Claire's Anatomy escrita por Clara Gomes


Capítulo 12
Capítulo 12 – ABC.


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal! Eu sei que eu andei um pouco sumida, mas é que a escola está me sugando ultimamente. Sem contar que eu andei com uma espécie de bloqueio criativo, que mesmo com os capítulos prontos, eu não conseguia ter paciência de sentar na cadeira para revisar e postar. Mil desculpas pelo sumiço, vou tentar evitar ao máximo que isso aconteça! E assim que a época de provas acabar, vou pelo menos tentar me dedicar mais a essa história.
Bom, sobre o capítulo, veremos um novo personagem que estará sempre presente agora, apesar de não muito aprofundado. Lembrando que tudo de psicologia que eu sei eu aprendi em Private Practice, então me perdoem se tem alguma barbárie hahaha
A música foi escolhida mais ou menos pelo nome, porque realmente não achei nenhuma que se encaixasse com o tema do capítulo. Link: https://www.youtube.com/watch?v=Vnrzn4EZgzE
Agora, vamos finalmente ao capítulo. Eu realmente espero que vocês gostem, pois apesar de não ser algo muito bombástico, é uma etapa necessária para a história. Boa leitura!



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“Prova: 1. Aquilo que demonstra que uma afirmação ou um fato são verdadeiros; evidência, comprovação; 2. Trabalho escolar, ger. composto de uma série de perguntas, que tem por finalidade avaliar os conhecimentos do aluno; teste, exame; 3. Qualquer experimento para verificar ou testar a qualidade de uma coisa”. Por que eu comecei falando sobre a palavra prova? Porque era a única coisa que eu pensava nesse dia. Há vários tipos de provas: prova de amor, que normalmente são loucuras que pessoas fazem por outras para demostrar o quão apaixonadas estão; prova de amizade, que, na minha opinião, é estar ao lado de certa pessoa para o que der e vier, sem desistir, aconselhando e sendo honesto (quando possível), mas isso também pode ser considerada uma prova de amor; há provas de um crime, evidências que comprovam o que ocorreu e/ou quem cometeu; na medicina, as provas normalmente são os exames que fazemos, que apontam se existe uma doença ou não, e de que tipo. Mas a prova da vez, era o que pode se usar a definição 2 do início. Nossa carreira estava em risco.

— Fico feliz que tenha aceitado fazer terapia, Claire. É muito bom ter alguém para conversar quando está passando pelo o que você está. – afirmou o terapeuta, encarando-me nos olhos.

— Obrigada... – sorri sem graça, olhando a sala à minha volta. Era bem decorada, num estilo moderno, mas também aconchegante, que passava uma certa confiança e conforto.

— Então, acho bom começarmos pelo tiroteio, que foi sem dúvidas um evento traumatizante na sua vida. – falou, desviando o olhar para a prancheta que segurava.

— Eu já falei sobre isso com aquele psicólogo especialista em trauma que o hospital ofereceu, então... – tentei usar essa desculpa, dando de ombros.

— Mas eu preciso que você me conte sobre esse dia. É muito importante para te ajudar, Claire. Tenho que fazer minhas próprias anotações. – retrucou, com uma calma quase irritante.

— Okay, o que você quer saber? – suspirei rendida, fechando os olhos.

— Bem, pode começar me contando como foi aquele dia. O que aconteceu, o que estava fazendo...

— Eu acordei com meu namorado ao meu lado, nós transamos na cama, depois transamos no chuveiro, tomamos café e viemos para o hospital. Lexie Grey designou um paciente do pós-operatório de Richard Webber a cada um de nós, internos. Eu cuidei de meu paciente, e fui ao encontro de Akira. Rebecca se aproximou com uma cara preocupada, mas nós achamos que era brincadeira. Pouco tempo depois o atirador nos viu e perguntou se éramos cirurgiões, Rebecca disse que sim e ele apontou a arma para ela, então eu fechei os olhos me preparando para o disparo, e quando abri-os novamente, vi o cadáver de meu namorado no chão com uma bala na testa. – parei por um instante, relembrando a cena nitidamente, porém prendendo as lágrimas – O homem tentou atirar novamente, mas suas balas tinham acabado, então Rebecca me arrastou para o quarto de um paciente, e ficamos escondidas lá até a SWAT nos acompanhar para fora. – finalizei, tentando me manter o mais calma possível.

— Okay... Bom, eu tenho algumas perguntas. Primeiramente, como era seu relacionamento com seu namorado?

— Não poderia ser mais perfeito. Nós nos entendíamos, raramente brigávamos, o sexo era incrível...

— Ele dormia sempre em seu apartamento?

— Sim, nós nunca fomos no dele. Eu morava pertinho do hospital, então nós optávamos pelo meu apartamento.

— Você se mudou de seu apartamento?

— Eu estou morando com meus pais desde o acontecido, mas ainda mantenho o imóvel.

— Bom, voltando ao tiroteio... Faz parte do protocolo do hospital ficar em confinamento quando há esse tipo de ameaças. Todos recebemos um bipe especial, ordenando que ficássemos onde estávamos. Você ignorou esse bipe?

— Eu achei que fosse um treinamento, ou algo do tipo. Quer dizer, nós nunca imaginamos que terá um atirador no hospital, né? – ri fraco para tentar quebrar o clima.

— Claro... Mas o protocolo é para ser seguido, lembre-se disso da próxima vez.  Continuando, você disse que duvidou de Rebecca, quando ela apareceu assustada. Você não confia nessa moça?

— Não confiava na época, mas desde o ocorrido, ela tem sido uma grande amiga.

— Que bom, é ótimo termos alguém que passou por uma experiência traumática parecida com a nossa para conversarmos. Bem, você disse pouco sobre aquele tempo em que ficaram escondidas no quarto do paciente. Descreva o que vocês fizeram ali.

— Nós ficamos um tempão paradas, praticamente sem respirar, com medo do atirador nos encontrar. Depois nós relaxamos um pouco mais, foi quando minha ficha caiu novamente, e eu desatei a chorar, com ela tentando me confortar. Nós ligamos para a Emergência, e depois de nem sei quanto tempo, a SWAT veio nos escoltar para fora.

— E depois disso?

— Depois nós caminhamos pelos corredores, passamos pelo corpo de Akira, que já estava sendo investigado, e ao chegarmos lá fora, nos revistaram e fomos até as ambulâncias e fizeram alguns exames. Respondemos algumas perguntas para um policial e pouco depois nos liberaram. Meus pais já estavam me esperando, e quando me viram viva quase tiveram um ataque. Rebecca não tinha ninguém, então meus pais obrigaram ela a ir conosco. Tomamos banho, fomos forçadas a jantar, e ficamos cada uma em um quarto. Minha mãe custou para me deixar sozinha, mas no final das contas ela cedeu. E foi isso.

— Agora descreva como você se sentiu com todos os acontecimentos, desde o começo do dia.

— Estava sonolenta quando acordei, com tesão depois que Akira e eu começamos a nos beijar, tive um orgasmo, me senti feliz, depois estranhei que ele estava estranho, mas voltei a ficar excitada e ter um orgasmo enquanto transávamos no chuveiro, depois notei que estava com fome, viemos para o hospital e eu fiquei com tédio quando Lexie nos designou aqueles pacientes, fiquei preocupada porque Akira disse que tinha um pressentimento, daí não senti nada quando examinava o paciente, e fiquei confusa pelo bipe que recebemos. Quando me encontrei com meu namorado no corredor eu fiquei feliz ao vê-lo, depois duvidosa quanto a Rebecca e sua cara de assustada, aí eu mesma fiquei assustada ao ver o homem apontando uma arma para nós, contudo depois de ouvir o disparo eu me senti aliviada por estar viva, mas quando abri os olhos e vi Akira, fiquei aterrorizada e senti raiva do atirador, e não sabia muito bem o que fazer. Fiquei aliviada quando ele puxou o gatilho e não tinha mais munição, e apavorada quando Rebecca me puxou para longe dali. Ao nos escondermos, estava muito tensa, e depois que relaxamos um pouco, o alívio voltou, mas a tristeza veio junto porque eu processei a morte de Akira. Lembrei-me de ter encontrado o atirador no elevador e fiquei com mais raiva ainda, e depois me preocupei com Derek Shepherd, porque o homem estava atrás dele. Quando a SWAT veio nos buscar, eu assustei ao ver o agente, mas senti alívio de novo, porém fiquei chocada ao ver o corpo de Akira novamente, me senti vulnerável ao ser revistada, e muito mal ao responder as perguntas. Antes de meus pais chegarem, eu estava perdida e me sentia sozinha, mas depois melhorou um pouco. O resto do dia se resume em muita tristeza e raiva do atirador.

— Uau, bem detalhado. – ergueu as sobrancelhas, olhando no relógio – Infelizmente nosso tempo acabou, mas eu te vejo semana que vem, okay?

— Está bem. – dei de ombros e sorri educadamente, me levantando – Adeus, Dr. Miller. – estendi minha mão para ele apertar.

— Até semana que vem. – sorriu fraco apertando minha mão e eu assenti, deixando a sala logo em seguida.  

Segui até o andar da Obstetrícia, pois teria uma consulta com Roger para dar uma olhada nos bebês. Encontrei com o homem no corredor conversando com uma enfermeira, e, ao me ver, tratou de dispensar a mulher e vir até mim.

— Bom dia, Claire! – sorriu com seu ânimo típico.

— Bom dia. – respondi, sorrindo fraco.

— Vamos lá? – apontou para a Sala de Exames mais próxima, e eu concordei com a cabeça. Adentrei na sala e deitei-me na cama.

— Você conhece alguém que é adotado? – perguntei, enquanto esperava-o começar o exame.

— Eu sou adotado. – respondeu, olhando-me confuso – Você está pensando em não manter os bebês?

— Eu não sei... É que eu tenho pensado muito, e eu tenho que ver o que é melhor para eles. E eu não sei se eu seria a melhor chance deles. Quer dizer, eu quero que eles tenham pais presentes, uma família afetuosa, igual eu tive. Mas eu nem sou uma residente ainda, e quando eles nascerem talvez eu seja, o que vai consumir muito do meu tempo, e eles não terão pai... Talvez se forem para a adoção, terão tudo isso. – desabafei, suspirando.

— Bom, no meu caso, eu dei sorte. Eu nasci na África e consegui vir para a América... Meus pais dizem que no segundo que me viram, sabiam que eu era o filho deles. Minha mãe tentou engravidar de várias maneiras, mas acabou que eu me tornei o filho. Eu creio que adoção é a melhor oportunidade para muitas crianças, mas acho que você dá conta disso. Você não está sozinha, tem seus pais, os pais dele, e até sua amiga Rebecca parece estar bem-disposta a ajudar. Aliás, você falou com os avós paternos, não é?

— Não sabia dessa parte da sua vida... – sorri fraco, referindo-me a ele ser adotado – Sim, eles ficaram felizes, falaram que virão visitar de vez em quando, e vão me mandar um bom dinheiro por mês.

— Então, você não acha que tem que pensar neles também? É um pedaço do filho deles que está crescendo em sua barriga.

— Eles não têm palpite aqui... – apontei para minha barriga – Só algumas visitas e mandar dinheiro não dá o direito de eles decidirem o destino dessas crianças... A não ser que eles queiram adotar. Mas isso é só uma opção, um devaneio que eu tive... Eu estou disposta a cuidar dos bebês, só tenho medo de fazer um péssimo trabalho.

— Você não vai. Pode contar até comigo, se precisar. Somos amigos, certo?

— Obrigada... E somos amigos. – sorri, e ele imitou meu gesto.

— Agora vamos ver esses bebês. – falou, começando a passar o aparelho de ultrassom em minha barriga. Depois de um tempo checando tudo, inclusive minha saúde, o mesmo concordou com a cabeça – Está tudo nos eixos... Está liberada.

— Obrigada de novo, Dr. King. – agradeci e levantei-me da cama.

— Sempre que precisar. – rimos fraco e eu saí da sala, antes que um clima constrangedor se formasse.

Caminhei pelo corredor e peguei um elevador até o andar cirúrgico, avistando Rebecca no caminho, que correu até mim ao me ver.

— Então, como foi a terapia? – perguntou, e continuamos a andar lado a lado.

— Foi normal, como toda terapia... Como você se sente e blá blá blá. – respondi, dando de ombros.

— Eu estou orgulhosa que você está fazendo terapia. – sorriu sem mostrar os dentes.

— Corta essa, você nem acredita nessa baboseira de psicologia. – retruquei, estreitando os olhos.

— Desculpa, eu só queria dar um apoio. – riu fraco – E como vão as coisas em casa?

— O mesmo de sempre, minha mãe não larga do meu pé nem por um segundo, não me deixa fazer nada! Você acredita que ela se ofereceu para me ajudar a tomar banho, esses dias? – indaguei, negando com a cabeça mostrando indignação, fazendo-a gargalhar.

— Talvez nós devêssemos nos mudar para a casa da Meredith Grey, todo mundo está morando lá mesmo. – ergueu uma sobrancelha, e eu ri fraco.

— A esse ponto, nem parece tão má ideia assim... – suspirei, e arregalei os olhos ao cair em mim – Oh meu Deus, hoje é o dia da prova!

— Vai me dizer que você não sabia? – franziu o cenho.

— É claro que eu sabia, só havia me esquecido depois de toda essa coisa de terapia... – rebati, com um olhar aterrorizado – E se eu reprovar?!

— Você não tem feito outra coisa além de estudar, se você reprovar, pode desistir da carreira.

— Você não está preocupada? – questionei, olhando-a inconformada.

— Por que estaria? Eu me preparei bem, e sem contar que eu tenho um talento natural para medicina. – deu de ombros e ergueu o queixo, mostrando confiança.

— Se a prova fosse sobre modéstia... – murmurei, revirando os olhos.

Avistamos Lexie escorada no balcão das enfermeiras, cercada por Diego e Anastasia, que pareciam discutir com a residente. Aproximamo-nos dos três, e finalmente ouvimos do que se tratava a conversa.

— Por favor Dra. Grey, eu preciso cortar alguém para desestressar! – implorou Diego, fazendo cara de pidão.

— Vocês têm que relaxar, matem tempo na cantina, revisem, façam o que quiserem, mas nada de pacientes para os bonitinhos hoje. – retrucou a residente, negando com a cabeça – Pensem que em seu próximo paciente vocês já serão residentes! – sorriu, tentando nos animar – E não me desapontem nesse teste, eu acredito que vocês aprenderam o suficiente para evoluírem. – pediu, nos olhando séria – Agora vão caçar outras coisas para fazer, que eu tenho que trabalhar. – finalizou e afastou-se de nós, sumindo no corredor.

— Vadia! Além de roubar meu namorado, ainda se recusa a nos ajudar! – disse Anastasia, inconformada, e nós rimos.

— Ela está certa, em nosso próximo paciente poderemos ser os residentes, ao invés de meros internos ridículos. – falei, dando de ombros.

— Mas o que vamos fazer? – Rebecca bufou, cruzando os braços.

— Já sei! – exclamei, animada – Sigam-me. – parti em direção ao elevador, e todos me seguiram.

Descemos até um dos últimos andares do hospital, e caminhamos até uma sala fria e escura, que tinha um ar aterrorizante.

— O necrotério? Essa é sua melhor ideia? – questionou Rebecca, erguendo uma sobrancelha.

— Vocês não querem cortar? Então vamos cortar. – afirmei, sorrindo maliciosa, e me aproximei de um dos cadáveres.

Coloquei as luvas, peguei um kit cirúrgico, preparei a mesa e agarrei o bisturi, respirando fundo antes de cortar o “paciente”. Medi o peitoral do corpo, que era de um homem, e depois de pensar um pouco, pressionei a lâmina contra a pele, fazendo um corte reto.

— O que você pretende fazer? – perguntou Anastasia, se aproximando.

— Não sei, só estou seguindo os instintos. – dei de ombros, olhando aquele corpo cortado ao meio. Por mais estranho e apavorante que isso pareça, aquilo me dava um enorme prazer. A ideia de cortar um paciente para salvá-lo, me deixava radiante.    

—-

Depois de nosso “recreio” no necrotério, comemos alguma coisa leve e já nos dirigimos à sala em que seria aplicada a prova. Sentamo-nos perto um do outro, e em pouco tempo o cômodo já estava lotado de jovens médicos, a maioria com um olhar aterrorizado no rosto.

Eu batia o lápis contra a carteira, tentando descarregar meu nervoso. Olhava em volta inquietamente, torcendo para aquele sofrimento acabar logo. Virei-me para Rebecca, que estava sentada ao meu lado, e a mesma possuía um semblante calmo, com os braços cruzados enquanto observava o ambiente. Suspirei sentindo-me uma tola por estar tão nervosa, e tentei encher minha mente de coisas positivas. Sem perceber, já estava batendo o lápis mais rápido e com mais força sobre a mesa, fazendo um barulho irritante. Senti uma mão agarrando a minha e parando o lápis, e virei-me repentinamente para ver quem era.

— Para com essa porra, obrigado. – afirmou Diego, erguendo uma sobrancelha.

— Desculpa... – falei, sem graça.

— Todos virados para frente. – ordenou uma voz, adentrando a sala – Meu nome é Dra. Anderson, e eu vou ser a aplicadora de vocês. – continuou, colocando um envelope grosso contendo vários papeis sobre a mesa – Qualquer comunicação entre participantes será sujeita a desclassificação. Saídas para beber água e ir ao banheiro, apenas com nosso outro aplicador. – apontou para um rapaz mais novo – A prova terá 3 horas de duração, a partir do momento que eu permitir a abertura dos cadernos. Não haverá tempo extra para o preenchimento do gabarito. Sobre a mesa, apenas lápis, borracha e caneta. O tempo mínimo é de 2 horas. – escreveu algumas coisas na lousa – Não esqueçam de assinar no local indicado. Nós vamos entregar as provas agora, mas vocês só poderão abrir ao meu sinal. – ela pegou metade dos papéis de dentro do envelope e entregou a outra para o moço, e ambos começaram a distribuir.

— Boa sorte. – sussurrei para meus amigos, que me desejaram o mesmo. A mulher olhou-nos torto e acabou de entregar as provas, voltando para a frente da sala.

— Podem começar a prova, e a partir de agora o silêncio deve prevalecer. Daqui 2 horas, quem acabou pode entregar, e em 3 horas todos serão obrigados a entregar, mesmo que não tenham acabado. Lembrando que apenas as respostas do gabarito serão levadas em consideração. Boa prova. – disse seriamente, e todos abrimos os cadernos quase que ao mesmo tempo.

As primeiras perguntas foram fáceis, eu tinha certeza do que estava respondendo e isso me acalmou um pouco. Depois da primeira hora de prova, eu já estava começando a me cansar, então as palavras começaram e se embaralhar e as respostas não pareciam mais tão claras. Decidi que era uma boa hora para fazer uma pausa, então ergui meu braço e pedi para ir ao banheiro. O jovem me acompanhou, e eu usei o vaso e dei uma lavada no rosto, passando no bebedouro e dando um gole de água na volta. Senti-me mais leve por mais um período de tempo, até que a segunda hora se completara.

— Quem já terminou, pode entregar. – disse a mulher, sentada na mesa do aplicador.

Metade da sala levantou-se e entregaram as provas, o que começou a me desesperar. Só eu ainda estava muito atrasada nas questões? Espiei a morena ao meu lado, que passava as respostas para o gabarito. Os outros dois de meu grupo pareciam concentrados na prova, aparentemente ainda fazendo as questões. Respirei fundo e tentei focar em meu próprio teste, mas me desconcentrei novamente quando Rebecca deixou a sala, me desesperando de novo. Olhei para ela aterrorizada, e a mesma retribuiu com um olhar calmo, e gesticulou para que eu respirasse fundo, deixando a sala. Limpei a garganta e voltei a ler as perguntas.

— 10 minutos, eu aconselharia que vocês começassem a passar no gabarito. – afirmou a aplicadora, fazendo-me arregalar os olhos.

Ainda faltavam algumas questões, e o desespero tomou conta de mim novamente. Senti meu estômago revirar, mas me segurei para não vomitar, tentando fazer as últimas perguntas rapidamente. Decidi passar as que eu tinha certeza para o gabarito, e faltavam 3 minutos quando eu terminei de passar todas as que eu fizera. Tentei ler as últimas, mas percebi que seria inútil, então chutei todas na alternativa C, de Claire. Fiz uma breve oração e respirei fundo, olhando no relógio. Bem na hora.

— O tempo acabou, podem ir entregando as provas. As questões que não foram passadas para o gabarito serão consideradas erradas, eu sinto muito. – afirmou a mulher, passando de carteira em carteira recolhendo nossas provas. Hesitei um pouco na hora de entregar, mas a mesma puxou o caderno de minha mão, continuando seu trajeto.

Senti meu estômago dar mais uma revirada brusca, e corri até a lixeira mais próxima, deixando tudo que comera o dia todo sair. Senti alguém segurando meu cabelo, que apesar de estar curto, insistia em entrar na frente.

— Hey, você está bem? – perguntou a voz feminina que estava atrás de mim, e reconheci que era Anastasia.

— Mais ou menos. – respondi, e a loira me entregou um lenço de papel, que usei para limpar a boca.

— Obrigada. – sorri sem graça e retomei o fôlego, seguindo para fora da sala.

— E aí, como foram? – questionou Rebecca, que nos esperava ao lado da porta.

— Não muito bem. – afirmei, suspirando – Como você conseguiu fazer tudo antes do tempo máximo?

— Eu sempre fui rápida nas provas. – deu de ombros – Tenho quase certeza que eu vou passar.

— Que bom para você. – Lewis revirou os olhos, caminhando ao nosso lado.

— Eu também creio que vou passar. – disse Diego, também andando conosco.

— Eu tive que chutar as últimas sei lá, 8 questões. – falei, frustrada.

— Eu lembro que a última eu coloquei C. – afirmou Anastasia.

— Não era C, era D. – retrucou o rapaz.

— É claro que era C, em que mundo você vive? – a morena franziu o cenho.

— Ainda bem que chutei certo, pelo menos. – ri fraco.

— Vamos parar de discutir sobre essa maldita prova, porque agora já foi. – a loira suspirou.

— O que nós fazemos agora? – perguntou o moço.

— Caçamos pacientes? – sugeriu Rebecca.

— Vamos perguntar para a Lexie. – falei, apontando para a residente, que saía do quarto de um paciente – Dra. Grey? – chamei, fazendo-a olhar para nós.

 — Hey! A prova já acabou? Como foram? – indagou, aproximando-se da gente.

— É... – Anastasia e eu respondemos.

— Bem. – os outros dois deram de ombros, ao mesmo tempo que nós.

— Espero que vocês passem. – sorriu sincera, nos entreolhando – Do que precisam?

— O que fazemos agora? – questionou Diego, olhando-a duvidoso.

— Tiram o resto do dia de folga, vão para casa, para um bar, façam o que quiserem, desde que não envolva praticar medicina nesse hospital. – respondeu, erguendo os ombros.

— Ah, descola uns pacientes para nós, Dra. Grey. – implorou Rebecca, batendo o pé.

— Vão embora. – rebateu pausadamente, e deu as costas para nós.

Nós quatro bufamos e ficamos em silêncio, provavelmente todos pensávamos em alguma coisa.

— E aí, alguma ideia? – disse o rapaz, coçando a cabeça.

— Joe’s? – sugeriu Anastasia.

— Acho que é o que tem para hoje mesmo. – a morena riu fraco – Vamos nos trocar e tomar umas várias.

—-

Entramos no bar do Joe’s e sentamo-nos numa mesa, e logo uma garçonete veio nos atender.

— O que vão querer? – perguntou, sorrindo simpática.

— Pode trazer uma rodada de tequila. – afirmou Diego, nos entreolhando.

— Para mim não. – apontei a barriga, rindo fraco – Pode ser uma Coca-Cola com limão e gelo.

— Okay, algo mais?

— Por enquanto é só. – disse Rebecca, secando a garçonete.

— Nem disfarça. – brincou o rapaz, sorrindo malicioso para a morena, enquanto mastigava um amendoim, que eram servidos como petisco em todas as mesas.

Todos rimos e ficamos em silêncio por alguns minutos, até a garçonete voltar com nossos pedidos.

— Um brinde ao nosso exame, e que nenhum de nós seja um fracasso. – propôs Cooper, erguendo sua dose de tequila. Nós três também erguemos nossos copos, que se encontraram no ar, e viramos nossas bebidas.

— Nós vamos ser bons médicos. – afirmou o rapaz, assentindo com a cabeça, enquanto olhava o nada.

— É, nós vamos. – concordei, também viajando em pensamentos.

— Aquele é... – falou Rebecca, estreitando os olhos para um homem que acabara de adentrar o bar e se encontrava no balcão.

— Roger, meu obstetra. – respondi, também olhando o rapaz.

— Tchau. – a morena levantou-se e foi até o homem, jogando seu charme.

— Okay né... – ri fraco, negando com a cabeça.

— Querem dançar? – convidou Diego, levantando-se – É a única coisa que me resta, não tem nada para mim aqui.

— Eu topo. – Anastasia sorriu, levantando-se – Você não vem, Claire?

— Não, eu me canso muito fácil, é melhor eu ficar aqui. – dei de ombros tentando parecer convincente, mas na verdade eu não sabia dançar, então não o fazia em público.

— Okay. – sorriu fraco e seguiu o rapaz até um local onde algumas pessoas dançavam.

Dei um gole em minha Coca-Cola e fiquei assistindo os dois. Perdi-me em pensamentos, e cheguei até a pensar como seria se Akira estivesse ali. Talvez o mundo não estaria tão cinza.

Provas fazem parte da vida. Mas nem sempre elas provam alguma coisa. Isso fez sentido? Às vezes nos esforçamos tanto para provar alguma coisa, que acabamos estragando tudo. Tanto em provas escolares, que têm o objetivo de testar o quão bons somos, quanto provas de amor, que às vezes saem um pouco exageradas e acabam provando o contrário. Então relaxe. Estude quando necessário, mas não enlouqueça. Seja simples nas provas de amor. Dê o seu melhor em tudo o que for fazer, faça de coração, com paixão, e talvez será o suficiente.


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Notas finais do capítulo

E aí, vocês acham que todos eles vão passar na prova para se tornarem residentes? Comentem por favorzinho gente, cada vez que vocês leem um capítulo e não comentam, uma fada morre, sabiam?
Ah, e eu queria fazer uma pergunta meio fora do contexto: vocês assistiram "13 Reasons Why"? Cara, eu estou apaixonada por essa série. Se não viram ainda, corram lá pra ver!
E é isso pessoal, beijos e até mais!



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