TWD - Quinta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 1
Um


Notas iniciais do capítulo

"Eles não podem viver"



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Ao nosso lado, Rick soltou um riso alto.

— Está rindo do que, cara? – Abraham perguntou abruptamente, como se não acreditasse que alguém poderia rir naquela situação ferrada em que estávamos

— Eles vão se sentir muito burros quando descobrirem. – Rick lhe respondeu, com um sorriso malicioso começando a se formar em seus lábios

— Descobrirem o quê? – Kylie lhe perguntou, parecia confusa

— Não é obvio? – Perguntei, ainda mantendo meu olhar em Rick – Eles ferraram com as pessoas erradas.

10 minutos depois

Ao meu redor, fivelas de cintos estavam se transformando em itens essenciais para socos ingleses e facas caseiras extremamente afiadas. Mais uma vez, pela terceira vez, me amaldiçoei por não ter o costume de usar cinto e essas coisas.

Seria bom ter um desses numa hora dessas.

Mas como eu poderia adivinhar?

Parece que minhas mãos terão que fazer todo o trabalho, maravilha.

— Voltei por ele. Pelos dois. – Comentei com Daryl, encostando minhas costas no metal da parede do vagão – Não encontrei ninguém na cela em que os deixei. Levaram eles, D, levaram os dois.

— Nós vamos encontrá-lo. – Daryl me prometeu, depois de passar longos segundos olhando para a manta vermelha presa no cós da minha calça jeans

Suspirei, afirmando com a cabeça, concordando com ele. Do outro lado do vagão, Abraham conversava com Rick e me permiti prestar atenção na conversa deles assim que Daryl se afastou, indo em direção a Maggie.

— Eles pareciam legais, mas eu estava pronto para ir embora. – O homem ruivo dizia, olhando para o rosto de Rick – Tínhamos acabado de chegar, mas, nossa, era hora de partir. Quando contei a eles sobre D.C, o filho da puta no comando deu o sinal, sacaram as armas e fomos dominados.

Rick grunhiu, passando a mão pelo cabelo.

— Antes de a colocarem aqui, não viu o Tyreese? – Escutei Sasha perguntar, estava perto de Michonne, do outro lado do vagão, perto de Rick e Abraham

— Não. – Mich lhe respondeu, negando com a cabeça

— Que bom. – A irmã mais nova de Tyreese murmurou

Um pouco mais perto de mim, a voz de Daryl chamou minha atenção. Ele estava conversando com a esposa de Glenn, sobre sua irmã.

— Carro preto pintado com uma cruz branca. – O caçador descreveu o carro dos sequestradores - Eu tentei segui-lo. Tentei mesmo.

— Mas ela está viva? – Maggie lhe perguntou, colocando as mãos no bolso da calça, nervosa

— Está. – Daryl afirmou, logo que ela perguntou

Praticamente ao meu lado, escutei Kylie mandar Jason calar a boca e Sam resmungar. Os três estavam conversando entre si, enquanto afiavam suas armas brancas recém feitas.

— Não é assim que se faz. – Jason resmungou novamente, e quando levantou a mão para tentar ajudá-la, Kylie afastou bruscamente sua mão

— Já mandei calar a boca, Harris. – Ela resmungou alto, nada amigável

Enquanto Sam resmungava o quanto eles eram irritantes, vi o rosto de Daryl se virar para encarar os três, seus olhos passaram lentamente por eles e se fixaram em Jason, por longos e longos segundos.

Droga.

Não era hora.

— Amor? – Eu o chamei, meio alto

Meu coração quase parou quando dois homens olharam diretamente para mim, Daryl foi o único que desviou o olhar e assim que viu que Jason também me encarava, com um olhar questionador, como se perguntasse o que eu queria, o caçador rosnou.

— Jason Harris? – Daryl praticamente cuspiu seu nome e sobrenome, num tom de voz nada amigável

Vi um pequeno sorriso sacana brotar nos lábios de Jason, conforme ele virava o rosto para encarar meu noivo. No mesmo segundo que Jason se levantou, Glenn se meteu na frente de Daryl, colocou a mão no ombro dele e lhe disse algo perto de seu ouvido.

Vamos lá coreano, não coloque mais lenha na fogueira.

Um suspiro de alívio escapou pelos meus lábios assim que vi Daryl grunhir e se afastar de Glenn, resmungando algo incompreensível.   

— Bem ali. – Uma voz abafada soou e isso fez com que todos olhassem em direção a porta – Calem a boca!

Sentindo meu coração bater depressa, encostei meu rosto na porta do vagão, para olhar o pelo vão, tentando ver alguma coisa.

— Beleza. – Comentei, olhando brevemente para meus amigos antes de voltar a olhar pela fresta – Temos quatro filhos da puta vindo diretamente para cá.

— Já sabem o que fazer. – Rick falou logo em seguida, se levantando do chão – Vão nos olhos primeiro. Depois a garganta.

Me afastei da porta e me aproximei dos meus amigos, mudando totalmente a minha postura desleixada e preocupada para a postura de combate.

Era hora.

— Fiquem encostados nas paredes do vagão. – O homem lá fora mandou, parecia que ele estava do outro lado da porta, pois sua voz estava muito mais alta e clara agora – Agora!

Rick fez questão de olhar para todos nós e afirmar com a cabeça. Estávamos prontos e só esperando por aqueles desgraçados. Meu olhar estava fixo na porta do vagão, esperando para ela ser aberta e não escondi minha surpresa quando a única coisa que se abriu foi um alçapão no teto.

E de lá, caiu uma granada.

— CORRAM! – Abraham berrou

Nem mesmo vi o tipo da granada, mas mesmo assim não lutei quando me puxaram com força para longe da latinha. Logo que a granada explodiu e uma cortina de fumaça branca subiu e o cheiro forte chegou, eu soube o que era. Em meio a tossidas e faltas de ar, a porta se abriu. Não consegui ver muito bem quantos entraram ou quantos saíram, mas pelos grunhidos eu soube que eles tinham levado mais de duas pessoas com eles.

Depois de passar mais de sete minutos com a gola da camiseta cobrindo meu nariz e minha boca, tentando não respirar muito do gás lacrimogêneo, um terror absurdo tomou conta de meu corpo assim que vi quem estava faltando.

Daryl, Rick, Glenn e Bob.

— Mas que porra! – Praticamente berrei, me desencostando do canto do vagão, e assim que caminhei em direção a latinha vazia de gás lacrimogêneo a chutei com força, fazendo-a voar em direção a parede, bater e cair no chão

— Eles vão voltar. – A voz de Maggie soou, e assim que me virei para encará-la, vi seu semblante sério e convicto

Um grunhido escapou da minha garganta e eu crispei os lábios, nervosa e isso só piorou quando alguns tiros ecoaram do lado de fora do vagão onde estávamos. Grunhi mais uma vez, começando agora a andar de um lado para o outro, impaciente e mais nervosa do que antes.

Que tiros eram aqueles?

— Filhos da puta.

— Isso não vai nos ajudar. – Sam resmungou alto, ao escutar meu xingamento – Se acalme.

— Não vou me acalmar porra nenhuma. – Retruquei, olhando para ele, irritada – Levaram quatro de nós!

— Eu sei! – Sam retrucou também, elevando seu tom de voz – Eu sei.

— Parem! – Kylie disse alto, se levantando bruscamente do chão – Fiquem quiet...

Ela se calou, assim como todo mundo ao sentirmos o vagão tremer e um barulho muito alto de explosão ecoar pelo lugar todo. Nós nos olhamos, em silencio, em completo choque. Abraham foi o primeiro a sair de onde estava e caminhar em direção a porta do vagão, ele tentou abri-la com força, mas não conseguiu e por isso, como se ajudasse, ele a socou.

— O que diabos está havendo? – Abraham grunhiu, depois de socar pela segunda vez a porta de metal

— Foram atacados. – Jason comentou, logo em seguida, enquanto se aproximava da porta para olhar as fretas – Que bagunça...

— Vai ver o nosso pessoal escapou. – Sasha nos disse, olhando para nós, esperançosa

— Com licença. – Eugene falou, depois de ter passado entre Tara e Kylie, empurrando as duas

O cientista de corte Mullet se aproximou da porta e de agachou ali, de costas para nós. Ele estava fazendo alguma coisa.

— Que diabos vai fazer? – Rosita perguntou para ele, estava nervosa

— Talvez eu consiga usar o cartucho para abalar a porta. – Eugene lhe respondeu calmamente – Pelo que eu escuto, pode não sobrar ninguém para abrir.

— Desculpe, Eugene, mas cale a boca. – Tara disse rápido, logo depois que ele terminou de falar suas bobeiras

— Ok. – Ele murmurou de volta, mas não parecia realmente escutar

— Ei, gente. – Carl disse, chamando nossa atenção para si – Meu pai vai voltar. Todos eles vão.

— Eles vão. – Maggie concordou, e logo acrescentou – Vamos nos preparar para fugir quando voltarem.

Mordi meus lábios, enquanto observava minha amiga incentivar os outros a continuarem fazendo suas armas caseiras. Do lado de fora do vagão, entre tiros ecoando e típicos gemidos de caminhantes, eu me vi desejando para que os quatro estivessem lá, lutando, e não com balas em suas cabeças.

Alguma coisa aconteceu, algum muro foi derrubado para que os mortos invadissem o lugar. Talvez realmente tenha sido o nosso pessoal.... Mas e se não fosse?

— Qual é a cura, Eugene? – A pergunta de Sasha chamou toda a minha atenção, assim como a de todo mundo

Voltei a olhar para eles. Eugene ainda estava agachado perto da porta, mas desta vez, tinha mais pessoas perto dele.

— É segredo. – Eugene respondeu logo em seguida, assim que ela perguntou

— Não sabemos o que vai acontecer. – Michonne comentou com ele, encolhendo levemente seus ombros

— Deixem-no em paz. – Abraham resmungou alto

— Vamos continuar trabalhando. – Maggie lhes incentivou novamente, enquanto passava a mão pelo cabelo, em uma pequena pausa de descanso

— Sim, mas está na hora de ouvir. – Sasha falou, olhando diretamente para o cientista – Não sabemos o que vai acontecer.

— O que vai acontecer é sairmos daqui. – Kylie comentou a ela, olhando-a de canto de olho

— Mesmo que contasse a todos, mesmo dando instruções passo a passo com ilustrações e explicações detalhadas, caso eu morresse, a cura morreria comigo. – Eugene desse, e me pareceu que era apenas para ver se as perguntas paravam

— Não vou deixar isso acontecer. – Abraham comentou, crispando os lábios

— Na melhor das hipóteses, saímos numa saraivada de balas, fogo e caminhantes. – Eugene falou, balançando a cabeça negativamente – Não sou bom em corridas. Não consigo liquidar um morto com botões afiados e confiança.

— É, mas nós podemos. – Michonne retrucou, ainda estava trabalhando em sua espada de madeira – E nós vamos.

— Você não nos deve nada. – Sasha comentou com Eugene, enquanto se levantava – Ainda não. Mas nós só queremos ouvir.

— Você não precisa dizer. – Rosita falou para o colega

— Fui de uma equipe de dez pessoas do Projeto Genoma Humano, visando doenças como armas para combater armas biológicas. – Ele nos contou, depois de se levantar – Microrganismo patogênico contra microrganismo patogênico. Fogo contra Fogo. Os departamentos conversaram. Fizemos contatos, dividimos dados. Conheço profundamente os detalhes dos sistemas de lançamento infalíveis para matar toda pessoa viva deste planeta. Acredito que um pequeno ajuste nos terminais em D.C. pode mudar o roteiro. Liquidar todos os mortos. Fogo contra Fogo. – Eugene ficou uns segundos em silêncio, olhando para os nossos rostos – Se tudo continuar como está, parece bem ousado.

— Então voltemos ao trabalho. – Maggie murmurou

O barulho da porta traseira do vagão chamou nossa atenção e nos fez olhar diretamente para o lugar. Assim que a porta se abriu e um Rick todo sujo de sangue apareceu, segurando uma metralhadora, com Daryl, Bob e Glenn logo atrás dele, vi muitos caminhantes.

— VAMOS LÁ! – Rick berrou, assim que abriu a porta – VAMOS LUTAR ATÉ A CERCA!

Enquanto escutava Rick berrar para fazer suas instruções serem ouvidas por cima dos tiros e dos grunhidos dos caminhantes, sai do vagão, seguindo os outros do meu grupo. Ao colocar meus pés no chão e recepcionada por Daryl, tive um pedaço de ferro sendo empurrado para as minhas mãos.  

Seguindo o meu grupo de perto e matando quaisquer caminhantes que se aproximassem, mantive o pedaço de ferro muito bem preso em minhas mãos.

Durante todo o pequeno grande trajeto até a cerca, Maggie e Glenn lideraram o grupo, matando os caminhantes que se aproximavam, enquanto as pessoas que estavam no meio, como eu, matava os que viam das laterais, os quais devo dizer, eram muitos.

— VAMOS PULAR! – Escutei a voz de Rosita gritar

Literalmente corremos até a cerca em que ela estava nos chamando e logo que chegamos ali, o grupo começou a pular. O primeiro a ser praticamente empurrado para o outro lado da cerca foi Eugene, logo seguido por Tara, Kylie, Bob, Sasha e Rosita. Antes de ser puxada em direção a cerca por Sam, vi Glenn praticamente jogar sua mulher para o outro lado, antes de pular ele mesmo a cerca.

Dei uma olhada para trás, antes de receber a ajuda de Sam e de Jason para pular a cerca e vi Rick e Daryl atirando nos caminhantes que se aproximavam de nós, dando passos para trás, para a nossa direção conforme pulávamos.

Do outro lado da cerca do Terminus, limpando o suor do rosto, observei Sam pular a cerca e ser seguido por Jason.

— DEPRESSA! – Rick gritou do outro lado – Vamos lá! Andando!

Assim que vi Daryl pular a cerca e me encontrar, fiquei um pouco mais calma, sentimento que continuou crescendo logo que Rick pulou, sendo seguido por Abraham, o único que faltava.

Nenhum de nós disse nada, apenas nos enfiamos entre as árvores o mais rápido que conseguimos e assim que os passos apressados passaram a ser um pouco mais lentos, eu percebi.

Não estávamos nos afastando completamente de Terminus, estávamos contornando-o.

— O que exatamente estamos procurando? – Perguntei, apressando um pouco os meus passos para acompanhar Rick

— Chegamos. – Como se respondesse minha pergunta, lá na frente, Daryl anunciou, apontando para o chão entre algumas árvores – É aqui.

Enquanto parava de andar perto dele, observei o caçador se abaixar para remexer as folhas caídas das árvores e logo que pegou uma pequena pá, jogou na direção de Rick, obrigando-o a pegá-la no ar.

— Por que infernos ainda estamos aqui? – Abraham perguntou, contornando algumas arvores para chegar até nós

— Armas, suprimentos. – Rick lhe respondeu, se abaixando para começar a cavar – Iremos ao longo das cercas. Usem os rifles. Vamos acabar com todos.

— Como é? – Kylie perguntou alto, parecia perplexa

— Eles não podem viver. – Rick respondeu, deixando de cavar para olhá-la por alguns segundos

— Rick, nós saímos. – Glenn comentou, se aproximando – Acabou.

— Não vai acabar até eles morrerem. – Rick retrucou, deixando a pá de lado e pegando uma bolsa azul, ele a abriu e de lá, tirou seu revolver

— Não, de jeito nenhum. – Rosita murmurou alto, tão perplexa quanto Kylie – Aquilo está pegando fogo. Está cheio de caminhantes.

— Se mexermos nessa merda, vai feder. – Abraham comentou com ele, se aproximando ainda mais – Acabamos de sair.

— Rick, não é? – Kylie lhe perguntou, mas não esperou uma confirmação, antes de falar – As cercas caíram. Aquelas pessoas vão fugir ou morrer.

— Talvez se...

Parei de falar assim que vi a mulher de cabelos grisalhos se aproximando, pelas costas de Rick. Um riso escapou pelos meus lábios, enquanto eu praticamente corria em sua direção. Abracei Carol com tanta força que ela deu alguns passos para trás, rindo. Logo que me afastei dela, Daryl a tomou em seus braços e se possível, a abraçou tão forte quanto eu, enquanto escondia seu rosto na dobra do pescoço dela. Percebi que as pessoas começaram a se aproximar dela e assim que Daryl se afastou da mulher, ele veio até mim e me abraçou pelos ombros.

— Você fez aquilo? – Rick perguntou a ela, e assim que recebeu um aceno positivo com a cabeça, ele a abraçou apertado

— Quem é ela? – Escutei Kylie perguntar, meio baixo

— É a Carol. – Sam lhe respondeu e só pelo seu tom de voz, eu sabia que ele estava sorrindo – Ela é uma de nós.

— Venham comigo. – Carol nos disse, assim que se afastou de Rick

Fiquei imensamente grata quando ela nos entregou nossas armas, as mesmas que fomos forçados a entregar para Gareth quando fomos dominados. E enquanto a seguia pela floresta, enquanto apertava os coldres do melhor jeito possível, percebi que o sorriso não deixava meus lábios.

Carol nos guiou pela floresta até uma estrada de barro e continuamos por ali, seguindo o único caminho possível, até avistarmos uma pequena cabana feita de madeira mais à frente.

Aquela seria apenas uma cabana sem importância se eu não tivesse visto Tyreese sair de lá.

Meu coração quase saiu pela boca quando notei o cabelo ruivo do bebê escapar pelo sling que o homem usava e como se não bastasse, ele carregava Judith nos braços. A reação foi mútua e apressada, Rick e eu praticamente apostamos uma corrida até ele e assim que ficamos cara a cara com os nossos filhos, só sabíamos dizer uma coisa.

Obrigada.

Obrigado.

Depois de esperar a eternidade que demorou para Rick pegar sua filha no colo e se afastar, foi a minha vez de segurar meu filho nos braços depois de uma semana de sofrimento e de pensamentos pessimistas.

Theodore estava bem.

E estava de olhos abertos.

Segurei o choro quando ele me olhou, com seus olhinhos inocentes e completamente azuizinhos. Não sei se eu não reparei em Daryl antes ou se ele se aproximou agora de nós, mas não pude deixar de olhá-lo, comparando seus olhos com o do nosso filho. Praticamente iguais, a única diferença é que os do Daryl são um pouco mais acinzentados, mas ainda assim, intensos. O caçador olhou do nosso bebê para mim antes de nos abraçar, não tão apertado quanto acho que gostaria e assim que eu o deixei segurar Theodore no colo, desviei o olhar brevemente para encarar Carol.

Ela sorria.

Sorri de volta para ela, sem saber se ia abraçá-la novamente ou se ficava aqui com os meus dois homens.

Escolhi a segunda opção.

Voltei a olhar para os meus dois Dixon e sorri ao ver a cena. Daryl estava com parte do rosto encostado na pequena bochecha do nosso filho, seus olhos estavam fechados e seu semblante parecia muito mais tranquilo do que minutos antes.

— Ele tem seus olhos. – Comentei com ele, sem conter o sorriso

Daryl pareceu segurar o sorriso e abriu os olhos para me olhar, ele concordou levemente com a cabeça, ajeitou nosso filho em seu braço e me estendeu sua mão. Peguei sua mão e não me surpreendi quando fui puxada para um abraço, e enquanto me aconchegava nele, fiquei brincando com a mãozinha do nosso bebê.

Eu nem poderia descrever o que eu estava sentindo, nem conseguiria colocar em palavras o que eu senti ao ver meu filho sendo carregado por Tyreese e mesmo achando que nada pagaria ele ter cuidado de Theodore por todo aquele tempo, eu continuaria lhe agradecendo.

— Não sei se ainda está pegando fogo. – Rick comentou e eu olhei para onde ele estava, lhe vi entregando sua filha para seu menino mais velho, enquanto seus olhos estavam presos na fumaça escura do outro lado da floresta

— Está, está sim. – Carol disse a ele, afirmando com a cabeça

— Pois é. – Rick murmurou alto, depois de respirar fundo – Precisamos ir.

— É, mas para onde? – Daryl lhe perguntou, mantendo o braço ao meu redor enquanto segurava nosso filho

— Algum lugar longe dali. – Rick respondeu, indicando Terminus e a bagunça que tínhamos deixado para trás com a cabeça

— Gabriela. – Carol me chamou, enquanto se aproximava com os mesmos panos que Tyreese estava usando minutos antes, como sling – Venha, vou te ensinar a fazer o sling para carregar o Theo.

Concordei com a cabeça e lentamente sai do abraço de Daryl, para me aproximar de Carol. Juro que tentei aprender, mas quando ela começou a fazer umas amarrações loucas no meu corpo com aquele pano, decidi perguntar como fazia aquilo depois, quando tivéssemos mais tempo. Daryl entregou Theodore para Carol e eu a deixei colocar o bebê no sling, numa posição muito boa para nós dois. Meu filho estava com a barriguinha virada para mim, com o rosto encostado em um dos meus peitos.

Se ele tivesse fome, não iria precisar tirá-lo dali para amamentar.

Seguimos viagem para lugar nenhum assim que todos estavam prontos, mas antes que nos afastássemos muito de Terminus, Rick pichou uma de suas placas, falando que não existia santuário algum.

Depois de longas horas de caminhada, decidimos montar um acampamento em uma clareira na floresta, fizemos duas fogueiras com as brasas baixas para não chamar muita atenção e nos espalhamos pelo pequeno lugar que denominamos como acampamento para uma noite só.

— Cortaram as gargantas e deixaram o sangue escorrer? – Repeti o que o caçador disse, sentindo todo o meu estomago embrulhar

— Como um abatedouro. – Daryl resmungou, estava sentado ao meu lado

— Rick está certo. – Murmurei, olhando para ele – Eles não podem viver, são... Porra, são canibais.

— Com sorte, já devem estar mortos. – Ele comentou, balançando a cabeça negativamente e desviou o olhar logo em seguida, quando escutou a risada contida de Jason e o encarou – Deveria ter me dito logo. – Daryl disse baixo, crispando seus lábios

— Tínhamos coisas mais importantes para pensar. – Falei para ele, também balançando a cabeça negativamente

— Ele tentou alguma coisa? – Daryl perguntou num tom de voz perigosamente baixo, seus olhos ainda estavam fixos no homem que conversava com Kylie e Sam

— Ele... – Murmurei, procurando palavras – Ele... me beijou.

Daryl rosnou e se levantou imediatamente, e ignorando as diversas vezes que chamei pelo seu nome, ele começou a caminhar a passos largos até o outro lado do acampamento, onde meu ex amante estava. Segurei Theodore direito e me levantei, seguindo os passos do caçador, tentando ser mais rápida que ele.

Mas só cheguei perto o suficiente quando Jason finalmente notou o caipira se aproximando, assim como Sam e Kylie.

— Ei, Daryl. – Sam o cumprimentou, com um pequeno aceno – E aí?

Jason virou seu rosto para o caçador e não teve conversa, não teve discussão nenhuma. Daryl simplesmente deu um soco no rosto dele, me fazendo parar de me aproximar deles, chocada. Fiquei ainda mais assustada quando vi Jason revidar o soco. Sam se meteu no meio dos dois, empurrando Daryl para longe do seu amigo enquanto Kylie fazia o mesmo com Jason. Glenn e Rick correram até eles e seguraram Daryl, deixando que Sam fosse ajudar a mulher loira a conter o militar raivoso.

— O que você está fazendo? – Escutei Rick perguntar, enquanto ele empurrava Daryl pelos ombros, para longe

— Não chega mais perto da minha mulher! – Daryl disse alto, seu tom de voz estava frio e descontrolado, como aquele velho Daryl da pedreira de dois anos atrás

— É bom mesmo ter receio! – Jason também disse alto, sua voz transbordava raiva – Porque eu voltei pra ficar.

— Abaixem o tom de voz. – Abraham os ralhou, mas mesmo assim, também estava falando alto – Vão chamar atenção para nós, seus idiotas.

E escutando os dois homens lançando xingamentos um para o outro, refiz o meu caminho para o lugar em que eu estava sentada anteriormente, pensando o quanto aquela noite seria longa e cansativa.

E o quanto eu estava ferrada.


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Notas finais do capítulo

Oies gente! ♥

Como vocês estão, tá tudo bem?

Confesso que fiquei dias pensando se já postava um cap ou se esperava mais alguns dias, até terminar de escrever a temporada, mas acabei decidindo postar. Acho que a coisa boa de ir escrevendo enquanto vocês me dão reviews é que se não gostarem de algo, eu sempre vou poder melhorar no cap seguinte, mudar algumas coisas e tals...

De começo não vão ter dois caps por semana e sim apenas um, toda sexta feira, okay?

Sejam pacientes comigo asdjha

VOLTAMOS! ♥

Ps: O que acham de um grupo no what's??



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