Nunca brinque com magia! escrita por Lyana Lysander


Capítulo 9
A sociedade do anel!


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por lerem e comentarem!
Próximo cap. domingo oks?!



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O clima antes já tenso parecia ter piorado, e o medo crescia em mim, pois sabia que aquilo estava enfim perto de acabar, e eu só poderia torcer para que fosse para o melhor.

—Não entendo tudo isso! -começou Boromir. -Saruman é um traidor, mas será que não teve um lance de sabedoria? Por que vocês só falam em esconder ou destruir? Por que não considerar que o Grande Anel chegou às nossas mãos para nos servir exatamente nesta hora de necessidade? Controlando-o, os Senhores Livres dos Livres podem certamente derrotar o Inimigo. Considero que isso é o que ele mais teme no momento, por isso está tão avido em sua busca. Os homens de Gondor são valorosos, e nunca vão se submeter a ele e nem a ninguém, mas podem ser derrotados. O valor precisa, em primeiro lugar, de força, e depois de uma arma. Deixem que o Anel seja nossa arma, se tem tanto poder como afirmam. Vamos tomá-lo e avançar para a vitória! -novamente senti o arrepio na espinha ao olhar a cobiça nos olhos daquele homem, e eu podia jurar que ele quase pulara em cima de meu amigo para pegar o anel.

—Infelizmente não. -disse mestre Elrond sabiamente. -Não podemos usar o Anel Governante. Disso sabemos muito bem. Ele pertence a Sauron e foi feito exclusivamente por ele e para ele, assim este é totalmente maligno. A força que tem, Boromir, é grande demais para qualquer um controlar por sua própria vontade, com exceção apenas daqueles que já têm um grande poder próprio. Mas, para estes, o Anel representa um perigo ainda mais fatal. Apenas desejá-lo já corrompe o coração. Considere Saruman. Se algum dos Sábios o derrotasse com esse Anel o Senhor de Mordor, usando as próprias artes, então se colocaria no trono de Sauron, e um outro Senhor do Escuro surgiria. E esta é outra razão pela qual o Anel deve ser destruído, enquanto permanecer no mundo, representará um perigo mesmo para os Sábios. Pois nada é mau no início. Até mesmo Sauron não era. Tenho medo de tomar o Anel para escondê-lo, e algo terrível acontecer. Por isso jamais vou tomá-lo para fazer uso dele.

—Nem eu! -disse Gandalf.

—E ela? -não sei quem disse as palavras, mas todos me olharam naquele momento.

—Como disse, a simples presença dos cavaleiros negros me faz passar mal, imagine o que aconteceria se eu tocasse o anel. Eu jamais o tomaria para mim...

—Entregar algo perverso a alguém que tem o poder puro, é manchar eternamente sua alma. -comentou Legolas altivo. -Não, nós elfos jamais permitiremos isso.

—Nem nós anões, essa criança deve ser protegida. -disse Gimli se levantando e empurrando a cadeira a frente sem querer, fazendo seu ocupante se desequilibrar, e eu sorri agradecida a eles.

—Acreditem quando eu digo que ela não precisa de vossas proteções amigos. -comentou um Aragorn com um sorriso de lado. -Apesar de que concordo que ela jamais deverá tocar este anel.

—Aura carrega um poder além de nossa compreensão meus caros, então como disse, se alguém como ela usar o anel, mesmo com a melhor das intenções, o caos causado ao nosso mundo seria inevitável. -Elrond olhou cuidadosamente a todos ali. -E como há  o anel, o senhor do escuro a cobiça. 

Boromir olhou-nos com dúvidas, mas abaixou a cabeça.

—Que assim seja! -disse ele. -Então, em Gondor, teremos de confiar nas armas que temos. E no mínimo, enquanto os sábios guardam o Anel, continuaremos lutando. Talvez a Espada-que-foi-Quebrada possa lutar contra a maré, se a mão que a empunha não tiver obtido apenas uma herança, mas a fibra dos Reis dos Homens.

—Quem poderá dizer? -comentou Aragorn. -Mas vamos testá-la um dia. -não tive como não sorri com sua resposta.

—Que o dia não demore muito. -disse Boromir. -Pois, embora eu não esteja pedindo ajuda, precisamos dela. Seria um consolo saber que outros também lutarão com todos os meios que possuem.

—Então sinta-se consolado. -mestre Elrond explicitou. -Pois existem outros poderes e reinos que não conhece, ocultos de seu conhecimento. O Grande Rio Andum passa por muitos lugares, antes de chegar até Argonath e os Portões de Gondor.

—Mesmo assim, seria melhor para todos.  -disse Glóin, o anão. -Se todas essas forças fossem reunidas, e os poderes de cada um fossem usados em aliança. Talvez haja outros anéis, menos traiçoeiros, que possam ser usados em nossa necessidade. Os Sete foram perdidos por nós, se Balin não encontrou o Anel de Thror, que era o último; nada se sabe dele desde que Thror sucumbiu em Moria. Na verdade, posso agora revelar que tinha uma certa esperança de encontrar aquele anel que Balin foi procurar.

—Balin não vai achar anel nenhum em Moria! -disse Gandalf. -Thror o deu a Thráin, seu filho, mas Thráin não o deu a Thorin. Entregou-o mediante tortura nos calabouços de Dol Guldur. Cheguei tarde demais.

Acusações foram feitas dos anões para os elfos, pois estes ainda possuíam seus anéis de poder, mas escondidos, e um pequeno tumulto parecia ter se iniciado ali mas antes que aquilo continuasse a voz aguda de Elrond se pronunciou.

—Você não ouviu o que eu disse, Glóin? -disse Elrond. -Os Três não foram feitos por Sauron, que nunca sequer os tocou. Mas sobre eles não se permite falar. Não são inúteis. Mas não foram feitos para serem usados como armas de guerra ou conquista: não é esse o poder que têm. Aqueles que os fizeram não desejavam força, ou dominação, ou acúmulo de riquezas, mas entendimento, ações e curas, para preservar todas as coisas imaculadas. Essas coisas os elfos da Terra-média ganharam em certa medida, mas com sofrimento, porém tudo o que foi realizado por aqueles que usam os Três será desfeito, e suas mentes e corações serão revelados a Sauron, se este recuperar o Um Anel. Seria melhor que os Três nunca tivessem existido. Este foi o propósito dele. -ele parou, e pareceu ponderar em suas próximas palavras. -A estrada deve ser percorrida, mas será muito difícil. E nem a força nem a sabedoria nos levarão muito longe, caminhando por ela. Essa busca deve ser empreendida pelos fracos com a mesma esperança dos fortes. Mas é sempre assim o curso dos fatos que movem as rodas do mundo: as mãos pequenas os realizam porque precisam, enquanto os olhos dos grandes estão voltados para outros lugares.

—Muito bem, muito bem, Mestre Elrond! -disse Bilbo de repente.  -Não precisa dizer mais nada! Está claro que e para mim que está apontando. Bilbo, o tolo hobbit, começou tudo isso, e é melhor Bilbo dar cabo dele, ou de si mesmo. Eu estava muito bem aqui, continuando meu livro. Se quiser saber, eu estava escrevendo um fim para ele. Pensei em colocar: e ele viveu feliz para sempre até o fim de seus dias. É um ótimo fim, e não faz mal que já tenha sido usado antes. Agora terei de alterá-lo, não é provável que se torne verdade, e de qualquer forma, é evidente que terei de acrescentar muitos outros capítulos, se viver para escrevê-los. É um trabalho terrível. Quando devo partir?

Boromir olhou com surpresa para Bilbo, mas o riso morreu-lhe nos lábios quando viu que todos os outros olhavam o velho hobbit com grande respeito. Apenas Glóin sorriu, mas este sorriso parecia vir de antigas lembranças. Um sorriso de orgulho e completo respeito pelo amigo de longa data.

—É claro, querido Bilbo. -disse Gandalf.  -Se você realmente tivesse começado essa viagem, seria de esperar que o terminasse. Mas você sabe muito bem que esse início é reivindicação demais para uma só pessoa, e que um herói só tem um papel pequeno nos grandes feitos. Não precisa fazer reverência! Embora a intenção do elogio seja verdadeira, e não duvidemos que, por trás dessa galhofa, você esteja fazendo uma oferta valiosa. Mas uma oferta além de suas forças, Bilbo. Você não pode pegar esse objeto de volta. Ele passou a outras mãos. Se continua querendo meus conselhos, diria que sua parte terminou, a não ser como escritor dos registros. Termine seu livro, e não mude o fim! Existem esperanças de que ele aconteça. Mas prepare -se para escrever uma sequência, quando eles voltarem.

Bilbo riu.

 -Nunca vi você me dar um conselho agradável antes. -disse ele. -Como todos os seus conselhos desagradáveis foram bons para mim, penso se este último não será mau. Mesmo assim, não acho que tenha forças ou sorte para lidar com o Anel. Ele cresceu, e eu não. Mas, diga -me: o que quer dizer com eles?

—Os mensageiros que serão enviados com o Anel.

—Exatamente! E quem são eles? Parece-me que é isto que este Conselho precisa decidir, aliás, é tudo o que precisa decidir. Os elfos podem se alimentar apenas de palavras, e os anões suportam grandes cansaços, mas eu sou apenas um velho hobbit, e preciso comer ao jantar. Não pode propor alguns nomes agora? Ou adiar a decisão até depois de comermos?

Ninguém respondeu. O sino do jantar tocou como o predizer de suas palavras. Mesmo assim, ninguém falava nada. Frodo, assim como eu, olhou novamente para todos os rostos, mas eles não estavam voltados para nenhum de nós. Todo o Conselho se sentava com os olhos para baixo, pensando profundamente. Um grande pavor me dominou, e olhei para meu amigo que parecia desesperado, como se estivesse aguardando o pronunciamento de alguma sentença que ele tinha previsto havia muito tempo, e esperado em vão que afinal de contas nunca fosse pronunciada. Ele se levantou e eu fiz o mesmo, o tocando e nesse momento senti seu desejo incontrolável de descansar e permanecer em paz ao lado de Bilbo em Valfenda, e esse sentimento encheu meu coração. Apertei sua mão e assenti a sua pergunta muda, o dizendo apenas com o mexer dos lábios que estava ali com ele, e o apoiaria no que decidisse. Finalmente, com muito esforço, falou, e pareceu surpreso ao ouvir as próprias palavras, como se alguma outra vontade estivesse usando sua pequena voz.

—Levarei o Anel. -disse ele. -Embora não conheça o caminho. 

Elrond levantou os olhos e olhou para ele, e ambos sentimos o coração devassado pela agudeza daquele olhar.

—Se entendo bem tudo o que foi dito. -disse ele. -Penso que essa tarefa é destinada a você, Frodo e que, se você não achar o caminho, ninguém saberá. É chegada a hora do povo do Condado, quando deve se levantar de seus campos pacíficos para abalar as torres e as deliberações dos Grandes. Quem, entre todos os Sábios, poderia prever isto? Ou, se são mesmo sábios, por que deveriam esperar sabê-lo, até que a hora chegasse? Mas o fardo é pesado. Tão pesado que ninguém poderia impô-lo a outra pessoa. Não o imponho a você. Mas se o toma livremente, direi que sua escolha foi acertada e se todos os poderosos amigos-dos-elfos de antigamente, Hador, e Húrin, e Túrin, e o próprio Beren, estivessem reunidos, haveria um lugar para você entre eles.

—Mas certamente o senhor não o enviará sozinho, Mestre? -gritou Sam, incapaz de se conter por mais tempo, e pulando do canto onde tinha estado sentado, quieto, sobre o chão. E além dele os outros dois hobbits vieram junto se prostrando ao lado de Frodo.

—Realmente não! -disse Elrond, voltando-se para ele com um sorriso. -Pelo menos vocês deve ir com ele. É quase impossível separá-los de Frodo, até mesmo quando ele é convocado para um conselho secreto, e vocês não.

Sam se encostou, corando e gaguejando.

—Que boa enrascada esta em que nos metemos, Sr. Frodo. -disse ele, balançando a cabeça. E Pipin sorria abertamente para todos ali.

—Eu também o ajudarei a carregar esse fardo Frodo Bolseiro, enquanto couber a você carrega-lo. -Gandalf se aproximou dele, e Frodo pareceu aliviado.

—Se por minha vida ou morte eu puder protegê-lo. Eu o farei. -Aragorn também se aproximou e se ajoelhou a sua frente. -Você tem minha espada.

—E o meu arco. -Legolas também se aproximou.

—Meu machado será seu companheiro. -Gimli também veio. 

—Você carrega o destino de todos nós pequenino. -Boromir se aproximava devagar. -Essa é mesmo a vontade do conselho? -ele sorriu desdenhoso. -Então Gondor também ira.

—Nove companheiros...

—Eu também irei. -me intrometi antes que Elrond desse seu veredicto.  

—Uma mulher, isso é... -começou Boromir parecendo revoltado.

—Perfeito. -completou Gandalf. 

Boromir pareceu querer ainda retrucar, mas ao olhar de Gandalf esse não se atreveu a falar nada.

Elrond e Gandalf se olharam por um longo tempo, mas por fim meu mestre me olhou.

—Já conversamos sobre isso criança, mas se ainda assim deseja partir com eles, tudo que posso fazer é dar-lhe minha benção. -sorri animada. -As esperanças de todos os povos livres recaem sobre vocês. Então que assim seja, vocês serão: A sociedade do anel.


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