Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 10
Capítulo 10




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Décimo Capítulo ❣️

– Então quer dizer que você mandou o print da descurtida da foto de vocês dois para Shirlei...? - Henrique comentou, enquanto esticava o braço para pegar a jarra de suco que estava do outro lado da mesa. Pois logo cedo, no horário do café da manhã de Felipe, o publicitário tinha ido ao apartamento do amigo, querendo saber das novidades. - Cara, que maldade! Mas eu juro que queria ser um pernilongo nessa hora só pra ter visto a cara dela quando viu essa tua mensagem. Ela deve ter ficado muito irada. - Felipe assentiu com a cabeça, rindo e tapando a boca com a mão porque naquele instante ele se encontrava mastigando um pedaço de torrada com requeijão, que acabara de preparar. Henrique deu um gole em seu suco, antes de continuar: - Mas diz aí, cara, como foi tua noite com a Helo? Teve direito a revival?

Felipe engoliu o pão e bebeu um gole do seu café antes de responder.

– Só se eu tivesse ficando maluco, né? Esqueceu que a gente namorou por dois anos e que quando eu pedi um tempo, ela furou os quatro pneus do meu carro e arranhou ele todinho?

– E que ainda teve um porteiro que presenciou tudo na época e parece que sumiu e ninguém até hoje sabe o paradeiro dele. - Complementou Henrique com ar de mistério.

Felipe, que estava com uma torrada na mão esquerda e uma faca na mão esquerda prestes a enfia-lá dentro do requeijão, parou no ar e levantou uma das sobrancelhas.

– Hã? Que história é essa de porteiro, Henrique? Tô lembrado disso não.

Henrique caiu na risada. Depois deu um tapa no ombro do amigo, que revirou os olhos.

– Relaxa, cara! Era só pra dar um ar de suspense a história. Precisava ver tua cara... Ficou muito engraçada! - Henrique continuou rindo.

– Você fica rindo aí, mas precisava ver o trabalho que eu tive pra me livrar Dela... Até subir no apartamento, ela subiu. A sorte foi que a Cris tava aqui com umas amigas e eu dei a desculpa que a gente precisava ser discreto, senão já viu, né?!

Henrique fingiu um cara de tristeza e alisou o cabelo de Felipe.

– Pobre do meu amigo, sendo assediado por uma gostosa. Mundo cruel esse, né?! Onde vamos parar, meu Deus?!

Felipe bufou, retirando a mão do amigo do cabelo dele com raiva. Henrique só fazia rir.

– Cara, será que dá pra você levar a sério uma única coisa que eu falo?

Henrique levantou as mãos, rendido.

– Tá bom. Prometo levar a sério agora, mas é que... Cara, cê tá solteiro. Tudo bem que cê tá aí todo amarradão na Shirlei, mas enquanto a coisa num engrena com a menina, cê pode dar uns pega na Helo, garanto que ela não vai se importar. - Henrique concluiu com um sorrisinho sugestivo.

– Ela pode não se importar, mas eu me importo. - Declarou Felipe, convicto. - Não sou esse tipo de cara. Ontem eu sai com a Helo, a gente se divertiu muito, mas não passou disso e se depender de mim, não vai passar. Ela sabe disso. Fiz questão de deixar bem claro, apesar de que... Cara, ela é muito insistente!

Henrique riu da ênfase que o amigo deu na palavra "muito".

– Ah, isso ela é mesmo. Tanto que quando eu fui pedir pra ela nos ajudar a fazer ciúmes na Shirlei, ela aceitou na hora, desde que se tornasse sua amiga com benefícios.

Felipe arregalou o olhar, depois estreitou.

– E se eu bem conheço você... Cê também topou na hora, né?!

– Com contrato assinado e tudo. - Respondeu se esquivando da faca de Felipe, que vinha em sua direção - Ow, ow, ow, ow, brincadeira, brincadeira!

Felipe baixou a faca, contendo um riso porque ele também não era de ferro. Então os dois voltaram a comer. Felipe pegou mais uma torrada, enquanto Henrique se serviu de sucrilhos com yogurte.

Foi aí que nesse momento...

– Bom dia, Felipe. - Cris cumprimentou o irmão, tascando um beijo na bochecha dele. Para em seguida fazer o mesmo com Henrique - E bom dia pra você também, tio Henrique.

– Tio não, né, Cris. - Reclamou Henrique. - Assim você acaba comigo. - Cris e Felipe começaram a rir do amigo, que resmungava. - Foi você num foi, Felipe, quem mandou a Cris me chamar assim? Só pode ter sido. Ela nunca foi de me chamar assim.

Ainda rindo, Felipe respondeu:

– Eu? Eu não. É que a Cris foi muito bem educada pra respeitar os mais velhos, né, irmãzinha?

Cris assentiu, segurando o riso enquanto puxava a cadeira para se sentar.

– É, tio Henrique, desculpa, mas o Felipe não tem nada a ver com isso.

Henrique fechou a cara e Felipe teve uma crise de riso asmática, ao mesmo tempo que esticava a mão para que Cris batesse na mão dele.

– Ra, ra, ra, muito engraçado vocês dois. - Henrique falou, chateado.

– Acordou cedo hein, irmãzinha! - Felipe falou, espantado para a irmã. - Achei que, como hoje é sábado, cê ia aproveitar pra dormir até bem tarde.

Cris pegou uma banda de mamão e depois de se servir de uma colherada, respondeu ao irmão.

– É que hoje eu prometi passar o dia lá na casa da Carol.

– Carol é aquela sua amiga da escola, né? Que você um dia me disse que mora lá na zona Leste. E que vende sanduíche pra pagar os estudos.

– Ela mesma. - concordou Cris - Passa a maior barra com o pai alcoólatra. Mas parece que tem uma moça que mora em frente à casa Dela que ajuda muito ela e os irmãos. Ela é um anjo na vida deles. Se não fosse ela, nem sei, viu?!

– Que bom que ainda existem pessoas assim no mundo, né?!

Cris assentiu com a cabeça. Depois segurou o braço de Felipe e o olhou bem nos olhos.

– Felipe, será que cê pode me deixar lá na casa dela? É que onde ela mora é muito longe pra pegar táxi.

Felipe sorriu com ternura.

– Claro que posso, irmãzinha, vai lá se arrumar que eu te deixo com o maior prazer.

Cris se levantou e tascou um beijo estalado na bochecha do irmão.

– Brigada, irmãozinho. Me arrumo em um minuto. Já volto. - E saiu correndo, feliz da vida.

– Zona Leste é?! - Henrique Comentou com um sorrisinho sugestivo.

– Juro que nem tava pensando nisso. Até porque, Henrique, a ZL é muito grande, essa menina deve morar no extremo oposto da casa da Shirlei, então... Seria fazer uma bela de uma contra mão! Portanto, cê vai comigo porque de lá, a gente vai bater uma bolinha, o que cê acha? Faz mó tempão que a gente num faz isso, né?!

– Partiu. - Henrique falou, animado - Mas... Cara, eu tava aqui pensando, a gente ainda tem que pensar em um jeito de fazer você e a Shirlei criarem um vínculo...

– Impossível, cara. Nosso único vínculo é o Tito e você viu, né?! Até horário pra vê o carinha, ela inventou.

– Pois é, por isso mesmo, tinha que ser algo mais... não sei, algo que ela realmente não tivesse escolha.

Felipe franziu a testa, pensativo.

– Tipo o quê?

– Tipo... Eu podia, sei lá, talvez, quem sabe... fingir que... claro que seria um grande sacrifício que eu estaria fazendo por um grande amigo, né?! - Felipe começava a perceber o quanto Henrique estava enrolando. - Mas... Eu podia fingir um... namoro com a irmã da Shirlei.

Felipe franziu ainda mais a testa.

– Você? Fingir um namoro com a Carmela?

– Não! - Henrique quase gritou. - Deus me livre! Aquela ali é chave de cadeia! Eu tô falando é da... da... como é mesmo o nome da outra...? Lembrei. Tancinha.

Felipe subiu as sobrancelhas.

– Aaaaaaah, Tancinha... Ainda bem que você lembrou o nome dela porque se fosse eu, ia acabar me esquecendo, acredita? - Felipe debochou. - Mas no que isso iria me ajudar?

– Pensa aí, Felipe... no que um namoro implica? Sair com a namorada, ir na casa dela... e todas as vezes que isso acontecesse, você poderia ir junto e... a Shirlei também. Outro vínculo, entende?

Felipe olhou de um lado para o outro, pensativo.

– Cara, não sei se isso seria certo?

– Felipe, você quer ou não quer a Shirlei pra você, cara?

Felipe ficou mais uma vez pensativo, mas ao se lembrar do sorriso e do olhar de Shirlei, todas as suas dúvidas se esvaíram.

– Você sabe que sim. Ela é tudo que eu mais quero.

– Então pronto. Eu vou começar a flertar com a Tancinha, tá resolvido. Só tem um probleminha...

– Qual?

– Nosso primeiro encontro não foi lá muuuuuuito convidativo, então... Acho que você vai ter que me dá umas dicas porque como ela mesma disse: Ela me é muito digna.

Felipe deu uma risada, divertida.

– Eu ouvi direito? Cê tá querendo a minha ajuda pra conquistar uma garota? É isso mesmo?

Henrique revirou os olhos.

– É, é isso mesmo. Porque a tal Tancinha é desse tipo de garota que... sabe, precisa ser conquistada primeiro. E como você também sabe, nunca tive muita paciência pra esse tipo.

Felipe segurou o riso.

– Tá certo então. Vamos lá. A primeira coisa que você deve saber é que garotas como a Tacinha gostam de receber flores.

Henrique arregalou o olhar.

– Não. Flores não. A única mulher que eu já mandei flores na vida foi pra minha mãe e ela tava na UTI, então pode esquecer. Flores definitivamente não!

– Ah, cara, então fica difícil. Já vamos começar muito mal desse jeito.

Henrique estreitou o olhar, agoniado.

– Tá bom. Flores então. Mas é só. Nada de bombons. Porque isso já é demais, né?! - Felipe segurou o riso - Cara, já vi que vou me arrepender de te ajudar nessa!

– Felipe, já tô pronta. Vamos? - Cris informou, interrompendo-os.

– Vamos sim, irmãzinha. - Felipe disse, já se levantando da mesa e se dirigindo para sala, mas antes disso, quis provocar o amigo. Segurou os ombros dele por trás. - Sabe que já tô até imaginando, eu e você no altar da Igreja esperando a Shirlei e a Tancinha vestida de noiva. Imagem linda, né?!

– Como é que é?! - Exclamou Henrique se engasgando e cuspindo seus sucrilhos longe. Felipe batia nas costas do amigo, morrendo de rir. - Você... cof, cof, cof... me paga... cof, cof... Felipe Miranda!

************************

– Em cem metros, vire à direita. - O GPS avisou para Felipe uma hora e quinze minutos depois de eles terem saído de casa. Ele já começava a desconfiar aonde esse GPS o estava levando.

– Ow, seu GPS, tem certeza que é por aqui? - Felipe falou para o celular, arrancando uma risadinha divertida de Cris.

– É por aqui mesmo, Felipe. Por que a dúvida?

– É que... tô começando a achar que essa sua amiga é vizinha da Shirlei. - Felipe disse, olhando de lado, já que sua irmã estava no banco de trás. - Mas seria coincidência demais.

– Em duzentos metros vire à esquerda. - O GPS anunciou.

– Ah não, tá de brincadeira. - Felipe comentou. Henrique riu.

Minutos depois...

– Você chegou ao seu destino. - Mais uma vez o GPS anunciou.

– Caraca, meu irmão, até o GPS sabe que a Shirlei é teu destino! - Henrique brincou. Felipe estreitou o olhar pra ele.

– Cala a boca, Henrique!

– A Shirlei mora aqui? - Cris qui saber.

– É. Bem ali naquela casa da frente. - Felipe apontou para uma casa de portão, que ficava do outro lado da rua.

– Ai, Felipe, eu queria conhecer ela... E o Tito.

– Eu posso levar ela lá, se quiser, Felipe. - Henrique se ofereceu.

– Não, melhor não. Outro dia, Cris. Vai lá com sua amiga que a gente já tá indo embora.

Cris ficou frustrado, mas compreendeu.

– Tá bom. Mas depois eu quero conhecer, viu, Seu Felipe. - ameaçou e depois de tascar um beijo na bochecha de Felipe e Henrique, - tchau pra vocês -, saiu do carro, indo em direção à casa de Carol.

Enquanto isso, o olhar de Felipe não conseguiu sair um segundo da direção da casa de Shirlei.

– Vai lá, cara! Tá aí doido pra vê a menina. - Henrique disse.

Sem tirar o olhar de lá, Felipe balançou a cabeça.

– Não. Se eu for lá, com a saudade que eu tô, vou acabar estragando todo o nosso plano e... - Pausou, abruptamente. - Mas que droga, olha ela lá! Se esconde, Henrique, rápido!

Os dois escorregaram no banco e baixaram as cabeças o máximo que puderam. Mas Henrique ainda deixou os olhos um pouco de fora para verificar quando os dois poderiam sair do esconderijo.

Do outro lado, Henrique conseguiu perceber quando Shirlei abraçou Tito umas três vezes, e dizendo qualquer coisa para mãe, despediu-se sorrindo e foi embora.

– Pronto. Ela já foi. Já podemos levantar. - Henrique avisou.

– Caramba! Achei que ela num ia nunca mais. Fiquei até com dor nas costas. Quê que foi, Henrique? - Felipe quis saber ao perceber o amigo no mundo da lua.

– Cara, acabei de ter uma ideia pra você se encontrar com a Shirlei hoje. Sem que ela ache que você quis se encontrar com ela.

Felipe franziu a testa, a expressão de interrogação no rosto.

Mas em vez de explicação, Henrique pegou o celular no bolso e, encontrando um nome em sua lista telefônica, apertou.

– Oi, Camila, tudo jóia?! Vem cá, cê vai hoje fazer aquelas fotos na praia que cê tava me falando ontem? - Felipe ficava cada vez mais confuso. - Vai! Ótimo. Então, mudança de planos. Quem vai com você é o Felipe. - Felipe franziu a testa. - Ele. E um amigo dele. - Henrique riu com o comentário de Camila - Não, não, esse amigo não é gato não. Pra te dizer a verdade, ele é um cachorro. Não, é sério. Cachorro mesmo. Tito o nome dele. Tô falando sério, Camila. Cê vai acreditar quando vê o carinha. Ta bom?! Beijão!

Quando Henrique desligou o celular, Felipe estava paralisado.

– Pronto. Acho que você entendeu o que vai fazer, né?! - Henrique quis saber. E por mais que aquilo parecesse uma loucura, Felipe entendeu sim. Mas, apesar de tudo, voltando para o apartamento, os dois ainda conversaram bastante sobre todos os detalhes daquela nova armação.

******************************

Ao meio dia, como era de costume, Shirlei voltou para casa com o objetivo de servir o almoço de Tito, que ficava ansioso esperando por ela no portão, latindo como um louco. Entretanto, neste dia em especial, isso não aconteceu.

– Titoooooo, Tito! - Shirlei chamou o cãozinho, quando abriu a porta de casa, olhando por todas os lados da sala, que era o segundo lugar onde ele poderia estar. - Cadê você meu amorzinho? - Falou com voz infantil.

Nesse momento, ouvindo Shirlei chamar, Francesca saiu da cozinha, enxugando as mãos, pois estava lavando dos pratos.

– O Tito saiu pra passear, filha. - ela explicou, naturalmente.

Shirlei virou a cabeça de lado, estranhando.

– Como saiu pra passear?

– Aquele moço que você diz que tem a guarda compartilhada do Tito veio aqui e levou ele.

Shirlei franziu a testa, indignada.

– O Felipe veio aqui?

– Ele mesmo. E veio com uma moça bonita, filha. Precisava ver. Parecia uma dessas modelos que a gente vê nessas capas de revista, sabe?! - Francesca acrescentou, sabendo que provocaria a filha e provocou mesmo porque se a filha estava irritada, ficou para explodir.

– E Ainda veio com uma... Moça! Mas é muita cara de pau!

– Cara de pau porque, filha? Ma num foi você mesma que me disse que ele tinha terminado com a noiva?

Shirlei ficou sem graça.

– Foi, mãe... mas é que eu num tô falando disso. Eu tô falando é do fato do Felipe ter vindo até aqui pegar o Tito e levar pra passear sem nem me pedir permissão. E ainda com uma moça que o Tito nem conhece... caramba, há cinco dias atras o Tito tinha medo até de mim, imagina de uma pessoa totalmente estranha. O pobrezinho deve tá lá todo assustado. O Felipe não podia ter feito isso! Não podia!

– Ma Shirlei, ele é tão dono do Tito como você, filha.

– Você disse bem: Tão dono como eu, então seria de bom tom ele ter me avisado que ia passear com o nosso Tito e não ter sequestrado ele assim.

Francesca arqueou as sobrancelhas.

– Filha, cê não acha que tá exagerando um pouquinho em relação a isso não? Pelo que eu pude perceber o Felipe é um moço muito responsável, então logo logo o Tito tá batendo aí e vocês vão poder conversar com calma e...

– Não! Nada disso! - Shirlei negou, interrompendo a mãe - Eu vou agora mesmo tentar descobrir pra onde o Felipe levou o Tito e vou buscar ele aonde quer que ele esteja! A Tancinha tá aí?

– Tá lá em cima no quarto. Mas o que você vai fazer com... - Francesca tentou saber, mas já era tarde demais, Shirlei já corria e estava no último degrau da escada, quase entrando no quarto da irmã. - Eu sei quem você quer ir atras, dona Shirlei. Você pode até tentar enganar a si mesma, mas a sua mãe, você não engana não. Mas também um moço bonito, educado e gentil como aquele, quem não iria...? - Francesca falou para si mesa. Depois voltou para os seus afazeres, rindo de si mesma pelo que disse.

Antes de entrar no quarto de Tancinha, Shirlei ligou sete vezes para Felipe e só dava na caixa postal. Furiosa era apelido para o que ela ficou.

– Tancinha, cê tem o telefone do Henrique, aquele da Peripécia? - Shirlei perguntou para a irmã, que estava sentada na cama, penteando o cabelo. Ela tinha acabado de tomar banho.

– Eu me tenho sim. Ma pra quê que cê me quer o telefone do Henrico?

– É Henrique. - Shirlei corrigiu. - Porque eu quero saber pra onde o Felipe levou o Tito. Acredita que ele veio aqui e levou o Tito pra passear sem nem me pedir permissão?

Tancinha tomos as dores da irmã.

– Ah, ma isso não se faz! Como que ele me leva o Tito daqui sem me pedir pra você! Toma! - Entregou o celular pra Shirlei pra que ela ligasse para Henrique - Liga pro Henrico!

Shirlei pegou o celular e apertando o botão, discou para o publicitário, que atendeu no terceiro toque.

– Oi, Henrique, é Shirlei. Tudo bem. E você? Então, Henrique, será que cê pode me dizer onde o Felipe foi hoje à tarde? Sabe o que é... É que eu tô precisando muito falar com ele e... Praia??? O Felipe foi pra praia??? Num tô acreditando nisso! Não, nada não, Henrique. Só estou um pouco surpresa, só isso. Mas... cê sabe onde fica essa praia? Sei... pode mandar a localização pra esse celular, por favor? Não, ele não é meu não. É da Tancinha. - Um silêncio se fez do outro lado da linha - Henrique? Henrique? Cê tá aí? Henrique? Ah, achei que cê tinha desligado. Pode mandar então. Brigada, Henrique. Beijo, tchau. - desligou o celular e depois de mandar a localização para o próprio celular, entregou o celular para a irmã.

– Ma agora que você me sabe aonde que o Felipe me levou o Tito, o que você me pretende fazer, Shirlei?

Shirlei levantou a cabeça de forma desafiadora.

– O que você acha? Eu vou até essa praia e só saio quando eu trouxer o Tito de volta pra casa que é o lugar de onde ele nunca devia ter saído. - Disse ela, convicta - Ah, e o Felipe vai escutar! Ô se vai! Ou eu não me chamo Shirlei Rigoni di Marino!

*******************************

Mais tarde, o táxi que Shirlei pegou para deixá-la na tal praia indicada por Henrique, estacionou no acostamento. Então, após fazer o pagamento combinado com o taxista, Shirlei desceu do carro. O vento da praia era tão forte que Shirlei deu Graças a Deus por ter tido a ideia de colocar um biquíni por baixo de seu vestido rosa PINK soltinho, mesmo não tendo nenhuma pretenção de tomar banho de mar.

Com cuidado, começou a descer as encostas, segurando os cabelos que esvoaçavam em seu rosto, atrapalhando sua visão. Quando finalmente chegou na areia da praia, começou a procurar Felipe. Por causa do sol, que estava brilhante e escaldante, Shirlei tinha que estreitar os olhos para melhor enxergar a área. Nada. Tudo que ela tinha visto até aquele momento era uma caixa de isopor e uma toalha estendida na areia bem no canto da praia. Até que... ao levantar o olhar para o mar, apareceu uma imagem que ela sabia, jamais iria esquecer enquanto vivesse. Era Felipe vindo em sua direção, correndo, vestido apenas com um sunga preta. Corpo escultural. Cabelos molhados...

Shirlei perdeu as forças de suas pernas e seu coração quase saiu pela boca de tão acelerado que ficou. Esqueceu até de quem ela era, quanto mais o que ela estava fazendo ali. O que ela foi fazer ali mesmo? Ah, sim! Buscar o Tito.

– Shirlei?! - Felipe fingiu espanto. - Quê que cê tá fazendo aqui? - Felipe quis saber, enquanto enxugava o rosto com uma toalha, usando de todo o seu charme.

Shirlei ainda olhava para o tórax bem definido de Felipe sem conseguir dizer uma só palavra.

– Eu... eu... vim... eu vim...

– Tá gaguejando, Shirlei? - Felipe coçou a barba - Sabia que eu tenho uma teoria sobre isso.

Diante do que ele disse, Shirlei logo se recompôs.

– Eu vim pra buscar o Tito.

– Agora? Mas o passeio da gente ainda não terminou.

– Pra começo de conversa, ele não era nem pra ter começado!

– Por que não, posso saber? - Felipe provocou, chegando ainda mais perto Dela.

– Porque... porque... Será que dá pra você vestir uma camisa, por favor?

– Não. Tá calor aqui. Agora continue o que você tava dizendo.

Shirlei deu um suspiro, chateada.

– Felipe, você devia ter me avisado que ia trazer o Tito pra passear! - Shirlei pausou, e começou a olhar devim lado para o outro - E por falar nisso, cadê ele que eu não tô vendo?

– Foi dar um passeio com a Camila, mas já devem tá voltando.

Shirlei franziu a testa, indignada.

– O Tito foi dar um passeio com essa tal de Camila e você me diz isso assim?

– E como você queria que eu dissesse?

– Felipe, o Tito até ontem estranhava até nós dois aí você me deixa ele com uma completa estranha e acha isso normal?

– Shirlei, o Tito tá bem. Ele gostou da Camila. Precisava vê o jeito dele com ela, nem parecia o Tito que a gente conhece.

– Mesmo assim, Felipe, é muita irresponsabilidade você deixar o Tito com estranhos, era pra você estar com ele, não ela! Daqui a pouco você vai querer apresentar o Tito pra tal da Helo e pra num sei quantas mais amigas que você tenha...

Felipe segurou o riso.

– A Helo? É, até que não seria má ideia. - Felipe provocou. - Ela adora cachorrinhos. Acho que vou seguir seu conselho.

A raiva foi tão grande da resposta que, sem medir as consequências do seu ato, Shirlei começou a estapear o tórax de Felipe, que teve de se esquivar morrendo de rir.

– Ela que não se atreva a encostar um dedo no meu Tito! - Shirlei dizia, enquanto estapeava Felipe, que tentava segurar suas mãos se divertindo.

– No seu Tito, é? - Felipe perguntou com a voz sedutora e mordendo o lábio inferior, quando conseguiu contê-la, segurando seus pulsos. - Shirlei, quando você vai perceber que o Tito é só seu hein? - Mas ele já não falava do Tito e sim dele mesmo.

Então os olhares dos dois se encontraram, de uma forma tão intensa, que os corações começaram a bater no mesmo ritmo e as respirações no mesmo compasso fazendo seus tórax subirem e descerem freneticamente.

– Me solta, Felipe... - Shirlei pediu, a voz entrecortada.

– Por que será que eu sempre acho que você nunca diz o que você realmente quer? - Ele questionou e alavancou-a pelos pulsos até junto de seu corpo.

– E quem é você pra saber o que eu quero? - Shirlei murmurou, o rosto levantado e a poucos centímetros do rosto de Felipe.

– Eu sei o que você quer, Shirlei. E você também sabe. Só é um pouco teimosa pra aceitar. E como eu disse... Vai ter que partir de você. - Concluiu e soltou-a abruptamente, fazendo-a quase cair.

Shirlei deu um suspiro profundo e se recompôs, ajeitando o vestido.

– Felipe, o Tito tá demorando muito! Acho que você já devia ter ido procurar por ele.

Felipe revirou os olhos.

– Pois sabe o que eu acho? Que você tá precisando esfriar um pouco essa cabeça, mocinha!

Shirlei franziu a testa.

– O quê? Como assim?

Mas antes que ela pudesse se dar conta do que estava acontecendo, Felipe enfiou um braço debaixo dos braços Dela e outro atras das coxas Dela e mesmo em meio aos seus gritos de protesto, correu com ela nos braços em direção ao mar.

– Me solta, Felipe! Me põe no chão! Eu não quero me molhaaaaaaaaaaaaaaar! - Mas já era tarde demais, a onda já tinha quebrado em cima dos dois e Shirlei já se debatia debaixo d'Água, tentando escapar da outra onda que vinha em seguida com violência.

Quando Shirlei finalmente conseguiu emergir da água, com raiva, começou a jogar água em Felipe, que ria como uma criança se esquivando dos respingos, enquanto jogava água nela também.

– Não, Felipe, para! - Shirlei pedia, agora levando na brincadeira.

Alguns minutos depois, quando a brincadeira cessou, os dois saíram do mar. Shirlei saiu, espremendo a barra da saia, enquanto Felipe passava a mão nos cabelos, tentando dar um jeito.

Quando Felipe chegou onde as coisas que tinha trazido estavam, ele tratou logo de pegar uma toalha para Shirlei.

– Toma, pode se enxugar primeiro.

Shirlei pegou a toalha das mãos dele, seus dedos se roçaram por alguns poucos segundos, mas o suficiente para que eles sentissem algo esquentar dentro deles.

– Brigada. - Shirlei agradeceu e pegando a toalha, começou a enxugar o rosto e os braços.

– Shirlei, você... tá de biquíni? - Felipe perguntou, uma ponta de timidez.

Shirlei olhou de lado.

– Tô.

– Então, você devia tirar esse vestido pra se enxugar direito. - Shirlei ficou ruborizada. Então ele acrescentou: - Se quiser, eu posso virar de costas.

Por mais que ele tivesse sido cavalheiro, aquilo de virar de costas era um completo absurdo, afinal, ela não ia ficar nua na frente Dele, era apenas um biquíni, nada mais comum de se usar numa praia, então por que na frente dele parecia tão difícil tirar aquele maldito vestido?

– Não, pode deixar, eu... vou tirar.

Felipe deu um sorrisinho tímido e fingiu que não estava nem aí para aquilo, quando na verdade o seu coração criou uma expectativa fora do normal.

Foi aí que Shirlei começou a tirar o vestido. Sua intenção nunca foi tortura-lo com sua leveza e graciosidade, mas ela retirou o vestido tão devagar que para Felipe era quase uma tortura esperar tanto para vê-la. Logo ele acostumado a ter em sua cama as mais belas mulheres de todos os lugares do mundo, estava ali completamente hipnotizado por uma garota simples e humilde da Zona Leste.

Quando Shirlei finalmente terminou de tirar, os olhos de Felipe resplandeceram. O biquíni não era nenhum pouco sensual, mas tudo em Shirlei era tão feminino é tão no lugar que qualquer coisa que ela usasse cairia bem. Suas coxas sempre foram bem escondidas pelas saias longas dos vestidos e agora ele podia ver o quanto eram torneadas. Seus seios eram durinhos e redondos e sua barriguinha não tinha marcas de academia, mas era tão feminina que combinava com todo o resto. Felipe estava inteiramente fascinado.

– Shirlei, você é... você é muito linda! - Felipe soltou, mas quem dera se pudesse engolir aquela frase de volta. Henrique iria matá-lo se pudesse.

Shirlei engoliu a seco e ruborizou sem saber o que dizer.

A sorte Dela foi que nesse momento Tito apareceu latindo enlouquecido e feliz por ver a mãe.

– Tito! - Ela gritou e pegou-o no colo, recebendo de agrado algumas lambidas no rosto - Seu safadinho! Onde é que cê tava, hein?

– Desculpa a demora. - Camila pediu. - Mas é que eu me diverti tanto com ele que perdi a hora... Eu sou a Camila e você é...

– Shirlei.

– Ah, oi Shirlei, muito prazer! - Shirlei sorriu para corresponder, então Camila passou o braço ao redor dos ombros de Felipe. - Gostei Dela. Cês formariam um casal bem legal, sabia?!

Felipe riu. E Shirlei ficou sem graça.

– Eu tenho noivo. - Shirlei disse logo.

– Ah, sério?! Porque antes de eu chegar aqui tive a impressão que tava rolando mó clima entre vocês. Mas deve ter sido só impressão, né?! - Shirlei assentiu, sem graça. - Vou dar um mergulho, vocês vem?!

– Não, a gente acabou de sair da água. - Shirlei disse.

Felipe concordou com a cabeça, então dando as costas, Camila correu em direção ao mar.

– Tá com fome? - Felipe perguntou.

– Não. - Respondeu seco - Felipe, eu acho melhor eu ir embora...

– Deixa só a Camila voltar do mergulho que a gente vai. - Ele disse e se sentou para procurar algo dentro do isopor.

Shirlei se sentou em cima da toalha, deixando que Tito corresse pela praia, sob o seu olhar atento.

– Viu? Seu filho já sabe se cuidar sozinho. - Felipe falou, retirando uns sanduíches e refrigerantes do isopor.

– Nosso filho, Felipe. - deixou bem claro - Eu só fiquei chateada porque você não me falou nada e eu fiquei preocupada.

– Tá certo, da próxima vez eu aviso, prometo. Toma, trouxe pra você. - Felipe disse, entregando pra ela um pote.

Ela segurou e quando abriu ficou surpresa...

– Doce de leite? - Pausou, mas após alguns segundos raciocinando - Você sabia! Sabia que eu vinha!

Felipe deu um sorriso de lado.

– Sabia sim.

Shirlei balançou a cabeça de um lado para o outro, se achando uma idiota por ter caído naquela armação. Jogou o pote de lado e levantou.

– Quer saber, eu vou embora!

– Ah, mas não vai mesmo! - Felipe disse, segurando o braço Dela e puxando pra baixo. O problema foi que ela estava de mal jeito e ele também e juntando com a areia fofa, os dois acabaram se desequilibrando e caindo. Um por cima do outro. Felipe por cima de Shirlei para ser mais exata. Corpos colados. Olho no olho.

– Sai de cima de mim! - Shirlei pediu, a voz entrecortada.

– Viu como você sempre diz o que não quer. - Felipe disse e sua mão grande segurou a cintura de Shirlei, o polegar acariciando seu ventre, que se contraiu com seu toque. - Até seu corpo sabe o que quer.

– Para com isso, Felipe! - A voz Dela, estava quase presa na garganta.

Felipe encostou os lábios na orelha Dela.

– Sabe que eu adoro quando você pronuncia meu nome. - Sussurrou e foi descendo os lábios desde o lóbulo da orelha, descendo pela linha do maxilar até o chegar no pescoço onde depositou um beijo demorado e torturante. - Aposto que o seu noivo não consegue te fazer sentir isso que eu consigo. - Provocou, mas ela não estava muito preocupada com isso. Então, para facilitar ela arqueou a cabeça instintivamente. Ele sorriu de lado. E passando o dedo desde a testa Dela até aponta do nariz, continuou: - Lembre-se que tem de partir de você.

Então ela, que estava com os olhos fechados se deliciando com as carícias dele, ao abri-los, se deparou com os olhos embriagadores de Felipe. Levou a mão até a barba por fazer dele e a acariciou, fazendo Felipe se deliciar também com o toque, depois seus dedos tocaram delicadamente os lábios de Felipe, como que apenas para senti-los.

O clima entre os dois era de completa entrega até que...

– A água tava muito boa... - Camila falou, fazendo os dois se descolarem - Ai, desculpa! Droga, foi mal! Aliás, foi péssimo, né?!


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