P.O.V Da Sam

Finalmente desviei o olhar daquela "coisa" nojenta que estava descoberta. Minhas mãos já estavam começando a suar, eu queria sair correndo dali, mas algo me impedia. Parecia que eu estava colada no lugar, respirei fundo e foquei em seu rosto, havia um sorrisinho malicioso brincando em seus lábios.

— Me deixe ir embora. - Falei rapidamente.

— Por acaso eu estou te segurando?

Ele cruzou os braços e se aproximou perigosamente, algo apitava em minha mente como: "Alerta perigo!"

Praticamente me encolhi contra a porta, desejando atravessar por ela como algum mutante ou algo do tipo. Ele parou à poucos centímetros de mim, minha respiração já estava começando a ficar descompassada.

— Se tocar em mim, eu juro que arrebento a tua cara! - Ameacei erguendo os punhos.

O idiota tombou a cabeça para trás rindo de mim, aquilo me irritou e eu fiz algo que já devia ter feito há muito tempo. Dei um forte chute no seu joelho direito e uma ajoelhada em sua virilha, ele caiu no chão se contorcendo de dor e eu aproveitei para fugir.

[...]

Acabei me esbarrando no corredor com o meu irmão, quase caí em cima dele.

— Não corra pela casa, maninha... O que foi? - Ele me segurou pelos ombros.

— Me solta, idiota! - Empurrei o Alex quando ouvimos o Benson gritando.

— Você estava batendo no Freddie? Ai, meu Deus! Diz pra mim que você não rachou a cabeça dele! - Se desesperou me sacudindo pelos ombros.

— Me deixe em paz, Alexander... - O empurrei novamente e saí correndo para a cozinha.

Horas depois, às 15:25 da tarde...

— Vou levar o pai de vocês ao Dentista, se comportem crianças, não coloquem fogo na casa. E Sam, limpe o aquário e alimente os peixinhos. - Minha mãe falou antes de sair com o papai.

Alex e Freddie estavam jogando vídeo-game e eu estava apenas olhando eles jogarem. Injustiça, eles não me deixam jogar só porque sou menina...

Me levantei do sofá e eles pausaram o jogo para comer salgadinhos e tomar refrigerante.

— Você vai cuidar dos peixinhos agora? - Alex perguntou e eu assenti.

— Eu ajudo você. Sou Expert em trocar água do aquário, limpar e alimentar peixes. - O Benson se ofereceu para me ajudar.

— Melhor não...

— Eu insisto! - Ele sorriu de lado e eu bufei, e por fim aceitei sua ajuda.

Minutos depois...

— Ai, meu Merlin! - Exclamei assustada quando vi todos os peixinhos dourados da mamãe escorrerem pelo ralo da pia.

— Puta merda! O que vocês fizeram? - Alex perguntou parando ao meu lado.

— FOI ESSE ACÉFALO AQUI. ELE DERRUBOU OS PEIXINHOS NA PIA E A MAMÃE VAI NOS MATAR! - Gritei, nervosa.

— Foi sem querer! - O Benson disse me olhando assustado. - O aquário escorregou e os peixinhos cairam na pia e desceram pelo ralo. - Disse para o Alex, por sorte o aquário não quebrou.

— Para aonde você vai? - Meu irmão perguntou quando eu estava quase saindo da cozinha.

— Vou para o Alasca. A mamãe nunca vai me achar lá! - Respondi antes de sair correndo, afinal de contas a culpa ia sobrar pra mim.

[...]

— Nós fomos ao Pet Shop e compramos peixinhos dourados para colocar no lugar daqueles. A tia Pam não vai desconfiar, relaxa! - O Benson disse assim que entrou no meu quarto.

— A culpa foi apenas sua. - Joguei um travesseiro nele.

— Eu sei, mas foi sem querer, escorregou das minhas mãos. - Me olhou com uma cara de coitado.

— Sai do meu quarto. Eu vou tirar uma soneca e não façam barulhos! - Falei me acomodando na cama.

— Okay! - Falou antes de ir embora.

Horas depois, às 17:39 da tarde...

— SAM! - Um grito me fez acordar. - Acorda, dorminhoca, olha o que eu comprei no Bazar, não é lindo? - Era a Vicky, sai da cama morrendo de preguiça e com vontade de matá-la.

— ISSO É MEU! - Gritei apontando para o bonequinho nas mãos dela, era mini Sasuke Uchiha para colecionadores.

— Não, amiga, eu comprei essa gracinha aqui no Bazar por 02,00 pratas! - Sorriu orgulhosa.

— QUE BAZAR, PORRA? ESSE BONEQUINHO É MEU, BITCH! - Gritei irritada, tomei o bonequinho dela e ela me olhou com cara de choro.

— Seu irmão e o Freddie montaram um Bazar Beneficente lá na garagem. - Vicky falou sorrindo.

— Como é que é? - Quase gritei.

[...]

Quando chegamos na garagem haviam muitas pessoas, principalmente garotas e crianças. Eles colocaram as bugigangas velhas em cima de algumas mesas, tinha até bóias velhas para vender e havia três potes de vidro cheios de dinheiro.

— Vou levar esse macacãozinho fofo! - Vicky levantou uma roupinha azul de bebê.

— Esse é 03,00 dólares. - Alex avisou para a morena.

— Você está vendendo suas roupinhas de bebê, Alexander? - Perguntei, chocada.

— Isso mesmo, maninha! - Ele respondeu sorrindo.

— Quanto custa essas revistinhas? - Um garotinho perguntou para o Benson, ele estava ao lado de uma caixa de papelão.

— São apenas 01,00 dólar. - O moreno respondeu sorrindo.

Me aproximei da caixa e quase tive um treco quando vi que os meus Mangás do Naruto estavam lá...

— AAAAAAAAAAAAAAAAH! - Berrei furiosa antes de pular em cima do Benson.

[...]

— Ele morreu, aonde vamos enterrar o cadáver? - Alex perguntou olhando para o Benson desmaiado no chão da garagem.

— Temos que ser rápidos, os seus pais estão quase para chegar... Podemos enterrá-lo no jardim? - Vicky disse pensativa.

— Boa ideia. Vamos enrolá-lo num lençol, vou pegar uma par e...

— Ele não morreu, seus idiotas. Apenas desmaiou, Vicky me ajuda a levar essa caixa lá para o meu quarto? - Pedi.

— Claro. - Concordou.

— Sam, foi o Freddie quem pegou seus Mangás para vender. - Alex contou.

— Eu sei... - Falei carregando a caixa com a morena, ainda bem que nenhum Mangá foi vendido.

Minutos depois...

— Você me bateu por causa de porcarias de revistinhas? - O Benson me olhou incrédulo, ele estava cheio de hematomas,principalmente no rosto.

— Não são simples revistinhas, são meus Mangás do Naruto que você ia vender, são a minha coleção inteira seu idiota! - Falei irritada encarando meu bonequinho, aquele sempre foi o meu xodó.

— Na verdade, ela te espancou! - Alex disse logo em seguida caindo na gargalhada.

O moreno se levantou do sofá raivoso e veio em minha direção, ele tomou o meu bonequinho e arrancou a cabeça.

— Você arrancou a cabeça do meu Sasuke. - Falei entre dentes, tremendo de raiva.

— Arranquei e daí? - Sorriu, debochado.

— CORRE, VICKY, VAI ROLAR UMA GUERRA E EU NÃO QUERO ESTAR NO MEIO! - Meu irmão saiu correndo e puxando a Vick escada acima.

— A bebê vai chorar? - O idiota fez bico me provocando.

Fechei os punhos e me controlei para não pular no pescoço dele. Eu iria matá-lo, mas eu era muito nova para virar uma assassina.

Simplesmente dei um sorriso falso e saí da sala com a cabeça erguida. Fui direto para o meu quarto, me assustei quando vi a Vicky e o meu irmão saindo debaixo da cama.

— E aí, matou ele? - O loiro perguntou tirando a poeira do cabelo.

— Não. AGORA VAZAM DAQUI! - Gritei apontando para a porta e eles saíram correndo.

Tranquei a porta, olhei para o corpo do meu boneco sem cabeça e comecei a chorar de raiva.

[...]

— Nós vamos ao um jantar importante, seu pai foi promovido e nós vamos comemorar. - Mamãe falou colocando o casaco.

— Mas o papai obturou um dente e como ele vai comer? - O loiro perguntou com cara de idiota.

— Ah, não seja bobo, Alexander. Se cuidem, e Sam, esquente a lasanha para o jantar, ok? - Ela disse antes de ir embora com o papai que apenas acenou para a gente.

— Vou nessa! - Meu irmão se levantou do sofá.

— Aonde você vai? - Perguntei.

— Ao cinema com a Vicky. - Respondeu sorrindo.

— E a Tifanny? - Indaguei.

— Morreu... Pelo menos pra mim! - Falou, sério.

O Alex vestiu a jaqueta que estava jogada no sofá e foi embora. Olhei para o Benson e ele estava encarando a TV desligada...

"O que eu faço agora? Mato ou torturo?" Pensei.

Aquela era a minha chance, eu deveria acabar com a raça do Benson. Mas ele saiu da sala, acho que leu meus pensamentos. Peguei o controle e liguei a TV, estava passando um filme de terror que não assustaria nem um bebê, aquilo era uma porcaria.

A campainha tocou e eu ignorei, então começou a tocar insistentemente. Me levantei de má vontade e fui atender a porta...

— O que você está fazendo aqui? - Perguntei irritada olhando para o moreno tatuado e de olhos quase negros.

— Senti sua falta, boneca! - Tyler respondeu me lançando um sorriso nojento.

Ele estava fedendo a cigarro, tentei fechar a porta, mas ele colocou o pé me impedindo.

— Vai embora, Jackson! - Ordenei batendo a porta contra o pé dele.

— Qual é vadia? Vai me ignorar? Eu sei que você ainda me ama, e que sente a minha falta. - Ele segurou a porta e eu recuei rapidamente.

— ME DEIXE EM PAZ, A GENTE TERMINOU. EU NUNCA TE AMEI, VAI EMBORA! - Gritei, nervosa.

— MENTIROSA! - Tyler gritou me olhando irritado. - Qual é gata? Volta pra mim, eu sei que...

— Ela mandou você cair fora, por acaso é surdo? - Ouvi a voz do Benson vindo atrás de mim.

— Ah, agora você namora esse playboyzinho? - Meu ex-namorado perguntou risonho.

— Eu...

— É, por quê? Algum problema? Deixe a minha namorada em paz ou eu quebro a sua cara! - O Benson ameaçou se pondo ao meu lado.

— Isso não vai ficar assim! - O Jackson fechou os punhos e em seguida foi embora furioso, o Benson trancou a porta e eu desabei no sofá.

— Você está bem? - Ele sentou ao meu lado.

— Estou ótima. - Menti. - Ah, o Tyler é da barra pesada e provavelmente vai vir aqui de novo para te pegar. - Avisei, séria.

— Não tenho medo. - Riu, debochado.

— Deveria... Ele deve estar querendo fazer picadinho de você! - Falei o olhando, ele enguliu um seco.

— Não me importo... - Mentiu.

— Melhor você ir embora amanhã mesmo, e...

— Está preocupada comigo? - Se aproximou sorrindo e colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.

— Não! - Respondi me levantando rapidamente.

Saí da sala com ele vindo atrás de mim, subi a escada praticamente correndo e ele me alcançou no corredor.

— PARE DE ME SEGUIR! - Gritei me virando para atrás e ele me prensou na parede perto da porta do meu quarto.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, suas mãos seguraram minha cintura com firmeza e seus lábios se moldaram aos meus. Tentei relutar, mas acabei sendo derrotada quando sua língua invadiu minha boca, agarrei sua nuca e comecei a retribuir seu beijo.

— Valeu. - Disse ofegante quando encerramos o beijo. - Valeu por me fazer ganhar uma aposta... - Se afastou sorrindo vitorioso.

— O quê? - Sussurrei completamente confusa.

— Seu irmão e eu apostamos... Ele disse que você nunca me beijaria e eu apostei que você me beijaria, então ganhei. - Disse ainda sorrindo.

— Mas você me beijou a força...

— E você correspondeu, Toquinho! - Falou todo orgulhoso.

Ele me deu as costas, entrei no meu quarto quase morrendo de raiva.

— Idiota, mil vezes idiota! - Praguejei.

Horas depois, às 01:34 da madrugada...

O Benson estava dormindo, estava até roncando baixinho. Retirei a Tarântula da Vicky com cuidado do aquário, segurei o riso e coloquei a aranha em cima do peito dele.

A Tarântula começou a subir indo para o pescoço dele, o Benson se mexeu e foi acordando devagar. Assim que ele viu que tinha uma aranha nele, o medroso começou a gritar desesperado.

A luz do quarto estava acesa, ele caiu da cama e se arrastou pelo chão ainda gritando. Então, o idiota conseguiu se levantar e eu explodi em gargalhadas quando vi que ele estava todo mijado, era bem visível porque ele estava usando uma calça de moletom cinza, a mancha era grande.

— O que está acontecendo? - Papai e mamãe entraram no quarto correndo, ambos preocupados.

— Estou cuidando da Penny para a Vicky, ela fugiu do aquário e subiu em cima do Freddie. - Menti. - Peguei a aranha que estava em cima da cama e fiz carinho nela.

— Ah, isso explica os gritos. - Meu pai suspirou aliviado. - Você molhou as calças, rapaz! - Disse olhando para o Benson.

— Ah, o pobrezinho tomou um grande susto e fez xixi, coitado! - Fingi estar com pena, o Benson estava vermelho.

Mamãe e papai voltaram para o quarto deles, e eu coloquei a Penny de volta no aquário dela.

— O que foi? A aranha comeu sua língua? - Perguntei risonha. - Isso é pra você aprender que com Samantha Joy Puckett não se brinca, baby! - Avisei, séria.