"Is in here..." escrita por April Criatividade Brooke


Capítulo 6
Away from you




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Longe de você         

 

O cheiro de ferrugem infestou o corpo pesado de Sardenta, ela sentiu que estava carregando e a sentou numa cadeira fria. Sua mãos estavam presas, seus olhos vendados e sua garganta seca.

         Tiraram a venda de seus olhos, estava escuro e sua vista estava embaçada.

         Havia uma mulher sentada a sua frente, ela tinha cabelos castanhos, olhos claros e muitos ferimentos, como se houvesse acabado de sair de uma guerra. Sardenta sentiu um frio na espinha quando sua visão voltou ao normal, por algum motivo aquela mulher deveria estar fortemente presente no passado.

         - Eu subestimei você... – A mulher disse.

         Ela parecia bem machucada, tinha dificuldade em falar, mas o sentimento na sua voz era indecifrável.

         - Todos os planos, as batalhas, as intrigas... Mas eu não aceito que acabe desse jeito – Continuou ela.

         - Quem...

         - CALE-SE – A mulher gritou – VOCÊ FICA CALADA, A ÚNICA COISA QUE QUERO OUVIR DE VOCÊ SÃO GRITOS DE AGONIA ENQUANTO A LÂMINA FRIA DA MINHA ESPADA ATRAVESSANDO O SEU CORAÇÃO.

         Sardenta se assustou.

         - Agora, antes que eu te mate... – A mulher saca a espada – Onde está o olho de dragão?

         - Eu não sei...

         A lâmina foi em menos de um segundo na direção do pescoço de Sardenta, foi tão rápido que ela não teve tempo de prender a respiração em surpresa. A espada contra o seu pescoço a impedia de respirar.

         - Não brinque comigo – Disse ela segurando fortemente seu pescoço.

         - Eu tive amnésia, eu tive amnésia! – Sardenta conseguiu dizer – A ultima coisa de que me lembro é de cair numa tempestade...

         Victoria fitou seus olhos até ter certeza de que ela estava falando a verdade e sorriu.

         Esse era o fim de Sardenta.

         Mas a mulher a surpreendeu, ela a abraçou entre lágrimas. Até mesmo os seus capangas se chocaram, porém não questionaram e voltaram à posição.

         - Minha irmã, perdão –Victoria chorou em seu ombro – Perdão, perdão...

         - O quê?

***

         Áster organizou um grupo de busca, todos se sentiam culpados por não verem o que estavam fazendo com a garota, a pressão e a culpa estavam matando Sardenta, mas ela se importava demais para admitir isso a eles.

         Depois de muito procurarem, os cavaleiros acharam um navio familiar numa enseada, estava nublado e uma névoa densa se misturava no ar, de repente era um péssimo dia para voar.

         Os dragões aterrissaram no navio, aparentemente fora abandonado muito recentemente, embora os rangidos a cada passo. O navio balançava e rangia.

         O som de passos preocupou Áster, alguém se aproximava, porém ele não percebera o quão familiar era o som daqueles passos, ele ergueu seu machado e alertou os outros para que se preparassem com um gesto.

         Embora toda aquela preparação, eles foram atingidos. Perna de Peixe foi acertada por um golpe misterioso e desmaiou nos braços de Hunter, os gêmeos se assustaram e olharam ao redor, mas a névoa os devorou, Cabeça Dura gritou “Eu deixo tudo para o galo!” antes de seu corpo e o do irmão caíssem inconscientes ao chão.

         Hunter deitou Perna de Peixe delicadamente no chão e ficou de costas para Áster numa posição de batalha. Melequenta se juntou a eles, mas inalou o ar tóxico que fora lhe posto e desmaiou.

         - Melequenta! O que está acontecendo?

         Melequenta gemeu e fechou os olhos.

         Logo depois, Áster viu uma pequena bomba de gás ali no chão e a chutou para longe cobrindo o nariz, mas Hunter não percebera a bomba a tempo, havia outra ali e ele desmaiou.

         - Hunter!

         Áster estava sozinho agora, não havia como salvar todo mundo, estava tudo perdido.

         A lâmina fria de uma espada fora posta contra seu pescoço.

         - Largue o machado – Disse ela.

         Era Sardenta, ele reconheceria a voz dela em qualquer lugar.

         - Sardenta, o que...

         - Largue o machado! – Repetiu num tom mais firme.

         Ele o fez, largou o machado que caiu no chão frio produzindo um ruído. A respiração de Sardenta em seu pescoço o deixou nervoso, apesar de tudo ela não soava bem, Áster a conhecia faz tanto tempo que descobrira que conseguia saber se ela estava bem só pelo tom de voz.

         Sardenta se afastou dele pegando seu machado.

         - Cadê você? Sardenta, o que aconteceu?

         - Ache o Olho de Dragão – a voz dela ecoou na neblina.

         - O quê?

         - Você tem três dias.

         Os corpos de seus amigos foram arrastados no chão e desapareceram.

         - Sardenta, pare com isso! Não sabe o que está fazendo!

         De repente, o Fúria da Noite saiu da névoa num rugido rápido, Áster se abaixou quase seno atropelado pelo dragão que partiu com a viking montada nele.

         Ele não podia segui-los ou acabaria em explosões de plasma. Áster caiu de joelhos, estava triste, furioso, culpado, tantos sentimentos ruins de uma vez... Tudo porque não estava com ela; porque não se sentia forte o bastante.

***

         Ele mal conseguia respirar, seu corpo falhava, cada parte doía muito... Parecia o início do fim, como se a morte acariciasse seus cabelos querendo o por para dormir, mas quando ele abriu os olhos, ele vê o sorriso dela.

         - Shiu! Shiu! Apenas descanse! Vai ficar tudo bem, eu prometo, Áster – Disse ela lhe dando apoio e o ajudando a andar até uma rocha ali perto.

         Sardenta o olha preocupada, mas ele mal consegue abrir os olhos para tentar lhe dizer que está ficará bem mesmo que no fundo não acreditasse nisso.

         Áster a sentiu segurando sua mão.

         - Vai ficar tudo bem. Você só precisa aguentar um pouquinho, por mim, Áster – Ela suspirou – Não dá pra imaginar viver num mundo sem você nele.

         Se sua cabeça não estivesse doendo tanto, ele sorrira pra ela, sorria mesmo, muito feliz. Áster costumava ser o que consideravam de “soldado silencioso”, não era muito de falar mesmo sendo muito inteligente. Na época da guerra contra os dragões tudo o que importava era matar dragões, mas a vida se resumia a isso e ele não queria morrer na boca de uma fera. Parecia que o mundo era cinza e vermelho, morto, sem vida, era isso. Então ele se tornou alguém meio frio naquela época.

         Isso tudo mudou por causa de Sardenta, ela lhe mostrou um mundo cheio de cor e infinitas possibilidades apenas com um dragão e não parou de surpreendê-lo desde então. Eles se tornaram amigos e conviveram juntos batalhas e momentos ao longo dos anos, mesmo que, quando mais jovens, alguns beijos tenham acontecido e isso não saíra da memória de nenhum dos dois.

         Cresceram juntos, longe e perto um do outro, aquela amizade fora tão forte que ambos ficaram com medo de se comprometerem e acabar com aquilo, de se afastar...

         Mas não duvide que Áster fará qualquer coisa por Sardenta...

         Para salvá-la...


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