Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 29
Capítulo 28 - Quando se quebra as regras esperadas


Notas iniciais do capítulo

Só para que vocês saibam: Chances voltou



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Carlie acordou quando o dia estava amanhecendo de fato, ainda haviam algumas manchas escuras no céu da noite o abandonando, cobrindo o pijama que ela dormia com um moletom e colocando suas galochas ela escapou para fora de seu quarto, seus movimentos tinham uma lentidão de admiração, não de cansaço, ela andou sem pressa ao redor da propriedade de sua família, observando as vacas correrem nos pastos, os pássaros acordarem junto com ela e os gansos se animarem no lago, o mundo era mais bonito quando visto de forma calma, sem exigências, sem expectativas, apenas sendo aceito do jeito que ele foi criado. Seus cabelos balançavam com o vento gélido daquele começo de dia quando em um impulso ela se sentou e cima da cerca e deixou que as reflexões tomassem de conta dela, absorvendo as emoções que ela estava tentando lidar aos poucos de uma vez. Ela não era quem achava que sempre foi, houveram mentiras na formulação do seu ser, haviam pessoas novas com significados diferentes agora, e as velhas estavam um tanto questionáveis. Olhou para a fazenda Cullen e pensou no noivado de Alec ontem, sobre o quão fácil foi ele dispensar o que aconteceu em Tacoma, como se ela fosse um fragmento do suficiente. Ela tinha plena certeza de que sempre foi mais que ele, porque ela já foi amada assim, com tudo que alguém podia dar a ela, Owen lhe cedeu sua alma e completou a dela antes mesmo de tocar seu corpo Talvez fora essa compreensão a culpada por as lágrimas que passaram a deslizar desesperadamente por suas bochechas, os soluços vieram a seguir, seus ombros tremiam logo que ela desejava ser melhor só para ser digna de algo da magnitude de um amor como o dele podia ser.

Ela as enxugou com brutalidade, é  lógico que Carlie Biers não as manteria por muito tempo, ela era mais do tipo que fazia algo sobre elas, e assim agiu, sua rebeldia infundada dando as caras sem preocupação alguma enquanto ela ia até o estábulo e preparava Leal para uma corrida, ainda que seu pai não a tenha dado permissão para tal ato, o cavalo estava ali depois de uma competição acirrada era até injusto que eles não tivessem sua própria comemoração, e ela precisava respirar, ela precisava voltar a si. Então suas roupas foram trocadas por peças que haviam nos armários do lugar e não demorou para que segurando forte em seus cabrestos Carlie estivesse galopando pelos campos de Forks com uma velocidade quase perigosa. A neblina ainda presente dava um ar selvagem a sua decisão mas ela a manteve, correndo com tanta determinação que calos se formavam em suas mãos enquanto pedia para Leal ir o mais rápido que pudesse.

De repente por si próprio ele concluiu que a fúria dela era o bastante e estagnou na metade do caminho deixando uma Carlie ofegante quase indignada se perguntando o que faria a seguir. Ela saltou do animal o olhando como se questionasse como ele ousou fazer escolhas por ela mas não falou em voz alta, ela bagunçou os fios cobres de sua cabeça e mais uma vez fitou em volta. Foi com verdadeiro choque que ela encarou a imagem de um Owen encostado a porteira final do local, de costas para ela encarando a estrada para a saída da cidade. Ela se aproximou com cuidado, não era hesitação, era realmente preocupação, não tinha mais a intenção de machucar Owen, se colocou ao seu lado e ele não parecia surpreso quando a olhou, ele deve ter sentido sua presença há muito antes, porque ele tinha talento em descobrir onde ela estava e a fazer se sentir amada nesse ambiente.

— Achei que havia voltado para New York. – Carlie admite em um fio de voz, não entendendo porque ele ainda está aqui, muito menos porque se colocou nessa posição vulnerável no meio do nada. Owen suspira.

— Fiz as malas, fiz o checkout, estava pronto para ir, quando chegasse lá fingiria que minha vida não foi sobre amar você e não ser escolhido, tinha um bom plano, sério. – ele esclarece de forma embargada, os dois sabem que tem um mais para frente, por essa razão se observam com tanta intensidade. – Então se essa versão da minha vida que sempre foi a verdadeira não me servisse mais qual outra eu encontraria? Sem você? O que qualquer coisa do mundo pode significar para mim sem você? – Carlie odeia o quão eloquente ele pode ser ao questionar, como se a resposta fosse simples.

— Certamente algo bom, porque ambos sabemos que... Que sou uma covarde Owen, que tenho medo, de te amar, te escolher, disso me consumir, não sei amar como você, sou tão egoísta e... – ela nem consegue sintetizar os motivos, e ela realmente não o suporta por inspirar nela o desejo de tentar.

— Quando tudo deu errado você fugiu com Alec Cullen, simples assim, por que não comigo? Por que não me pediu para continuar dizendo sim a você para tudo? Por que não me deu a chance de te ajudar a se consertar? – Owen continuava com as questões complicadas.

— Porque foi uma péssima decisão, a de correr da verdade e fingir que ela não existe, e possivelmente houveram consequências para ele, e você acha que sinto muito por isso? Não, eu não podia me importar menos, porque mesmo que de alguma forma queira ele, porque eu quero Owen, não me importo com ele, não como me importo com você, não posso estragar nada para você, não mais. – não se preocupava a ser verdadeira a esse ponto. Não por Owen.

— Bom, parabéns, quando você estragou pela primeira vez foi para sempre, porque nunca vou amar alguém como amo você, nunca vou conhecer ninguém como você, nunca ninguém vai ser para mim metade do que você é. – se era sinceridade que ela queria ai estava. E foi tão poético, aquele cenário, aquela confissão, a parede de todas as mentiras finalmente desmanchada, o universo mais liberto para que ele pudesse destinar as pessoas que mereciam ficar juntas. Ela pensava nisso, certo, essa é sua justificativa, ela completamente tinha esses pensamentos quando se aproximou só mais um pouco, o modo leve como seus lábios se tocaram fora só um belisco comparado ao quão longe já foram, o modo com seus narizes roçaram um no outro fora só uma migalha perto das vezes como suas respirações já se misturaram, o modo como Carlie abraçou seu pescoço não fora nada aos momentos que seus corpos já se entrelaçaram, ainda sim, de todos aqueles segundos anteriores esse presente foi o que disse mais sobre eles.

Eles inspiraram seus cheiros, eles se apertaram contra si, eles decidiram em seus corações, e quando se olharam eles sabiam a resposta, é lógico que eles sabiam.

[...]

Bella não ficou surpresa quando um de seus funcionários comunicou que Carlie havia desobedecido o pai e buscou Leal para fazer companhia a ela, conhecia a filha bem demais para saber que aquela ordem teria seus limites ultrapassados no dia seguinte, ainda sim ela e Jasper sorriram um para o outro tomando café no jardim quando concluíram que pensaram a mesma coisa. Eles sempre tiveram essa conexão. As pessoas que se amam se ouvem até mesmo no silêncio.

— Você está bem? – a prioridade de seu marido sempre seria que ela e seus filhos estivessem bem, Bella sorriu levemente abandonando seu copo de suco e colocou as emoções para fora.

— Por todo esse tempo estive preocupada com a reação da Carlie ao saber de tudo porque ela tinha um lado Cullen e acabei ignorando que ela tem mais uma parte Biers, tudo vai dar certo, sei disso agora porque enquanto conversávamos ontem ela me olhou e lembrei das vezes que você foi bom, ela agiu como você. Acho que é finalmente hora de eu parar de acreditar que o passado significa tanto, pensei que quem me prendia a ele era Carlie, mas era só eu mesma. – a confiança que tinham a permitia desabar, seu marido também sorriu em concordância.

— Então devíamos chamar os Cullens para um almoço, tirar as cercas que dividem as terras, irmos para Hamptons juntos ou algo assim? – ele brinca para aliviar o clima com o sol os iluminando de maneira animadora, Bella revira os olhos por brincadeira antes de dar a volta na mesa e se colocar em seu colo, Jasper abraça sua cintura e a olha, como se fitasse o mundo todo, porque Isabella Swan sempre foi isso para ele.

— Suas piadas estão envelhecendo mal Jasper Biers... Ao contrário de você. – sussurra a última parte antes de se inclinar e beijá-lo com amor, em meio a sorrisos e pequenos selinhos, porque as coisas faziam mais sentido se eles encontrassem o rumo um no outro. Não, ela não preferia sua história antes dele, o modo como amou antes foi profundo, mas ao mesmo tempo tão superficial, não era ancorado em nenhum tipo de força, mas o que sentia por Jasper era uma fortaleza em tempos sombrios, era o arco-íris depois da chuva, e não, as gotas de algo não eram algo ruim, só eram mais frias e mais solitárias que as cores brilhantes.

Quando seus filhos menores chegaram e viram a cena fizeram uma típica careta de nojo fingida mas não deixaram de se acomodar em seus lugares para apreciarem as especiarias matinais, Tommy foi o responsável por deixar tudo bonito, com sua inocência fez relatos da competição por pontos de vistas que os adultos nunca veriam e até mesmo Liam falhou em não mimá-lo, o colocando em suas pernas e volta e meia ameaçando o morder por não aguentar seus encantos. Assim que Carlie surgiu Liam não parou de ser feliz, mostrando que já havia superado suas últimas ações horríveis inclinou a cabeça para a cadeira ao seu lado e animada ela se juntou a eles. Todos estavam cientes de que Carlie burlou as regras sobre Leal. Mas todos também estavam cientes que ela precisava daquilo para encontrar de novo um jeito de vir para casa.

[...]

Ela não achou surpreendente que ele viesse, por todos esses anos no fundo ela tinha conhecimento que essa conversa aconteceria, criou em sua mente algumas possibilidades de como seria, mas em nenhuma se via tão calma como se encontrava agora, logo que ela veio para o trabalho Edward apareceu no Haras querendo esclarecer tudo, ela deixou algumas responsabilidades com Aro e concordou em caminhar com ele pela área de competição querendo colocar os pingos nos is.

— Fui egoísta não te contando sobre Carlie, me desculpe, você merecia saber. Qualquer um merecia. Não que sirva de alguma coisa me explicar agora, mas ela era tudo o que eu tinha antes, estava aterrorizada com a ideia de que você poderia machucar ela como fez comigo, e eu só queria protegê-la. É isso que as mães fazem, só querem que seus filhos não saiam quebrados das decisões que elas tomaram.  – teve coragem para o enfrentar dizendo como se sentia, Edward não tinha muito do que reclamar a essa altura, então ele apenas suspirou e colocou sua maior preocupação na mesa.

— Ela vai ficar bem? – sobre tudo, ele queria saber, ela iria se recuperar? Iria confiar de novo? Saber que ele era pai dela tinha ferrado as coisas para ela completamente? Ele de forma alguma queria isso. Bella o admirou por tal pergunta, quase o avisando que era assim se você sabia como era ser um pai, colocando seus filhos acima das suas próprias exigências.

— Ela vai, tão rapidamente que você vai achar estranho, porque ela é boa, não porque é sua filha, minha, ou do Jasper, mas porque ela é a Carlie. Ela só é... intensa. Não consegui podar a força dela, nunca quis, fosse para o bem, ou para o mal, queria que ela soubesse colocar para fora quem era, não podia deixar sua própria existência sufocá-la. – explicou e Edward sorriu de lado agradecendo em seu coração por aquela garota ser assim.

— Ela gosta de Alec. – ele não era tão bobo para não notar, Bella não tinha certeza sobre isso porque nunca tinha os visto próximos o suficiente para observar essas concepções, e mesmo que não parecesse Carlie não era aberta sobre se apaixonar. Ela esperou que ele continuasse. – Ele vai casar, com a Bree, daqui a pouco tempo. Ela também vai ficar bem sobre isso? – porque não queria outra mulher Swan com um coração partido por um Cullen. Bella pensou a respeito um pouco.

— No inicio ela vai considerar que ele é um medroso bastardo por não escolhê-la.  – revela com firmeza Edward a olha curioso tentando entender onde isso vai levar. – Ela vai odiá-lo depois, por fazê-la duvidar que o amor é realmente algo bom. – continua ainda convicta Edward presta mais atenção finalmente descobrindo. – Mas um dia, quando ela estiver resolvida e descobrir que nem todo amor precisa ser para sempre para ser amor e ser bom ela vai olhar para ele como estou te olhando agora e vai esperar com todo coração dela que ele esteja feliz, e se ele não estiver, ela vai torcer para que encontre a felicidade, porque ele a deu a ela, por um breve período de tempo é certo, mas foi felicidade. – os olhos de Edward marejaram assim como os delas quando entendeu, seguiram andando juntos agora em silêncio, separados de forma que de fato não sabiam o que o outro estava pensando, esperavam que de alguma forma fosse um: valeu a pena.

[...]

Jasper abraçou a filha pelos ombros enquanto ela esfregava as mãos em frente a fogueira esperando se aquecer naquela noite de inverno logo que a família Biers decidira que para restabelecer mais uma vez a paz familiar marshmallows eram uma boa pedida. Liam e Tommy competiam por alguns espetos enquanto Bella era especialista em assá-los. Carlie ergueu a cabeça e observou o olhar astuto do pai que dizia que o gesto de acolhimento viria seguido de algumas perguntas, no fim se não viessem com uma bronca pelo que ela fez mais cedo ela sabia que podia lidar bem.

— Owen não foi embora. – comenta com ela como quem não quer nada, Carlie ergue uma sobrancelha, então era sobre isso, conselhos amorosos como se a carga emocional de sua vida já não estivesse cheia o bastante.

— E eu tenho outro pai. – se tinham que falar sobre assuntos que ainda não eram os melhores para eles então ela também podia entrar nesse jogo, a expressão de carinho de Jasper não se alterou em nenhum momento com a afirmação.

— Acha que estou preocupado com esse fato? – ele era bem ciente das suas habilidades na paternidade então a insegurança estava longe. Mas Carlie havia aprendido a lê-lo com o tempo.

— Acho que se estivesse não diria, principalmente para mamãe não se sentir culpada por despertar insegurança em mais uma pessoa. – não tinha papas na língua de fato. Jasper concordou, entendo seu ponto.

— Sabe que eu vi sua mãe se apaixonar por Edward quando não sentia nada além de amizade por mim não é? O modo como ela o amava Carlie, era forte, era importante, Bella era tola por ele, consegue imaginar sua mãe sendo tola por alguém? Eu me perguntava; e se um dia ela me amasse, seria bastante se não fosse daquele jeito? Eu realmente queria que nosso amor fosse menos emocionante que o que ela sentiu por ele? Quando nos casamos, a cada dia quando construímos nosso amor eu me perguntei isso, então descobri que o jeito que a sua mãe me ama não é menos do que o que ela amava ele, era diferente de uma forma que me fez entender que o melhor tipo de amor é aquele quando queremos amar a pessoa a quem o dedicamos, quando nossa vontade nos faz corajosos para continuar, quando ela é o suficiente para lutarmos.   – havia tantas verdades ali que Carlie precisou de um respirou para aceitar todas.

— Isso não explica sobre o que sente a respeito de Edward ser meu pai. – ela nota após um tempo. Jasper sorri com carinho.

— Mas te diz o que você precisa saber sobre Owen. – quando ele fala tal coisa Carlie solta uma gargalhada emocionada.

— Isso sim responde sobre Edward, você não está inseguro sobre ele ser meu pai porque você foi o meu antes mesmo de eu existir e me conhece completamente. – finalmente percebe e eles finalmente escapam de seu casulo pessoal de conselhos para o mundo encantado do doce de nuvens brancas doce e bonito que Tommy mastiga com entusiasmo.


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