Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 26
Capítulo 26




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Vigésimo Sexto Capítulo ❣️

Depois de desligar o celular, Felipe voltou para cama e deitou ao lado de Shirlei. Então, enquanto ela dormia profundamente, ele aproveitou para fazer um carinho em seu rosto com toda delicadeza, percorrendo cada detalhe de sua face com o olhar. Estudando e decorando cada traço dela. E naquele instante, ele percebeu que aquela paixão que sentia por ela, tinha virado algo bem mais forte nesses dias que se seguiram, algo que ele jamais imaginara sentir por alguém em sua vida... Tinha virado Amor. Um Amor puro... Como o trecho daquela música de Djavan, ele pensou, e alisando o cabelo dela, começou a sussurrar:

– "Um amor puro que ainda nem sabe a força que tem... Meu amor, eu juro ser teu e de mais ninguém..." - Ele se declarou, e finalizou, encostando os lábios nos lábios dela, beijando-a quase que imperceptivelmente para não acorda-la.

– Huuuuum - Ela gemeu e piscando os olhos para que os mesmos começassem a se adaptar a luz, Shirlei começou a despertar se espreguiçando. - Bom dia, príncipe. - Ela cumprimentou com um sorriso afetuoso, a voz rouca de sono.

Felipe segurou a cintura dela e puxou-a para si, que se encostou nele, manhosa, depois encostou o nariz no dela, dando-lhe um beijo de esquimó.

– Bom dia, princesa. Te acordei?

Shirlei balançou a cabeça, negando.

– Um um. Eu quis acordar cedo pra gente aproveitar ao máximo nosso último dia de viagem. Mas e você, tá acordado a muito tempo?

A expressão de Felipe mudou um pouco.

– Um pouquinho. Acabei de falar com a Cris no telefone.

Shirlei segurou o lóbulo da orelha de Felipe, acarinhando.

– Algum problema com ela?

Antes de responder, Felipe deu um suspiro profundo.

– Não, com ela tá tudo bem. Mas... - Felipe pausou e segurando o rosto dela, encostou sua testa na dela para que seus olhos se fixassem nos dela. - Princesa, eu preciso que você me prometa uma coisa. - Shirlei pareceu atenta ao que ele ia dizer, então ele continuou: - Aconteça o que acontecer, seja quais forem os problemas que tenhamos que enfrentar daqui pra frente, a gente sempre vai fazer isso juntos!

– Mas por que você tá dizendo isso, príncipe?

– Nada específico, por enquanto. Mas cê viu o que aconteceu ontem com seu ex namorado, né?! Foi bem mais fácil enfrentar ele porque a gente tava junto. Porque, princesa, quando a gente se torna um casal, a gente se compromete a caminhar e enfrentar cada obstáculo que vier porque eles vão vir pra derrubar, mas se a gente tiver junto, junto de verdade, nada, nada mesmo, vai conseguir separar a gente. Entende?

Shirlei sorriu e, bem lá no fundo, ela desconfiou que por trás daquelas palavras Felipe estava escondendo alguma coisa, mas ela confiava nele, portanto iria deixar que ele contasse para ela no momento em que ele se sentisse preparado.

– Entendo, príncipe. Entendo sim. - Ela respondeu. E segurando o rosto dele entre as mãos, puxou os lábios dele de encontro aos dela e deu um beijo cálido, selando aquele momento cúmplice.

Ousado, Felipe, segurando a cintura dela, puxou-a para cima dele, arrancando de Shirlei um gritinho divertido. Depois ela cessou o beijo e se apoiou nos cotovelos para encara-lo.

– O que a gente vai fazer hoje, príncipe?

– Hoje não tem nada programado, então pode escolher o que quiser. A gente só tem que embarcar as três da tarde pra não chegar muito tarde em São Paulo. E não ter que velejar a noite.

– Ok. Então... Vamos dar um passeio na praia daqui? Mas só nós dois. Dizem que é muito linda.

Felipe semicerrou o olhar, fazendo uma expressão sedutora e sorriu de lado.

– Só nós dois é? E eu posso saber quais são as suas intenções comigo, mocinha? - Felipe questionou, a voz rouca, com o rosto ja enfiado no pescoço dela, beijando e fungando ali com malícia.

Shirlei se deliciava com cada carícia dele, subindo o ombro por causa dos arrepios que ele lhe causava. Depois ela chegou os lábios rente ao ouvido dele e sussurrou com ousadia:

– As piores possíveis. - brincou, sorrindo.

Felipe riu.

– Então eu não vou, né? Tá pensando o quê? Que é assim? Eu sou um moço de respeito, de família e... huuum - Gemeu dentro da boca de Shirlei, quando ela tomou os lábios dele entre os dela, já enfiando a língua a procura da dele, com loucura. Em resposta, ele segurou os cabelos dela com as duas mãos, enfiando os dedos entre os fios sedosos, bagunçando-os e aprofundando o beijo com violência.

Depois disso, Felipe se virou com Shirlei, posicionando-se em cima dela, as mãos grandes passeando por seu corpo cheio de curvas femininas e deliciosas, enquanto as mãos de Shirlei agora massageavam suas costas e algumas vezes cravavam suas unhas.

Quando os beijos de Felipe começaram a descer pelo pescoço em direção aos seios de Shirlei, ela mesma arqueou as costas, permitindo que Felipe retirasse sua blusa regata apertada. E foi exatamente o que ele fez, mas antes, ele subiu os braços dela até em cima, para só então, puxar a blusinha para cima bem devagar, pois ele queria saborear daquele momento, cada minuto, cada segundo...

O olhar que Felipe lançou para Shirlei ao vê-la só com o sutiã branco de renda foi tão intenso, que ela ruborizou, o que deixou Felipe fascinado.

– Você é incrivelmente linda, princesa. - - Felipe disse, a voz rouca e ofegante.

Ele já a tinha visto tantas vezes de biquíni, mas é que aquela lingerie dava a ela uma beleza sensual que ultrapassava os limites da razão para ele. E ele a queria mais do que tudo naquele momento.

Encarando-a, ele baixou o rosto e começou a beijar o ventre dela, devagar, de forma torturante, fazendo-a arquear as costas e morder o lábio inferior, sinônimos do prazer que começava a sentir.

No entanto, foi quando ele beijou o umbigo dela, já puxando a calça do moletom dela, que o ruído ensurdecedor do celular de Shirlei trouxe ambos para a realidade... De novo... Outra vez!

– Sério isso? - Felipe resmungou, deitando o rosto no ventre de Shirlei.

Shirlei riu das cócegas que sentiu.

– Calma, príncipe. Deve ser a mãe ou a Tancinha, que esqueceu o cartão.

– Ou o Presidente da República ou o Papa porque eu não duvido mais de nada. - Felipe brincou, resmungando, e pegando o lençol, colocou no rosto, como se faz uma criança com birra.

Shirlei riu e retirando o lençol do rosto dez Felipe, deu um beijinho nos lábios dele bem rápido.

– Eu vou atender bem rapidinho aí se você quiser continuar de onde a gente parou...

Felipe deu um sorrisinho malicioso.

– Vou pensar no seu caso. - Felipe brincou e piscou um olho, enquanto ela se levantava para atender o celular, que estava carregando na tomada atras da outra cama.

Quando Shirlei pegou o celular, retirou da tomada e olhou o visor para saber de quem se tratava antes de atender. Então foi aí que seu sangue quase se esvaiu todo do seu corpo e ela quase derrubava celular no chão, tamanho o susto que ela tomou.

Ao vir a expressão de sua namorada se transformar, rapidamente Felipe se levantou e foi ao seu encontro, preocupado.

– Quê que foi, princesa? Quem é no celular? Num vai atender?

Shirlei o olhou fixamente e engoliu a seco, então Felipe leu o seu olhar e compreendendo, passou a mão no cabelo, agoniado.

– É ele, né?! - Felipe quis saber já sabendo.

Angustiada, Shirlei assentiu com a cabeça.

– É, é ele sim. Mas eu ligo pra ele mais tarde.

– Não, princesa. Por mim, pode falar com ele agora, se quiser.

Shirlei engoliu de novo a seco. Teve vontade de perguntar se ele queria que fosse na frente dele ou se queria que ela saísse para falar com ele. Como era chata aquela situação!

– Príncipe, sinceramente, eu não sei o que fazer.

Felipe trincou os dentes, a mandíbula protuberante sob a pele. O celular continuava tocando enquanto eles discutiam.

– Atende. Deve ser importante já que ele tá insistindo tanto. - Felipe falou, a voz de desdém. - Quer que eu saia pra você ficar mais à vontade?

A verdade é que Shirlei preferia sim. Mas temia que se dissesse isso, Felipe ficasse chateado e talvez desconfiasse de que ela estivesse escondendo algo dele. Achou melhor optar por falar com ele ali.

– Não, príncipe. Pode ficar. O que eu tiver que falar com ele não vai ser segredo nenhum pra você.

Felipe não pôde evitar de sorrir. Mas ao mesmo tempo ficar escutando sua namorada falar com o ex na sua frente não seria nada fácil, enfim... No final das contas, ele deu as costas, foi até a janela e colocando as mãos dentro dos bolsos, ficou ali parado contemplando a vista da praia, enquanto sua namorada atendia ao celular.

– Oi, Adônis. O que você quer? Espera... Aonde você tá? O quê? Não, espera... É que eu não tô escutando nada. Você tá aonde? Adônis, você bebeu??? Mas, o Giovanni tá aí com você? Droga, Adônis, você nunca bebeu na vida! Pra que isso agora? Adônis, eu já te expliquei que eu não vou mais... Adônis, passa pro Giovanni, por favor?! Adônis, para de falar besteira e passa pro Giovanni, por favor! Não, Adônis, você não vai morrer por causa disso, nem vai largar seus estudos! Para de dizer bobagem, por favor! E passa pro Giovanni, agora! Senão eu vou ficar muito chateada e eu juro que nunca mais eu ligo pra você! - Por dois minutos se fez uma pausa no celular, tempo para que Shirlei pudesse dar uma espiada rápida em Felipe, que permanecia parado ainda olhando para janela. Mas no fundo, ela sabia, ele estava arrasado com aquela situação. Um clique do outro lado, trouxe Shirlei de volta ao celular - Oi Giovanni. O que tá acontecendo aí? Aonde cês tão? Giovanni, não era pra você ter deixado o Adônis beber! Ele num tá falando coisa com coisa! Giovanni, eu já disse que eu não posso voltar com ele. Eu... Eu... - Shirlei mirou Felipe que retesou as costas, esperando que ela contasse ao irmão sobre ele. - Eu... Simplesmente não posso. - As costas de Felipe relaxaram e Shirlei mesmo se sentindo mal pelo namorado, achou que estava fazendo o certo - Tenta entender, por favor! Um dia eu vou te explicar tudo e eu tenho certeza que você vai me compreender. Só confia em mim. Mas... Tira o Adônis daí! Ele não tá bem. E tá falando um monte de besteira. Tô com medo por ele. Tá bom? Me manda notícias. Outro pra você. Tchau! - Despediu-se e desligou.

Depois disso, Shirlei jogou o celular em cima da cama e caminhou até onde estava Felipe. Chegando lá, segurou os ombros dele e beijou um ponto das costas dele, demoradamente. Ele retesou as costas, mas nem fez menção de se virar.

– Tá tudo bem, príncipe? - Ela sabia que não estava, mas foi a única pergunta que lhe veio à mente naquele instante.

Sem tirar as mãos dos bolsos, ele deu um suspiro e baixou a cabeça.

– Tá. Tá tudo bem sim. - Ele respondeu, mas sem se virar. - Eu tô indo lá no quarto escovar os dentes e me arrumar. A gente... - Coçou a nuca - Se encontra lá embaixo pra tomar café da manhã. - Anunciou e se virando, deu um beijo bem rápido e frio nos lábios de Shirlei, indo embora sem olhar pra trás, e batendo a porta atras de si.

Shirlei ainda abriu a boca para chamá-lo, mas tudo aconteceu tão rápido que quase não deu tempo para nada. Então ela simplesmente se sentou na cama, com a cabeça baixa e segurando os cabelos, arrasada.

– Ma o quê que me aconteceu com o Felipe, Shirlei? - Tancinha perguntou, quando entrou no quarto. - Ele me saiu daqui ma que nem uns foguete!

Shirlei levantou a cabeça, os olhos marejados.

– Ai, Tancinha, acho que eu magoei meu príncipe. Droga!

Solidária, Tancinha se sentou ao lado da irmã e a abraçou com força.

– Magoou como? Ma me conta. Quem sabe eu num posso te ajudar com isso.

Shirlei tentou sorrir e até imaginou sua irmã com ótimas intenções, mas não, se tinha alguém que tinha de resolver esse problema, esse alguém era ela. E foi esse pensamento que fez com que ela se levantasse.

– Tancinha, eu vou escovar os dentes e me arrumar bem rapidinho porque eu preciso ir lá no quarto dos meninos antes que o Felipe desça.

– Ma você me tem certeza disso?

– Absoluta.

Tancinha sorriu e sem mais delongas, Shirlei correu para se arrumar.

***************************************

– A Tancinha me ligou pra abrir a porta pra você, mas eu te aviso logo que se o Felipe perguntar você vai dizer que eu não tive nada a ver com isso, ok? - Henrique pediu para Shirlei, quando abriu a porta para ela, disfarçadamente para que Felipe não suspeitasse de nada.

– Tá certo. - Concordou Shirlei, sorrindo - Brigada, Henrique. Eu só preciso de um tempo sozinha com ele pra me redimir.

– Sei... - Henrique respondeu, sorrindo com malícia. Depois ele entregou o cartão chave pra ela, que segurou na mão como se fosse um tesouro - Olha só, eu vou deixar vocês dois aí a vontade, mas vê se não quebram nada, heim?! - Shirlei arregalou o olhar - Brincadeira. Vai lá. Ele tá lá no banheiro fazendo a barba. Boa sorte.

Shirlei sorriu, agradecida. E Henrique foi embora, fechando a porta bem devagar.

Depois disso, Shirlei foi pé ante pé até o banheiro, que estava com a porta aberta, pois Felipe estava, de fato, fazendo a barba em frente ao espelho, mas vestido apenas com uma toalha branca amarrada na cintura. Visão inesquecível para ela!

Em silêncio, chegou por trás dele, parando bem na porta para admira-lo. Naquele instante ele estava com uma das bochechas inchadas e cheia de espuma, enquanto passava a lâmina por ela, batendo na pia em seguida para retirar o excesso.

Entretido com o que fazia, Felipe ainda não a tinha visto, até que em um determinado instante seus olhares acabaram por se cruzar no reflexo do espelho. E seus corações dispararam.

– O que cê tá fazendo aqui? - Felipe perguntou, olhando pra ela através do espelho, tentando ser frio, mas sem conseguir, pois sua voz entrecortada já o traia.

– Eu vim fazer as pazes.

– Mas a gente num tá brigado. - Ele respondeu, voltando a se barbear. - Eu só tô um pouco chateado. E acho que eu tenho razão, né?

Shirlei olhou de lado. Não tinha como não concordar com ele. Então achou melhor usar outra tática, em vez de insistir no pedido de desculpas... Por enquanto.

– Posso? - Shirlei pediu, levando Felipe a franzir a testa sem compreender.

Felipe virou o rosto para o lado a olhando de esguelha.

– O quê? Num entendi.

Shirlei andou um pouco, ficando bem próximo dele, olhos fixos nos dele.

– Posso barbear você? - Perguntou e sorrindo, mordeu o lábio inferior

Algo dentro de Felipe inflamou. Shirlei não fazia a menor ideia do poder que exercia sobre ele. Se ela soubesse, Felipe estava liquidado... De vez!

Felipe sorriu de lado, então sem responder, ele colocou a lâmina de lado e segurando os quadris dela, levantou-a no ar, fazendo-a sentar na pia. Ela riu com o susto, mas acabou por abrir as pernas para que ele pudesse se encaixar entre elas. Depois disso, ela pegou a lâmina e concentrada, começou a barbeá-lo. Felipe, por sua vez, não tirava nem por um segundo os olhos da face dela. Olhos de puro desejo.

– Para de olhar assim pra mim! Vou acabar te cortando desse jeito. - Shirlei reclamou, disfarçando um sorrisinho.

Felipe deu um sorriso de lado, sem poder falar por causa da lâmina.

– Pronto. Terminei. Agora é só lavar a lâmina e huuummm - Shirlei gemeu dentro do beijo roubado que Felipe lhe deu, segurando seu rosto entre as mãos, a língua atacando a sua dentro de sua boca, ardentemente.

Em resposta, Shirlei largou a lâmina - que caiu no chão - e agarrou os cabelos de Felipe com sofreguidão, ao mesmo tempo, que enlaçou a cintura dele com as pernas.

– Eu nem devia tá fazendo isso, né? - Felipe falou no ouvido de Shirlei, mordiscando a orelha dela, enquanto passeava com as mãos de cima pra baixo em suas costas, a voz ofegante.

– Por que não? - Shirlei perguntou quase sem voz, levantando o pescoço para dar espaço para que Felipe pudesse passar com os lábios em torno dele, deixando beijos e sugadas por todo o caminho.

– Porque a mocinha era para estar de castigo pelo que me fez hoje. - Respondeu ele, chegando às mãos nas nádegas dela e apertando-a - Tá com fome? O café da manhã do Hotel é só até às 10, sabia?

Shirlei riu, imaginando que com aquela frase, ia ser mesmo castigada.

– Te espero lá embaixo? - Ela perguntou, fazendo bico.

– Vou só botar uma roupa e já desço. - Ele respondeu e segurando ela pela cintura, ajudou-a a descer.

Então, depois de trocarem um beijinho rápido, Shirlei foi embora, sabendo que Felipe não estava mais chateado apesar de ter tido um belo de um castigo.

– Parabéns, Felipe Miranda! - Felipe falou sozinho - O castigo foi na Shirlei, mas quem vai ter de tomar um belo de um banho gelado é você!

***************************************

Assim que Shirlei desceu para o primeiro andar, onde estava sendo servido o café da manhã, avistou logo Tancinha e Henrique, que estavam sentados à uma mesa, que ficava em frente à um janela de vidro que dava visão para a praia.

– E aí, deu certo lá com o Felipão? - Henrique quis saber quando Shirlei se sentou à mesa.

Shirlei sorriu com os olhos.

– Muito certo, Graças a Deus!

Tancinha sorriu, Feliz.

– Eu vou lá me servir rapidinho. Já volto. - Shirlei falou, já se levantando e se dirigindo na direção dos pratos.

Quando Shirlei pegou o prato e começou a se servir, uma senhora muito simpática começou a puxar conversa.

– Olha, pode ficar com o último pedaço de rocambole, se quiser. - A senhora falou, com um sorriso afetuoso.

– Ah, muito obrigada. É que não era pra mim. É pro meu namorado. Ele adora. - Shirlei explicou, pegando o pedaço do rocambole e colocando no prato.

– Ah, o amor jovem. Tão lindo. Você é muito apaixonada pelo seu namorado? Desculpa, é que eu sou uma dessas velhas românticas incuráveis, sabe? Adoro saber sobre essas coisas. - A senhora perguntou, enquanto se servia das frutas.

– Eu sou sim. Muito apaixonada. Nós só estamos aqui porque ele me fez uma surpresa. Ele adora fazer isso.

Os olhos da senhora brilharam.

– Own, que amor. O meu Alvarez era desse jeito quando era jovem. Adorava fazer surpresas. Tão romântico... Tão fiel. Nunca soube de nada dele, acredita? E olhe que são quase trinta e cinco anos de casados. A propósito, eu me chamo Berenice.

– Shirlei. Muito prazer... Eu ajudo a senhora. - Shirlei disse, porque naquele instante elas estavam na parte das bebidas e Berenice estava encontrando dificuldade em abrir a cafeteira.

– Oh, querida, muito obrigada! Mas me diga, como se chama o seu namorado e no que ele trabalha? Não se importa se estiver sendo intrometida, se importa? Adoro conversar!

– Não me importo não. - Shirlei respondeu, simpática - O nome dele é Felipe Miranda. Ele é sócio e publicitário da Peripécia. A senhora já ouviu falar?

– Oh, mas é claro que já! Que coincidência maravilhosa! O meu marido tem negócios lá, sabia? Ele é o dono de uma das maiores redes de perfumes do País e é a Peripécia quem está fazendo a Campanha dela esse ano.

Shirlei arregalou o olhar. Como assim aquela senhora era a esposa do namorado de Jéssica? Então Jéssica era a amante de um homem casado. E pelo jeito a pobre esposa não sabia disso de jeito nenhum. Coitada! Tão boa e casada com um crápula! Ah, mas esse tal Alvarez teria uma lição e de quebra Felipe ganharia sua campanha de volta, pensou Shirlei entusiasmada.

– Está me ouvindo, querida? - Berenice perguntou, arrancando Shirlei de seus devaneios.

– Hã? Ai me desculpe, acabei viajando um pouco... o que a senhora estava dizendo?

– Que você podia levar o seu namorado até a minha mesa para que meu marido o visse. Acho que ele ficará entusiasmadíssimo em vê-lo.

Shirlei sorriu, vitoriosa.

– Acho uma ótima ideia. Assim que ele descer, eu levo ele, pode deixar.

– Que bom, querida. Agora... Vou voltar para minha mesa. Foi um enorme prazer conhecer você, Shirlei. - A senhora disse com sinceridade, sorrindo com os olhos.

– O prazer foi meu. - Shirlei respondeu então as duas tomaram o rumo de suas mesas.

Quando Shirlei chegou na sua, Felipe já havia chegado já fazia quinze minutos. Tancinha e Henrique tinham se retirado para vestir a roupa de banho. Shirlei se sentou ao seu lado e depois de dar um beijinho rápido em seus lábios, colocou algumas coisas que tinha escolhido especialmente para ele em seu prato.

– Obrigado, princesa. Mas... Quem era aquela que você tanto conversava na fila? - Felipe perguntou, quando pegou um pãozinho e o abriu, passando manteiga.

Shirlei deu um sorrisinho, com ar de mistério.

– A esposa de Seu Alvarez, sabe, o namorado da Jéssica.

Felipe parou com o pão entre os dentes e olhou pra ela de esguelha.

– Como é que é, princesa?

– É isso mesmo que você ouviu. O tal Alvarez é casado, muito bem casado por sinal. A esposa dele é muito gente boa. Ah, e ela quer te conhecer! - Shirlei falou essa última frase com um sorriso malicioso.

Felipe abriu um sorriso como que compreendendo tudo.

– E o que a gente tá esperando pra você me apresentar a essa doce senhora?

– Nadinha. - Shirlei respondeu. Então os dois se levantaram e de mãos dadas, dedos entrelaçados, caminharam na direção da mesa de Berenice.

Quando os dois chegaram à mesa, Berenice recebeu o casal com um sorriso de canto a canto da orelha.

– Olha, querido, o casal de que te falei. - Berenice bateu no braço do marido, que até então não tinha visto, pois estava entretido com seu café, mas ao vir de quem se tratava, começou um acesso de tosse e engasgo, que sua esposa teve de intervir, batendo em suas costas com força. Shirlei e Felipe tiveram de fazer muita força para não rir e se compadecer do pobre senhor Alvarez. - Querido, você tá bem???

O marido pigarreou antes de responder.

– Agora tô, querida. - Respondeu ele, a voz engasgada.

– Como vai, Seu Alvarez?. - Felipe estendeu a mão para cumprimentá-lo - Muita coincidência encontrar o senhor aqui. E com a sua esposa. - Essa ultima frase foi dita com uma pitada de ironia.

– Pois é, meu jovem. Também nunca imaginei. Como estão as coisas na Peripécia? - Alvarez perguntou.

– Não muito bem. A saída do senhor nos trouxe muito prejuízo, infelizmente.

Berenice arregalou o olhar para o marido.

– Como assim a saída? Alvarez...?

– É que... Eu... Na verdade, eu pensei eu outra empresa para fazer a Campanha e...

– E nada. Não é querido? Porque a Peripécia é a melhor! Todos sabemos disso! Você vive dizendo isso querido! E com um casal tão lindo à frente, eu não tenho dúvidas disso. Felipe, esqueça que o meu marido um dia rompeu contrato com você. Ele volta atras, não é, querido? Não é?

Alvarez baixou a cabeça e bufou, mas sua esposa era mais dona do dinheiro do que ele, então...

– É, querida. Como você achar melhor.

– Oh, isso não é ótimo, Shirlei. Parece que vamos acabar nos vendo mais vezes, querida!

Shirlei sorriu afetuosa.

– É, parece que sim. - E as duas se abraçaram.

Então depois dez Felipe apertar a mão de Alvarez, que estava com cara devoluções amigos, Felipe e Shirlei voltaram pra mesa.

– Princesa, você arrasou! - Felipe falou todo orgulhoso da namorada, com o braço ao redor do pescoço dela.

– É, acho que foi porque a dona Berenice gostou de mim.

– E quem é que num gosta de você, heim? - Felipe questionou e eles trocaram um beijinho carinhoso nos lábios. - Preciso contar isso com urgência pro Henrique. Ele vai beijar seus pés.

Shirlei riu.

– Não. Muito obrigada. Tudo que eu queria era te ver feliz. Só isso.

Felipe deu um sorriso afetuoso e segurando o rosto dela, fez um carinho com um polegar.

– Princesa, bota uma coisa na tua cabeça de uma vez por todas. Eu já me considero o homem mais feliz do mundo só se ter você do meu lado. O resto... é resto.

Shirlei sorriu e ficou pensativa.

– Que foi? Disse alguma coisa de errado? - Felipe perguntou, passando o dedo da testa dela até a ponta do nariz.

– Não. É que... Eu tava aqui pensando... Será que um dia eu vou conseguir conquistar a sua mãe assim como eu fiz com a dona Berenice?

Felipe tentou disfarçar o espanto da pergunta.

– Digamos que com a Dona Vitória seja um pouco mais complicado, mas... não impossível, né?

Shirlei concordou e ele encostou a testa na dela, os dois se acarinhando, os narizes se tocando, com as três palavrinhas mágicas cada vez mais entaladas em suas gargantas e cada vez mais perto de serem ditas.

Naquela mesma tarde, eles embarcaram e voltaram para São Paulo. Mas apesar da viagem ter acabado, Felipe ainda vem aí com muitas surpresas...


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