Coisas Quebradas escrita por Adriana Swan


Capítulo 4
Jaime Lannister




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Coisas Quebradas

Adriana Swan

JAIME

Jaime subiu as escadas o mais rápido que podia, o fedor exalando do corpo do rapaz jogado sobre seu ombro como um cadáver. Ao chegar na ala das celas o Frey lhe concedera um saco sujo qualquer no qual enrolara o rapaz. Envolto naquilo e jogado sobre seu ombro passaria por um cadáver sem atrair muita atenção. Os olhos de Grande Jon se arregalaram e em vez da praga que Jaime esperava, murmurou uma oração. Não perdera tempo falando com Umber, ainda precisava de tempo para entender o que estava acontecendo.

Toda a ajuda que o maldito Frey lhe dera foi soltar o rapaz das correntes. De resto, dissera que as ordens de Walder Frey eram claras: entregar o prisioneiro a Jaime. Não havia especificado o estado do mesmo ou quem o carregaria pelas escadas.

Não questionaria. Acabava de receber uma moeda muito mais valiosa do que poderia ter sonhado.

Quando tivera que atravessar o pátio com o fardo no ombro, seus homens se ergueram e muitos vieram ter com ele, mas não tinha tempos para explicações. Gritou por Brienne até ela aparecer, olhando desconfiada para o possível cadáver. Os fora da lei não estavam a suas vistas e era melhor mesmo que não estivessem, não queria lidar com eles agora. Tinha muitas decisões a tomar e sua vida e honra dependeriam disso.

Passando por entre seus homens e ouvindo mil e uma perguntas de seu primo, foi até onde a jovem Pia se encolhia entre os homens, tentando ver o que estava acontecendo, tentou segurar o braço da garota com sua mão de ouro e se sentiu frustrado quando não conseguiu. Soltou um palavrão e fez um gesto para Pia o acompanhar. Seu primo o parou e perguntou o que diabos estava acontecendo.

— Encontro você daqui a duas horas para acertarmos os termos de nossa partida com os Frey. Vamos para... - hesitou um minuto pensando se estaria ficando louco – vamos para o Norte. Brienne, você vem comigo agora.

Sob o olhar atento de seus quatrocentos homens confusos tornou a seguir seu guia Frey para dentro das Gêmeas até seus próprios aposentos. Podia sentir Pia e Brienne perto de si, mas elas não perguntaram nada.

Na porta do quarto uma criada que ia saindo informou que seu banho estava pronto. Ele não deu nenhuma atenção a ela enquanto o Frey se despedia com um risinho e uma piada sobre a guerra que travariam contra o Norte que fez Brienne bufar. Jaime estava surdo ao que acontecia a seu redor, o peso em seu ombro o deixando inquieto, seu pensamento numa completa confusão.

— O que esta acontecendo? – Brienne perguntou ao trancar a porta do quarto atrás deles. Só então Jaime notara que Podrick Pyne havia vindo junto com ela, mas o escudeiro não chegava a ser um problema. Ele sabia de tudo mesmo.

Os grandes e azuis olhos de Brienne estavam arregalados nele como se por fim ele tivesse enlouquecido. Podrick parecia assustado, mas a pequena Pia o olhava demonstrando curiosidade.

Jaime abriu a porta do banheiro e depositou o corpo com cuidado no chão ao lado da banheira. Envolto nos trapos e imóvel como estava, parecia mesmo morto e isso o fez se preocupar. Os deuses não poderiam ser tão cruéis.

— Jaime? - Brienne tentou chamar sua atenção parando na porta do banheiro para o olhar.

— Pia, pegue a navalha sobre o criado mudo e tire o vestido, vai se molhar. - A garota correu para pegar navalha e tirar a roupa, algo na voz de Jaime dizia que tinha pressa. Ela entrou no banheiro segurando a lâmina e vestindo apenas o saia de baixo e a blusa intima que cobria-lhe os seios, mas tudo ficaria irremediavelmente transparente se molhassem.

Ajoelhando-se ao lado do corpo, Jaime abriu os trapos que cobriam o corpo, mostrando um jovem homem magro, sujo e morto. Ou pelo menos parecia bem morto para Brienne, mas Jaime ergueu sua cabeça com o cuidado que usaria com uma criança e jogou água em seu rosto. Estaria vivo? O rapaz estava nu, mas não tremia. O corpo sujo mostrava algumas cicatrizes, redondas como setas ou machucados naturais e um maior no peito, possivelmente corte de espada. Os olhos fechados e fundos. O cabelo ruivo estava embaraçado e grande, mas a barba crescera pouco, era bem jovem, os poucos meses de cativeiro ainda não tinham sido o suficiente para roubarem-lhe sua idade. Numa lembrança distante, Jaime lembrou do rapaz que lutava com espadas de madeira que encontrara em outros tempos.

Na segunda vez que jogou a água morna no rosto do prisioneiro a água entrou pelo nariz o que foi o suficiente para fazer o rapaz arfar tentando respirar. Primeiro sinal que estava vivo. O peito praticamente não movia ao respirar e sua pele estava fria. Aquele pequeno sinal de vida deu a Jaime um alívio tão grande que parou o que estava fazendo e flexionou o pescoço tentando relaxar. Estava vivo. Os deuses não seriam tão cruéis para roubar-lhe a vida agora.

— Pia, ajoelhe aqui – ordenou. - Podrick, já que veio, ajude.

Não precisou falar duas vezes. Pia entendeu de imediato ajoelhando ao lado de Jaime e tomando sua tarefa de jogar água no corpo do rapaz. Podrick apoiou a cabeça do prisioneiro do mesmo modo que cavaleiro fazia antes.

Jaime se ergueu, se sentindo meio zonzo e deixou a Pia e Podrick a tarefa de lavá-lo. Andou vacilante para a porta do banheiro pensando que desde a morte de seu pai não precisara tanto de uma bebida, mas foi parado por uma Brienne que já havia perdido a paciência com ele.

Ela colocou a mão no seu peito o parando, zangada.

— Pode parar, Jaime – ela ralhou – Quer me dizer o que está acontecendo aqui?

Ele franziu o cenho atordoado.

— Não sabe quem é ele? - indagou apontando para o rapaz.

— Não- ela respondeu sincera e impaciente. - Deveria saber?

— Deveria. - Ele se voltou para o rapaz inconsciente sentindo os olhos dos três ocupantes do banheiro sobre ele. - É o Rei no Norte. Robb Stark.


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Notas finais do capítulo

No livro Brienne nunca chegou a encontrar Robb. Quando Brienne esteve em Correrrio ele não estava lá, e Catelyn a mandou fugir com Jaime antes que Robb voltasse.



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