Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Só uma observação, nessa FIC, Beto e Apólo não existem ok?!



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Nono Capítulo ❣️

Marina tinha acabado de desligar o telefone, quando avistou Henrique saindo da sala de Felipe.

– Seu Henrique, será que eu posso falar com o senhor bem rapidinho? - Marina perguntou já se aproximando do mesmo.

– Claro, Marina. Algum recado pra mim?

– Não. Na verdade... É um favor que eu queria pedir para o senhor.

Henrique cruzou os braços para melhor prestar atenção.

– Pode falar, Marina, se eu puder ajudar.

Marina hesitou um pouco antes de falar, mas respirando fundo, iniciou:

– Sabe o que é, Seu Henrique, é que uma amiga minha me ligou pra pedir pra que eu pedisse para o senhor, claro se o senhor puder... receber uma amiga Dela. É que ela é dona de um restaurante lá da Zona Leste. E parece que os negócios estão indo de mal a pior, então...

– Então a sua amiga acha que uma campanha feita pela nossa empresa seria uma ótima maneira de reerguer o restaurante Dela, acertei?! - Completou Henrique.

Marina deu um sorrisinho sem graça.

– É, é isso mesmo que ela acha.

– Às quatro fica bom pra essa amiga dessa sua amiga? - Perguntou ele com uma pitada de riso na voz.

Marina sorriu, agradecida.

– Fica ótimo, Seu Henrique. Muito obrigada. Eu vou ligar agora mesmo pra ela pra avisar. Com licença. - Marina meneou a cabeça e voltou para sua mesa. Mas antes de ligar para Larissa, se voltou para Henrique mais uma vez. - O senhor precisa de alguma coisa?

– Preciso sim. Que você ligue para o diretor da empresa de detergentes e marque uma reunião para amanhã de manhã, por favor. - informou ele com o dedo ligeiramente nos lábios, pensativo. - Ah, e... se alguém chegar perguntando pelo Felipe, inventa qualquer desculpa, digamos que hoje nosso diretor de arte está fechado pra balanço, tá certo?

– Sim, senhor, pode deixar que eu entendi tudo direitinho. - Marina deu um sorriso formal, já com o telefone no ouvido para ligar para o diretor.

– Eu sei que sim, Marininha. E qualquer coisa, tô no meu escritório. - Henrique informou e girando nos calcanhares, foi embora.

********************

Às quatro horas da tarde, como combinado, Tancinha chegou à Peripécia. Pelas características exuberantes e um tanto exageradas, Marina logo supôs que aquela deveria ser a amiga de Larissa e tratou de recebê-la.

– Olá, você deve ser a Tancinha, acertei? - Marina perguntou, tentando chamar a atenção da garota, que olhava para o interior da Peripécia, sorrindo, fascinada. Como Tancinha não respondeu de primeira, Marina teve de segurar o ombro Dela, que se assustou, colocando instintivamente a mão no peito. - Ai meu Deus! Desculpa! Eu te assustei?

– Não! Você é que me perdoa eu. - Tancinha pediu com sinceridade - Ma é que eu nunca que me vi na vida lugar tão chique como esse!

Marina deu uma risadinha tanto do que ela falou quanto do modo como ela falou. Bem que Larissa tinha dito que a tal Tancinha tinha um jeito todo peculiar de falar. Ela realmente não estava mentindo.

Marina estendeu a mão para Tancinha.

– Meu nome é Marina. E você deve ser a Tancinha, né?!

Tancinha deu um sorriso aberto e apertou a mão de Marina.

– É, ma na verdade meu nome é Constança, só que quando eu me era bem piquititita o pai costumava chamar eu de Constancinha, aí como o nome era grande demais, acabou que o povo lá de onde eu me moro começou a me chamar eu de Tancinha. - Explicou ela, empolgada.

Marina franziu a testa, forçando um sorriso, para disfarçar o fato Dela a toda hora estranhar os erros de português de Tancinha. E mais ainda pelo fato dela ter estranhado o fato de Tancinha ter dado toda essa explicação sem ela ter pedido.

– Ah, entendi. - Marina falou de forma natural. - Mas que bom que você chegou porque o Seu Henrique já deve está aguardando. Vamos? É por aqui. - Marina apontou um caminho que dava direto em um porta fechada.

Tancinha assentiu sorrindo e quando Marina se retirou, Tancinha compreendeu que deveria segui-la.

Chegando lá, Marina deu duas batidinhas na porta e, mesmo sem resposta, abriu-a. Pois já era costume fazer isso.

– Com licença, Seu Henrique, aquela pessoa que estava marcada para às quatro já chegou. Posso mandar entrar?

Henrique estava naquele momento, bastante ocupado, analisando uns papéis em sua mesa.

– Pode sim, Marina. - Ele disse, fazendo um gesto com a mão, mas sem retirar nem por um segundo os olhos dos papéis. - Só peça pra ela aguardar um segundinho que eu já vou atender.

Marina então abriu a porta para Tancinha, que entrou, timidamente dentro da sala.

– Bom, eu vou deixar o senhor sozinho com ela para que possam conversar e... - Marina parou de falar, quando sentiu a mão de Tancinha segurando seu braço.

– Ma você num me vai me deixar aqui sozinha com esse moço, vai? - Tancinha sussurrou, os olhos arregalados.

Marina acabou achando graça do medo de Tancinha. Mas conteve o riso.

– Pode ficar tranquila, Tancinha, porque o Seu Henrique é muito gente boa. E ele num morde não. - Acrescentou, mas ao dar uma olhada de relance para o chefe... - Quer dizer... Eu acho.

Tancinha franziu a testa.

– Ma o quê que cê disse aí? - Tancinha quis saber, mas já era tarde demais, a porta tinha sido aberta e fechada por Marina. - Espera, que eu acho que eu não me entendi e... Droga, viu?!

Sozinha com Henrique, Tancinha não teve mais remédio a não ser esperar que o mesmo terminasse o que estava fazendo. O que aconteceu alguns minutos depois.

– Pronto. Finalmente terminei. - Disse Henrique, enquanto juntava alguns papéis em um montinho, batendo-os na mesa para melhor uni-los. - Me desculpa a demora, mas é que esses papéis eram extremamente importantes e precisavam ser analisados e... WOW! - exclamou ele, quando finalmente levantou o olhar e se deparou com Tancinha. Levantou quase que instantaneamente, indo em direção à ela, que recuou, desconfiada. - Nossa! Você é... Caramba! Você uma gata! - Tancinha fechou logo a cara, fuzilando com o olhar. - Será que cê num errou de porta não? Porque o responsável pelas modelos fica na porta seguinte.

Tancinha bufou de raiva e seu tórax começou a subir a descer. Principalmente quando ela viu Henrique mirando a linha de seus seios. Então antes de tomar satisfação com o publicitário, ela ajeitou o vestido na esperança dele se tocar. Engano seu, Henrique era bem mais cara de pau do que ela supunha. Por isso, colocou o dedo em riste no nariz de Henrique, fazendo-o recuar, assustado, os olhos arregalados.

– Olha aqui, ma pode ir logo me tratando de me tirar esses olho abuticado de mim porque eu me sou uma mulher muito digna!

– E quem disse pra você que eu estava com os olhos... abo... abo... como foi mesmo que você disse?

– Abuticado. E tava sim. Num me adianta tentar enganar não. Porque eu posso num me ser boa nos purtuguês, ma burra eu também num sou.

Henrique franziu a testa com uma expressão de interrogação.

– Calma. Olha só, desculpa o meu mal jeito, tá bom? Mas é que... eu juro que quando eu levantei, eu não esperava encontrar uma mulher tão... tão... tão... - coçou a cabeça, procurando a palavra. E agora? Se enrolou mais ainda.

– Tão o quê? - Perguntou Tancinha, irritada. - Fala!

– Tão... Digna. É, tão digna. Tão séria. Como você mesma disse.

Tancinha estreitou o olhar e balançou a cabeça, fingindo concordar.

– Ah, tá... sei. Tá bom. Isso aí eu me sou mesmo. E é bom que o senhor me tenha isso muito claro aí nessa sua cabecinha.

Henrique deu um sorrisinho, envergonhado. Nunca na vida tinha se deparado com uma mulher daquela.

– Eu vou ter, prometo. Mas agora... Será que a gente pode começar do zero? - estendeu a mão pra ela - Eu me chamo Henrique e você é...

Tancinha deu um sorriso aberto, voltando a ser a mesma Tancinha de sempre. Sendo assim, apertou com força a mão de Henrique.

– Constança. Ma todo mundo lá onde eu me moro me chama eu de Tancinha.

Henrique sorriu, tentando assimilar o nome da garota, até que de repente... o mundo dele parou. E ele permaneceu segurando a mão Dela, fazendo com que ela estranhasse o gesto.

– Como você disse que todo mundo costuma te chamar????

*******************

Quarenta minutos depois, após uma longa reunião com Tancinha, e algumas coisas resolvidas, Henrique foi até o escritório de Felipe. Claro, ele precisava saber daquela coincidência com urgência.

– Ei, cara, tá muito ocupado, posso entrar? - Henrique pediu, quando ao bater na porta duas vezes, colocou metade do corpo dentro da sala.

Felipe, que estava concentrado, verificando alguns layouts no computador, ao vir o amigo, encostou as costas na cadeira estofada e batendo com a caneta na mesa, passou a mão na nuca.

– Entra aí, cara, num tô fazendo nada importante não, só terminando o layout da campanha dos perfumes, mas... - jogou a caneta longe e passou as mãos no rosto, agoniado. - Cara, desisto. Num tô com cabeça pra nada hoje. Só pensando na Shirlei e... - encostou a testa na mesa - Mas que droga!

Henrique entrou e se aproximou, apoiando as mãos na mesa.

– Calma, cara! Porque eu acabei de fechar uma campanha que eu tenho certeza que vai te interessar. E muito!

Felipe levantou o rosto para olhar o amigo bem nos olhos.

– Cara, qual foi a parte do "eu não tô com cabeça" que você não entendeu?

Henrique deu um sorriso de lado.

– Ah, mas pra essa campanha você vai ter cabeça. Eu te garanto, cara. Porque... advinha quem acabou de sair agora a pouco da minha sala? - Felipe levantou uma sobrancelha. Como ele ia advinhar? - O nome Tancinha te lembra alguma coisa?

Felipe franziu o cenho.

– Tancinha é o nome da irmã da Shirlei.

Henrique arregalou as sobrancelhas, e sorrindo de forma sugestiva, assentiu com a cabeça.

– Exatamente.

Demorou alguns segundos para que a ficha de Felipe pudesse cair.

– Peraí, cara, você tá querendo me dizer que a Tancinha teve aqui hoje? - Henrique assentiu mais uma vez com o mesmo sorriso sugestivo. - E... foi a Shirlei que pediu pra que ela viesse? - Perguntou ele, esperançoso.

– Aí é que tá, cara... pelo que eu entendi, se é que eu entendi alguma coisa do que aquela maluca disse, já que como ela mesma disse, ela num é lá muito boa nos purtuguês não - Felipe franziu a testa, sem entender. - Enfim, pela conversa Dela, acho que a Shirlei num tem nada a ver com isso não. Tenho quase certeza.

Felipe deu um suspiro triste.

– Eu já devia ter imaginado isso.

– Pois é, cara, mas eu tava aqui pensando, se você souber usar isso da Tancinha da maneira certa, você pode até virar esse jogo ao seu favor, sabia?

Felipe olhou pra ele, desconfiado.

– Como assim?

– Assim... Se eu estiver certo, neste exato momento, a Tancinha deve estar contando a Shirlei o que aconteceu hoje aqui na Peripécia, então se a garota for esperta, ela vai juntar dois mais dois e... vai chegar ao denominador comum que é... Você, meu amigo. E claro, vai achar que você armou todo esse esquema só pra ter oportunidade de ver ela de novo. E sabe o que vai acontecer? - Felipe ficou curioso - Ela vai vir aqui tomar satisfações com você.

Felipe ficou pensativo, então levantou, colocando as mãos na cintura.

– Não, a Shirlei não faria isso.

Henrique soltou um riso rápido.

– Ah, meu amigo, ela faria. Até porque... no fundo, ela também quer te ver.

Felipe sorriu de lado ao ouvir aquela última frase. Animou-se um pouquinho. Mas, de repente, a lembrança das últimas palavras de Shirlei lhe dando o fora sobrevoaram a sua mente e toda a sua animação foi por água abaixo.

– Não, Henrique, a Shirlei foi muito clara quando disse que não queria mais me ver então para de inventar coisa onde num existe.

– Tá bom. Você diz que ela não vem, né?! Então se ela vim é porque eu tô certo e você vai ter que seguir exatamente o que eu disser pra você fazer. - A partir daí, Felipe teve a nítida impressão de ter caído em uma armadilha armada por Henrique. E caiu mesmo. - De acordo?

– E o que é que você quer que eu faça? Porque eu já sei que você vai acabar me metendo em encrenca.

– Não. Você só vai ter que me mandar uma mensagem me avisando da chegada Dela, o resto é comigo. E tem que convencer ela de que você não sabe nada sobre a Tancinha. Nada mesmo. E o mais importante, Felipe, você vai ter que mudar de estratégia com ela...

– Como assim? Num entendi.

– Você já vai entender... - Henrique disse, sorrindo de forma extremamente sugestiva, ao mesmo tempo em que se colocava a explicar tudo nos mínimos detalhes para um Felipe atento.

*************************

– Rogério, chega um pouquinho mais perto da Carla, por favor? - Felipe orientava os modelos na sessão de fotos da campanha de perfumes, pois após a conversa com Henrique, ele havia ganhado um novo ânimo, vai que ele tinha razão. - E, Carla, olha pro Rogério com um pouco mais de carinho, afinal na foto tem que parecer que você está apaixonada, né?! - a modelo obedeceu o comando - Isso, linda. Perfeito.

Nesse momento, um dos maquiadores passou ao lado de Felipe.

– André, será que dá pra você retocar um pouco da maquiagem da Gisele? - o maquiador assentiu com a cabeça - É que ela é a próxima e eu não queria atrasar tanto. - bateu no peito do amigo com carinho. - Valeu, cara!

Depois disso, chegou perto de Camila, que ajeitava a câmera, tentando encontrar o ângulo perfeito para as fotografias.

– Então, Camila, tá bom assim? Cê quer que mude algum coisa? A placa? Cê acha que tá muito alta, ou...

– Seu Felipe? - uma voz o chamou, interrompendo seu raciocínio.

Ele se virou para ver de quem se tratava. Era Marina, que fez um gesto com a mão, chamando-o, discretamente.

– Desculpa, gente. Continuem aí, que eu já volto. - Felipe disse, indo em direção à Marina, que o esperava em em um canto. - Fala, Marina! Algum problema?

– Não, nenhum. É que tem uma moça aí querendo muito falar com o senhor. Disse que era importante. O nome dela é... Shirley, não, Shirlei, é isso.

Um sorriso involuntário surgiu nos lábios de Felipe. Ele não conseguiu conter a felicidade que palpitava em seu peito. Mas tinha que disfarçar na frente de Marina.

– Shirlei? Sei. Tá certo, Marina. Fala pra ela me esperar só cinco minutinhos que é o tempo que eu termino aqui e vou lá pra falar com ela. Tá certo? - Marina assentiu. - Brigadão, Marininha. - Felipe agradeceu e a secretária saiu para cumprir o pedido do patrão. Sozinho, Felipe começou a divagar... - Pois num é que o Henrique tava certo. Ah, Shirlei, eu não queria ter que fazer isso, mas... se for a única maneira de ficar com você... Vale a pena arriscar! - Suspirou e retirando o celular do bolso, escreveu uma mensagem para Henrique: "Ela chegou, agora é com você."

Então, depois de enviada à mensagem, Felipe deu umas últimas instruções para os modelos e para Camila e seguiu rumo ao seu escritório.

Chegando lá, parou junto à porta, e teve de respirar fundo para o reencontro, então abriu a porta. Quando entrou, ela estava de costas, vestida com um vestidinho azul Royal que fez Felipe engolir a seco e sorrir com ternura. Ela estava linda. Muito linda como sempre. Mas nada poderia mudar sua nova estratégia, por isso, seu semblante mudou de terno para fechado.

– Shirlei? - Fingiu surpresa - Tô surpreso com você aqui. - Achei que não quisesse mais me ver.

Shirlei se virou, ficando de frente pra ele. O coração deu um salto ao vê-lo. Ele estava mais lindo do que nunca. Mas ela se recompôs, afinal, ela tinha ido ali tomar satisfações não flertar.

– Até parece que você não sabia que eu vinha, Felipe. - Shirlei falou, irritada.

– Que você vinha? Peraí, do quê que cê tá falando? - Felipe se fez de desentendido.

– Olha só, num dá pra ficar aqui te ouvindo fingir de desentendido não. - ajeitou a bolsa no ombro - Eu vou embora. Eu vou embora! - Repetiu dando ênfase, já passando por ele em direção à porta, mas ele a impediu, segurando o braço Dela. Ela olhou para a mão dele, depois o encarou, os olhos faiscando. - Me solta, Felipe!

– Eu vou te soltar. Mas antes você vai ter que me explicar direitinho porque que cê tá me tratando desse jeito.

– Felipe, usar a minha irmã como desculpa pra me ver foi um golpe muito baixo!

Felipe franziu a testa, apesar de que a vontade que ele estava de rir era insuportável. Henrique realmente estava completamente certo.

– Felipe, desculpa ir invadindo assim a sua sala, mas é que eu tenho uma coisa muito importante pra... - Henrique foi dizendo quando abriu a porta da sala de Felipe e foi entrando sem bater. Tudo fazia parte do plano. - Shirlei? Caramba! Que coincidência! Porque eu vim aqui justamente pra falar com o Felipe sobre a sua irmã.

– Sobre a minha irmã? - Shirlei quis saber.

– É. Sobre ela. - Henrique respondeu para Shirlei. Para em seguida se dirigir para Felipe - É que hoje, Felipe, como você passou o dia inteiro trabalhando na Campanha dos perfumes, eu acabei não me encontrando com você pra te falar que a Tancinha, irmã da Shirlei, veio aqui a tarde, pedir pra que a gente faça uma campanha pra Cantina Dela.

– Ah, a Tancinha veio aqui foi? - Felipe questionou, olhando para Shirlei - Foi bom cê ter me dito porque só agora eu entendi do que estou sendo acusado.

Shirlei olhou de lado, envergonhada.

Henrique olhou de Felipe para Shirlei e de Shirlei para Felipe.

– Ih, eu acho que tô sobrando aqui. Melhor eu voltar outra hora pra gente discutir algumas ideias pra Cantina. - Henrique comunicou e foi saindo de fininho, mas antes ainda mostrou o polegar para o amigo em sinal de ok. Felipe quis matar Henrique, pois vai que Shirlei visse.

Quando Henrique fechou a posta atras de si, um silêncio constrangedor se fez na sala. Mas foi quebrado por Shirlei.

– Desculpa. - Sussurrou. - Mas também como eu ia saber que você não sabia que a Tancinha tinha vindo aqui?

Felipe enfiou as mãos nos bolsos, com charme.

– Que tal em vez de entrar na sala acusando, você primeiro perguntar da próxima vez?

– Mas é que você tem que admitir que foi muita coincidência a Tancinha ter vindo parar logo na Peripécia, né?! Seu lugar de trabalho.

– Desculpa, Shirlei, eu não quero ser convencido nem nada, mas... a Peripécia é uma das melhores empresas de publicidade de São Paulo, nada mais comum, alguém ter recomendado que a sua irmã nos procurasse.

Shirlei ficou sem palavras. Felipe estava sendo sensato e ela só queria um buraco para se enfiar.

– É verdade, eu que sou uma boba mesmo.

Felipe deu um meio sorriso de lado e sem que ela esperasse, deu alguns passos em sua direção. Ela recuou, até bater na mesa, não tendo mais pra onde fugir. Eles ficaram um de frente para o outro a centímetros de distância. Shirlei conseguia sentir o perfume de Felipe, que a embriagava.

Olho no olho, bastante provocador, Felipe começou a falar:

– Ah, e só mais uma coisa: Eu não sou o tipo de cara que planeja toda uma armação só pra ver a garota que gosta. Além disso, eu entendi muito bem o recado de ontem quando você me disse que não queria mais me ver. - A respiração de Shirlei começou a ficar acelerada. O cheiro que vinha do tórax de Felipe através dos poucos botões abertos da camisa era inebriante. Ela engoliu a seco. A boca entreaberta e os olhos fixos nos dele. - E eu não costumo forçar a barra. Portanto, Shirlei, se algum dia a gente se beijar de novo... - ele parou, colocou um mecha de cabelo atras da orelha Dela e encostando os lábios no ouvido dela, sussurrou: - Esse beijo vai ter que partir de você.

Shirlei se arrepiou toda, tanto que ele sorriu com a reação dela de levantar a cabeça, escondendo o pescoço.

Mas do jeito que aconteceu esse momento de sedução, ele desapareceu como num passe de mágica, quando de repente, ele se afastou e disse:

– Mas isso não vai acontecer, né? Afinal, você ainda tá noiva.

Shirlei piscou os olhos repetidas vezes, saindo do transe. Limpou a garganta.

– É. Eu... eu tô sim. E... você também, né?

Ele balançou a cabeça.

– Não, eu terminei com a Jéssica hoje à tarde. - O coração de Shirlei quase saiu pela boca - É que... depois do nosso beijo, eu não achei certo continuar com ela. - Shirlei arregalou os olhos - Mas calma, não se sinta mal por continuar com o seu noivo, afinal, pra você, o nosso beijo não significou nada, né?!

Shirlei parou no tempo.

– É. - Foi só o que ela conseguiu dizer.

Felipe suspirou.

– Enfim, Shirlei, eu acho até que você tá certa. É melhor mesmo você continuar com sua vida, eu com a minha, afinal, há cinco dias atras a gente nem se conhecia, né?!

– É. - Outra vez, foi só o que ela conseguiu responder.

– Só que tem o Tito no meio disso tudo e eu ainda quero ter o direito de ver ele mas sem essa coisa de dia marcado. Então, eu pensei... se a gente podia tentar ser amigo, só que dessa vez é pra valer. Até porque vai rolar essa coisa da campanha com a sua irmã, então é bom não misturar as coisas... o que você acha?

– Por mim, tá ótimo. - Shirlei respondeu com um pitada de decepção na voz.

Felipe sorriu. Mas por dentro também estava morrendo. Estendeu a mão.

– Amigos?

Shirlei apertou a mão dele.

– Amigos.

E eles se olharam intensamente, sem dizer absolutamente nada, com os olhares dizendo absolutamente tudo.

************************

À noite, já era quase onze horas, Shirlei estava conversando com seu noivo, deitada na sua cama, por meio de mensagens, quando um barrinha desceu na tela do seu celular.

"FelipeMiranda acabou de publicar uma foto"

De início, Shirlei deixou pra lá e continuou a conversar com o seu noivo, mas a curiosidade acabou vencendo sua sensatez e ela acabou abrindo o IG de Felipe, que mostrava uma foto dele em uma balada abraçado com uma mulher de cabelo loiro e roupa sensual. Ele estava com o braço em volta da cintura Dela e sorria. Shirlei sentou na cama para melhor ver a foto, e o sangue lhe subiu a cabeça. Na legenda apenas um simples #noite de balada. E na marcação da foto o nome de uma tal de Helô. Quem seria essa? Seria uma ex namorada? Apertou no nome dela. Infelizmente apertou errado e acabou curtindo a foto. Seu coração palpitou por ter feito aquilo. No mesmo instante descurtiu e pediu a Deus para que não tivesse dado tempo dele ter visto. De raiva, pela besteira, respirou fundo e desligou o celular e se deitou na intenção de ir dormir.

Dez segundos depois seu celular vibrou, anunciando a chegada de uma mensagem. Olhou no visor. Era de Felipe.

"Descurtiu por quê? Não gostou da foto? :("

Shirlei arregalou o olhar. E resolveu responder, dando uma de desentendida.

"Do quê que cê tá falando?"

Esperou a resposta, mas em vez de vim um frase, veio uma imagem. Um print de sua descurtida. Shirlei ficou sem chão.

Em seguida, outra mensagem.

"Da próxima vez, cuidado onde aperta. Tenha bons sonhos, Shirlei Rigoni di Marino. Ah e só pra você saber, ela é só uma amiga, assim como você. :*

Shirlei apertou os dentes de raiva e só não jogou o celular na parede porque custou caro. Mas em algum lugar longe dali, alguém ria muito e sonha com o dia em que seria beijado por uma certa garçonete.


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Notas finais do capítulo

Curtiram?continuo?



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