Mais uma vez eu acordo com ela em meus braços. A cabeça encostada em meu peito e seu braço, recém tirado da tipoia, abraçando minha cintura. Eu poderia abrir meus olhos para vê-la, mas ainda estava com sono e meus olhos insistiam em não querer abrir.

Kate se mexe em meus braços, e um pequeno gemido de dor faz meus olhos abrirem na mesma hora. Ergo minha cabeça para olha-la e vejo sua cara contorcida, como se estivesse mesmo com dor.

— Kate? – sussurro com minha voz fraca.

— Eu estou bem, Castle. Volte a dormir.

Seu corpo se afasta do meu e um vento frio faz meu corpo tremer. Ao contrário do que ela me mandou fazer eu sento na cama, acompanhando em silencio ela levantar a camisa do pijama e tocar a sua cirurgia delicadamente.

— Você dormiu por cima da cirurgia de novo, não é? – pergunto depois de um silencio quase torturante.

— Não foi nada. – ela olha por cima do ombro, me lançando um sorriso fraco. – eu vou ao banheiro, volte a dormir.

Não falo nada, apenas observo Kate levantar da cama e andar em direção ao banheiro devagar, coisa que ela já não fazia a alguns dias. Kate já estava andando normalmente, quase duas semanas após a sua saída do hospital ela já estava bem, mas sempre que dormia por cima da cirurgia ela sentia dores. Ela nunca admitia, mas eu sei que sentia.

Mais uma vez ela estava fazendo o que sabe fazer de melhor, se esconder com sua dor. Acho que eu ainda não mostrei a ela que ela pode sim contar comigo, que sua dor não é sinal de fraqueza para mim e que eu sou alguém que ela pode sempre confiar. Não temos tanto tempo de relacionamento, mas ela me conhece o bastante para confiar em mim, e eu achei que não precisaria de muito para ela saber que pode contar comigo.

Mas isso mudaria agora, eu vou mostrar, em qualquer oportunidade que tiver, que Kate pode contar comigo para o que precisar. Tiro as cobertas de cima de mim e levanto, arrastando meu chinelo até o banheiro que, não é surpresa nenhuma, está fechado. Bato na porta, mas ela não diz nada, meu próximo movimento é abrir a porta.

Giro a maçaneta lentamente, com cuidado para não pegar ela em um momento íntimo. Vejo a sombra dela, mas não consigo vê-la, sei que ela está em pé, e isso já me acalma um pouco.

— Kate, posso entrar? – mais uma vez ela não diz nada. – Kate estou entrando.

Abro mais a porta e entro relutante. Assim que olho para a direção onde a sombra de Kate leva, vejo o que eu não esperava e não estava preparado. Ela estava nua. Completamente nuca da cintura para cima. Kate se olhava fixamente no espelho, seus seios à mostra e seu braço arrodeando sua cintura e tocando na cirurgia. Ela parecia não perceber minha presença, concentrada apenas no toque de seus dedos em sua pele.

Fazia tempo que eu não a via dessa maneira, com uma das partes que eu mais gosto nela exposta. Meu membro salta na minha calça do pijama, e eu não consigo tirar meus olhos dela. Eu já tinha dormido com várias mulheres, tantas que chega a ser impossível contar, mas Kate era, de longe, a mais bonita delas. Ela tinha uma beleza que vinha de dentro, mas tinha um corpo que era um pecado, e eu nunca me cansaria dela.

— Você ainda me deseja? – eu me desperto dos meus pensamentos pervertidos sobre a minha mulher e a encaro, a ponto de ver que ela ainda tem o olhar fixo em seu corpo, e parece sentir quando eu a encaro, pois no segundo seguinte ela me olha pelo reflexo do espelho.

— Como?

— Você ainda me deseja? Mesmo carregando as marcas do meu passado em meu corpo?

Seus olhos fixos nos meus me mostravam a vergonha que ela sentia por ter aquilo em seu corpo. A cirurgia era quase imperceptível, e a marca do tiro também. Cada vez que fizemos amor eu me dediquei a essas marcas com beijos e carinhos o máximo que pude, mas não parecia suficiente para eu me sentir bem por ter provocado isso nela.

Me aproximo, obrigando-a a olhar para mim. Com nossos corpos quase colado e minhas mãos tocando seus ombros nus

— De onde você tirou isso?

— Me responde, Rick. – ela quase implora com o olhar.

— Kate você deveria ser linda sem essas cicatrizes. – suas pupilas se dilatam. – Mas eu aposto, mesmo sem conhecer seu corpo antes delas, que nada se compara a agora.

Kate não fala nada, nem desvia seu olhar do meu através do espelho. Sua respiração quase pesada, entrega o quanto ela está nervosa. Beijo seu ombro e a viro delicadamente para mim. Como se estivesse com vergonha de mim ela passa os braços pelos seios, mas logo eu desfaço, deixando eles a mostra para mim.

— Kate eu estou com você nessas marcas. Nessa... – eu toco delicadamente a marca entre seus seios. – é a marca que tentamos lutar contra os caras que te fizeram tão mal quando tiraram sua mãe de você. E eu tentei te salvar naquele dia, mas não consegui.

— Você... – ela tenta, mas eu a interrompo.

— Shh... me deixa continuar.

Ela faz que sim com a cabeça, num movimento quase imperceptível.

— E essa aqui.. – coloco seu braço de lado, deixando sua cintura livre e toco sua cirurgia, quase completamente cicatrizada. Descendo e subindo meu dedo sobre ela lentamente, vendo a pele dela se arrepiar e sua excitação crescer com meu toque. – também é a marca da nossa luta, mas mais que isso, ela é a marca da sua prova de amor por mim. A prova de que seu coração é tão grande quanto parece. Você foi atrás da Alexis por mim, então eu sinto que essa também é uma marca minha. A minha marca em seu corpo, e isso meu amor, nada e nem ninguém vai apagar.

Uma lágrima solitária cai de seus olhos, e em seguida um sorriso sai de seus lábios. Não preciso de mais nada para aquecer meu coração do que um sorriso dela.

— Eu sou uma boba por estar chorando. – ela diz limpando a lágrima.

— Sim, você é. Mas por achar que eu não te desejaria mais, e não por chorar.

— Desculpa. – ela murmura.

— Eu te desejo mais que tudo Kate. – colo nossas testas. – ainda está doendo? – pergunto, de olhos fechados, enquanto acaricio sua cirurgia.

— Não. – ela sorrir e se põe na ponta dos pés para alcançar minha boca.

O toque de seus lábios frios contra os meus, também frios, faz nosso corpo inteiro esquentar. Um beijo lento e profundo, sentindo nossos toques, movimentos e desejos. Colo seu corpo nu no meu, sentindo o desejo de tê-la só para mim aumentar.

Percorro todo o seu pescoço com beijos molhados, sentindo sua pele se arrepiar com cada toque meu. Minhas mãos seguram firmes em sua cintura. Eu não sei bem o que estou fazendo, mas não quero parar. Desço meus beijos por seu colo até chegar na sua primeira marca, a nossa marca. Faço carinho ali com meus lábios, e escuto um gemido sair de sua boca.

Os dedos de Kate seguram firmes meus cabelos, não me deixando sair daquele local. Exploro lentamente cada detalhe de seus seios, passando de um para o outro e ignorando completamente seus mamilos, que gritavam por atenção. Olho para cima e vejo Kate jogar a cabeça para trás enquanto solta mais um gemido, e isso me deixa absolutamente excitado.

Paro os meus carinhos e sorrio vendo a pequena careta que Kate faz, ainda de olhos fechados, e seguro sua mão, a guiando de volta para o quarto, mas especificamente minha cama, de onde ela não deveria ter saído.

Sob os protestos dela, de que não deveria ter parado, eu a levo do jeito que a encontrei para a cama. Não precisaríamos de roupas hoje. Hoje será apenas meu corpo e o dela, tomando o canto que já não é mais meu, mas nosso. Nossa cama.

Tiro minha roupa lentamente sob o olhar minucioso de Kate, parada de frente a mim, admirando cada pequena parte que se revela do meu corpo. Quando estou completamente despido eu me aproximo dela, tocando seus seios lentamente, envolvendo-os perfeitamente em minhas mãos. Aos meus toques Kate fecha dos olhos, jogando sua cabeça para trás soltando uma respiração pesada. Ali era o ponto fraco dela, e eu sabia disso. Minhas mãos descem pelo seu corpo, sentindo a pele macia e fria dela até chegar na barra da calça do seu pijama, tirando única peça que faltava para tê-la inteiramente nua em minha frente.

Sem tirar meus olhos dos dela, eu a deito lentamente no colhão, deixando ela se arrumar na posição mais confortável possível. Eu ansiava por ela e ela por mim, mas tudo seria com calma, muita calma. Tanto para aproveitarmos quanto para não machuca-la. Os olhos de Kate ardem de desejo, e seu corpo fica quente a cada toque de minhas mãos.

— Kate se eu te machucar...

— Você nunca me machuca, Rick. – ela diz com sua voz doce, tocando lentamente meus lábios com seu dedo. – só me ame, ok?

Eu seria incapaz de negar um pedido como esse. Minhas mãos que antes passeavam por seu corpo agora são substituídas pela minha boca, e faço questão de marcar seu corpo inteiro com meus beijos molhados enquanto ela gemia e pedia por mais. Não sabia se podíamos fazer isso, mas eu não aguentava mais ficar longe dela. E a forma como eu encontrei ela no banheiro só me fez desejar mais ela.

Nós fizemos amor lenta e demoradamente, chegando ao limite e depois nos entregando de novo. Eu vi Kate se entregar para mim muitas vezes, mas hoje foi diferente. Os sussurros dela em meu ouvido pedi para que eu fosse mais rápido, e eu tive que me controlar para não obedecer. Seus dedos presos aos meus cabelos me seguravam firme contra seus lábios enquanto ela me beijava profundamente. Sua língua invadia minha boca como quem toma posse do que é seu, a tempos não nos beijávamos assim, e logo seus dentes cravam em meu lábio inferior, mordendo forte enquanto seu corpo tremia embaixo do meu e ela chegava ao limite mais uma vez.

Não tinha maneira melhor do que ir dormir depois de fazer amor com Kate. E eu espero que esse seja apenas o começo de uma vida inteira juntos.