20 anos depois - A salvação da Escola Mundial escrita por W P Kiria


Capítulo 3
Capítulo 2




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O pátio da escola havia se transformado em um memorial. Fotos espalhadas tentavam retratar momentos felizes e alegres da taciturna diretora, divertindo os antigos alunos que ali chegavam para prestar suas últimas homenagens. Conversas preenchiam o ambiente, abraços e cumprimentos cheios de saudade eram vistos para todos os lados.

Carmen observava tudo pensando que, em sua infância, Olívia teria odiado tudo aquilo, exigindo algo próximo a tiros de espingarda e continências. Porém, após terem convivido e se aproximado nos últimos anos, e da jovem professora ter enfim conseguido tocar aquele coração marrento, sabia que a diretora aprovaria aquilo. Era lindo ver a diferença que ela e a Escola Mundial haviam feito na vida de tantas pessoas.

“Amor? Nossos amigos chegaram.” Daniel se aproximou com Leonardo, seu filho de três anos, indicando a entrada. Por ali, os irmãos Guerra entravam acompanhados de Alicia e Mário, além dos filhos. “Quer ir cumprimentá-los?”

“Claro que sim.”

Ela saiu o puxando por entre o mar de pessoas, ansiosa. Alicia segurava Isis, que observava tudo animada, enquanto Paulo tentava impedir que Lucas saísse correndo e sumisse no meio dos adultos. Ao lado, Mário e Marcelina tinham as atenções inteiramente tomadas por Olívia, sua filhinha de onze meses.

“Ali! Marce!” Carmen as chamou, um sorriso brilhando no rosto. As duas amigas sorriram ao vê-la, abrindo os braços para um abraço coletivo e cheio de saudade. “Meu Deus, como estão lindas.”

“Você também, professora Carmen.” Alicia elogiou, segurando a mão da amiga. “Virou um mulherão. Deve fazer tanto sucesso com seus alunos quanto a professora Helena fazia com os meninos.”

“Espero mesmo que não, Ali, se não terei que ficar preocupado.” Daniel se aproximou, abraçando a amiga. “Caramba, mas a Isis está linda.”

“O Leo também está uma graça. Eu babo nas fotos dele do Facebook, de verdade.”

“Isso é verdade mesmo, porque ela faz questão de me mostrar todas elas.” Paulo se aproximou com Lucas preso pelo pescoço, o garotinho rindo da brincadeira do pai. “Como vai o casal mais nerd que eu já conheci? Se fizeram um filho, tenho certeza que pararam de contar os germes e doenças prováveis.”

“O Leo foi feito pelo nosso cérebro, Paulo, não sabia? Foi um acasalamento de pensamentos.” Daniel entrou na brincadeira do amigo, fazendo todos os adultos rirem.

“O que é um acasalamento, papai?” Perguntou Lucas, curioso.

“Lucas? Meu Deus, como você está enorme.” Carmen se abaixou em frente ao menino, que sorriu tímido. “Ele está a sua cara, Ali.”

“Graças a Deus, né? Só faltava eu carregar nove meses para sair a cara do Paulo.” Alicia aporrinhou o marido, que só ria.

“Seriam lindos se fossem a minha cara, mas para a minha sorte, saíram iguaizinhos a minha marrentinha.”

“E você, Mário, como está? Mário?” Daniel tentou atrair a atenção do homem, que fazia barulhos estranhos para entreter a filha.

“Liga não, Dani, ele entra em outra dimensão quando está com a Oli. Pode explodir uma bomba lá fora, que ele só vai perceber que algo está errado quando ela chorar.” Explicou Marcelina aos risos. “Ele superou o meu maninho no papel de pai babão.”

“Hey.” Protestou Paulo, enquanto Alicia concordava com a cunhada. Com o barulho, Mário pareceu sair do transe, olhando em volta.

“O resto do pessoal não chegou?”

“Ainda não, cara. Todos confirmaram que viriam, mas alguns avisaram que iriam atrasar um pouco.” Explicou Carmen, olhando o relógio.

“O Koki só chega para a reunião a noite, Carmen. Ele me mandou uma mensagem de madrugada, avisando que estava no aeroporto e que a conexão estava atrasada. Sabe como é, é uma loooonga viagem do Japão até aqui.” Explicou Paulo, olhando para a porta. “Caraca, e não é que os dois seguem firmes e fortes?”

“Quem?” Todos procuraram com os olhos a quem ele se referia.

“O Cirilo e a Maria Joaquina, olha lá.”

E realmente, o casal mais difícil da Escola Mundial vinha caminhando de mãos dadas e com sorrisos no rosto. Aquele que outrora fora um garoto baixinho, magrelo e fracote havia se transformando em um homem bastante alto, encorpado, musculoso até. Apesar de ainda ter o mesmo sorriso bondoso no rosto e um olhar amável, o cabelo bem aparado e a barba rala davam a ele uma aparência bastante séria e imponente.

Maria Joaquina, ao seu lado, continuava parecendo uma boneca de porcelana, mas agora com um visual mais rebelde. Dona de uma grande marca e super ligada em tendências, atualmente adotava um estilo mais mulher-chic-urbana, com jeans justos, salto alto e blusas estilosas. Continuava apaixonada por acessórios, mas agora eles não se restringiam mais apenas ao cabelo, mas também aos braços e pescoços.

Foi inevitável que todos os olhares caíssem sobre eles quando entraram no recinto, ofuscando a chegada das pessoas que os acompanhavam, mas uma delas preferia assim.

Valéria entrou com a cabeça baixa, um pouco temerosa. Sorriu ao encontrar o olhar de Alicia, Marcelina e Carmen, que estavam felizes em vê-la. Foi recebida por elas com um abraço carinhoso e muitos abraços amorosos. Logo Maria Joaquina se juntou a elas e estava formada a bagunça.

“E eu achando que elas gritavam na época da escola.” Paulo testou a audição, vendo uma menina no colo de Cirilo. “Ué, vocês procriaram e eu não fiquei sabendo?”

“Paulo.” Alicia repreendeu o marido de forma séria, vendo Valéria baixar a cabeça. Ele se encolheu, percebendo a mancada que havia dado. “A Sara está linda, Val.”

“Ela está cada dia mais parecida com o pai dela.” Suspirou a mulher, encarando a filha. “Ele não está por aqui ainda, não é? Estava morrendo de medo de trombar com ele.”

“Só nós chegamos da turma, Val, fica tranquila. Além do mais, achei que ele falava norma com você e com ela.” Comentou Alicia, um pouco envergonhada por estar tão por fora da vida de uma de suas grandes amigas.

“Você sabe que não é bem assim, Ali.”

“Dói muito, Ali.” Maria Joaquina tentou encerrar o assunto, vendo que Valéria não conseguiria mais falar. “Bom, que tal irmos circulando então? Teremos muito tempo para fofocar a noite, certo?”

Logo o amontoado se dissipou, enquanto todos passeavam pelo palco de muitos momentos especiais de sua vida. Paulo e Alicia, claro, não podiam tirar os olhos de Lucas, temendo que o garoto destruísse alguma coisa.

“Você podia ter ficado com a boca fechada, né?” Repreendeu a morena, observando Marcelina e Carmen um pouco distantes, paparicando Isis.

“Qual é, na hora eu não me toquei.” Se desculpou o marido, ainda envergonhado. “E você sabe que eu não consegui engolir essa história até hoje. O Davi é muito responsa, nunca ia se recusar a assumir a filha.”

Antes que ela respondesse, dois recém-chegados se aproximaram. Com sorrisos alegres, Margarida e Jorge cumprimentaram os dois, as meninas é claro fazendo a histeria habitual. Os dois haviam vindo direto do aeroporto, após uma longa temporada em Nova York.

“Então vocês estão, tipo, juntos?”

“Algo assim, Ali. A gente se encontrou por lá, na verdade, alguns anos atrás, quando Ma foi trabalhar como modelo. Vocês sabem que eu fui trabalhar em Wall Street assim que saí do colégio, e acabei encontrando com ela por lá. Retomamos a amizade, e agora estamos vivendo o que mais puder ser vivido.”

“Uau, quem te viu e quem te vê, hein riquinho? Até parece que virou gente.”

“Paulo, não atiça.” Alicia o repreendeu, bufando. “Desde que entrou por aquela porta, parece que voltou a ter nove anos.”

“Fiquei surpreso quando descobri que vocês tinham se casado, sabia? Digo, se nem a Valéria e o Davi, que eram um grude desde sempre, vingaram, difícil imaginar que vocês vingariam.” Comentou Margarida, sem graça.

“Ah, mas o Davi foi babaca. Imagina, abandonar a Valéria grávida e não assumir o filho? É muita safadeza.” Paulo cuspiu irritado, encarando Lucas ali perto. “Eu e Ali erámos bem mais novos quando tivemos o Lucas, e fomos bem mais maduros.”

“Er, Paulo.” Jorge apontou para alguém atrás do rapaz, que se virou encontrando Davi. O homem de kipá estava sem graça, de cabeça baixa, e saiu sem dizer uma palavra. Alicia suspirou, encarando os presentes.

“Ele não abandonou a Valéria, e muito menos não quis assumir a Sara. Ela foi planejada, Paulo, e não um acidente como o Lucas. O Davi foi obrigado a abandonar as duas, se não os pais deles tirariam a Sara da Valéria.”


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Notas finais do capítulo

Eu sou uma pessoa um pouco ansiosa no início das histórias, mas não se acostumem!
Desejando as boas vindas para Caio Martins e Marshmallow, espero que gostem da história!
Mais alguns personagens e dramas sendo apresentados, vejam só! Gostaram? O que estão achando? Espero comentários!
Abraços
WPKiria



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