Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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Oitavo Capítulo ❣️

No dia seguinte, os primeiros raios de sol invadiram as persianas do quarto de Cris, despertando Felipe, que dormia profundamente.

– Huuum - gemeu ele, esticando os braços para se espreguiçar e piscando os olhos para que os mesmos se adaptassem à luz.

– Bom dia, dorminhoco. - Cris cumprimentou o irmão, quando entrou no quarto, carregando um bandeja nas mãos. - Eu pedi pra Nildes te preparar um café da manhã com tudo que você mais gosta. Acho que ela caprichou.

Felipe sorriu para irmã, agradecido, e se sentando na cama a ajudou a apoiar a bandeja em cima da cama. Mas antes de agradecer, Felipe pressionou os lábios com força na bochecha da irmã, tascando um beijo.

– Huuuuuuum - gemeu durante o beijo - brigado, irmãzinha. Nem sei o que seria de mim sem você, sabia?

Depois disso, Felipe se serviu de uma torrada com geléia. Já Cris se contentou apenas com um morango.

– Mas agora será que dá pra você me contar o que aconteceu com você ontem à noite? - quis saber Cris.

Felipe tomou um gole de suco de laranja e depois de limpar a boca com um guardanapo, falou:

– Tudo bem, Cris, eu vou te contar. Mas oh, promete que vai tentar me entender, por favor.

Cris sorriu com ternura.

– Ai Felipe, claro que eu prometo.

– Tá certo. - Pausou para terminar de tomar o seu suco. Em seguida, começou a narrar os fatos desde a boate até à noite anterior, quando ele deixou Shirlei em casa e foi embora, prometendo nunca mais voltar.

Vinte minutos depois, tudo estava as claras na cabecinha de Cris.

– Tá aí, acho que eu teria gostado dessa tal de Shirlei. Quer dizer, tirando o fato dela ter dado o fora no meu irmãozinho, né?!

Felipe deu um sorrisinho de lado, meio triste. Cris segurou a mão do irmão, acariciando-a com o polegar.

– Mas Felipe, fala a verdade, você ainda tá bem caidinho por ela, num tá?! - Cris quis saber.

Felipe deu um suspiro profundo e apaixonado.

– Tô. - Admitiu sem pestanejar - Sabe o que é, irmãzinha, é que em toda minha vida, eu nunca conheci uma mulher como a Shirlei. Porque além de linda, ela acorda cedo pra trabalhar, é batalhadora, tá sempre com um sorrisão lindo no rosto e tem os olhos mais expressivos que eu já vi na vida. A impressão que eu tenho é que o cara que tiver a Shirlei do lado vai sempre ter a sensação e a grande felicidade de viver um dia de cada vez. - Pausou, pensativo. - O grande problema é que ela já escolheu esse cara. - mordeu o lábio inferior - Que por azar não sou eu. - Felipe baixou o olhar.

Cris se solidarizou pelo irmão, fazendo um carinho no rosto dele.

– Felipe, se você sente tudo isso pela Shirlei, você não acha que deveria rever o que sente pela Jéssica?

Felipe levantou o olhar.

– Acho. Acho sim. E até já tomei uma decisão quanto a isso. - Cris ficou apreensiva - Hoje mesmo eu vou ter uma conversa com a Jéssica e... vou terminar meu noivado com ela. Chega de adiar o inevitável, né?!

Cris não conseguiu evitar um sorriso de satisfação.

– Ai, finalmente, Felipe, você vai se livrar daquela arrogante, insuportável e antipática da Jéssica!

Felipe arqueou as sobrancelhas.

– Engraçado que ninguém suporta ela, mas mesmo assim nunca ninguém chegou pra mim dizendo qualquer coisa que fosse contra ela.

– É, nunca ninguém chegou pra dizer nada, por respeito, e porque todo mundo gosta muito de você, irmãozinho.

– Todo mundo, mas... - Felipe levantou da cama, sentando com uma perna só na cômoda. - a Shirlei não. Ontem mesmo, de madrugada, eu recebi uma mensagem Dela dizendo que eu podia visitar o Tito nas terças e quintas à tarde que é quando ela não estaria em casa. Mas que eu seria muito bem recebido por Dona Francesca, mãe dela. - Felipe arqueou uma sobrancelha - Pra bom entendedor...

Cris se levantou.

– Caramba, Felipe, que chato. Mas e aí? Cê vai desistir da Shirlei?

Felipe ia abrir a boca pra responder, quando sentiu seu celular vibrando em seu bolso. Atendeu.

– Oi Jéssica. Não, acabei de acordar. Só vou tomar um banho e tô indo pra Peripécia. Então, será que mais tarde você pode dar um pulo lá pra gente conversar? É importante sim. Pode ser? Ótimo. A gente se vê mais tarde, então. Outro pra você. Tchau. - Felipe desligou o celular, aéreo.

– E aí, Felipe, tá decidido mesmo? - Cris quis saber.

– Como nunca. - Disse por fim, enquanto descia da cômoda, já se dirigindo para o seu quarto.

******************

– E foi isso o que aconteceu, mãe... - Shirlei disse quando finalizou de contar tudo o que aconteceu entre ela e Felipe para a mãe. Elas estavam no sofá, sentadas uma de frente para a outra. Francesca segurava as mãos da filha com todo carinho maternal.

– Madona mia, filha, ma como que cê me deixa chegar num ponto desse? Beijar o moço assim? Você noiva, ele noivo...

Shirlei estreitou o olhar, arrependida.

– Eu sei, mãe. Não precisa me fazer me sentir pior do que eu já estou. Mas é que... se a senhora conhecesse o Felipe, talvez a senhora pudesse entender... porque... Ai, mãe, o Felipe, ele é um homem tão gentil, carinhoso, educado, divertido, diferente de qualquer homem que eu já conheci. Diferente até mesmo do Adônis porque cê sabe, né?! Eu amo o meu noivo, mas eu não posso fechar os olhos para os defeitos dele, né?!

– Ama mesmo, filha? - Francesca questionou, apertando as mãos da filha e fixando bem os olhos nos Dela - Porque só de falar nesse tal de Felipe aí, seus olho brilha!

Shirlei baixou o olhar.

– Mãe, eu conheço o Adônis desde pequena, a gente já fez tanta coisa junto, já planejou todo o nosso casamento... E... Esqueceu que ele só viajou para o Chile pra ganhar a vida e vir me buscar? Ele me ama tanto, mãe.

Francesca balançou a cabeça de um lado para o outro, sorrindo.

– Não foi isso que eu perguntei, bonequinha. Eu perguntei se você - Francesca pousou a mão no coração de Shirlei - ama o Adônis.

Shirlei ficou paralisada, o coração disparou. Por que será que uma simples resposta como aquela não saia assim tão facilmente como saia antes?

– Sabe o que eu acho, filha? - Shirlei prestou atenção - Que você tá assim, como diz a sua Irmã, Tancinha: Divididinha que nem as laranja partida no meio.

Shirlei olhou de um lado para o outro e levantou do sofá, agoniada.

– Não, mãe, eu... Num tô divididinha. Eu sei muito bem o que eu quero. Até porque antes do Felipe aparecer na minha vida tava tudo no lugar. Eu não posso simplesmente agora jogar tudo pro ar como se tudo que eu vivi com o Adônis não tivesse significado nada? Isso não seria justo com ele.

– E com você, filha, é justo deixar de sentir isso que cê tá sentindo por esse moço por causa dessa sua obrigação com o Adônis?

Outra vez, Shirlei se sentiu paralisada.

– Mas eu não tô com o Adônis por obrigação. Eu gosto dele, mãe, cê sabe disso!

– Eu sei, filha, que cê gosta e muito do Adônis. Disso eu não tenho a menor dúvida. Ma eu tô falando é de Paixão, sabe?! Daquelas que arrebatam. Que te deixam sem ar, que te fazem perder as estribeiras, que te fazem cometer loucuras, que te dão coragem pra se entregar de corpo, Alma e coração. Sem... Medo.

Nesse instante, um silêncio constrangedor se fez na sala, pois Francesca havia tocado em um assunto muito delicado da conversa.

– Mãe, cê sabe que o Adônis e eu só não fizemos ainda porque...

– Porque você tá se guardando pro dia do seu casamento, eu sei. - Francesca completou. - E respeito isso, ma é que com o seu pai Guido era tão diferente, era tanto fogo... Eu num vejo você me falando assim do Adônis.

– É que... O meu namoro com o Adônis é... Ah, mãe... Ele é diferente do que foi o seu com o pai. Só isso.

Francesca deu de ombros. Desistiu de convencer a filha do óbvio.

– É, vai ver você tem razão. - Concordou ela, sem no fundo concordar. - Mas e aí, você vai mesmo desaparecer da vida desse moço?

– Vou. Isso é pra senhora ver como eu não me importo tanto assim com ele.

Francesca deu um sorriso sugestivo. Depois segurou o rosto da filha entre as mãos.

– Não, bonequinha, isso que cê tá fazendo só me prova exatamente o contrário. - Francesca rebateu e por fim deu um beijo carinhoso na testa da filha.

********************

Mais tarde na Peripécia, depois de Felipe relatar todo o seu drama para Henrique, que claro, deu a maior força para o amigo entremeada por piadas, foi a vez de receber Jéssica em seu escritório. Como combinado, ela chegou no meio da tarde.

– Entra, Jéssica, por favor. - Felipe disse ao abrir a porta, dando passagem para noiva.

Assim que entrou, Jéssica foi logo, segurando o ombro de Felipe e tascando um beijo em seus lábios. Ele correspondeu, mas quase sem abrir os lábios.

– Quê que foi, amor, tô te achando tão estranho. Aconteceu alguma coisa?

Felipe molhou os lábios.

– Aconteceu sim, Jéssica. - Felipe puxou um cadeira para noiva - Acho melhor você sentar aqui porque o que eu tenho pra falar com você é muito sério.

Jéssica franziu a testa, estranhando. E já desconfiada do que seria, colocou a bolsa na cadeira e cruzou os braços.

– Não, Felipe. Se for pra falar, seja lá o que for, fala logo! Você sabe que eu odeio enrolação!

– Tá bom. Se é assim que você quer, então... Eu vou direto ao ponto. Jéssica, eu quero desmanchar o nosso noivado.

Demorou alguns segundos pra Jéssica processar aquela frase até que...

– Como é que é? Você quer o quê? Felipe se for por causa de ontem...

– Não, Jéssica. Não foi por causa de ontem. Foi por causa de sempre. Ou será que você não anda percebendo que a gente já num tá mais se entendendo. Que de uns tempos pra cá, a gente só discute...

– É, a gente anda discutindo sim... Desde que aquele garçonetezinha de quinta resolveu se meter na nossa vida. Notou isso, Felipe? Ou foi só eu? - a voz de Jéssica começou a ficar alterada.

Felipe passou a mão no rosto, impaciente.

– Jéssica, a Shirlei num tem nada a ver com isso! Se você colocar ela no meio, a gente num vai chegar a lugar nenhum. Porque a verdade é que o nosso noivado não devia nem ter acontecido se eu tivesse tido bom senso desde o início.

Jéssica franziu a testa, indignada.

– Então agora você vai me dizer que nunca sentiu nada por mim?

– Não é isso, Jéssica! Eu senti. Mas não o suficiente pra casar. Porque casamento tem que ter muito mais do que química pra acontecer, Jéssica. Tem que dividir dos mesmos valores, tem que ter cumplicidade, amizade, verdade... Amor.

O tórax de Jéssica subia e descia de raiva, então ela pegou a bolsa.

– Acho que eu vou embora pra deixar você esfriar a cabeça e...

Felipe segurou o braço dele, impedindo-a.

– Jéssica, não. Eu não vou precisar esfriar a cabeça... Acabou! Entende isso! Porque quando você me ligar, eu não vou mais atender seu celular. E você não vai mais poder dormir lá em casa. E quando me perguntarem meu estado civil, eu vou dizer que sou solteiro, entendeu agora?

Jéssica levantou o queixo, segurando as lágrimas com orgulho.

– Isso não vai ficar assim, Felipe. Você ainda vai se arrepender do que tá fazendo. Porque, por mais que você não queira admitir, eu sou a mulher ideal pra você! - Disse e se soltando de Felipe, saiu, batendo a porta com toda força.

Um pouco triste, mas extremamente aliviado, Felipe se deixou escorregar em sua cadeira com a mão na cabeça.

Minutos depois, Henrique bateu na porta e Felipe concedeu que ele entrasse.

– Cara, juro que tô com medo da Jéssica pôr fogo na Peripécia. Cê precisava ver a cara dela saindo daqui, tava soltando fogo pelas ventas, meu irmão. - comentou Henrique para Felipe.

– É pra chamar o bombeiro? -brincou Felipe, fazendo gestos com as mãos e rindo. - Cara, tô tão aliviado. Nunca imaginei que me livrar da Jéssica fosse me deixar assim tão leve.

– Eu imaginava, mas cê nunca quis me escutar... enfim... Mas eu num vim aqui pra falar da sua ex não, eu vim pra falar de trabalho. Cê sabe que a gente tá com duas campanhas pendentes: a do perfume e a do detergente. Essa semana a gente tem que meter bala em uma das duas senão o prazo de entrega se esgota e aí já viu.

Felipe apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos das mãos.

– Cara, hoje eu num tô com cabeça pra isso. Será que dá pra você me liberar só hoje?

Henrique o olhou, desconfiado.

– Num tá com cabeça ou tua cabeça tá numa certa garçonete da Zona Leste?

Felipe deu um suspiro.

– Tá nela sim. Isso é uma droga, Henrique, por que será que eu não consigo tirar ela da minha cabeça?

– Porque ela mexeu contigo. Mas logo cê esquece, irmão... E agora que você tá solteiro, bora cair na night e conhecer gata nova. Sei até pra quem ligar, pedindo ajuda... Lembra da Helô?

Felipe levantou uma sobrancelha.

– Essa ainda existe?

– Existe. E quando eu disser que cê tá na área de novo, tenho certeza que renasce das cinzas.

Felipe deu um sorrisinho de lado meio sugestivo.

– Senhoras e senhores, Felipe Miranda tá na área de novo. Aplausos, por favor! - Henrique brincou, tirando onda e ele mesmo aplaudiu, arrancando uma bela gargalhada do amigo.

*****************

– Ma o que é que me tá acontecendo com a cantina? - Tancinha perguntou para Larissa. As duas estava cortando legumes. - Ma nunca que eu me vi ela assim toda caidinha desse jeito.

– É, de uns tempos pra cá, os clientes andam diminuindo mesmo. Também estou notando. - Larissa respondeu, meio chorosa, pois estava picotando cebolas.

– Ma logo agora que eu me voltei dos estrangeiro cheia das novidade. - Tancinha falou toda entusiasmada - Como que a gente vai mostrar os novo prato se num me tem mais clientela pra isso?

Larissa assentiu, desolada.

– Verdade, Tancinha. Fica difícil assim. A não ser que... - Larissa teve uma ideia, mas acabou pausando, causando um suspense.

– A não ser que o quê? Ma me fala, criatura! Num vê que eu me fico logo com palpitação nos coração! - e pra provar, Tancinha juntou os dedos e simulou o bater do coração.

– A não ser que... Você divulgue a cantina!

Tancinha abriu um sorriso bem aberto e os olhos brilharam.

– Divulgar a Cantina? Ma como assim divulgar a Cantina? Ma me explica pra eu essa história aí de divulgar a Cantina, vai!

– Ah, Tancinha, eu tenho uma amiga que trabalha numa empresa que é responsável por esse tipo de coisa. Fazer comercial, propaganda, sabe?! Dessas que passam na TV. Aí ela podia nos ajudar a chegar até um dos editores pra que ele fizesse um comercial da cantina, entende?

O sorriso de Tancinha se abriu ainda mais.

– Comercial é? Desses chiques que me passam na TV? Acho que eu me tô tendo uma bilôra! - Tancinha encostou o dorso da mão direita na testa, como se fosse desmaiar.

Larissa segurou a amiga, segurando o riso.

– Então, posso ligar para essa minha amiga? - Larissa quis saber.

Tancinha abriu apenas um olho.

– E você ainda pergunta? E me liga logo porque eu tenho certeza que a minha nossa Senhora da Achiropita vai abençoar pra me dar tudo certo.

Larissa sorriu e, sem pensar duas vezes, pegou o celular, então depois de procurar na lista, colocou o celular na orelha.

– Alô, Marina...


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Notas finais do capítulo

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