Coisas Quebradas escrita por Adriana Swan


Capítulo 3
Tyrion Lannister




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Coisas Quebradas

Adriana Swan

TYRION

A chuva fina molhava o convés do navio, os ventos frios de outono tornando quase insuportável se expor aos pingos lá fora, se não fosse por isso, Tyrion nunca ia preferir ficar ali dentro. A cabine era confortável, o fogo ardendo lento na lareira e um calor agradável se espalhando por seus corpos, mas mesmo assim preferiria estar lá fora.

Estava sentado numa grande cadeira com os pequenos pés sobre a mesa onde diversos mapas estavam presos pela ponta de facas quando Sor Jorah Mormont entrou, ensopado até os ossos da chuva lá fora.

— Penny está chorando de novo – informou enquanto jogava a capa molhada de qualquer jeito sobre o assoalho de madeira e ia para perto da laleira. – Diz que não suporta mais ficar trancada lá embaixo.

Tyrion fez uma careta enquanto coçava desconfortável as cicatrizes no rosto. Penny vinha fazendo isso á dias.

— Vai continuar lá até entender que Westeros não é um lugar seguro para anões – respondeu com um suspiro.

— E você por acaso entende isso? – Sor Jorah falou, o olhando com as sobrancelhas erguidas.

Em companhia dos Segundos Filhos, Tyrion conseguira alugar uma pequena frota de navios e zarpar para Westeros na promessa (esperança na verdade, mas os Segundos Filhos não precisavam saber disso) de ser herdeiro de Rochedo Casterly e todo o ouro dos Lannister.

Assim sendo, haviam aportado em Westeros sob muita chuva cinco dias antes, mas Tyrion não se dirigira para terra ou sequer aportara no lado certo de Westeros. Ele não tinha a ilusão de achar que os Segundos Filhos eram o suficiente para conquistar o Rochedo, então precisaria elaborar um plano bem maior.

E mais que isso, precisaria de aliados.

— É exatamente por isso que estou seguro dentro da intimidade do navio – Tyrion respondeu tranquilo – bem longe dos olhos dos homens que me venderiam ao Trono de Ferro.

— E os Segundos Filhos? – Mormont continuou enquanto tentava se aquecer sem sucesso – Os olhos deles estão bem perto. Por todos os lados deste navios e em toda pequena frota que você conseguiu.

— Para eles a coisa é simples: eu pago mais.

— Mais que um senhorio? – o urso resmungou.

— E com menos riscos – ele pontuou. – Mas isso quando tivermos Rochedo Carterly.

— O que será difícil, já que estamos no lado errado de Westeros. – Mormond ironizou mau humorado.

Tyrion deu de ombros.

— Não sei o que pensa de mim, Sor Jorah, mas não sou idiota de aportar em Lannisporto só com os Segundos Filhos, sem uma força de Westeros ou pelo menos uma aliança. – O anão respondeu cruzando suas pequenas pernas para o outro lado, ainda em cima da mesa, mostrando estar tranquilo. – Mas aqui, do outro lado de Westeros eu posso aportar, conseguir minha segunda força. Esse é meu primeiro passo rumo a minha herança.

— Os homens que mandou chamar? – ele questionou, sem fé.

— Homens destemidos.

— Selvagens.

— Sim, selvagens, mas e daí? – o anão riu – Os homens dos clãs já me serviram antes quando fui Mão do Rei. Me serviram muito bem, obrigado.

— Você vem a eles foragido e espera que arrisquem suas vidas por uma causa quase perdida? – Sor Jorah falou se afastando do fogo e indo sentar numa cadeira ao lado de Tyrion.

— Da outra vez que vieram a mim, estava numa situação bem pior. – Ele riu de novo. Não estava nem um pouco preocupado quanto a isso.

— Como poderia ser pior? – Mormont riu amargo da situação em que se encontravam como foragidos escondidos em Westeros.

— Sempre pode ser pior, Mormont – Tyrion respondeu. – Acrescente a isso estar andado sozinho com um único mercenário como guarda-costas, nem uma moeda de bronze no bolso, no meio deste maldito território desconhecido – ele gesticulou para abrindo os braços para indicar as terras além da praia – e ainda por cima com o maldito Jovem Lobo e seus vinte mil nortenhos a alguns tantos quilômetros dali.

— Uma aventura – o cavaleiro concordou.

— Foi uma merda, isso sim – o anão gargalhou, lembrando dos momentos que passara com Bronn. Esse era um que certamente teria que agradecer melhor um dia por tudo que fizera por ele.

Duas batidas na porta alertaram que finalmente tinham visitas e logo em seguida um homem alto, forte e com uma cara um tanto medonha entrou porta a dentro. O cabelo molhado pela chuva e as grossas peles de leão-da-montanha que vestia cheia de grandes gotas de água que encharcaram o assoalho de vez, mas o homem parecia muito feliz.

— Meio-Homem! – exclamou abrindo os braços animado. Um grande machado pendurado em sua cintura.

— Meu bom amigo Shagga! – Tyrion exclamou feliz se pondo de pé para apertar sua mão, embora estar de pé não o tornasse mais alto do que quando estivera sentado. – Nunca achei que fosse revê-lo, mas fico feliz que tenha atendido a meu chamado.

— Os clãs da montanha gostam de Meio-Homem – Shagga sorriu com seus grandes dentes estragados e desiguais – Estavam esperando Meio-Homem voltar.

— Viu, Mormont? – o anão riu. – Tem gente que sentiu a minha falta. Fico feliz por isso, Shagga.

— Shagga sabia que o Meio-Homem ia voltar para pegar a mulher dele – continuou o homem, sorrindo feliz.

— Para pegar… – Tyrion repetiu o sorriso diminuindo sem entender a frase do selvagem – a minha mulher?

O anão trocou um rápido olhar intrigado com Sor Jorah e se voltou para o homem dos clãs.

— A mulher do Meio-Homem – Shagga continuou, o sorriso diminuindo um pouco também, confuso. – Dizem que Meio-Homem casou com a refém bonita do Rei Joffrey. A loba de cabelos vermelhos.

— Sansa Stark? – Tyrion falou, surpreso. Não pensava em Sansa já há algum tempo. – Sim, casei, mas…

— Então – Shagga interrompeu, seu sorriso ficando maior de novo. – quando Shagga viu a mulher do Meio-Homem aqui, Shagga sabia que ele viria para buscá-la.

O queixo de Tyrion caiu com toda surpresa e confusão que vinha da notícia, até Mormont mudou de posição na cadeira para encarar melhor o homem do clã.

Aqui? – Tyrion indagou, incrédulo – como assim aqui?

— Aqui – o homem continuou – no Vale. Desceu com os outros do Ninho da Águia. Está com o homem das rameiras, Baelish.

— Petyr? – a cabeça de Tyrion girava tentando juntar todas peças do quebra-cabeças. O Vale dos Arryn, a tia da menina morava no Vale na época do casamento de Joffrey e da fuga da menina.

"Petyr Baelish seu filho de uma puta", pensou.

Tyrion deu as costas aos dois homens em silêncio, sua mente trabalhando tão fervorosamente que quase se podia ouvir a engrenagem trabalhar. Estava em Westeros um uma boa força para tentar conquistar o Rochedo e o destino colocara Sansa Stark em seu caminho. Pela segunda vez, o destino colocava a garota em suas mãos.

Virou-se para os dois homens que o observavam decidido.

— Tem razão, Shagga – o anão falou confiante – vim buscar minha esposa.

Jorar Mormont o encarou surpreso.


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