Scott Levine P.O.V

Sou Scott Levine e tenho 17 anos. Estudo no St. Vincent há dois anos. Venho de uma família de músicos altamente qualificados, mas quem disse que eu ligo? Passei a maior parte da minha infância na casa da família Hale, do que na minha. Meu pai tem uma banda muito famosa, e vivia fazendo shows e é claro que minha mãe acompanhava o amado marido.

A mãe de Adam é amiga de infância da minha, e por ironia do destino, acabaram por se tornarem vizinhas. Cheguei a morar com os Hale por dois meses, quando a banda saiu em turnê mundial. Minha amizade com Adam só foi ficando mais forte com o passar do tempo. Não tinha segredo entre nós, ou pelo menos não tinha, até eu me apaixonar por Allison.

Foi uma época mais complicada da minha vida. Esconder do seu melhor amigo, que está apaixonado por sua irmã caçula é equivalente a um soco no estômago — palavras dele — e eu não queria que a minha amizade com ele terminasse por causa de uma paixonite aguda. Mas a coisa se complicou, quando eu soube que ela sentia algo por mim. Eu juro por Deus que tentei esquecer Allie, mas era tarde demais. Eu já estava apaixonado pela menina dos cabelos de fogo.

Nosso relacionamento não durou muito, esconder aquilo dele, me fazia mal. Por mais que gostasse dela, minha ligação com Adam era mais forte, era como se fossemos irmãos, e isso seria uma traição e tanta. Não pensem que eu era apaixonado pelo Adam, sou muito homem. Mas eu sabia o quanto ela era importante para ele. Era como se fosse o santuário que ninguém podia tocar.

FLASHBACK ON

— Allison, não fique assim. — Digo esfregando freneticamente uma mão na outra.

— E você quer que eu fique como, Scott? — Ela respira fundo e continua. — Feliz por você pisar em meus sentimentos, por causa das maluquices do Adam?

— Não quero que pense assim, vai ser melhor pra nós.

— "Nós" não existe mais, Scott. Você está fazendo o melhor pra você. Até porque foi muito fácil, não foi? — Ela perguntou com as lágrimas transbordando de seus olhos.

— O que foi fácil? — Pergunto

— Seduzir a irmã do melhor amigo, até levar ela pra cama. Eu te amei, seu babaca. — Ela falou, e naquele instante meu mundo parou.

Seus olhos estavam mostrando a sua alma. Minha doce Allie. Eu sabia que ela estava com muita raiva e muito triste.

— EU TAMBÉM TE AMEI. — Grito sem pensar.— Eu ainda te amo, Allison. E não tinha a intenção de te levar para cama. Fizemos isso juntos. E foi incrível para mim também.

— Você é um tremendo babaca. Some da minha vida, Scott. Esqueça que eu existo.

— Allison, por favor. Não me peça isso.

— Vai ser melhor para "nós". Afinal, eu sou apenas a irmã caçula do seu melhor amigo. Posso continuar com esse papel.

— Allison Hale, eu te amo com todo meu coração. Não me peça para te esquecer.

— Não seja hipócrita, Scott. Guarde essas palavras para a próxima vítima. Por favor, saia do meu quarto. Adam vai chegar daqui a pouco.

— Allison, por favor.

— SAI AGORA. —Ela grita e uma lágrima rola em meu rosto.

— Eu ainda te amo. — Digo quase num sussurro.

Saio do seu quarto com um aperto imenso no coração, mas iria respeitar o seu pedido. Eu sabia que a nossa história não tinha acabado aqui.

FLASHBACK OFF

Quando entramos no ensino médio, quase nunca se falávamos, e perdemos o contato quando comecei a namorar Emma. Ela entrou um ano depois de tudo acontecer. Passei um bom tempo correndo atrás dela, mas cansei de bancar o idiota apaixonado e fui aproveitar a vida, até ser enlaçado por Emma e sua loucura. Estamos juntos desde então. Mesmo sabendo que Adam havia ficado com ela na primeira semana de aula.

— Vamos Scott, a próxima aula é Ed. Física, temos que mostrar pros novatos quem são os Reis do pedaço. — Diz Adam eufórico.

— Vamos sim. Emma, nos vemos depois, tudo bem pra você? — Pergunto e ela sorri.

— Claro, tenha um bom jogo. Depois a gente conversa.

— De noite a gente se encontra.

— Scott Levine, eu não acredito que você não é mais virgem. — Grita Adam. — Eu tinha fé na sua pureza.

— Adam, seja menos. Você sabe muito bem com quem eu perdi minha virgindade.

— Esse papo está me dando náuseas. Vocês não tinham um jogo pra se exibir? — Disse Emma com uma cara engraçada.

— Até mais tarde. — Disse e dou um beijo rápido em seus lábios. — Vamos Adam.

Saímos da sala e fomos em direção ao meu segundo lugar favorito da escola: a quadra esportiva.

Alec Stewart P.O.V

Prazer, sou Alec Stewart e tenho 17 anos. Estudo no St. Vicent há dois anos. Venho de uma família respeitada por ser tradicional ao extremo. Minha mãe é uma Engenheira Civil e meu pai é um empresário bastante sucedido. Eles compraram parte das ações da escola, aconselhados pelos Bosworth. A escola estava falindo, então foi jogada pra rolo.

Claire e eu crescemos juntos, e de longe, posso dizer que ela é melhor pessoa do mundo. Quando ela foi morar no Brasil com a sua avó, um grande buraco se abriu em meu coração. Eu sentia sua falta mais do que o normal. Eu sabia que sentia algo por ela, mas não sabia que era tão profundo.
Na noite em que ela voltou do Brasil pela primeira vez, foi uma das melhores da minha vida.

FLASHBACK ON

Ela está cada dia mais linda. Ah Claire, minha amada Claire. Sua pele estava mais morena e ela parecia estar bem.

— Alec, meu amor. — Ela correu para meus braços, que por sua vez, já estavam abertos para recebê - la.

— Claire, meu anjo. Que saudades de você. — Digo sorrindo.

Seu sorriso ilumina todo o aeroporto. Finalmente ela voltou, minha vida ficou melhor agora.

— Não te desmerecendo, mas não era meus pais que deveriam vim me buscar?

— Deveriam. Mas estão presos em uma reunião com os acionistas da escola, junto com os meus. — Digo e seu sorriso some de seus lábios. — Foi de última hora. Eles não queriam mandar um mordomo, daí me pediram para eu vim.

— Você é a melhor pessoa do mundo. Eu te amo, Alec Stewart.

— Eu também te amo, Claire Bosworth. Agora vamos que eu preparei uma surpresa.

— Hmmm, Alexander Stewart. O que senhor está aprontando?

— Você irá gostar.

(...)

Trouxe Claire para o jardim luxuoso da minha casa. — luxuoso, mas secreto. Ninguém conhecia ou sabia dele, além dos moradores da casa — Esse era o segundo lugar da casa que eu visitava com frequência, o primeiro era meu quarto.

Pedi para Maria, — minha segunda mãe e babá desde a infância — preparar um piquenique para nós, com tudo que Claire gostava. E ela fez tudo com êxito.

Quando chegamos no jardim, tudo estava arrumado e Maria estava em pé com um sorriso acolhedor.

— Alec, fiz tudo o que me pedi. Incluindo aquela coisa. — Disse sorrindo.

— Muito obrigado, Maria. Pode ir pra casa. Diga ao Senhor Luís que mandei um abraço.

— Pode deixar. Oi, Claire. Bom lanche queridos. Até amanhã.

— Alec, isso é incrível.

— Eu queria fazer algo mais reservado do que uma festa de boas vindas.

— Isso estar de bom tamanho. Obrigada.

— Eu que agradeço. Vamos comer? Te esperar me deu fome.

— Vamos. Aquela companhia aérea não deu uma comida decente.

Claire parecia feliz com o momento. Comemos e ela contou todas as novidades que tinha e eu fiz o mesmo. Como eu sentia sua falta.

Deitei em cima da toalha e a chamei para se deitar comigo. O céu estava estrelado e brilhante.

— Sabe Alec, senti muito a sua falta no tempo em que estive fora. — Ela mordia os lábios. — Foi como se tivesse um buraco dentro de mim.

— Eu senti a mesma coisa, Claire. Por mais que falasse com você todos os dias, a saudade nunca passava. — Meu coração batia acelerado e, eu estava torcendo para que ela não estivesse ouvindo o meu desespero.

— Isso. Era como se a saudade nunca passasse. Foi tão ruim ficar longe de você. Promete nunca me abandonar? — Ela pergunta e se levanta, ficando em cima de mim.

— Eu nunca vou te abandonar, eu prometo. Por mais que você fuja, eu sempre estarei aqui por você, Claire Bosworth.

Nossos olhos se cruzaram e sua respiração acelerou juntamente com a minha. Eu não tive tempo para pensar, eu apenas a puxei para perto e a beijei. Ela não recusou, pelo contrário, ela retribuiu na intensidade que eu queria. E aquilo era apenas o começo de tudo.

FLASHBACK OFF

— Eu escolho o Alec para jogar no meu time. — Disse Scott.

— Tem certeza? — Pergunto um pouco assustado.

Eu sempre fui os últimos a ser escolhidos para jogar futebol na educação física, e sempre ficava no time que usava colete, enquanto os de "porte " atlético fica no time sem camisa. Mas quando Scott me chamou, eu realmente não esperava.

— Sim. É veteranos x novatos. Anda logo, ou está com medo de tirar a camisa?

— Claro que não. — Digo tirando a camisa e revelando o meu abdômen malhado.

Vou confessar, eu malhava toda semana. Precisava ficar em forma para Claire. Até porque ela me dava uma canseira.

As meninas pararam o seu jogo de vôlei e correram para a arquibancada para ver o jogo dos meninos.

Claire estava de óculos escuros por conta do sol. Ela me observava atentamente, e por incrível que pareça, eu amava quando ela fazia isso.

— Que vença o melhor time. — Disse o juiz, vulgo o professor de educação física.

O barulho estridente do apito soou e a bola começou a rolar no campo.

Sim, esse jogo prometia.