"Is in here..." escrita por April Criatividade Brooke


Capítulo 5
Begin Again




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Começar de novo

 

                Cada passo era familiar para Sardenta, o cheiro do lugar não estava tão distante assim de suas memórias, parecia que tudo ali estava na ponta da língua.

         Áster a levou até o quarto que aparentemente seria dela e a deixou se descobrir sozinha enquanto eles terminavam assuntos pendentes.

         Sardenta passou horas lendo seus antigos livros e anotações, vendo desenhos que ela havia feito, descobrindo objetos que nem sonhava que podia ter... não viu o tempo passar, quando se deu conta já estava anoitecendo.

         Ela pensou em ir ver os outros, mas não sabia se devia. Sardenta normalmente não era tímida, porém o jeito como eles a encaravam era desconfortável.

         Sardenta sentou-se na ponta da cama e passou a mão entre os cabelos frustrada. Como faria para lembrar-se deles? Ela era líder, agora era só um ponto apagado desta história.

Toc toc” Alguém bate na porta.

— Sardenta? – Era Áster – Posso entrar?

— Claro, sim – ela diz levantando-se.

O rapaz entrou segurando um prato com carne que cheirava muito bem, Sardenta não percebera o quão faminta estava, não comera nada o dia inteiro além daquela maçã antes de chegarem.

— Achei que estaria com fome... – Ele entrega o prato para ela.

— Obrigada.

Áster observou os papéis e coisas espalhadas no chão do quarto de Sardenta e senta-se ao seu lado enquanto ela aproveita o sabor da comida.

— Algum progresso? – Ele pergunta.

Os olhos de Sardenta ficam tristes e ela nega com a cabeça com a boca cheia. Ela termina de mastigar e dá de ombros.

— Parece tudo muito irreal para mim...

— Como assim, Sardenta? – ele faz uma expressão confusa – Isso tudo é tão você...

— Ah, por favor – ela revira os olhos, se ajoelha e pega alguns papéis no chão – Quer dizer olha tudo isso! Não parece comigo, aqui tem planos de ataque, estudos de dragões e outras coisas que eu nunca nem sonhei que poderia fazer. Como consegui fazer tudo isso?

— Deve ser meio chocante – Áster dá de ombros imitando ela inconscientemente – Afinal, você era a pior viking que já existira em três mil anos, mal conseguia levantar uma espada ou não se meter em encrenca diariamente e agora você é responsável por manter a paz numa guerra que durara centenas de anos...

Sardenta o olhou com ar irônico.

— Sua sinceridade é comovente.

Áster solta um risinho lembrando-se da velha frase

— Ei – ele soqueou seu ombro de leve - Eu sei que você vai conseguir, só precisa parar de negar tudo isso.

Dizendo isso ele se vai deixando Sardenta com cada vez mais perguntas.

— Ei, Áster – Sardenta o interrompe antes de sair.

— Sim?

— Você estava lá, não estava? No momento em que eu perdi minhas memórias?

Áster baixou o olhar.

— Sim – então ele fechou a porta.

Sardenta mergulhou num mar de pensamentos, queria que tudo aquilo fosse só um sonho ruim e queria gritar por ajuda. Era tudo tão injusto, ela perder algo assim, uma vida inteira, mas Sardenta nunca teria autopiedade, não precisava disso.

Precisava de ajuda.

Precisava se lembrar de quem era ou começar de novo.

***

         Era madrugada, Sardenta não podia dormir, não conseguia mais. Então ela escuta passos mansinhos entrando em seu quarto, ela senta-se na cama e encara Banguela.

O dragão pareceu tímido, mas foi até ela chegando bem pertinho e pondo a cabeça em seu colo.

Sardenta tocou no dragão novamente e a sensação das frias escamas contra sua pele era familiar, acolhedora, aconchegante...

A garota balançou a cabeça brava, já chega de ficar tão perdida, de tanta preocupação, de tanto drama. Chega de tanta coisa ruim... Ela não se sentia doente, então ela não estava; não se sentia mal ou triste, então não ficaria.

Sardenta se vestiu com o traje de voo, pegou sorrateiramente a cela de Banguela, a prótese da cauda e então partiu na calada da noite.

***

Amanhecera. Os vikings acordaram agitados e descansados, prontos para mais um dia tentando recuperar as memórias de Sardenta e cuidar da amiga deles.

Estava fazendo um dia bonito lá fora, mesmo com o inverno tão próximo, estava ensolarado, nenhuma nuvem no céu, dragões coloridos preenchiam o céu migrando pela troca de estação.

Todos se reuniram para o café da manhã, os gêmeos brincavam com a comida e fazendo piadas sem graças sobre mulas, Perna de Peixe alimentava Batatão ao lado de uma pequena pilha de livros que ela pensou que seriam úteis, Melequenta estava sentada com Hunter jogando seu charme nele inutilmente, pois ele só tinha olhos para a garota ao lado do Gronkel enfiada nos livros e enquanto a Àster, bem, ele bebia algo em sua caneca ali no canto, de pé, com o olhar fixo no nada, parecia quase tão perdido quanto Sardenta...

— Então... – Áster chamou a atenção sem tirar seu olhar do vazio – Alguém tem alguma sugestão do que fazemos com Sardena? Nosso tempo está passando...

O silêncio reinou. Perna de Peixe suspirou.

— Eu passei a noite inteira lendo sobre a condição dela, mas... – ela bocejou – Amnésia parece ser a coisa mais complexa do mundo, talvez fosse melhor tê-la deixado em Berk ou...

— Não! Não vamos desistir dela assim, ela não desistiria de nós e não desistiu de nós em todas as situações que vivemos contra Victoria (Viggo) e antes disso.

— Você pode estar certo, mas estamos sem tempo, temos apenas alguns dias para colocar o olho de dragão antes que a tribo de Malla quebrem nosso acordo de paz. Temos que começar a mapear e procurar – Questionou Hunter – Está na hora de usarmos a cabeça, depois que o acharmos podemos cuidar de Sardenta. É o que ela iria querer.

— Temos que concordar que ela vai ser um peso morto – Comentou Cabeça Dura.

— Peso morto – Confirmou Cabeça Quente.

Áster suspirou.

— Eu a levo pra casa – Ele deu o ultimo gole de hidromel em sua caneca – Formem duplas e comecem a vasculhar todos os lugares atrás do olho de dragão, nos encontramos aqui ao anoitecer.

Todos pareciam decepcionados, mas se Sardenta inda fosse ela mesma, seria o que ela faria.

Alguns dias antes do acidente, eles estavam firmes e fortes lutando contra Victoria (Viggo) e, após meses de frustração e planos, finalmente conseguiram, mas no exato momento desta vitória houve o acidente... Sardenta se sacrificou... Tudo para salvar seus amigos, salvar os dragões e no final ninguém a salvou. Ninguém fora forte o bastante, ele não fora forte o bastante para proteger sua Sard...

Áster sentiu lagrimas em seu rosto, era a primeira vez que demonstrava a dor que sentia desde daquele dia. Antes de ela acordar, tudo o que conseguia sentir era preocupação, quando esta acordara fora tudo tomado pela culpa e agora a tristeza por perder sua amiga finalmente chegara, no pior momento.

Áster balançou a cabeça para se livrar daqueles pensamentos e limpou suas lágrimas passando o braço em seu rosto.

Ele respirou fundo e bateu na porta do quarto dela.

Mas nada ouvira...

Então bateu novamente...

Mais uma vez nada, um silêncio...

— Sardenta? – Ele chamou abrindo a porta – Está acordada?

Porém não havia nem sinal dela, os papéis, os mapas, os desenhos e objetos... apenas poucos ficaram ali. Áster arregalou os olhos, e se ela tivesse sido sequestrada? Onde ela estava?O que tinha acontecido?

Mal ele sabia o quão certo estava...


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