Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 32
Já se passou um mês!


Notas iniciais do capítulo

Riley teme que o tempo esteja passando rápido demais e que logo ela tenha que se despedir do irmão. E Stiles participa de sua primeira simulação jurídica, mas acaba que a maior emoção do seu dia na verdade não envolvia encarar um júri e sim ajudar Josh a revelar um segredo a Maya.



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POV Riley

Acordei com Maya ao meu lado ainda dormindo. Ela ressonava e parecia completamente imersa em algum sonho que a fazia sorrir.

As coisas agora eram completamente diferentes do que eram a um mês atrás. Peguei meu celular e olhei a data. Faz exatamente um mês desde que encontrei pela primeira vez com o Stiles, um mês e três dias que eu descobrir ter sido adotada, em dois dias faria um mês desde o dia que eu fui em Beacon Hills pela primeira vez e eu era uma pessoa completamente diferente da Riley Matthews daquela época.

Agora eu sou Riley Stilinski Matthews. Eu tenho uma mãe, dois pais e dois irmãos. Ainda tenho boas notas, bons comportamentos e bons amigos. Agora eu sou solteira. E eu sei me defender sozinha. Eu sou muito mais corajosa e muito menos infantil do que eu era antes do Stiles aparecer.

Me perguntei de Liam voltaria para Beacon Hills. E então lembrei que em dois meses Stiles partiria. Um arrepio se espalhou pela minha nuca quando a ideia me acometeu. Em dois meses meu irmão deixaria Nova York.

Será que sem eles eu voltaria a ser a Riley que eu era um mês atrás?

Balancei a cabeça numa tentativa de afastar esses pensamentos. Eu não iria pensar que ele iria embora em dois meses, pensarei que ele vai ficar mais dois meses. Nem na possibilidade do Liam ir embora, é melhor pensar que ao menos eu tive a oportunidade de ser amiga dele e aprender com ele esse mês.

Peguei meu celular, olhei os comentários e curtidas na foto que postei antes de ir dormir.

Lucas Friar e outras 83 pessoas curtiram sua publicação.

Meu corpo estremeceu ao ler o nome dele. Meu coração acelerou. Minha respiração ficou ofegante. Respirei fundo tentando acalmar meu corpo e meu coração. Cliquei em sua foto. Online.

Por impulso abri a conversa e mandei um Oi. Pareceu uma eternidade até ele visualizar e responder com outro “oi”. Continuei a conversa, perguntando como ele estava e ele acompanhava repetindo o que eu dizia. Ele perguntou se tinha alguma novidade, eu disse que não – pensando em tudo o que ele havia perdido nos últimos dias – e perguntei o mesmo, e ele também negou.

Nós ainda somos amigos, não somos?! — Enviei num impulso.

Eu vou merecer a sua amizade novamente, Riley. ­— Ele respondeu. Curti sua resposta e fechei a conversa me levantando da cama e olhando a hora. Era quase onze da manhã.

Fui tomar banho, numa tentativa de lavar do meu corpo todos aqueles sentimentos ruins. Tentar lavar a angustia de ver meu grupo de amigos despedaçado, de ver Lucas se afunda cada vez mais naquela versão dele, ver Zay cada vez mais distante de nós, de ver a vida como eu conhecia ruir. Lavar o medo de ver meu irmão partir, de perder o meu novo amigo, de colocar meus amigos em risco. Lavar a mágoa por todas as mentiras que me foram contadas, pelos segredos guardados pelos meus pais e pelo fim doloroso do meu relacionamento. Lavar a culpa por estar mentindo e guardando segredos – especialmente dos meus pais – mesmo tendo sido magoada por essas mesmas razões, por fazer meus amigos fazerem o mesmo (mentir e esconder) por mim. Lavar o arrependimento por não ter sido mais cuidadosa com meus amigos, por ter me envolvido com o Lucas, por não ter percebido antes toda a verdade. Lavar a tristeza de saber que eu nunca conheceria minha mãe, nem recuperaria o tempo perdido com meu pai e irmão. Lavar o pavor de todo esse mundo sobrenatural e desconhecido que poderia machucar as pessoas que eu amo a qualquer momento. E lavar o trauma de todas as coisas que eu vi, por ter visto uma pessoa morrer diante dos meus olhos sem poder fazer nada. E por mais que eu negasse, eu ainda via – cada vez que eu fechava os meus olhos – o rosto do Mason diante de mim, o rosto daquele monstro com olhos sedentos e sanguinários, os olhos do Mason arregalados, seu rosto ensanguentado, a arma em minhas mãos, o homem caminhando em minha direção, eu puxando o gatilho, o cara caindo, o sangue espirrando em mim.

Sacodi a cabeça tentando voltar a mim.

Eu sabia que a água só levava pelo ralo a sujeira da minha pele e cabelos e que por mais que a pressão da água me tirasse – momentaneamente – a dor no corpo, a angustia ainda revirava meu estomago, o medo ainda me causava arrepios, a mágoa ainda queimava minha garganta, a culpa ainda pesava sobre meus ombros, o arrependimento ainda tirava o ar dos meus pulmões, a tristeza ainda me ardia os olhos, e o pavor ainda acelerava meu coração.

Desliguei o chuveiro com a respiração ofegante, fechei os olhos por um segundo e me acalmei. Sai do boxe para me secar, enrolei meu cabelo na toalha e entrei no roupão depois de me secar. Saí do banheiro esperando que eu estivesse errada, que a cada banho uma parte dessa dor estivesse indo pelo ralo.

Fui ao closet e me vesti. Coloquei uma regata lisa roxa e uma jardineira jeans, calcei minha havaiana e depois de pentear o cabelo o prendi num rabo de cavalo alto.

Notei Maya acordando assim que deixei o closet, ela abria os olhos preguiçosamente.

— Bom dia! – Ela disse com a voz um pouco rouca e fechando novamente os olhos.

— Bom dia! – Eu respondi achando graça e ela mudou de posição na cama numa tentativa de acordar.

Peguei meu celular que estava ainda na cama e notei que havia uma mensagem do Farkle.

Podemos começar nosso projeto da feira de ciências hoje? – Ele perguntou.

Respondi que sim e o chamei para vir a minha casa depois do horário de almoço. Ele concordou.

Maya se sentou na cama ainda de olhos fechados e bocejou.

— Que horas são? – Ela perguntou a voz voltando ao seu tom normal.

Desbloqueei o celular que ainda estava nas minhas mãos.

— Meio dia. – Respondi e ela abriu os olhos desistindo de voltar a dormir.

— Banho. – Ela disse se levantando e lhe joguei uma toalha seca para que usasse.

Ela levantou fazendo careta de choro e foi para o banheiro. Escutei o chuveiro ligar quando comecei a forrar minha cama. Dobrei os lençóis e os levei para o closet, arrumei os travesseiros e cobri tudo com a colcha azul e lilás.

Enquanto eu devolvia os ursos de pelúcia e duas bonecas para a cama Maya saiu do banheiro envolvida por uma toalha, com o cabelo seco preso num coque e entrou no closet. Ela saiu usando a roupa que usara no dia anterior – short jeans e regata branca – e avisou que havia deixado o pijama que eu a emprestei no closet e voltando ao banheiro para estender a toalha.

Ela sentou na minha cama e conferiu o celular enquanto eu arrumava parcialmente a bagunça do meu quarto.

Depois de responder suas mensagens e conferir as notificações ela veio me ajudar separando o que era meu do que era dela e guardando suas coisas na mochila, depois guardando toda a minha maquiagem e outras coisas que estavam espalhadas na minha penteadeira.

Em alguns minutos a roupa estava toda no closet – não que estivesse dobrada e guardada -, as maquiagens e calçados estavam guardados, a cama forrada, o banheiro seco e a mochila da Maya arrumada.

Minha mãe entrou no quarto pronta para nos acordar ou reclamar da bagunça e se surpreendeu em nos ver acordadas e com o quarto arrumado.

— O que deu em vocês? – Ela perguntou sem disfarçar a surpresa.

— Foi ela que começou. – Maya disse colocando a mochila nas costas. – Eu só me senti na obrigação de ajudar.

— A gente só escondeu a bagunça, dona Topanga. Não se anima muito! – Eu disse.

Ela riu e nos chamou para almoçar. Quando chegamos a cozinha, a mesa já estava posta, todos sentados e servindo-se de arroz, purê e carne.

Nós conversamos, como sempre. Falamos um pouco sobre a festa – omitindo os últimos acontecimentos.

— E por que quiseram ir embora mais cedo? – Minha mãe perguntou enquanto cortava a carne.

Hesitamos.

— Estava meio chato. – Maya não mentiu. – Muito formal! Nem parecia festa.

Mas a resposta não havia convencido Topanga que ainda parecia insatisfeita com a explicação.

— E o clima ficou estranho. – Liam respondeu. – Depois que ela apresentou o novo namorado, sabe?!

Meu pai arregalou os olhos parando de comer.

— Como assim novo namorado?

— Ela e Farkle terminaram a algumas semanas, querido. – Sua esposa o atualizou.

— E quem é o novo namorado? – Auggie perguntou enquanto Cory se recuperava.

Um lobisomem que quase rasgou meu pescoço. — Pensei.

— Um universitário. – Maya disse. – Ele é um dos calouros do Josh na NYU.

— Falando nisso. – Minha mãe sorriu para minha melhor amiga. – Você e o Josh... Está tudo bem?

— Estamos juntos a uma semana e ninguém morreu por causa disso. – Ela respondeu irônica obviamente constrangida. – Ainda.

POV Stiles

Marcos e Jessie reclamavam da rigidez do professor Louis Jacob quando eu entrei no quarto. Os cumprimentei secando o suor da testa – eu havia saído para correr de manhã cedo.

— Estão falando que vai ter prova surpresa. – Jessie me informou.

— Nem tão surpresa, pelo visto. – Eu respondi rindo, satisfeito por ter me dedicado mais nos últimos dias.

Ela se irritou com meu humor e saiu batendo a porta.

— TPM. – Marcos disse.

— Isso é ofensivo. – Toby disse.

— O Toby está certo. – Concordei.

— Vocês estão passando tempo demais escutando as baboseiras feministas da Jessie. – Ele disse irritado.

— E a sua irritação? – Toby provocou. -Não é alteração hormonal?

Eu não consegui evitar a risada e senti meu celular vibrar. Havia mandado uma mensagem para o Scott falando dos últimos acontecimentos em Nova York e ele respondeu dizendo que ele e Malia viriam com meu pai para dar um reforço.

Eu acho que podem haver mais lobos. — Ele escreveu no texto e essa frase me causou arrepios.

Eu temia pela vida da minha irmã, e agora pelos seus amigos. Imagino se isso teria acontecido se ela não soubesse de nada, se eu não estivesse na vida dela. Lydia me disse que ela poderia estar convivendo com o lobisomem – namorado da Smackle – em paz sem saber de nada, ou ele poderia tê-la atacado – por que ela é magnética – e ela não estaria preparada para se defender; Nenhuma das opções me agradou muito.

Ignorei essa ideia tentando me concentrar no lado bom. Que meu melhor amigo, minha amiga e meu pai estavam vindo para perto. Lydia me mandou uma mensagem dizendo que essa parecia nossa maior reunião e que tentaria vir e que ainda convenceria a Melissa a vir também.

Peguei uma toalha e fui tomar banho. Fui rápido. Logo estava seco e entrando na roupa formal que me era obrigatório para as simulações de tribunal. Toby e Marcos também estavam prontos quando Jessie entrou como um furacão no quarto, ela já estava em seu terninho e salto alto, seu rosto maquiado – o que não era comum – e seu cabelo loiro preso em um coque alto.

— Esqueci minha pasta. – Ela esclareceu pegando o objeto e saindo correndo.

Hoje ela que estaria apresentando sua simulação, eu estaria com ela também na acusação. A Snow e o Stewart estariam na defesa. A turma reclamou que não seremos advogados e sim, agendes federais. Mas a instituição argumentou que temos que saber todas as bases jurídicas para exercer nossos papeis. Marcos seria o juiz e estava na sua forma mais insuportável.

— Ele encarnou com força o papel. – Toby cochichou antes de deixarmos o quarto.

Ele estaria na simulação de amanhã, hoje ele só estria no júri.

Os atores – do departamento de artes da universidade – chegaram e o caso foi apresentado. A vítima, o acusado, as testemunhas, eram todos atores e nós não sabíamos o que falariam, eles tinham textos dados pelo professor baseados nos dados que nós tínhamos, mas não era uma cena em que eu falava e sabia exatamente o que o outro iria falar.

Foi tudo tranquilo, de acordo com o planejado e nosso criminoso foi condenado. No fim os atores foram dispensados e o professor falou sobre o caso real no qual aquele foi baseado.

Saindo da aula fui me encontrar com Josh no refeitório. Era domingo e a universidade estava vazia, ninguém tinha aula – apenas os alunos do FBI – e era estranho andar pelos corredores vazios. Ele estava sentado de esperando com sanduiches e refrigerante. Meus amigos saíram para comer fora.

— Boa tarde! – Disse me sentando de frente para ele.

Josh tirou os óculos de sol, deixando à mostra seu olho roxo.

— Que porra foi essa? – Perguntei me aproximando para ver o ferimento.

— Eu conheci o pai da Maya noite passada. – Ele disse.

— O tal do Shawn? – Perguntei achando estranho e lembrando da Riley falando sobre ele com tanto carinho e admiração.

— Não. – Ele negou. – O pai biológico.

— O Shawn não é pai da Maya?

— Ele entrou com pedido de adoção no fim do ano passado. – Ele disse. – O Shawn nunca agrediria alguém.

— Ela sabe?

— Ainda não. – Contou. – Ela não vê o pai há meses. E ter notícias desse jeito...

— Você não quer ser o mensageiro. – Conclui e ele assentiu.

— Eu temo que ele a procure. – Ele confessou. – O cara que eu conheci ontem a noite, não é um cara que eu quero que esteja perto dela.

— Se não quer que ele se aproxime. – Eu aconselhei. – Deveria avisá-la. Do que aconteceu, de como você está e da sua preocupação.

Ele abaixou a cabeça colocando os óculos. Juntei os sanduiches intocados, guardei na sacola de papel que ainda estava ali.

— Vamos. – Chamei e ele pareceu confuso. – Ela está na casa da Riley.

POV Farkle

Vi Stiles e Josh entrando no prédio antes do carro do Uber estacionar. Paguei e entrei no prédio sem me apressar para alcança-los, eles estavam indo para o mesmo lugar que eu.

Subi as escadas e os encontrei na porta esperando que a abrissem. Os cumprimentei e entramos. Auggie correu animado para os braços do tio, depois para Stiles e por fim me abraçou. Josh ainda ria sentando no sofá e cumprimentando o irmão quando Auggie correu até ele e arrancou-lhe os óculos escuros.

Ele travou em choque e Stiles também. O olho roxo descoberto fazendo comq eu todos fossem para a sala. Josh fechou os olhos – talvez amaldiçoando a criança por ter feito aquilo, ou a si mesmo por não ter impedido.

— O que foi isso? – Maya que já estava vindo cumprimentar o namorado correu e sentou-se ao seu lado.

— A gente precisa conversar. – Ele disse.

Ela esperou que ele dissesse algo mais.

— Em particular. – Stiles completou indicando que Josh só falaria quando eles estivessem a sós.

— Podem ir para o meu quarto. – Riley disse e eles foram.

O silencio pairou por alguns instantes.

— O que aconteceu com o meu irmão? – Cory perguntou diretamente para o Stiles.

— O pai da Maya aconteceu. – O irmão da Riley respondeu. – O Kermit apareceu na NYU ontem à noite. Ele e Josh discutiram. O cara disse que o Josh estava se aproveitando da inocência da filha dele.

Todos prestavam atenção a explicação do Stiles, inclusive o Auggie.

— Na discussão ele acabou partindo para a violência. Josh não reagiu. Disse que achou que ele estava alterado antes mesmo da briga. Talvez tivesse bebido ou usado alguma coisa. E suspeitou que ele estivesse armado e por isso preferiu não reagir.

Riley com os lábios entreabertos encarava o irmão absorvendo as informações que recebeu.

— O Josh acha que ele pode ir atrás da Maya. – Ele comentou ainda.

Maya e Josh ressurgiram na sala. Maya correu até Riley e a abraçou.

— Avisa a minha mãe. – Ela pediu.

Topanga assentiu e pegou o celular. Pouco depois Kate e Shawn estavam no apartamento.

A loira abraçou a filha com força e chorou.

— Ele não vai chegar perto de você. – Ela disse apertando-a.

Topanga cuidava do rosto do cunhado que não parecia se importar com o machucado tanto quanto se importava com a garota de olhos marejados e coração partido que ele encarava na sala.

Maya parecia ainda não ter digerido tudo. Meio aérea, tentando entender o que estava acontecendo.

 

# Notas finais importantes #


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Notas finais do capítulo

Eu tenho apenas mais seis capítulos programados para o fim dessa história, por motivos de se resumirem a tudo que eu consegui pensar que pode acontecer no desenrolar desse enredo. Então, se você tiver alguma ideia de coisas que quer ver acontecer com esses personagens, comente! Talvez sua ideia me ajude a ter mais criatividade ou até mesmo aconteça aqui e estenda um pouco mais a fanfic. (Pode mandar por mensagem também, se não quiser comentar) EEEEEEEEEEE criei uma conta no tumblr específicamente por causa dessa fanfic e já postei lá os instagrans dos personagens que uma amiga (que prefere manter-se anônima) fez inspirada na nossa fic. Segue o link abaixo.
É só isso. Entãão, Muito obrigada e não deixem de comentar! ♥ Volto logo com mais um capítulo para vocês...

https://youngestmoon.tumblr.com/



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