredor que os levaria até o desconhecido e ao diretor. As vozes começaram a soar e James apurou a audição, atento a cena que se desenrolava a sua frente.

— Poderia pedir para que passem amanhã em minha sala? Tem algo que gostaria de discutir com os senhores. — Dumbledore sorriu, com as mãos enlaçadas em suas costas.

— Claro, diretor. — A voz masculina atraiu a atenção de James e Sirius, que logo o identificaram. Harry Paes, James franziu o nariz. — Muito obrigado por toda a ajuda que tem dado.

Harry estava sentado na janela, parecia que estava observando o céu noturno. Talvez estivesse perdido em pensamentos, antes de o diretor chegar.

— Está tudo bem, meu jovem. Sei que serei retribuído de uma forma ou de outra. — Dumbledore abaixou um pouco o rosto e seus óculos de meia-lua refletiram a luz da lua que brilhava, ainda no começo da noite. — Por que não vai para seu dormitório agora? Aqui pode ser perigoso a essa hora.

O velho encarou Harry, que franziu as sobrancelhas. Hogwarts? Perigosa? James quase podia ouvir os pensamentos do sonserino naquele momento. Ele pensaria a mesma coisa caso Dumbledore o dissesse aquelas mesmas palavras. Contudo, Harry pareceu entender.

— Certo. — Acenou com a cabeça para o diretor, levantando.

— Ah. Quem não gostaria de uma tortinha de abóbora, não é mesmo, senhor Paes?

Dumbledore piscou e Harry assentiu, entendendo a mensagem.

Harry manteve-se de costas para a janela, tempo suficiente para enfiar a capa da invisibilidade discretamente em seu bolso. Não podia colocá-la ali, não na frente de Dumbledore. Ao terminar, deu-lhe um sonoro boa noite e seguiu caminho para as masmorras sem olhar para trás.

James e Sirius fizeram movimentos como se fossem segui-lo, mas a voz de Dumbledore os despertou.

— Suponho que tenha uma ronda daqui alguns minutos, senhor Potter. — O velho sorriu, sem se virar para eles. Continuou olhando pela janela e encarando o enorme círculo branco que enfeitava o céu tão majestosamente.

James se surpreendeu e Sirius lhe encarou, mexendo seus lábios em uma pergunta: como ele sabe que estamos aqui? James também não sabia.

— Sim, senhor — ele respondeu alguns segundos depois. Não se desfez da capa, mantendo-a lhes protegendo.

— Então serei breve: não se preocupe com o senhor Paes nem seus amigos, eles não os farão mal. Peço também que não o siga nem tente descobrir seus assuntos. — Embora o pedido parecesse suspeito demais, até sendo Dumbledore quem estivesse falando, James não discordou. — Por favor, confie em mim.

— Eu confio.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram até aqui e comentaram no capítulo anterior, e me desculpe por postar tão tarde.
Beijos!!
Lu-chan~

OBS: Este capítulo se passa em 11 de setembro de 1977.



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