TWD - Quinta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 2
Dois


Notas iniciais do capítulo

"A palavra de Deus é a única proteção necessária"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726317/chapter/2

Logo ao amanhecer, desmontamos o acampamento e seguimos viagem pela floresta. Daryl estava nos seguindo de longe, pois tinha começado a caçar a nossa refeição assim que se levantou. O grupo estava meio dividido por causa de ontem à noite, mas pelo menos estava tudo mais calmo, comparando com ontem.

Estava caminhando ao lado de Michonne, rindo baixo enquanto Theodore estendia seus bracinhos para tentar pegar os dreads da nossa samurai e ela apenas lhe atiçava mais, mexendo em seu cabelo.

— Sabe, ele tem os olhos do Daryl. – Ela comentou comigo, depois de segurar o riso quando meu filho pareceu desistir de seu cabelo – E tem a sua curiosidade. Vamos torcer para que também tenha o seu humor.

— É, ele tem mesmo. – Concordei, olhando para o meu bebê por alguns segundos – Mas também espero que tenha um pouco do humor do Daryl. O caipira até que tem um humor legal, eu não posso reclamar.

Ela revirou os olhos, como se fosse extremamente previsível eu dizer uma coisa daquelas e conteve o riso. Ao fundo, um barulho ecoou perto de nós e todo o grupo ficou quieto, apontando suas armas na direção que o barulho veio, mas abaixaram assim que viram Daryl sair por entre as árvores, levando sua besta em uma das mãos e alguns esquilos pendurados no ombro.

— Nós nos rendemos. – Daryl disse para eles, levantando sua besta com uma mão e com a outra, levantando sua caça

— Viu? – Perguntei baixo, para Michonne – Ele tem humor.

Michonne resmungou algo enquanto ria. Observei Daryl colocar sua besta no ombro, assim como os esquilos mortos e se aproximar de Rick, enquanto todo o grupo voltava a andar.

— Não havia rastros nem nada. – O caçador dizia baixo, inclinando parte do seu corpo para Rick, mas mesmo assim consegui escutar

— Aquilo que ouviu noite passada... – Rick murmurou, no mesmo tom de voz de Daryl estava usando para falar com ele

— Mais senti do que ouvi. – Daryl lhe disse, um pouco mais alto e instintivamente me aproximei deles, para caminhar entre os dois, o caçador me olhou e balançou a cabeça negativamente, antes de continuar o que estava dizendo – Se tivesse alguém nos observando, teria alguma coisa.

Rick afirmou e deixou com que nós caminhássemos um pouco mais à frente, antes de assobiar e chamar os outros para que andássemos todos juntos.

— Acha mesmo que não tem ninguém nos seguindo? – Perguntei baixo, apenas para ele

Ontem à noite antes de dormir, ele havia me contado que achou que tinha sentido alguém observando o grupo, mas que quando olhou, não viu nada.

Isso me deixou um pouco preocupada.

— Não tem ninguém. – Daryl me respondeu, no mesmo tom de voz

— Seu olho está horrível. – Resmunguei, olhando novamente para seu rosto, mais precisamente para o seu olho roxo

— Obrigado. – O caçador resmungou, me olhando de canto de olho

— Por que você fez aquilo ontem? – Perguntei num outro resmungo e isso fez com que ele me olhasse meio incrédulo

— Tá brincando comigo?

— Você nem me deixou terminar de falar e já foi brigar com ele. – Comentei, olhando para ele – Daryl, foi só um beijo e nem teve importância.

— Obviamente teve pra ele. – Ele retrucou, crispando seus lábios enquanto desviava o olhar

Respirei fundo, olhando para ele. Daryl com ciúmes era algo muito complicado, ele ficava ainda mais evasivo e nervoso, muito semelhante ao homem que era quando nos conhecemos. Tirei uma das minhas mãos do sling e segurei a mão do caçador. Ele me olhou novamente, enquanto eu praticamente lhe obrigava a entrelaçar seus dedos aos meus.

— Lembra-se do que eu disse quando te contei que estava grávida? – Lhe perguntei, mas não esperei por uma resposta – Ele nos encontrou e nada mudou, eu continuo sendo sua e de mais ninguém, Daryl. Não importa que não tivemos uma cerimônia de casamento, realmente não importa. Sou sua bendita esposa agora e nós temos um lindo bebê.

— Você levou o “bendita” muito a sério. – Daryl comentou, apertando minha mão, antes de larga-la para passar seu braço pelo meu ombro, me abraçando

Eu sabia que ele poderia muito bem continuar segurando minha mão se não quisesse chamar muita atenção, mas ele me abraçou simplesmente para mostrar para o homem que estava lá atrás, conversando com Kylie e Sam, que apenas ele podia fazer isso.

Deixei de pensar o quanto ele era territorial quando escutei alguém gritar por socorro. Todo o grupo parou de andar, enquanto ainda ouvíamos a voz de um homem berrando “Ajudem” e “Socorro”.

— Pai, vamos lá. – Carl falou rápido, meio alto, olhando diretamente para seu pai, mas ao ver que nem ele e nem nós estávamos nos movendo, ele repetiu – Vamos.

Assim que Rick decidiu ajudar, nós saímos correndo. Ou melhor, eu deixei que eles corressem e andei o mais rápido que consegui, segurando a cabeça de Theodore para não machucá-lo enquanto praticamente corria atrás da minha família.

Logo que vi o que estava acontecendo, uma careta se formou em meus lábios. Havia um homem negro de terno preto em cima de uma pedra, com alguns caminhantes tentando pegá-lo. Me mantive um pouco afastada, pois sabia que não poderia fazer nada mais do que atirar, mas mesmo assim não saquei a minha arma e deixei com que os outros lidassem com aquilo com suas armas brancas.

E assim que todos os caminhantes estavam no chão, mortos, eu me aproximei a passos largos, olhando ao redor para ver se não tinha mais nenhum deles se aproximando.

— Acabaram. – Jason anunciou – Mas é melhor ficarem atentos.

Enquanto alguns do grupo se afastavam para ficarem de vigia, eu desviei meu olhar para o homem em cima da pedra. E algo em sua roupa me chamou a atenção.

Era um Padre.

— Desça. – Rick disse a ele, vi o homem aterrorizado descer lentamente de cima da pedra e olhar para nós – Você está bem?

O Padre pediu um minuto com a mão e se virou, vomitando. Emiti um som de nojo e olhei para o lado, assim como todo mundo.

— Desculpe. – O Padre disse, depois de limpar a boca com a mão, ao terminar de vomitar – Sim, eu estou bem. Obrigado. – Ele agradeceu ao Rick e logo olhou para nós, arrumando seu terno - Eu me chamo Gabriel.

— Tem alguma arma? – Rick perguntou a ele, assim que o homem terminou de falar

O Padre Gabriel soltou um riso baixo, mas parou assim que notou nossos olhares sérios.

Não estávamos lá muito amigáveis.

Não depois de Terminus.

— Tenho cara de quem carrega armas? – O Padre Gabriel nos perguntou, enquanto abria os braços

— As aparências enganam. – Abraham retrucou, olhando para ele

— Não carrego nenhum tipo de arma. – O Padre comentou, elevando um pouco o seu tom de voz – A palavra de Deus é a única proteção necessária.

— Não era o que parecia. – Daryl comentou com ele, estava sendo meio sarcástico

— Eu pedi ajuda. – Padre Gabriel também comentou, rindo, me parecia bem nervoso – E ela veio. – Ele nos encarou novamente – Vocês... têm alguma comida? – Ele desviou o olhar e encarou o seu vomito no chão - O pouco... que eu tinha, botei para fora.

— Temos noz-pecã. – Carl lhe disse, estendendo algumas nozes para ele

— Obrigado. – O Padre agradeceu, ao pegar as nozes da mão do menino e assim que escutou os múrmuros incompreensíveis de Judith, ele olhou em direção a bebe, logo passou seu olhar para mim e Theodore preso ao sling no meu corpo – Que bebês lindos. – Institivamente, puxei um pouco a manta vermelha que estava no meu ombro e tampei parte da cabeça do meu filho – Vocês têm acampamento? – Gabriel nos perguntou, ao notar que não estávamos muito falantes

— Não. – Rick respondeu logo em seguida, sério – Você tem?

— Tenho uma igreja. – O Padre lhe respondeu

— Ponha as mãos para cima. – Rick pediu, parecia cansado de toda aquela história de Padre, Deus e Igreja e assim que o homem lhe obedeceu, o policial foi revistá-lo – Quantos caminhantes já matou?

Ah, aquelas três perguntas de sempre.

— Nenhum. – O Padre respondeu, mantendo suas mãos para cima

— Vire-se. – Rick mandou e praticamente o obrigou a se virar de costas para ele, para continuar com a revista – Quantas pessoas matou?

— Nenhuma. – O Padre Gabriel respondeu novamente e desta vez parecia perplexo pela pergunta

— Por quê? – Rick perguntou para ele, assim que terminou de revista-lo

— Porque Deus abomina a violência. – O Padre respondeu, voltando a se virar para nós

— O que você fez? – Rick perguntou, se aproximando dele – Todos nós fizemos alguma coisa.

— Sou um pecador. – O Padre respondeu, sustentando olhar de Rick – Peco quase todo dia. Mas só a Deus confesso meus pecados. – E então ele olhou novamente para nós – Não a estranhos.

— Que idiotice. – Jason resmungou, estava um pouco mais afastado, mas falou alto o suficiente para que escutássemos

— Falou que tinha uma igreja? – Kylie perguntou para o Padre, chamando sua atenção e assim que recebeu um aceno positivo com a cabeça, a mulher loira sorriu – Nos leve até lá.

Assim que o Padre constatou que não teria como não nos levar depois de ter dito que tinha uma igreja, ele aceitou e pediu para que lhe seguíssemos pela floresta. Continuei caminhando ao lado de Daryl e aproveitei para tirar a manta de cima de Theodore e deixá-la pendurada em meu ombro, pois o sol estava começando a esquentar.

Ah Georgia, doce Georgia.

— Ei, mais cedo, você estava nos observando? – Rick perguntou ao Padre, chamando sua atenção para ele

— Fico sozinho. – O Padre lhe respondeu, ele estava um pouco mais à frente, liderando o grupo – Hoje em dia as pessoas são tão perigosas quanto os mortos, concordam?

— Não. – Rick respondeu logo em seguida, e então nos olhou brevemente, antes de completar – As pessoas são piores.

— Bom, eu não estava vigiando vocês. – Padre Gabriel negou – Só fui além do riacho perto da igreja algumas vezes desde que tudo começou. Nunca havia ido mais longe do que hoje. – Ele soltou um riso baixo – Ou talvez eu esteja mentindo. Talvez tenha mentido sobre tudo e não exista igreja adiante. Vai ver os conduzo a uma armadilha para roubar seus esquilos. – Ele se virou, e parou de andar ao ver nossos rostos nada amigáveis – Meus paroquianos já disseram que meu senso de humor deixa a desejar.

— É, deixa sim. – Daryl concordou com ele, e assim como nós, estava sério

O Padre ficou em silêncio e se virou para continuar a andar, quase bateu o rosto nos galhos das arvores durante o processo, mostrando o quanto ele estava nervoso.

Se eu estivesse no lugar dele, com certeza não faria piadinhas daquele tipo.

Depois de mais ou menos uns cinco minutos de caminhada, pudemos avistar uma igreja branca mais à frente. Ela estava descuidada, mostrando os sinais de que o tempo não foi muito bom para ela. Assim que nos aproximamos da porta de madeira, notei a placa mais à frente “IGREJA ANGELICANA DE SANTA SARA” que dava as boas-vindas.

— Espera aí. – Rick mandou, assim que viu o Padre se adiantar até a porta com a chave para abri-la – Podemos olhar primeiro? – Ele perguntou, subindo os poucos degraus até a porta e ficando ao lado do Padre – Não queremos perder nossos esquilos.

Rick estendeu a mão aberta para o homem ao seu lado e recebeu a chave da igreja. Observei Michonne, Daryl, Carol e Glenn seguirem Rick para dentro assim que a porta foi aberta, com as armas em punhos. Fiquei ali do lado de fora, perto dos meus amigos, esperando eles voltarem. Percebi que Abraham e Rosita se afastaram de nós, eles provavelmente iriam rodear a igreja, para ver se tinha alguma ameaça próxima.

— Tudo bem? – Escutei a voz de Jason perguntar e por isso, soltei uma respiração pesada – Você está quieta desde que encontramos o... Padre.

— Estou cansada. – Murmurei em resposta, evitando de olhar em seu rosto

Era muito obvio que eu estava tentando me manter o mais longe possível de Jason desde ontem, ele sabia disso, sabia o porquê, mas parecia não se importar em puxar assunto sempre que Daryl se afastava.

Eu me aproximei um pouco mais das escadas que levavam a porta da igreja, para perto de Kylie e de Sam e isso fez com que Jason risse baixo.

— E aí, garotão? – Sam perguntou ao meu filho, assim que notou que eu tinha me aproximado – Pegando um bronze?

— Claro. – Murmurei, quase rindo

— Ele é a cara do seu namorado. – Kylie comentou, após olhar para o rostinho do meu bebê

— Ele é perfeito. – Murmurei novamente, com um pequeno sorriso se formando em meus lábios

— Qual o nome? – Kylie perguntou, depois de soltar um pequeno riso ao ver meu filho estender sua mãozinha e tentar pegá-la

— Theodore. – Respondi – Theodore Dixon.

— Bem, Theo Dixon. – Ela disse baixo, aproximando seu rosto do sling para falar cara a cara com o neném – Você é meio babão.

Não aguentei e ri, afirmando com a cabeça, enquanto Sam segurava o riso e fazia uma bela cara de paisagem. Theodore é realmente meio babão.

Abraham e Rosita voltaram falando sobre o que acharam nos fundos da igreja e não demorou muito para que Rick voltasse até aqui fora e entregasse a chave da igreja ao Padre Gabriel.

— Passei meses aqui sem sair pela porta da frente. – O Padre contou, assim que a chave tocou em suas mãos e observou as pessoas do meu grupo sair de dentro da sua igreja, uma a uma – Se encontrassem alguém dentro, seria uma surpresa.

— Obrigado por isso. – Carl lhe agradeceu, ajeitando Judy em seu colo, tinha um sorriso nos lábios

— Achamos um micro-ônibus nos fundos. – Abraham comentou, se aproximando de Rick – Não funciona, mas podemos consertar em um dia ou dois, se o Padre disser que não precisa dele. – Ele observou o Padre adentrar a sua igreja, antes de voltar a olhar para o policial – Parece que conseguimos um transporte. Você entende o que está em jogo, não é?

— Sim, entendo. – Rick respondeu, estava passando a mão pelo cabelo loiro de sua filhinha

— Sério? – Michonne perguntou meio perplexa, olhando para Rick - Agora que podemos relaxar?

— Quem relaxa, fica lento e sempre dá merda. – Abraham disse a ela, no mesmo instante

— Abraham. – Resmunguei alto, olhando para ele – Independente de ficar lento ou não, precisamos descansar.

— Também precisamos de suprimentos. – Kylie acrescentou, como quem não quer nada

— É verdade. – Rick concordou, desviando seu olhar para dentro da igreja e subiu os degraus que levava até a porta – Água, comida e munição.

— O micro-ônibus não vai a lugar algum. – Daryl disse a ele, estava escorado na porta da igreja e depois desviou o olhar até mim – Vou trazer feijão cozido.

— Delicia. – Comentei rindo baixo, apoiando minha mão no corrimão enquanto subia as escadas até a porta – Vamos? – Perguntei, assim que me aproximei dele

Daryl concordou com a cabeça e colocou a mão em minhas costas, me empurrando gentilmente para ir em sua frente.

A primeira coisa que vi ao entrar na igreja foi a frase escrita na parede ao fundo, uma frase relacionada a um ditado de Deus ou algo assim, sobre comer da carne dele e beber do seu sangue para ter a vida eterna. Algo que eu achei bem macabro. A igreja até que estava arrumada, considerando as latas de comida abertas encostadas na parede e alguns locais empoeirados.

Seria um bom abrigo, mesmo que por pouco tempo.

A primeira coisa que fiz foi tirar Theodore do sling com a ajuda de Carol e me sentar em um dos bancos da igreja, próxima da Michonne e aos outros. Ajeitei meu filho em meu colo e encostei minhas costas no apoio do banco, escutando os passos das pessoas entrando na igreja.

— Como sobreviveu tanto tempo aqui? – Rick perguntou ao Padre, enquanto pegava sua filha no colo para deixar que Carl montasse os berços improvisados para os bebês – De onde vieram os suprimentos?

— Sorte. – Padre Gabriel respondeu, com um sorriso nos lábios – Nossa coleta anual de enlatados.

— Sorte mesmo. – Comentei, olhando para eles

Carl chamou minha atenção com sua aproximação e eu o olhei, vendo-o por cima de seus ombros as duas cestas onde os bebes dormiam prontas. Afirmei com a cabeça e com cuidado, passei Theodore para os braços do menino. Com o olhar, acompanhei cada passo de Carl até ele deixar meu filho deitado em uma das cestas e ir buscar sua irmã mais nova, para colocar na outra.

— Tudo desandou depois que a completamos. – O Padre comentou - Eu estava aqui sozinho. A comida durou bastante, depois que comecei a racionar e buscar por mais. Limpei toda casa nos arredores. Menos uma.

— Por que? – Rick perguntou, se aproximando dele

— Está tomada. – O Padre respondeu, depois de alguns segundos

— Por quantos? – Resolvi perguntar, enquanto me levantava e desfazia o sling, deixando-o em cima do banco, junto com a manta vermelha de Teddy

— Perto de uma dúzia. – O Padre me respondeu, juntando as sobrancelhas, parecia pensar – Talvez mais.

— Damos conta de uma dúzia. – Rick comentou com ele

— Bob e eu vamos com você. – Sasha lhe avisou – O Tyreese fica aqui ajudando a cuidar da Judith e do Theodore.

— Tudo bem pra você? - Rick perguntou para ele, depois de perceber que o homem estava muito quieto

— Claro. – Tyreese respondeu, abrindo um sorriso – Se vocês precisarem que eu cuide deles, se precisarem de qualquer coisa para eles, estarei aqui.

— Já fez mais do que precisava. – Falei para ele, sorrindo – Tenho certeza que falo por todos nós quando digo que somos gratos a você, e por tudo que tem feito.

— Ela tem razão. Somos gratos. – Rick disse, concordando comigo

— Vou desenhar o mapa. – O Padre comentou, logo em seguida

— Não precisa. – Rick disse rápido, se virando para olhá-lo – Você vem conosco.

— Não tenho serventia. – O Padre comentou, sorrindo, aparentava estar meio nervoso – Você viu. Não sou bom com essas coisas.

— Você vem conosco. – Rick repetiu, sério

O Padre concordou, vendo que ele não teria muito uma escolha. Caminhei até nossas coisas e peguei uma garrafinha de água, não era a água mais limpa que já vimos, mas matava a sede e apenas a sede. E então, assim que me sentei novamente no banco e dei um gole na água, escutei Tyreese brincar com os bebês. Me ajeitei no banco de forma que eu poderia vê-lo brincar com eles e fiquei ali, sorrindo enquanto as pessoas ao meu redor faziam suas próprias coisas.

Grupos saiam para vasculhar lugares.

Pessoas iam atrás de água.

E eu de olho na melhor coisa que tinha feito.

Quando cansei de ficar sentada sem fazer nada, deixei Tyreese olhando as crianças e fui para o lado de fora da igreja. O sol estava um pouco mais fraco, e agora, poderia ser fácil fácil umas quatro da tarde. Coloquei as mãos nos bolos enquanto descia as escadas e segui as vozes e risos.

Encontrei Abraham com metade do corpo em baixo do micro-ônibus, tentando concertá-lo. Rosita estava com algumas ferramentas em mãos, rindo de alguma coisa que Jason falava. Eugene estava quieto, observando os três. Mas eu acho mesmo é que ele estava observando a mulher.

— Ei. – Jason me cumprimentou, com um de seus grandes sorrisos

— Ei. – Eu lhe cumprimentei, sem muito entusiasmo e então percebi que tinha duas pessoas faltando naquele grupo – Onde está o Sam e a Kylie?

— Kylie saiu com o Glenn e o Sam foi com a Carol e aquele cara. – Jason me respondeu, e percebi que ele praticamente havia cuspido o “Aquele cara”, o que me dizia exatamente quem era

— O nome dele é Daryl. – Comentei, franzindo os lábios

— Não me importo mais com o nome dele. – Jason retrucou, e segundos depois, passou a mão pelo cabelo – Gabriela, eu não vou fingir que está tudo bem, porque não está.

— Você mesmo disse que eu não sou mais aquela mulher que conheceu. Eu mudei e não importa se gosta ou não, sei que mudei para melhor. – Falei, encolhendo os ombros - O homem que hoje você odeia me deu motivo para viver nesse mundo, me deu um neném lindo. Enquanto você estava lá, me procurando, eu estava procurando motivos para não morrer. Você já foi um desses motivos, mas Jason, sem querer ser rude, você não é mais.

— Não vou desistir de você, eu não passei dois anos te procurando para te deixar escapar pelos meus dedos agora que eu te tenho. – Jason retrucou novamente, cruzando seus braços

— É aí que está o ponto vital. – Falei, soltando um riso nervoso – Você não me tem, não mais. Nós acabamos no momento em que você não atendeu minhas ligações e me deixou esperando em Mableton. Eu estou com outro homem agora, um homem maravilhoso que tem seus defeitos, mas mesmo assim, eu o amo.

— Você enlouqueceu.

Respirei fundo, meio irritada.

Ele entendia e não entendia.

— Gabi?

Me virei subitamente, assim que escutei Carl me chamar. Ele estava um pouco afastado do micro-ônibus, perto da igreja. Sem falar mais nada para Jason, eu me afastei, caminhando em direção ao menino e assim que parei ao seu lado, dei algumas batidinhas em seu chapéu de xerife, para chamar sua atenção.

— Não faça isso, eu não sou mais criança. – Carl resmungou, empurrando minha mão para longe dele – Tenho 14 anos.

— Mas para mim você ainda tem 12 anos. – Retruquei sorrindo – E então, por que me chamou aqui?

— Está vendo os arranhões? – Ele me perguntou, apontando para a janela logo a sua frente e então eu olhei – São fundos. De faca ou outra coisa.

Estendi minha mão e toquei nos arranhões da janela, com cuidado para nenhuma farpa entrar em meus dedos. Realmente eram fundos e propositais, estavam querendo entrar na igreja.

— Alguém estava querendo invadir. – Murmurei, franzindo as sobrancelhas

— É. – Carl concordou e logo em seguida segurou em meu braço, me puxando para andar – Achei outra coisa também. – Ele me levou até a outra parte da parede – Não sei o que aconteceu, mas seja o que for, daremos um jeito. – Ele largou o meu braço e apontou para a parede – Não quer dizer que o Gabriel é um homem ruim, lógico, mas significa alguma coisa.

Continuei encarando a parede, ou melhor, o que tinha escrito nela. Alguém usou uma faca para escrever “VOCÊ VAI QUEIMAR POR ISTO”.

— Bom trabalho. – Comentei, um pouco baixo e então o olhei – Seu pai precisa saber disso.

— Eu vou contar. – Carl disse, após afirmar com a cabeça – Apenas achei que também gostaria de saber.

— Achou certo. – Falei, voltando a colocar as mãos nos bolsos – O Padre terá que nos dar algumas respostas, pode não ser hoje, mas ele terá que dar.

Carl concordou novamente com a cabeça e disse com poucas palavras que ficaria ali por mais um tempo, para ver se achava mais alguma coisa.

Assim que voltei à frente da igreja e encontrei Rick, junto com Michonne, Sasha, Bob e o Padre, me deparei com muitos suprimentos.

— Ainda bem que você não foi. – Michonne comentou rindo, ao passar por mim – Foi uma festa e tanto, até nadamos.

— Uma piscina? – Perguntei e ela apenas me respondeu balançando a cabeça negativamente, sem parar de andar. Me virei para Rick e toquei em seu braço, chamando parte de sua atenção – O Carl está lá atrás, ele tem algo para lhe mostrar.

— Aconteceu alguma coisa? – Rick perguntou logo em seguida, largando o carrinho improvisado e me dando total atenção

— Não. – Respondi, negando com a cabeça – Ele apenas achou algo que possa te interessar.

— Ok.

Resolvi deixa-lo em paz, para terminar de subir com os carrinhos de suprimentos pela escada e levá-los para dentro da igreja. Ao fundo, caminhando na rua em direção a igreja, estavam vindo Sam, Daryl e Carol, eles riam de alguma coisa e carregavam alguns galões de água em suas mãos. Eu os cumprimentei com piadinhas e os segui para dentro da igreja.

Percebi que a primeira coisa que Daryl fez ao deixar os dois galões de água que carregava junto com os suprimentos que Rick e os outros trouxeram, foi caminhar em direção aos cestos onde as crianças estavam e se sentar perto deles, antes de levantar o olhar até mim e me ver sorrir.

Lá estava o Daryl Dixon de coração mole que eu adorava.

— Com licença, com licença. – Escutei Maggie dizer e logo em seguida senti sua mão em meu ombro, o que me fez desviar o olhar de Daryl e encarar a minha amiga – Aposto que nem nos viu chegar, não é?

— Tiveram sorte? – Perguntei, depois de balançar a cabeça negativamente respondendo sua pergunta

— Três silenciadores no frigobar. – Tara me respondeu, sorrindo

— E o Glenn caiu de cara no chão. – Kylie completou, com um sorriso sacana nos lábios

— Eu tropecei em uma pilha de caixas e um esfregão. – Glenn lhe corrigiu, mas não estava ofendido, ele estava segurando o riso e antes que ele me escutasse rir da sua desgraça, completou – Não foi tão ruim assim. Estão contando mil vezes pior do que foi.

— Atá. – Kylie disse, depois de rir alto – Eu estava lá, te vi cair.

— Ouvimos o barulho e a risada da Kylie. – Maggie comentou, balançando a cabeça negativamente

Mas logo ela riu alto, assim que Glenn estreitou ainda mais seus olhos puxados e a encarou. Balancei a cabeça negativamente, dizendo o quanto ele deveria ficar longe de esfregões e de caixas, pois eram extremamente perigoso topar com um deles. Era questão de vida ou morte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sempre quando alguém fala "Sem querer ser rude", pode apostar que vai ser rude.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "TWD - Quinta Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.