Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 49
Capítulo 49




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Quadragésimo Nono Capítulo ❣️

Uma hora e meia depois, Felipe estacionou o carro em frente ao local mencionado na mensagem mandada por Humberto. O percurso fora facilitado pelo GPS e por algumas informações fornecidas pelo irmão de Shirlei que conhecia Santiago como a palma da mão. Claro que ele teve de esconder o real motivo pelo qual estava pedindo aquele endereço. Entretanto, desconfiado, Giovanni disse que se ele não voltasse em no máximo três horas, chamaria a polícia; sua desculpa foi que o bairro de qualquer forma era um tanto quanto estranho e perigoso. Sem remédio, Felipe teve de concordar e bem lá no fundo achou até bom, afinal, não sabia até que ponto o tal Raoni estava disposto a ir.

Pelo retrovisor de teto, deu uma olhada no local. Tratava-se de um galpão abandonado com no máximo três janelas, algumas até quebradas que ficavam no alto. Com um único e grande portão. Engoliu a seco e crispou os olhos a procura de alguém por ali perto. Nada. Ninguém. Aquele lugar era realmente perfeito para um crime se assim Raoni o quisesse e pretendesse.

Para se sentir um pouco menos nervoso, esticou o braço e ligou o rádio. Uma música lenta e agradável ecoou em seus ouvidos, fazendo-o lembrar de todos os momentos vividos com sua princesa, desde o momento em que a conhecerá até o dia de hoje, quando disse a ela que estava em indo em busca de seu "Felizes Para Sempre".

"Eu to na preguiça que sempre te dá
Quando olho no relógio já passou das 6
Eu tô na play list do teu celular
Escondido na história da música 3
To no teu reflexo no espelho
No teu travesseiro, sonho e pesadelo
E quando acordar, eu tô aí
Mesmo sem estar
Tô naquela fome louca de manhã
Na vontade de comer besteira no café
Tô naquela blusa que eu sei que é azul
Só pra me irritar insisti em dizer que não é
Tô na solidão do elevador
Do teu cobertor, no filme de amor
Seja onde for, eu tô aí
Mesmo sem estar
Saiba que eu sempre to aí
Saiba que eu sempre tô aí
Mesmo sem estar
Que tal apostar
A gente não se fala mais por um mês
Você vai ver
Que o tempo não muda nada, nada"

Quando a música terminou, Felipe estava em prantos, chorando como uma criança, soluçando mesmo. Não porque a música se parecia totalmente com eles. Não. Mas porque ele se lembrou do momento em que eles passaram um mês separados; do quanto fora doloroso passar tanto tempo separado Dela. Do quanto ela se tornou uma parte importante dele, um pedaço dele, e porque não dizer o ar que ele respira. Cada lágrima Dela, nesse tempo em que ficaram juntos ou separados, ele sentiu na alma. E cada sorriso era como se uma estrela nova em seu coração voltasse a brilhar. Se isso não fosse amar alguém com tudo que tinha, o que seria?

Por ela, ele teve certeza ali sentado naquele carro, chorando como um menino e passando as mãos no cabelos, seria capaz até mesmo de...de... de... Morrer. Concluiu, temeroso, pois naquele segundo uma dor lancinante começou a tomar forma em seu corpo como se estivesse tendo um pressentimento ruim. E pela primeira vez na vida teve medo... Não de morrer por ela, mas de imaginar que ela sofreria com sua perda. Pensando nisso, pegou o celular e começou a escrever algo que a confortaria caso isso acontecesse, as lágrimas molhando o visor a cada vez que seus dedos trêmulos teclavam.

Quando terminou, enxugou suas lágrimas com as costas das mãos, guardou o celular no porta luvas, já aproveitando para pegar algo que jamais imaginou usar alguma vez em sua vida.

Uma arma calibre 32.

Saiu do carro. Guardou a arma cuidadosamente nas costas, no cos da calça, cobrindo-a com a camisa e rumou para o galpão. Chegando lá, foi para a lateral onde avistou a janela mais baixa. Pegou uns barris, amontoando-os um em cima do outro e subiu por cima deles até dar vista à pequena janela fosca. Devagar para não fazer barulho, e com bastante esforço, Felipe abriu a janela que mais parecia estar emperrada.

Ansioso e confuso, Felipe começou a olhar o interior do galpão que era tão sinistro como o lado de fora ou mais, pois a iluminação era pouca e o lugar era imundo e repleto de entulhos. Então seus olhos percorreram todo o local até, para sua imensa surpresa se depararem com ninguém menos que...

Henrique.

Felipe apertou os punhos e trincou os dentes, o ódio já tomando conta de seu coração, pois o seu melhor amigo - quase irmão - estava amarrado a uma cadeira com um adesivo prateado tapando sua boca e parecia estar desacordado, pois sua cabeça estava pendendo para esquerda.

Sem mais cogitar as consequências, e só conseguindo pensar no amigo, Felipe se enfiou na janela e com um salto entrou no galpão.

Contudo antes de seguir até onde o amigo estava, tratou de se certificar se a arma continuava no cós da calça, inspirando e expirando aliviado ao senti-la ali. Então olhando de um lado para o outro, foi dando passos lentos e desconfiados, tentando notar qualquer movimento suspeito, mas nada parecia acontecer naquele lugar. Estava muito parado, parado até demais... Muito fácil... ou será que não?

– Henrique? - Felipe chamou o amigo, balançando seu ombro. - Cara, responde! Fala comigo! Fala que cê tá bem! Henrique! - insistiu ele, agoniado e rezando mentalmente para que o amigo não estivesse morto.

Até que, de repente, para alívio de Felipe, o amigo começou lentamente a mexer a cabeça, dando a entender que estava prestes a despertar.

– Cara, você não imagina o quanto eu tô aliviado por te ver vivo e bem! - exclamou Felipe quando viu Henrique abrir os olhos. - Fica frio que eu vou dar um jeito de tirar a gente daqui e... - Felipe teve de interromper a fala quando mirou o olhar de Henrique que começava a se arregalar extremamente assustado. Ele olhava para um ponto atras dele. Felipe engoliu a seco e tentava controlar a respiração até sentir a sensação gelada do cano da arma contra a sua nuca.

– Ora, ora, e num é que o príncipe caiu como um patinho na minha armadilha! - Raoni disse, voz sarcástica. - E eu nem precisei envolver meu querido tio nisso. Ele me trouxe você sem nem imaginar que eu estava tramando algo. Como é idiota! Sempre acreditando no querido sobrinho... tsc tsc tsc tsc tsc! - estalou a língua e riu. - Vire-se! - ordenou para Felipe.

Henrique balançava a cabeça de um lado para a o outro, pedindo por meio de gestos para que o amigo não fizesse aquilo. Mas que escolha Felipe tinha?

Felipe apertou o ombro de Henrique com uma força de amigo, e se virou, levando a arma a ficar apontada para sua testa, enquanto seus olhos se deparavam com os olhos cristalizados daquele que se tornara seu pior inimigo... Raoni.

– Qual foi, cara? Teu negócio é comigo! Solta o Henrique! Ele num tem nada a ver com isso. - Felipe tentou argumentar.

– É, até que você tem razão. O problema é que esse carinha aí acabou descobrindo coisa demais. Quem manda enfiar o bedelho onde não é chamado! Além disso, eu não estou aqui pra negociar... Se você ainda não entendeu, principezinho, eu estou com uma arma apontada para sua testa e... Meu dedo coça tanto que...Eu posso atirar a qualquer momento, pois pra mim você não serve pra nada! Nada ouviu bem!

Felipe Franziu o cenho e trincou os dentes.

– O que você quer, afinal? Me matar? Então por que já não fez logo?

Raoni sorriu de lado, um sorriso extremante cínico.

– E perder a parte boa que é ver o medo estampado na face da vítima? - Raoni ironizou.

Felipe semicerrou o olhar e balançou a cabeça de um lado para o outro, incrédulo.

– Você é completamente louco! - exclamou com os dentes trincados.

– Sabe que foi isso o que disseram na Clínica que me internaram da última vez, mas o titio fez questão de me tirar de lá. Fazer o quê? Se eu consegui convencê-lo de que estava completamente são! O titio é ou não é um idiota? Agora você tem que concordar comigo, né? Vai, concorda! Concorda logo, pow! - Raoni questionou, fazendo caras e bocas tal qual uma criança ou até mesmo um... louco.

Felipe teve vontade de matar Humberto por ter sido tão ingênuo, mas também entendia o fato dele defender o sobrinho, afinal, ficou imaginando se fosse Cris, será que ele não faria o mesmo?

– Cara, o jogo acabou pra você - Felipe tentou usar de uma tática um tanto quanto perigosa. - Cê já foi descoberto e não vai conseguir escapar ileso dessa - Apesar de tudo, parecia que Raoni prestava atenção em cada palavra, pois sua cabeça se mexia de um lado para o outro é suas expressões mudavam a cada frase proferida por Felipe -, então, olha só... eu tenho muito dinheiro, muito dinheiro mesmo e estou disposto a ajudar você. É só você soltar a gente que eu prometo ligar pra um amigo e conseguir um jatinho e muito dinheiro pra você sair do país e... - Felipe pausou abruptamente de falar quando ouviu a gargalhada estrondosa de Raoni ecoar em seus ouvidos.

O gatilho da arma foi acionado.

– CALA A PORRA DESSA BOCA! Cê acha que é isso que eu quero? Cara, cê num sabe de nada! O que eu quero tá longe de ser grana! E tenho certeza absoluta que cê não vai querer me dá!

Felipe ficou pensativo, então seu sangue pareceu sumir de dentro de suas veias quando ele se deu conta de que a que ele estava se referindo, ou melhor, a quem.

Então Sem medir as consequências de seu ato, Felipe partiu pra cima, arrancando de seu inimigo uma risada irônica, pois do nada Adônis apareceu e agarrou os braços de Felipe, impedindo-o de Bater em Raoni.

– Não ouse tocar na Shirlei! - esbravejou Felipe com sangue nos olhos. - Ou eu juro que eu te mato! Eu juro! Eu mato os dois! - Felipe se referiu a Adônis também ao virar o rosto em direção ao ex rival.

– Ow Raoni, por que cê num mata logo esse playboy imbecil e acaba logo com isso? - Questionou Adônis, enfurecido e ainda segurando os braços de Felipe pra trás.

– Relaxa aí! O melhor da festa ainda não aconteceu... Ou você vai querer perder?

Adônis apertou o olhar sem compreender. E teve vontade de perguntar "que porra de festa era essa?", mas ele achou melhor ficar calado. Vai que pra essa festa ele nem tivesse sido convidado. Seria maior micão!

Raoni revirou os olhos, já imaginando o que a anta do Adônis devia estar tentando raciocinar. E achou melhor nem tentar cogitar o que seria pra não se estressar.

Em vez disso, para se divertir um pouco mais, pois psicopata adora isso, Raoni tirou de uma vez só o adesivo que tapava a boca de Henrique, quase arrancando a pele de seus lábios e ao redor deles.

– Ai, porra! Tá maluco, meu irmão?! - Resmungou Henrique.

Raoni começou a fingir expressões tristes, fazendo caras e bocas.

– Ow, doeu foi?! Pense no prazer que foi. - Raoni disse e gargalhou, mostrando com isso mais um pouco de sua loucura.

– Felipe, cara, você não devia ter vindo. Isso tudo foi armado desde o princípio. - Henrique falava rapidamente e desesperadamente - Você é só uma isca pra... Huuuuuuuuuuummmm!

– Chega! - Exclamou Raoni, tapando a boca de Henrique outra vez com o adesivo. - Falou demais! Ia estragando a surpresinha... Mas que estraga prazeres você é. Por causa disso vai ficar mudo de novo!

Felipe Franziu a testa. Mas que porra de surpresa era aquela de que ele tanto falava? Seu coração já começava a disparar. Será que era o que ele estava imaginando? Não. Meu Deus! Que não fosse o que ele estava pensando... Porque se fosse, ele... Ele...

Então, foi aí que tudo aconteceu, numa fração de segundos, o portão foi se abrindo abruptamente causando um barulho estrondoso.

Os olhos de Felipe foram atraídos pelo som e um nó se formou em sua garganta, impedindo-o até mesmo de engolir a seco, ao mesmo tempo em que sua respiração foi bloqueada e seu coração disparou e pediu saída pela boca, pois quem acabara de adentrar ali era sua própria vida.

– Finalmente. - Disse Raoni ao avistar Shirlei, sendo segurada por um capanga mascarado. - A nossa convidada mais ilustre chegou.

Assustada, Shirlei olhava de um lado para o outro até que o seu olhar se encontrou com o de Felipe e foi como se os dois pudessem se abraçar tamanha foi a intensidade do olhar.

– Príncipe! - Exclamou ela, a voz com uma mistura de alívio e medo. E queria correr até os seus braços, mas foi impedida pelo capanga.

– Princesa. - Felipe respondeu, a voz quase sem sair - Meu amor...

Raoni olhou de uma para outro e revirou os olhos. Então revirando a arma na mão, caminhou até onde estava Felipe.

– Tá bom, já chega! Já viu, gostou, gamou. Agora tá na hora do showzinho, né?! - Disse e apontou outra vez a arma para a cabeça de Felipe. - Então, Shirlei, qual lugar você quer que eu dispare o tiro primeiro? Como você é a nossa convidada de honra, você tem o direito de escolher. Isso... Só pra você não dizer que eu não sou bonzinho.

Shirlei arregalou o olhar, o desespero tomando conta de seu ser, mas tentou se conter por causa de Benjamin.

– Raoni, por favor, pra que isso? - Shirlei indagou - O que você vai ganhar fazendo isso? Hein? Me diz!

Raoni coçou a cabeça com o cano da arma. - Deixe me ver... Você?

– Como você acha que eu vou te amar depois de você matar a minha própria vida? - Shirlei indagou, as lágrimas já começando a descer.

Raoni estreitou o olhar.

– Shirlei, por que você ama ele e não conseguiu me amar naquela época? O que esse porra tem que eu não tenho?

Shirlei teve vontade de fazer uma lista com infinitos itens, mas sabia que se fizesse isso, poderia irrita-lo ainda mais é esse não era o seu objetivo, então achou melhor calar-se e tentar usar de persuasão.

– Raoni, eu tinha meus motivos para não ter aceitado naquela época.

Raoni chegou bem perto de Shirlei, o rosto colado no Dela. Felipe quis se soltar de Adônis para ir até lá. Ele se desesperou, mas era em vão. Adônis parecia estar mais forte do que já era.

Raoni colocou a arma no rosto de Shirlei, deslizando o cano nos lábios de Shirlei, como que desenhando-os.

– Quais motivos?

Shirlei engoliu a seco.

– Uma pessoa que eu amo muito me disse que te amava. É isso. Eu tive que abrir mão de você por ela.

Por algum motivo desconhecido, o capanga arregalou o olhar e deu alguns passos para trás, lentamente.

– Mentira! - Raoni gritou. - Você tá mentindo. - Ele arregalou as sobrancelhas - Você tá mentindo pra se safar dessa!

– É verdade. Eu juro.

– Se é verdade - Raoni questionou, duvidando -, me diz quem é essa pessoa! - Shirlei baixou a cabeça, olhando de lado. - Vai, fala!!!!

Shirlei levantou a cabeça e engoliu a seco - Não posso. Eu prometi pra ela que nunca revelaria a ninguém esse segredo.

Raoni gargalhou, uma risada estrondosa que reverberou por todo o galpão.

– Até parece que vai conseguir me convencer com esse papinho pra boi dormir. Shirlei, eu não sou idiota. Sou louco, mas idiota não! Agora... Diz logo onde você quer o primeiro disparo do seu príncipe!

A respiração de Shirlei se tornou acelerada e o choro veio. Não tinha como impedir. Ela se jogou nos pés de Raoni para implorar.

– Raoni, pelo amor de Deus, não faz isso! Não mata o Felipe! Por favor, eu te imploro, eu te imploroooooo! Não mata o fe..li..pe - Falava, a voz embargada, soluçando, enquanto Felipe Henrique tentavam a todo custo se soltar ou pegar a arma, pois a essa altura Henrique já a tinha avistado no cos do amigo e também estava tentado a pega-la. - Não Mata ele! Eu faço o que você quiser! Eu faço o que você quiser, mas por favor, não atira nele! Não atira nele... - Pausou e reunindo todas as forças e coragem de seu ser, resolveu utilizar da única arma que tinha e que achava que podia funcionar àquela altura do campeonato - Não atira nele, MEU AMOR!

Raoni parou abruptamente e retesou as costas. Shirlei teve medo da reação dele, mas se sua obsessão por ela desse o ar da graça, isso seria sua salvação.

Alguns minutos que pareceram infinitos foram necessários para que Raoni se virasse para Shirlei. Ele a olhou e para sua imensa sorte, estava sorrindo, um sorriso quase infantil ou até mesmo abestalhado. Então sem que ela esperasse, ele a levantou e a abraçou forte. Deu certo.

– Ow minha vida, meu tudo, meu amor, eu sabia que um dia você ia se dar conta que eu era o cara certo pra você. Eu sabia. - Raoni dizia em meio ao abraço, a voz adocicada, enojando Shirlei que buscava o tempo todo o olhar aflito de seu príncipe que parecia não está entendendo nada.

– Desculpa só entender isso agora. - Shirlei disse quando o abraço cessou. - Mas agora será que dá pra gente esquecer tudo isso e ir embora? Tô muito cansada. Sabe... Eu tô grávida. - Shirlei argumentou, passando a mão pelo ventre protuberante e lançando para ele um de seus mais belos sorrisos.

Raoni pareceu ficar todo derretido.

– Claro, meu amor. - concordou Raoni com ar de louco, ao mesmo tempo que tocou na barriga de Shirlei que se retraiu inteira, mesmo tentando disfarçar - Esse bebê é meu, né?

Shirlei arregalou as sobrancelhas. Sério isso?

– Cla...Claro, meu amor.

– E é menino ou menina? - Questionou ele com um ar cada vez mais insano.

Shirlei jamais diria que era menino, visto que, protegeria seu Benjamin, filho de sua Felicidade com Felipe.

– Me...Menina.

– Hum... Menina é? Então, o nome dela será Shirra, que é a mistura dos nossos nomes. Você gostou? Gostou? Gostou sim, né?

Shirlei forçou um sorriso, pois a expressar no rosto de Raoni a estava assustando.

– Gos...Gostei. Claro.

Raoni sorriu. Entretanto, foi nesse momento que ambos escutaram um som estrondoso vindo de detrás deles é um corpo caindo no chão. Quando os dois olharam para trás, Adônis estava desmaiado, com sangue espalhado no chão e um pedaço de pau ao seu lado. Ao que parecia, o capanga de Raoni havia se rebelado, pois ele tinha desferido o golpe e agora estava, por algum motivo, desamarrando Henrique.

– O que está fazendo? O que deu em você???? - Esbravejou Raoni sem compreender. Mas o capanga continuava seu serviço sem dar ouvidos.

Enquanto isso, Felipe continuou parado, pois apesar de tudo, de ter uma arma também, Raoni continuava com uma arma na mão e estava muito próximo de sua princesa. Precisava ser cauteloso. Pensar bem em como agir.

Quando o capanga terminou de desamarrar, ele deu alguns passos ficando bem no meio entre Felipe, Henrique e Shirlei e Raoni.

– Raoni - o capanga começou a falar -, você fez uma pergunta pra Shirlei. Quer saber a resposta?

Todos que estavam no galpão franziram a testa sem compreender o que estava acontecendo ali.

– A garota que amava você... - o capanga tirou a máscara de meia preta - Era eu.

Shirlei arregalou o olhar, estupefata. Abriu a boca e colocou a mão nela.

– Carmela???? Era... Você... O tempo todo? Minha própria irmã????

Carmela virou o rosto na direção Dela.

– Era. Me perdoa??? - Carmela pediu com sinceridade, mesmo sabendo que já era tarde. - Por favor, Shirloca.

– Por quê???? Por que você fez isso? Por que tanto ódio de mim? Por quê? Por causa do Felipe? Eu não tive culpa. Você sabe disso e...

– Não! - Carmela quase gritou, interrompendo-a e finalmente revelou o verdadeiro motivo por nutri tanto ódio pela irmã, algo que guardava entalado dentro dela durante anos. - Você ter roubado o gogoboy de mim foi só mais um motivo, mais o principal motivo aconteceu a alguns anos quando eu vi o Raoni se declarando pra você. Eu fiquei com ódio, Shirlei, porque você sabia que eu era apaixonada por ele e mesmo assim foi a um encontro com ele, mas agora... ao souber você dizer que não aceitou ficar com ele por causa de mim... Shirlei, Shirloca... - Carmela começou a chorar e se jogou aos pé de Shirlei de joelhos. - eu tô me sentindo um lixo, a pior pessoa, um monstro! Eu devia ter te escutado quando você ia me contar que... Droga!!!! Me perdoa, Shirlei??? Por favor, me perdoa????

Shirlei a olhava a seus pés e já não conseguia enxergar sua irmã. Morava-a com desdém. Nem raiva conseguia sentir Dela.

– Carmela, o que você fez não tem perdão. Você tem noção de que o que está acontecendo comigo e com o Felipe é tudo culpa sua?!?!

Carmela engoliu a seco. Não sabia mais como pedir desculpas. Shirlei tinha razão.

Contudo, foi nesse entremeio que Felipe aproveitou para se aproximar enquanto Raoni estava entretido tentando entender o que estava se passando entre as irmãs Rigoni de Marino. E Henrique a todo tempo dava cobertura a ele, como combinado.

Tudo aconteceu rápido demais! Antes que Raoni pudesse tentar qualquer que fosse o movimento, Felipe já tinha desarmado o inimigo e já estava com a sua arma apontada para sua cabeça.

– Acabou pra você, Raoni! Melhor ficar quietinho se não quiser morrer. - Felipe ameaçou.

Shirlei suspirou aliviada ao vir que tudo Tina finalmente voltado para o seu estado normal.

– Ai, Graças a Deus, príncipe! - Sorriu, mas seu sorriso foi precipitado, pois logo em seguida... - Cuidado, príncipe! Adônis, não!!!!! - Gritou ela ao vir o ex noivo dando um chave de braço em Felipe.

Raoni escapou correndo, enquanto Felipe e Adônis brigavam um com o outro pela arma. Henrique correu atrás de Raoni que tentou pegar a outra arma. Quando o louco estava perto, o amigo de Felipe conseguiu alcançá-lo, segurando suas pernas e derrubando-o no chão para que o mesmo não alcançasse a arma. Raoni esticou os braços, mas isso não foi o suficiente.

Shirlei quis correr, mas Carmela a impediu.

– Não, Shirloca, você está grávida. Pode prejudicar o bebê se fizer muito esforço. Deixa comigo, acho que ando te devendo muito coisa ultimamente. Fica aí. Já volto. - Carmela disse, e depois de ajudar Shirlei a se encostar em um lugar que ela imaginou ser um lugar seguro, ela correu até onde Henrique e Raoni estavam.

Chegando lá, Carmela se atracou com Raoni pela arma que a essa altura já estava nas mãos de Raoni. Os dois brigaram muito, rebolando no chão de um lado para o outro. Shirlei fechou os olhos, pois apesar de tudo, era sua irmã quem estava ali no meio... até que ouviu três disparos e o barulho ruidoso de um corpo caindo no chão. Seu coração disparou. Teve um medo descomunal de retirar as mãos do rosto e perceber que o corpo pertencia a sua irmã. Começou a chorar como uma criança assustada. Até que mãos masculinas retiraram suas mãos de seu rosto.

– Tá tudo bem, Shirlei. Foi o Adônis. - Henrique disse e Shirlei viu o corpo estirado do ex noivo todo ensanguentado inerte. Morto.

– Fo...Foi a Carmela? - Shirlei perguntou a Henrique em meio a um abraço confortável que ele deu nela.

– Não. O Raoni.

– Cadê o Felipe?

– Essa é a pergunta que não quer calar.

No mesmo instante, Shirlei se levantou a procura de seu amado, desesperada.

– Príncipe!!!! - Ela gritou, a voz reverberando pelo galpão. Mas não houve resposta.

Então Shirlei começou a andar pelo galpão a procura dele mesmo sob os protestos de Henrique que tentava a todo custo mantê-la no local seguro.

Carmela e Raoni também haviam desaparecido é isso deixou Shirlei ainda mais agoniada e apreensiva. Ela segurou o colarinho de Henrique.

– Henrique, cadê o Felipe??? Fala!!!

– Eu já disse que eu não sei. Ele só me disse pra cuidar de você e foi atras do Raoni e da Carmela, então eu... - Ele parou de falar abruptamente quando ambos escutaram mais três disparos vindos dos fundos do galpão.

– Príncipe!!!! - Shirlei gritou, desesperada e saiu correndo e chorando muito. - Naaaaaao! Principeeeeeeee!

Henrique foi logo atras e não pode segurar as lágrimas mesmo tentando ser forte.

Foi quando os dois avistaram duas figuras vindo em direção a eles. Como a luz era fraca. Os dois tiveram que esperar até que seus semblantes se tornassem claros.

O coração de Shirlei disparou e um sorriso se abriu de canto a canto de sua orelha, então ela correu para os braços de seu príncipe que a recebeu com um beijo sôfrego, cheio de saudade, de lembranças felizes. Benjamin vibrando em seu ventre, com o felizes pra sempre cada vez mais próximo!

– Te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo! - Felipe dizia em meio ao beijo e as lágrimas que se misturavam com as Dela.

– Eu também, meu amor. Quando eu ouvi os tiros, eu achei que tinha te perdido pra sempre e...

Felipe segurou o rosto de Shirlei entre as mãos e segurou o olhar Dela com o seu.

– Princesa, quer ser feliz pra sempre?

– Só se for com você!

Felipe sorriu e os dois voltaram se beijar apaixonadamente até que ambos escutaram o som de sirenes vindas de todos os lados do galpão. Giovanni tinha mesmo cumprido o trato.

– Príncipe, quem matou o Raoni? - Shirlei perguntou, preocupada.

– Não se preocupe, bonequinha, seu felizes pra sempre está a salvo. Fui eu. - Carmela respondeu, chamando a atenção dos dois que se viraram para ela de mãos dadas. - Vou me entregar agora. Mas... Eu queria te pedir uma coisa em troca.

– O que? - Shirlei questionou.

– Um abraço.

Shirlei ficou compadecida e por mais que estivesse com ódio da irmã, sabia que durante muito tempo não mais a veria, afinal, ela tinha matado não uma, mais duas pessoas. E sua mãe não estava ali. Portanto, cabia a ela dar um pouco de conforta aquela pobre alma pecadora. Por isso, sem pensar, se soltou de Felipe, afastando-se e abraçou a irmã.

– Obrigada, sei que que não mereço. Mas... Eu vou precisar para ter forças para suportas os anos na prisão. E... Só mais uma coisa. - Chegou no ouvido dela - Vitória, só pra você saber e pra me redimir, sua futura sogra, foi quem me pagou para te separar dele. Não confie nem nela, nem na tal Helô, nem muito menos na Jéssica, todas estavam juntas comigo! Adeus, bonequinha. Um dia, espero ter a oportunidade de conhecer meu sobrinho. - Então Carmela se soltou de Shirlei e rumou para fora do Galpão com o objetivo de se entregar.

Shirlei ainda ficou olhando a irmã caminhando de costas até ela desaparecer no portão, sendo algemara por um dos policiais que já adentrava o galpão. Foi quando, de repente, ela escutou um grito ensurdecedor vindo de seu príncipe.

– CUIDADO, PRINCESA!!!!!

E seu felizes pra sempre sumiu diante de seus olhos no momento em que ela viu seu príncipe caindo em seus braços com três balas cravadas em seu peito. Balas essas que estavam destinadas a ela e não a ele. Mas como um príncipe de conto de fadas, ele tinha se jogado a sua frente e as tinha recebido em seu peito no seu lugar.

E agora quem chorava era ela. Compulsivamente. Enquanto suas mãos estavam banhadas pelo sangue dele.

Quem atirou? Raoni. Que por azar ainda não tinha morrido, entretanto agora jaz, pois o mesmo policial que algemara Carmela, deu mais quatro tiros no infeliz.

Mas do que adiantava, se o mesmo conseguira seu intuito que era atirar em Felipe?

– Príncipe? Pelo amor de Deus, não fecha os olhos. Por que você fez isso? Por que você se jogou na minha frente? - Shirlei perguntava em meio ao choro desesperado.

Henrique também chorava, enquanto acionava a ambulância. Alguém tinha que fazer isso.

Felipe tentava encontrar forças para falar.

– Prin...Prince..sa esque...ceu que eu prome...ti que nunca ia te dei...xar cair! - Engoliu o sangue na garganta e forçou um sorriso.

Aí foi que Shirlei sorriu e beijou seus lábios.

– Príncipe, não me deixa, por favor! Não me deixa! O que vai ser de mim? Você tem que me ajudar a criar o Benjamim. Eu te amo tanto! Você ainda tem que me dá um montão de berloques e nosso felizes pra sempre, sabia?

Uma lágrima desceu no rosto de Felipe.

– Me perdoa, prin...ce...sa... Eu te... amo. Só me pro...me...te... que olha o celu...lar.

Shirlei Franziu a testa sem entender.

– Como assim, príncipe?

Felipe quis explicar, mas suas forças começaram a se esvair, então depois de pousar a mão sobre o rosto dela, ela foi descendo sem força até que caiu e seus olhos se fecharam e sua cabeça pensei para o lado.

– Príncipe? - Shirlei chamou, mas não houve resposta. - Príncipe??? - Shirlei mexeu nele. Nada. - Príncipe, naaaaaaaaaaaaaaaaao! Henrique, chama a ambulância!!!! Chama, pelo amor de Deus! Principeeeeeeeeee! Não me deixaaaaaaaaa! Principeeeeeeee!!!!!


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