Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 28
Capítulo 27 - Amor Benevolente.


Notas iniciais do capítulo

Faz tanto tempo que não posto aqui, tanto tempo mesmo que eu nem sei por onde começar uma explicação digna desse sumiço, e pela qual vocês possam ficar menos chateados comigo, então não vou fazer, só quero dizer que voltamos.
Agradeço cada comentário presente aqui, cada pessoa que me perguntou por essa história e sua continuação, é importante saber que gostam tanto assim do que estou colocando para vocês aqui.
Espero que me perdoem, que comentem nesse capítulo para eu saber que ainda estão aqui e que gostem dele.
p.s: Qualquer informação sobre minhas fanfics e suas próximas postagens estará presente no instagram: vafanfics.

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721365/chapter/28

Ponto de vista: Carlie Biers.

Sentada naquele feno balanço meus pés com um ar reflexivo, é tarde e há uma barulheira lá fora por causa da festa que está acontecendo, eu não devia estar aqui, não devia estar fazendo isso, mas, não sou a garota das regras oficialmente. Preciso desse momento de paz, após esse conjunto de acontecimentos surpreendentes na minha vida, o noivado de Alec não chega nem em décimo lugar nos meus problemas, mas, ainda me deixa atordoada, o irônico é que querendo me afastar da realidade fui para o lugar que ela é mais próxima de mim.

Abraço meus próprios joelhos, e por cima da minha calça desenho um coração imaginário. Até consigo sorrir por minha infantilidade, nesse momento gostaria de voltar a minha infância. Ouço passos vindo até mim e encontro uma expressão surpresa. Edward parece chocado com o fato de eu estar em seu estábulo, ignoro esse sentimento, e continuo a agir automaticamente, olhando para as poucas luzes que iluminam o ambiente.

— O que faz aqui? — não se controla e faz a pergunta, com muita hesitação ele coloca seu blazer que estava em seu braço de lado e se senta perto de mim como se temesse que eu fosse começar um escândalo. Respiro fundo e olho em volta.

— Esse é o meu lugar especial. Onde gosto de vir quando tudo está uma droga. — explico sem muitos detalhes, e compreensão chega a sua face, ele deve saber a concepção de Isabella sobre esses lugares. Ele parece nervoso com essa conversa, com certeza não sabe como agir depois de como me comportei ao saber que era filha dele.

— O seu lugar se localiza em uma propriedade que não é sua? — sua tentativa de ser engraçado, me faz suspirar, quando nota que não se saiu bem faz uma careta.

— Eu sou uma Cullen, não sou? De forma legal um dia vai ser tudo meu. — murmuro com certo desdém. O fato de ter aceitado, mesmo que ele não saiba, tentar ter uma relação fraternal com ele, não quer dizer que irei facilitar nossa interação. Edward tem que lutar. Por algo. Que seja por mim. — Você fugiu do noivado do seu filho? — puxo assunto, quando percebo que o mesmo não teve uma reação decente para a última frase.

O Cullen assente, antes de me olhar como se quisesse fazer um discurso, mas, não conseguisse achar as palavras necessárias. Tinha reconhecimento. Mas, também tinha pena.

Ele sabe sobre mim e Alec.

— Se eu pudesse controlar...As ações dele, eu com certeza o impediria de cometer esse erro. — me comunica como se isso fosse uma prova do quanto ele quer que eu seja feliz. Dou uma risada cheia de escárnio, apenas porque a situação é ridícula o suficiente.

— Você não pode. — digo convicta. — Você nunca nem controlou as suas próprias ações. — acuso e seus olhos marejam, tais como os meus. — Você não deve repetir o ciclo...Ele tem que ser rompido, as pessoas não foram feitas para serem controladas, foram feitas para viver...Quando foi a última vez que viveu, Edward? — uma lágrima solitária desliza por sua bochecha e ele a enxuga rapidamente.

— Eu sinto muito. — inicia assim o que pretende me dizer, meu coração se acelera por causa de sua sinceridade. — Por só ter isso para te oferecer como pai...Eu não sou alguém do tipo que outra pessoa se orgulha, eu parei no tempo, e não consegui decidir o que queria para minha própria vida, eu perdi a sua mãe e eu realmente a amava. Mas, a pior perda foi perder a mim mesmo...Eu me envergonho de não poder mostrar uma face honrável para você, de não ter feito algo do qual você pode achar bonito...E até um tempo atrás eu não sentiria nada disso, porque não importaria, eu já estava conformado com a perda dessas coisas...Mas, agora que sei sobre você, não quero me conformar em te perder antes de fazer você ao menos gostar de mim. — fala quase desesperado.

— Eu gosto de você. — os olhos deles se arregalam. — Eu gostava de como me sentia com você, antes de saber que era meu pai nos poucos momentos que tivemos juntos. Mas, eu tenho medo, do que acontece a seguir se eu admitir que quero ter você como pai. — digo aflita e ele começa a chorar mais. — Eu não quero perder o que tenho com Jasper, mas, eu também não quero perder o que poderia ter com você. — complemento emocionada. — Não posso pedir que mude por mim...Eu não sou o suficiente para isso. — é o que acho sobre essa situação.

— Por que diz isso? — questiona praticamente em um sussurro, mordo os lábios.

— Eu fui o suficiente para Alec? Ele passou um bom dia comigo e no fim dele preferiu uma vida cheia de frustrações. — argumento  sem hesitar.

— Eu acredito que um filho seja o suficiente para qualquer mudança. — fala com um ar mais convicto que o meu, espero que ele explique. — Pelo menos foi o que aconteceu com Esmee. — nesse momento devo estar com uma expressão horrível, sei da história de Esmee e é dolorosa.

 Suspiro, tentando engolir mais das lágrimas que estão por vir.

— Então, por que fugiu para o estábulo? — questiono voltando aquele tema, ele entende que não quero nada profundo agora.

— Minha mãe fez um discurso sobre amor no noivado do Alec, e não poderia soar mais hipócrita. — esclarece rindo com escárnio. — Qual a sua desculpa? — aqueia uma sobrancelha e eu dou uma risada parecida com a dele.

— Fiz um discurso para a minha mãe sobre te perdoar e não poderia soar mais esperançoso. — admito sem me importar em o quão grande isso pode ser. Nos olhamos calmamente, como se estivéssemos nos conhecendo pela primeira vez, como se a história do pai que conhece a filha não tivesse de fato começado quando o humilhei em uma festa, nos olhamos como se pudéssemos dar uma chance ao outro. Em seguida desviamos esse olhar e focamos na noite lá fora.

— Devemos tentar isso com passos pequenos. — sugere com um ar carinhoso, de alguma forma pode sentir em meu coração que estou cedendo. — Cavalgar amanhã, talvez? — dou uma risada quanto a isso e ele fica confuso.

— É meio ridículo, mas, Jasper me colocou de castigo, então estou sem meus cavalos. — explico com uma careta, e ele suspira sorrindo.

— Seria de má índole se meu primeiro ato como seu pai fosse desobedecer a última ordem do seu primeiro pai e te comprar uma coleção de cavalos? — posso sentir a diversão em sua pergunta então gargalho e ele me acompanha.

— Sim. Eu acho que sim. — rimos mais.

Edward machucou minha mãe com falta de decisões reais, ele escolheu não fazer nada do que queria, mas, sim do que as outras pessoas diziam ser o certo, e qualquer um pode o julgar por isso, eu o julguei, joguei na sua cara a tal aparente covardia, mas, sinceramente quando você está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas, isso não te dá ao direito de ser cruel. O quão melhor eu sou que ele? Eu tomo as próprias decisões da minha vida, sim, e ultimamente elas tem sido as piores, me colocando em um pedestal de garota rica que não pode ser abalada por nada fui abalada com algo pelo qual eu não achei que seria: a história dos meus pais, dos meus verdadeiros pais. Isso é o fato sobre o passado, ele vai embora, em algum momento ele, e você tem que aceitar isso, a pior parte não é sobre como você muda depois dos erros que comete, mas, sim de como as pessoas passam a te ver após esses erros. Será que alguém uma dia ousou perguntar a Edward se ele queria mudar quem é?

Acho que não.

Também acho que um dia vou estar pronta para fazer essa pergunta.

E espero um sim, e quando ele vier eu vou estar aqui para ajudá-lo a encontrar-se.

Por estar ficando tarde, decidi que era melhor eu voltar para a propriedade dos Biers, Edward imitou meu gesto se levantando. Nos fitamos em silêncio, apenas aceitando a conversa que acabamos de ter e esperando que ela pudesse ser o começo de uma história sobre redenção. Ele não tentou nenhum movimento, nem ao menos um aperto de mãos para se despedir, o respeitei por isso, mas, não o copiei. Em uma ação que durou segundos pulei em cima dele e o abracei como provavelmente fiz com Jasper quando comecei a andar e ele pediu que eu fosse até ele. Ofegante apertei seus ombros com lágrimas nos olhos, tentando me acostumar a seu acolher que logo se tornou tranquilo, ele pareceu finalmente poder respirar quando colocou os braços em volta de mim e chorou naquele ato. Ele tinha um cheiro bom. Aquele momento era bom. Estávamos bem ali.

Quando nos separamos, enxuguei meu rosto com pressa e ri um pouco.

— Só para garantir...Caso amanhã eu volte a ser uma vaca..Não quero que ache que esse momento não foi importante. — quando dou essa desculpa me viro sem esperar resposta, mas, estou sorrindo tão aliviada quanto ele.

[...]

Jasper está na sala quando chego a ela, o mesmo está observando a lareira de modo calmo, fito meu pai com delicadeza, aceitando o fato de que mesmo que tudo esteja confuso para mim, para ele e todos os outros também não está nada obvio. As pessoas não sabem o jeito certo de seguir. Enfim, o lance sobre a empatia tem que funcionar. Quando nota minha presença me avalia.

— Sumiu por que estava irritada com o castigo ou pela conversa profunda com sua mãe? — questiona porque de um jeito ou de outro sabe que não deixarei de respondê-lo com a verdade. A verdade é sempre bem vinda.

— Sumi porque é isso que eu faço quando fico aterrorizada...Quando não sei agir sobre as coisas que acontecem. — explico sem me aproximar muito.

— E agora sabe? — nota que estou mais controlada.

—Não...Mas, pela primeira vez eu percebi que não é sobre mim...Talvez minhas próprias decisões tenham que serem tomadas com mais consenso em relação as pessoas que são importantes para mim. — admito exausta.

— Então, o que fará a seguir? — questionou curioso, e um tanto feliz com meu comportamento.

— Deixar acontecer Jasper Biers. — anuncio divertida, antes de me encaminhar em direção as escadas. Lá em cima me viro com um sorriso. — Eu te amo, pai. — preciso que saiba disso mais uma vez. Ele sorri também.

— Eu amo você, Carlie.

E foi assim que a noite que o cara que um dia viria ser o amor da minha vida noivou; eu tive duas conversas interessantes com os meus pais e descobri que talvez segundas, terceiras, quartas, quintas, e sextas chances são interessantes quando o amor, em seu estado mais benevolente está presente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu, porque adorei escrevê-lo, foi realmente emocionante para mim.
Comentem!