Assim que acordei, fiz a minha higiene matinal, como toda garota faz pela manhã. Coloquei uma roupa adequada para ir á escola, como toda garota normalmente faz – dependendo – Peguei a minha mochila que estava jogada no canto do quarto e desci as escadas para a cozinha.

Por milagre, meus pais ainda não tinham acordado, então fiz o meu café da manhã sozinha. Preparei duas torradas com queijo e presunto, e um suco de laranja. Fiz tudo rapidinho e comecei a comer calmamente. Cada mordida que eu dava na minha torrada, o queijo era puxado junto. Me digam, é ou não é tudo de bom?

Terminei de comer tudo e joguei a louça na pia. Pus a mão no bolso e tirei de lá o meu celular, para poder ver a hora. É, não demorei tanto a comer, ainda faltam uns minutos para eu poder sair. Sentei-me no sofá da sala e cruzei os braços, encarando a tela da televisão desligada, só vendo o tempo passar. Não deu dois minutos até que comecei a ouvir uma buzina de carro muito suspeita. Levantei e fui até a janela, abri a cortina e vi Sasuke, abrindo a porta do carro e caminhando até a minha porta. Ótimo.

Logo comecei a ouvir passos vindo e as batinas insistentes na porta. Alguém não levantou de bom humor hoje.

— Sakura, abre a porta! – resmungou ele. Acontece que eu já fiquei mais do que dez segundos parada na frente da porta fechada, parecendo uma idiota.

Quando Sasuke disse sobre me buscar, eu achei que era uma brincadeira da parte dele, realmente pensei isso.

Abri a porta para que ele pudesse entrar.

— Por que toda essa demora, Sakura? – perguntou, arqueando as sobrancelhas. Dei um meio sorriso mentiroso para ele, que pareceu não perceber.

— Eu não ouvi a buzina, desculpe – É Sakura, você merece um prêmio por mentir tão bem sem motivo nenhum.

— Que seja, vamos logo ou vamos nos atrasar – falou, já me puxando porta a fora de casa.

Nem consegui trancar a porta, porra! Imagina se assaltam a minha casa, com os meus pais dentro? Já digo, é tudo culpa do Sasuke.

Entrei no seu carro preto e me sentei no banco do carona, abrindo o vidro da janela até o final. Caramba, que calor!

— Que fogo todo é esse, Sakura? – perguntou Sasuke, me encarando sério.

Eu bufei.

— Está muito calor, não tenho culpa – resmunguei.

E de fato tava bem calor mesmo, pois percebi as gotas de suor que já escorriam da testa de Sasuke.

Fiquei quietinha todo o trajeto até a escola. Observando as pessoas e as casas passando por nós rapidamente, já que Sasuke não andava tão devagar de carro. Ainda sim, dava para aproveitar o tão belo vento gelado sobre nossas peles.

Nem percebi quando chegamos á escola, e vi Sasuke batendo a porta do carro e esperando na frente da minha, com os braços cruzados e me olhando com o cenho franzido.

— Você não vai sair? – perguntou.

Eu revirei os olhos e cruzei os braços abaixo dos seios.

— Estou esperando você abrir a porta para mim – falei como se fosse óbvio – Seja mais gentil, Sasuke.

Ele bufou, mas não moveu um dedo sequer. 

— Vai sonhando que eu vou fazer isso pra você Sakura, vai – disse.

Eu resmunguei algumas coisas que nem eu mesma pude decifrar e saí do carro, batendo o pé firme no chão.

— Não fale mais comigo, Uchiha – bati a porta do carro forte demais, e marchei até a porta da escola, encontrando os meus amigos parados ali, observando toda a cena minha com o Sasuke.

Ótimo, depois vou sofrer de piadinhas idiotas do pessoal, ou sendo mais exata, de Ino.

— Então quer dizer que você está aceitando carona do Sasuke, Sakura? – Ino perguntou, sem outras segundas intenções (imagina).

Eu não falei?

— Só aceitei porque não queria vir a pé pra escola, só isso – respondi com quem não quer nada.

Só para prevenir, cumprimentei os outros da forma mais rápida possível e fugi dali, evitando qualquer outra possível conversa nada discreta com Ino em relação á Sasuke Uchiha. Caminhei até a minha sala de aula, ainda um pouco vazia por conta do horário. Só havia eu, e mais outro aluno de cabelos ruivos ali.

Nunca o tinha visto antes, deve ser aluno novo. Ele tinha cabelos ruivos, (isso já falei) seus olhos eram castanhos e hipnotizantes, não quanto os de Sasuke, mas eram assim de uma forma diferente. Ele estava quieto na sua cadeira, desenhando algo em seu caderno. Deve ser assustador mesmo, mudar de escola bem dizer no meio do ano, abandonar os amigos da antiga e quando muda para outra, não conhecer absolutamente ninguém e ficar sozinho. Eu por exemplo, não sei como é, nunca mudei de escola. Não que eu me lembre.

Caminhei lentamente até ele e parei ao seu lado, com um sorriso amigável no rosto. O garoto não demorou muito percebeu a minha presença e fechou rapidamente o seu caderno, devidamente constrangido com alguma coisa.

— Oi – sorri para ele, que retribuiu o sorriso.

— Oi – respondeu, com as bochechas levemente coradas. Que fofo.

— Você é novo aqui, não é? – perguntei, e o mesmo assentiu positivamente com a cabeça, parecendo triste – Bom, acho que você não conhece ninguém aqui, mas vou te ajudar com isso, tudo bem? – estendi a mão.

— Claro, mas...nem sei o seu nome!

— Ah sim, me desculpe – sorri amarelo, sentindo as minhas bochechas corarem – Meu nome é Sakura Haruno.

— Belo nome, Sakura – elogiou. Gostei desse cara – Meu nome é Sasori Akasuna, muito prazer – me estendeu a mão também, e a apertei de leve, ainda com o mesmo sorriso idiota no rosto.

Já vi que vou me dar muito bem com esse garoto, ele é super gente boa.

Sem mais nem menos, joguei a minha mochila em cima da mesa do lado da dele e sentei ao seu lado, cruzando os braços em frente ao corpo. Eu e Sasori conversamos naquele meio tempo antes de tocar o sinal para o início das aulas. Falamos sobre coisas banais, ele me contou de seus gostos, e eu dos meus. Cara legal mesmo.

Assim que o sinal tocou, foi entrando mais e mais alunos aos poucos, uns conversando, outros de mãos dadas, e outros berrando, ou seja, meus amigos acabaram de chegar. Assim que Naruto e Ino me viram sentada em um lugar que não era meu, ambos franziram a testa, devidamente confusos comigo. Antes que pudessem falar algo, a professora Anko chegou, atirando as suas coisas em cima da mesa, murmurou um “Bom dia, pivetes” e começou a passar rapidamente algo no quadro negro. Ela é um amor de pessoa, não é gente?

Peguei meu caderno da matéria dela dentro da mochila e algumas canetas do estojo, meio que desesperadamente para não me atrasar a copiar e correr o risco de ela apagar e eu ficar sem o conteúdo, só!

Sasori percebeu o meu desespero quando olhei pro quadro e ela já copiava a terceira parte, e eu não tinha começado nem a primeira! Ele sorriu para mim e me mostrou o seu caderno, tudo copiado e bonitinho. Entendi como “Depois eu te empresto”, e sorri também.

Depois de umas duas infinitas horas de aula, finalmente o intervalo tinha chegado. Eu poderia comer, descansar, comer, conversar com os amigos, e comer. Eu já disse comer? Pois é.

Guardei os meus materiais na mochila e a pendurei num ombro só, com o celular na outra mão. Como prometido, eu ficaria com Sasori nos intervalos, apenas para que ele não ficasse sozinho, e o apresentaria para o pessoal. Meus amigos são legais e com certeza o receberiam bem, estou certa.

— Vamos? – perguntei para Sasori, o esperando terminar de guardar os materiais dentro da mochila.

Ele deu um meio sorriso, parecendo um pouco receoso de conhecer gente nova, só acho.

— Vamos – respondeu, me seguindo para fora da sala de aula.

Caminhei sem pressa com Sasori ao meu lado pelos corredores, estávamos indo para a cantina comprar alguma coisa. Antes quando ele estava sentado, eu não tinha percebido mas, Sasori é bem mais alto que eu, e era bem bonito mesmo. Seus cabelos ruivos bagunçados o deixavam mais misterioso. Também como seus olhos cor de mel, que me deixavam presa quando o olhava, por isso evitava olhar diretamente para os seus olhos, vai que eu corra o risco de babar na frente dele. Ele usava uma calça jeans e um moletom preto, e um par de all star da mesma cor.

— Então, por que você mudou de escola? – perguntei, com quem não quer nada. Sasori me encarou com as sobrancelhas arqueadas, mas logo sorriu, e percebi que ele também tinha covinhas.

— Minha avó quis mudar para cá, sabe, aqui é uma cidade pequena e mais tranqüila, diferente de Suna, que tivemos que enfrentar vários problemas com os moradores de lá, principalmente eu – respondeu, sem me encarar.

Chegamos á cantina e nos sentamos em uma mesa vazia, um de frente para o outro. Tirei um pouco de dinheiro da minha mochila e fui comprar um suco e um hambúrguer, junto de Sasori que apenas pediu batatas fritas. Pagamos tudo e nos sentamos novamente.

— E você não sente falta de seus amigos? Sei lá, tipo, deve ser ruim abandona-los de uma hora para a outra, não é? – falei, dando o terceiro gole do meu suco de uva.

Sasori mordeu a metade de sua batata frita. Eram grandes e pareciam realmente saborosas.

— Não muito, quer dizer, eu tinha poucos amigos, eram confiáveis mas, não vão fazer tanta falta pra mim – disse, comendo outra batata frita, que já estavam acabando.

Eu dei uma mordida enorme no meu hambúrguer, estava muito bom mesmo. Mastiguei tudo e tomei outro gole de meu suco.

— Você não gostava de seus amigos? – Sakura, já chega. Acho que estou sendo um pouco intrometida demais, acabei de o conhecer, não pergunte coisas assim!

Sasori não pareceu ficar ofendido com a minha pergunta, ele apenas riu, mostrando os seus dentes perfeitos e brancos.

— Sim eu gostava, só não quis me apegar muito á eles, porque sabia que uma hora ou outra teria que ir embora – respondeu, terminando de comer a última batata frita.

Eu sorri para ele, e dei uma última mordida no meu hambúrguer, assim terminando de comer. Tomei meu último gole no suco também.

Eu suspirei, de pura satisfação. Meu lanche estava realmente muito bom, a vontade de comer mais um hambúrguer daqueles era muita tentação, mas precisava manter a forma. Não que isso fosse muito trabalho para mim.

— E você? – Sasori me perguntou, me encarando com o cenho franzido.

— Eu o que? – me fiz de desentendida.

Ele deu uma risada gostosa.

— Me conte sobre você, sua vida. Já contei sobre a minha, agora é a sua vez – respondeu.

— E você ainda não me contou tudo sobre você – retruquei – E aliás, não tenho nada de interessante para contar, minha vida é tão sem graça – falei num tom divertido.

Sasori me encarou como se eu tivesse dito algo terrível. Eu estranhei.

— O que foi?

— Ninguém tem a vida sem graça, Sakura – pronunciou – Você só tem que saber curti-la do jeito certo, só isso.

(...)

Depois de mais umas duas aulas torturantes de matemáticas com Yamato, fomos liberados para ir para casa. Ele de fato sabia ser um bom professor, mas dava conteúdos um tanto chatos. Mas nada que eu não pudesse suportar é claro, sou Sakura Haruno. Guardei o meu material na mochila e me preparei para sair da sala, não antes de esperar Sasori.

Falando assim, parece que nos conhecemos há anos. Nos demos tão bem, na verdade. Ele vai saber fazer amigos rápido se não for tão tímido. Nada que não se resolva se Sasori conhecer os meus amigos escandalosos, ele perderá essa timidez bem rapidinho, só num piscar de olhos. É, meus amigos fazem milagres mesmo.

Assim que saímos da sala juntos, nos encontramos com os meus amigos, na porta da sala, todos me encarando com os braços cruzados e uma expressão um tanto cômica, parecia até que eu tinha feito algo muito grave para ficarem tão irritados.

— O que você pensa que está fazendo, Sakura Haruno? – indagou Ino, parecendo furiosa. Essa loira desmiolada não sabe ficar irritada comigo, não mesmo – Por que não ficou com nós no intervalo?

Os outros concordaram com a cabeça, também de braços cruzados. Revirei os olhos.

— Qual é, eu tava com um amigo – apontei para Sasori, que permanecia em silêncio.

No mesmo momento todos se viraram para ele, o olhando de cima a baixo. Sabem exatamente como deixar uma pessoa que não conhece ninguém com medo, isso é fato.

— Relaxa, eles são gente boa – sussurrei para Sasori, que encarava meus amigos com a sobrancelha levantada, e o rosto levemente corado.

— Seja bem vindo, amigão! – Narutou berrou, dando um abraço de urso em Sasori. Coitado, logo cair nos braços de meu amigo cabeça oca.

— Valeu – respondeu Sasori, meio sem graça – Meu nome é Sasori Akasuna – cumprimentou, estendendo a mão para o loiro, que a apertou prontamente.

— Meu nome é Naruto Uzumaki – Se prontificou o meu amigo – Vamos conhecer o pessoal! – gritou nos ouvidos de Sasori. Credo – Esse aqui é o meu melhor amigo, Sasuke Uchiha – apontou para Sasuke, que fazia cara de indiferente, olhando para o ruivo – Não se preocupe com ele, é cara de bunda assim, mas é uma boa pessoa – questionou com um sorriso sacana – Esse é o Shikamaru, o cara preguiçoso como pôde perceber – apontou para o mesmo que não parava de bocejar, enquanto se apoiava em Temari, que fazia cara de cu – Neji Hyuuga, o primo da Hinata – O outro moreno só acenou com a cabeça, assim como Hinata com o rosto mega corado. Tão fofa – Temari e Gaara, os dois irmãos. E o branquelo é o Sai. E por último, Ino Yamanaka, a melhor amiga de Sakura.

Por fim as apresentações acabaram, e o silêncio se instalou ali por alguns segundos. Parecia que Sasori estava tentando decorar o nome de cada um, assim suspirou e encarou a todos.

— Acho que vou saber quem é quem – Ele riu – Prazer conhecer todos vocês.

— O prazer é nosso – Alguns falaram em uníssono, outros ficaram em silêncio, o que é de se esperar.

Ino parou ao meu lado, e me abraçou pelos ombros. Lá vem bomba.

— Por que não ficou com nós no intervalo? Nem falou comigo, nem olhou na minha cara – fingiu indignação – Você está me trocando, é isso Sakura? Não quer saber mais da sua amiga, que te ajuda nos bons e maus momentos? Te dá conselhos sobre a vida, principalmente a sua vida amorosa? É isso então, nossa amizade não está sendo mais a mesma, o que eu fiz de errado? Me diz, porque eu...

— Ino, cala a boca – resmunguei irritada – Nunca trocaria a minha melhor amiga, entendeu? – Ela assentiu com a cabeça – Só estava fazendo companhia para Sasori, ele é novo aqui na escola e não conhece ninguém! Nunca trocaria vocês, simples assim – revirei os olhos.

— Acho bom mesmo – Ela assoou o nariz, com a barra da blusa. Nojento!

— Ino, você é tão dramática – Tenten começou a rir – Acho que você está na TPM hoje, só acho.

É Tenten, estou concordando com você. Quando Ino fica tão chateada por alguma coisa besta, é porque está de TPM. E ela fica ainda mais chata do que já é, brincadeira.

— É Tenten, você acertou – suspirou derrotada – Só não me troquem que vocês vão ficar bem – reviramos os olhos. Quanto drama para uma pessoa só.

— Hinata-chan, você quer uma carona para ir para casa? – Naruto perguntou, passando os braços ao redor do ombro da morena, que ficou vermelha feito um tomate. Neji fez a mesma reação, só que estava irritado. É, primo ciumento não é fácil.

— Pode ser – respondeu ela, tropeçando um pouco nas palavras.

E ambos saíram, e Neji foi pisando duro atrás. Depois fica de vela e não sabe por quê.

— Ino, sua mãe vem te buscar? – perguntei para a loira, que mexia tranquilamente em seu celular rosa.

— Sim, ela já deve estar vindo – respondeu com um sorriso – Você vai embora com quem?

— Não sei – falei – Sasori, onde você mora?

— Perto do Ichiraku, dobrando umas três ruas, somente – disse ele, tirando o seu celular do bolso – Achei que a minha avó fosse me buscar, de carro – franzi o cenho. A avó dele sabe dirigir? Nossa, que descoberta fascinante, Sakura – Mas parece que não – suspirou.

— Tudo bem então, eu também moro para lá, podemos ir juntos – sugeri com um sorriso de canto, meio envergonhado também.

— Okay – concordou, e saímos.

Assim que comecei a caminhar com Sasori para fora do colégio, senti um olhar conhecido sobre nós. Dei uma olhada arriscada para trás e reconheci Sasuke, me olhando com aquele olhar indescritível dele, enquanto nos afastávamos cada vez mais, a passos lentos. Alguém aqui parece estar com ciúmes.