Sem-Coração escrita por Ju Do


Capítulo 4
Capítulo 4: O Lobo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem =D



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Capítulo 4: O Lobo

 

Há alguns anos, a Rainha teria que viajar bastante para sair de seu reino, partindo do castelo. Mas agora, por causa da redução em seu território, ela conseguiu chegar à fronteira em alguns dias. Ela e o Cavaleiro viajavam a cavalo, levando uma mula de carga com alguns suprimentos e pertences, incluindo duas espadas de fio cego, com os quais treinavam toda noite. Como resultado daquilo, o Cavaleiro estava com alguns hematomas pelo corpo, e seus músculos doíam. Além do mais, se sentia frustrado, pois suas habilidades não pareciam melhorar. Ainda não conseguia acertar nenhum golpe sequer na Rainha.

Os dois cavalgavam em um descampado, mas se aproximavam da borda de uma floresta que marcava a fronteira entre os reinos. Quanto mais se aproximavam, menos convidativo o lugar parecia. Quando finalmente chegaram na borda, os dois pararam e fitaram as árvores. A floresta parecia estranhamente escura. Havia uma trilha se estendendo à frente, mas ela era estreita e parecia tortuosa. O vento soprou e as árvores deram a impressão de sussurrar hostilmente.

— Nós temos que ir por aí? - o Cavaleiro quebrou o silêncio. - Quer dizer, eu sou filho de um caçador, estou acostumado com florestas, mas essa aí parece... maligna.

— Esse é o caminho mais rápido. Essa floresta é imensa, levaríamos semanas a mais para contorná-la. E eu não pretendo deixar aquele desgraçado de posse do meu coração por nem um dia a mais do que o estritamente necessário.

E, com isso, ela fez o cavalo avançar, e os dois seguiram em fila indiana para dentro da floresta.

Não demorou muito para que a luz do sol ficasse escassa debaixo da sombra das folhas. Ao olhar para trás, o Cavaleiro não conseguia mais divisar o fim da floresta. Agora estavam verdadeiramente embrenhados na mata. A Rainha apenas seguia em frente, sem olhar para trás.

Após algumas horas, o Cavaleiro ouviu um barulho. A princípio, ele não prestou muita atenção, pois aquela floresta parecia cheia de sons estranhos. Mas, de repente, lhe ocorreu que aquilo estava soando estranhamente perto. Antes que ele pudesse abrir a boca, a Rainha ergueu uma mão, em um gesto silencioso para que eles parassem os cavalos.

Sem o ruído dos cascos batendo no solo, os barulhos da floresta ficaram muito mais perceptíveis. Com um sobressalto, o Cavaleiro viu um vulto se mexendo entre a vegetação com o canto do olho. Quando ele se virou para olhar, não havia nada lá.

Na sua frente, a Rainha puxou uma espada.

— Puxe sua espada. - ela sussurrou, e o Cavaleiro desembainhou a espada do Rei. - Aconteça o que acontecer, não saia da estrada.

Ela esquadrinhou as árvores com olhos atentos. Então, subitamente, apontou a espada para um canto específico e trovejou:

— Apareça! Eu sei que está aí!

E, de uma moita, lentamente, saiu um homem. Ele tinha um facão nas mãos, mas o abaixou ao ver os dois com as espadas firmemente apontadas em sua direção.

— Quem é você? - a Rainha questionou.

— É um caçador. - o Cavaleiro respondeu, antes que o homem pudesse falar. - Eu reconheço o tipo de facão. E o jeito como se escondia.

— Abaixem essas espadas! - veio a ordem, de trás dos dois. Eles se viraram, e deram de cara com quase uma dúzia de pessoas. Eram todos homens, exceto pela mulher que falara, e que tinha um arco em mãos, com a flecha apontada diretamente para a Rainha.

— Abaixe esse arco! - o Cavaleiro gritou de volta, indignado. - Sabe para quem o está apontando?

— Não, não sei. E não vou me importar de saber, se não abaixarem as espadas!

— Nós somos...!

— Viajantes. - a Rainha o interrompeu. Ela baixou calmamente a espada. - Queremos chegar ao reino vizinho. Estamos apenas atravessando esta floresta.

— Escolheram uma hora estranha para fazer isso. Ninguém com juízo perfeito tentaria atravessar essa floresta agora. - a mulher replicou.

— Eu agradeceria se abaixasse o arco. A não ser que sejam um bando de ladrões que queiram nos assaltar. Se for o caso, gostaria que me avisassem agora, para que eu possa reagir de acordo. - e, com aquilo, a Rainha apertou perceptivelmente o cabo de sua espada.

— Não somos ladrões, minha senhora. - o caçador que havia se escondido na moita falou, fazendo o Cavaleiro e a Rainha se virarem. - Somos apenas moradores de uma vila na borda dessa floresta. Estamos caçando.

— Com uma dúzia de pessoas? - o Cavaleiro se surpreendeu.

— Para o monstro que estamos caçando, é necessário. E, talvez, nem seja suficiente.

— Monstro? - a Rainha questionou.

— Um Lobo. - o caçador sussurrou.

— Uma multidão para caçar um lobo? - o Cavaleiro estranhou.

— Você não viu esse Lobo, senhor, se não, não estaria surpreso. - o caçador se irritou. - É uma besta gigante, negra como as trevas, forte como um cavalo, rápido como um golpe de chicote e com a sede de sangue de um assassino. Ele sai da floresta a noite e aterroriza a nossa vila a semanas.

— Ele já devorou três dos meus porquinhos! - um homem gritou.

— E sete cabritinhos!

— E minha filha. - a mulher com o arco o abaixou. - E minha mãe.

— Por que não pediram ajuda à Rainha? - a Rainha perguntou.

— A Rainha já tem problemas o suficiente com o que se preocupar. - a mulher falou, com um tom de desdém. - Faremos isso com nossas próprias mãos.

— Tenho certeza de que a Rainha gostaria de saber do que ocorre aqui. - a Rainha falou, fria. A mulher apenas encolheu os ombros em resposta.

— Bom, desejo sorte a vocês se pretendem atravessar essa floresta, mesmo depois do nosso aviso.

— Temos que atravessar. - a Rainha respondeu. - Boa sorte em na sua caçada.

Com um aceno de cabeça, os caçadores viraram as costas e desapareceram na mata, tão silenciosamente quanto haviam surgido.

— Ainda vamos continuar? - o Cavaleiro perguntou. A Rainha acenou com a cabeça, embainhou sua espada e fez o cavalo seguir em frente. Ele a seguiu.

Não haviam passado nem dez minutos quando o Cavaleiro viu algo no chão. Ele chamou a atenção da Rainha e desceu do cavalo, se agachando no solo. A moça se aproximou e viu o que ele examinava. Uma pegada maior que as marcas dos cascos dos cavalos no chão. Quase do tamanho da mão do Cavaleiro. Os dois se encararam.

— Tem certeza...? - ele começou.

— Tenho. E, se encontrarmos esse Lobo, ele vai sentir o gosto da minha espada. - a Rainha parecia ter levado aquele caso com o monstro como algo pessoal.

E com aquilo, eles montaram de novo e continuaram o caminho.

Provavelmente, era só impressão, mas a floresta agora parecia mais sombria do que nunca. Olhos pareciam espiá-los por entre a vegetação, e sombras se moviam, vistas pelo canto do olhar. A Rainha parecia calma, apenas um pouco mais atenta, e o Cavaleiro tentava se acalmar também. Ele respirou fundo.

Passou-se mais ou menos uma hora antes que o Lobo, claro, aparecesse. A essa altura, o Cavaleiro já havia relaxado mais um pouco, e até a Rainha ficara menos atenta. Aquilo os deixou completamente despreparados para o monstro gigante, quase do tamanho de um cavalo, que surgiu rosnando à direita dos dois e pulou em cima da Rainha.

Ela mal teve tempo de reagir. Conseguiu se desviar por centímetros das presas cortantes do Lobo e, instintivamente, usou os dois braços para agarrá-lo firmemente pelo pescoço. Aquilo a desequilibrou e, quando o animal caiu no chão, do outro lado do cavalo, ela foi junto. Com aquilo, o Lobo correu para dentro da floresta, com a Rainha abraçando-o ao redor da garganta com toda a força.

O Cavaleiro xingou antes de esporear o cavalo e seguir os dois para dentro da mata. O Lobo era rápido, e logo desapareceu entre a vegetação. O rapaz tentou dominar o pânico, olhando ao redor e tentando se guiar pelos rosnados do animal e os gritos da Rainha.

Nesse meio tempo, ela havia conseguido se içar para cima do Lobo e, enquanto com uma das mãos se segurava no pelo negro, com a outra, puxou sua espada. Ela tentou enfiar a lâmina na cabeça do monstro, mas ele sacolejava ao correr, de modo que a espada deslizou, abrindo apenas um corte leve na lateral do pescoço do Lobo.

Aquilo foi o bastante para o animal uivar de fúria e parar derrapando, lançando a Rainha por cima de sua cabeça. Ela largou a espada para evitar se cortar na queda. Conseguiu virar-se no chão e puxar o escudo bem na hora em que o Lobo pulou em cima de si. As garras rasparam na superfície de metal inquebrável e ela o chutou tentando afastá-lo. A Rainha abriu a guarda, colocando o escudo para o lado. Nessa hora, o monstro avançou para mordê-la. Ela desviou para um lado e, com o braço esquerdo, bateu com a borda do escudo no focinho do Lobo, fazendo-o ganir e recuar.

Nesse momento, o Cavaleiro surgiu, esporeando o cavalo para cima da criatura, a espada erguida, pronta para o golpe. Quando ele passou pela frente do monstro, galopando a toda velocidade, baixou o braço com a lâmina, tentando acertar-lhe o nariz. Mas não foi rápido o bastante. O Lobo desviou do golpe e cravou os dentes em seu antebraço, puxando-o para baixo. Com um grito de dor, o Cavaleiro caiu do cavalo. O monstro soltou-lhe o braço e pulou em cima dele, preparando-se para arrancar-lhe a cabeça em uma mordida... E uma espada foi-lhe enfiada no crânio. O Lobo morreu instantaneamente, desabando em cima do Cavaleiro, que ofegou com o peso. A Rainha, ofegante, tirou os cabelos da frente dos olhos e puxou sua espada com força, tirando-a da cabeça do monstro. Depois, ela ajudou o Cavaleiro a sair debaixo do animal.

— Você está bem? - a Rainha perguntou. O Cavaleiro recuperou-se do choque e sacudiu a cabeça rapidamente para espantar os resquícios de susto.

— Estou.

— Deixe-me ver o braço. - ela estendeu a mão. Ele deu-lhe o braço que o Lobo havia mordido e a Rainha o examinou. O couro do corselete que o Cavaleiro vestia havia absorvido a maior parte da força da mordida. Ela tirou o protetor de antebraço e examinou as feridas, antes de erguer a cabeça e olhar para os lados, procurando algo.

— Onde estão os cavalos?

— Fugiram.

A Rainha suspirou e tirou seu próprio cantil, que havia pendurado no ombro. Com cuidado, ela derramou um pouco de água na ferida. Ardeu um pouco, mas ele trincou os dentes e não fez nenhum som. A Rainha puxou um lenço de dentro das roupas e enfaixou-lhe o braço. O Cavaleiro permaneceu imóvel durante o processo, começando a sentir-se envergonhado. Que papel de bobo fizera, surgindo daquele jeito apenas para ser derrubado do cavalo!

Ao terminar, ela se afastou com um aceno e passou a examinar o corpo do Lobo. O Cavaleiro ficou parado, chutando levemente a relva, tentando não se afundar na própria vergonha.

— Eu sabia. Esse Lobo não é uma criatura normal. - a voz da Rainha interrompeu seus pensamentos. - Olhe.

Ela segurava uma das patas da criatura, mostrando a sola para que ele visse. O Cavaleiro se aproximou e viu, bem no meio, um círculo vermelho com algo que parecia uma runa dentro.

— O que é isso? - ele perguntou.

— Não sei. Mas, se tivesse que adivinhar, diria que é magia negra. Alguém criou essa criatura, isso não é natural. - a Rainha se ergueu e olhou ao redor. - Saímos da estrada. Não devíamos ter feito isso. Não vamos achá-la de novo.

— Eu não acho que tivemos muita escolha.

A Rainha balançou a cabeça.

— E os cavalos foram embora com nossos suprimentos, assim como a mula. - ela suspirou. - Fique aqui. Eu vou escalar uma dessas árvores e tentar nos orientar pelo sol.

— Deixe que eu faço. Sou filho de um caçador, estou acostumado a fazer isso.

— Está com um braço machucado, poderia cair. Deixe que eu faço.

O Cavaleiro abaixou a cabeça, sentindo-se completamente inútil.

— Escute. - a Rainha o fitou e apontou para o seu antebraço. - Esse é o seu primeiro ferimento de batalha. Sinta orgulho dele. A maioria das pessoas do reino não teriam tido a coragem de cavalgar em direção àquele monstro, quanto mais atacá-lo.

E, com aquilo, ela se virou e começou a escalar uma das árvores mais altas. O Cavaleiro se sentou no chão e ficou esperando.

Não tinha passado nem um minuto e uma pessoa surgiu pelo meio da vegetação, tropeçando em raízes com uma cesta nas mãos. O Cavaleiro pulou de pé e agarrou a bainha da espada, pronto para puxá-la, quando a pessoa ergueu o rosto e ele viu que era uma velhinha enrugada. Imediatamente, relaxou.

— Boa tarde... - ela começou, mas se interrompeu com um grito de horror ao ver o corpo do Lobo.

— Está tudo bem! - o Cavaleiro ergueu as mãos, tentando acalmá-la. - Está morto.

A velhinha se aproximou e cutucou a criatura com o pé. Quando o monstro não se mexeu, ela relaxou.

— Foi você que matou esse monstro, meu jovem?

— Eu... Ajudei a matá-lo. Mas o que a senhora está fazendo no meio de uma floresta perigosa como essa sozinha?

— Oh, eu não estava sozinha. Estava com meu neto, que veio me acompanhar enquanto eu colhia maçãs. - ela ergueu o cesto, mostrando uma dúzia de frutas. - Mas me perdi dele. Estava meio assustada, mas, agora que o Lobo está morto, acho que não há mais nada com o que se preocupar nesta floresta.

Mas o Cavaleiro mal ouviu a segunda parte. Desde o momento em que a velhinha o mostrara as maçãs, ele não conseguia prestar atenção em mais nada. Eram as frutas mais vermelhas e maduras que já havia visto, e pareciam tão suculentas e deliciosas...

— … Mas já que você matou o Lobo, acho que merece um presentinho. - a velhinha continuava a falar. - Eu não tenho muito o que oferecer, mas o que você acha de ficar com essas maçãs?

— Ah... Ah, claro, eu adoraria. - ele concordou.

A velha mulher embalou as frutas em um pano e lhe deu.

— Pronto, meu jovem corajoso. Um presentinho. Que seu caminho seja abençoado e que os deuses lhe acompanhem!

— O mesmo para a senhora. - ele murmurou, com os olhos pregados nas maçãs. Mal notou quando a mulher desapareceu entre as árvores.

O Cavaleiro quase comeu uma fruta bem ali. Mas lhe pareceu errado começar a comer sozinho, antes de sua Rainha. Levou-lhe toda a força de vontade que tinha se controlar e esperar. Sua boca parecia terrivelmente seca. E as maçãs deveriam ser tão suculentas e doces...

Houve um ruído que o fez erguer a cabeça. A Rainha pisava no solo, descendo da árvore.

— Finalmente! - o Cavaleiro gritou, assustando-a e correndo em sua direção. - Olhe! Maçãs!

Ele estendeu-lhe o pano das maçãs, que a Rainha pegou, no reflexo, e puxou uma para si mesmo.

— Onde achou isso? - a Rainha perguntou, surpresa. O Cavaleiro só tinha olhos para a maçã, preparando-se para mordê-la.

— Uma velhinha apareceu e me deu...

A maçã saiu voando de sua mão com um tapa da moça.

— Ei! - ele correu em direção à fruta. A Rainha se antecipou e pisou na fruta, esmagando-a debaixo da bota.

— O que você está fazendo?! - ele se ergueu, indignado.

— Olhe! - a Rainha o estapeou no ombro, feroz, apontando para a maçã esmagada. Ele olhou, ainda zangado. Em poucos segundos, toda a relva em um raio de 30 centímetros da fruta enegreceu, murchou e morreu. A boca do Cavaleiro caiu.

— Uma velhinha lhe deu. - ela repetiu. O Cavaleiro balançou a cabeça, confirmando. - Como ela era?

— Era... Só uma velhinha, normal. Tinha se perdido do neto...

A Rainha suspirou.

— Feiticeiras. Elas podem assumir diversas formas. Essa assumiu uma da qual sabia que você não suspeitaria. - ela olhou ao redor, estreitando os olhos. - Lobos malignos, maçãs envenenadas... Alguém claramente não nos quer aqui.

Ela olhou para o Cavaleiro, que ainda fitava a maçã esmagada.

— Olhe para mim. - ela estalou os dedos, aproximando-se. - Nunca. Nunca coma frutas das quais você não saiba a procedência. Agora, vamos, temos que seguir a pé. É por aqui.

O Cavaleiro a seguiu, ainda chocado. Apenas alguns minutos depois ele finalmente recuperou a voz.

— Nunca saia da estrada. Nunca coma frutas dadas por estranhos. - ele repetiu. - Todas essas regras. De onde você tira tudo isso?

— Eu fui uma princesa. Eles nos ensinam esse tipo de coisa. - ela respondeu, como se fosse óbvio.

— Então... Há uma espécie de Manual da Princesa, ou algo assim? - ele brincou. - Regra número um: não saia da estrada. Regra número dois: Não coma frutas oferecidas por estranhos. Regra número três?

— Não entre na floresta. - a Rainha retrucou.

 


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Notas finais do capítulo

Bom, e aqui começa verdadeiramente a jornada da Rainha e do Cavaleiro. E também começam as referências. Alguém pegou alguma?
Elogios? Críticas? Comentários? Todos serão bem-vindos. Espero que tenham gostado de ler e até a próxima! =D



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