Linhas Cruzadas. escrita por MissDream


Capítulo 21
Desespero.


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei, voltei para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar...

Gente, eu passei esse tempo todo bolando esse capítulo, mas sempre gosto de ter um na reserva antes de postar, acontece que me deu um bloqueio infeliz e por isso demorei, eu queria trazer o melhor para você que são tão queridas e pacientes comigo. Mas graças a Deus, consegui concluir o capítulo e já voltei aos trilhos do enredo. E como pedido de desculpas, teremos um pouco de tudo no cap de hoje que tá grandão, em?!
Temos leitoras novas? Bem vidas meninas, eu vou responder os comentários de vocês com o maior carinho do mundo, tenham só mais um pouco de paciência.
Quem não gosta de hot, recomendo pular o final, está bastante caliente ~~carinhadelua

Percebi que algumas leitoras sentem-se confusas com alguns pontos da história, então estarei explicando algumas coisas nas notas finais, quem quiser dar uma olhada para entender, é só ir lá quando terminar o capítulo, vocês também podem tirar duvida nos comentários, a única coisa que eu não respondo é quem é o alfa por motivos óbvios kkkkkkkk

Enfim, boa leitura a todas!



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"Maybe that's what happens when a tornado meets a volcano..."

 

 

Felicity Smoak.

Eu me sentia estranha em minha própria pele, havia omitido coisas para Oliver, estava escondendo meu passado mesmo sabendo que isso me deixaria cada vez mais distante dele. Eu não planejei me envolver, tão pouco me apaixonar por ele, sim eu estava apaixonada e admitir isso só piora tudo. Mas eu não planejei nada disso, sempre fui profissional em todas as minhas missões, sempre mantendo uma distancia segura de homens como ele, sempre buscando objetividade em todos os meus trabalhos, mas então nossos caminhos se cruzam e Oliver aos poucos foi virando minha vida de ponta cabeça, fazendo-me questionar todas as escolhas que tomei até aqui.

̶  Hey. – despertei com a voz de Sarah invadindo meu campo sonoro.

̶  Você deve estar me odiando também. – falei sem realmente encará-la.

̶  Eu não colocaria dessa forma. Sim, eu estou bastante curiosa e irritada com você, mas não realmente te odiando. – sua resposta me fez rir sem humor. – Eu também tenho um passado, Felicity, e assim como você, eu não gosto de falar sobre ele. – seu tom era ameno. – Eu acho que você devia falar com ele.

̶  Ele não quer me ver. – senti uma ponta de tristeza sair junto com as palavras.

̶  Oliver é orgulhoso demais para te chamar para uma conversa, mas acredite, tudo o que ele quer no momento é esclarecer as coisas.

̶  Esse é o problema, Sarah, sempre sou eu que tenho que ceder, estou sempre o procurando para conversar e nunca o contrário. Acontece que eu estou me cansando da bipolaridade do Oliver, eu já tenho problema demais para lidar, não quero ter que encarar mais esse.

̶  Eu ainda mantenho a mesma opinião de antes. – ela virou me encarando. – Você é a única capaz de não deixá-lo cair em total escuridão, ele não percebeu ainda, mas essa sua coragem, a forma como você o enfrenta e questiona suas escolhas, isso o tirou de sua zona de conforto. – explicou calmamente. – Não ache que é a única envolvida aqui, eu não sei o que vem acontecendo entre vocês dois, mas também está o afetando, você o faz querer sempre mais, desperta curiosidade. Vocês são inflamáveis demais e Oliver sempre esteve acostumado ao ignífugo.  – Ela se afastou para voltar para o andar do team, mas não sem antes soltar mais uma de suas frases de efeito. - E uma hora alguém terá que ceder.

Sozinha de novo eu observei o céu cinzento da cidade, ela estava certa, Oliver e eu precisávamos dessa conversa independente de como lidaríamos um com o outro de agora por diante. Eu precisava esclarecer as coisas, mas no momento não estava em condições de procurá-lo, eu sabia que uma conversa agora não resolveria muita coisa, precisávamos esfriar a cabeça antes. Mas Oliver não parecia pensar o mesmo quando me procurou.

̶  Será que podemos conversar? – ouvi a voz grave atrás de mim, fazendo um arrepio correr meu corpo.

̶  Oliver. – eu estava surpresa por ele ter vindo me procurar, achei que eu teria que ceder mais uma vez. – O que faz aqui?

̶  Sarah me disse que você estava aqui, e bem, acho que como membro da minha equipe você me deve uma explicação.  – ele tinha razão, como profissional eu devia ter-lhe contado sobre Noah. Respirei fundo tentando puxar coragem junto com oxigênio antes de começar.

̶  Lembra quando te contei a história de quando Amanda me recrutou? – ele assentiu. – Eu estava tentando roubar informações confidencias para Noah.

̶  O que? – ele pareceu surpreso.

̶  Como você já sabe, eu e ele trabalhamos juntos num caso no Caribe, mas eu não era recrutada da Argus, o que facilitaria muito para Noah em me usar, eu não estava no radar da Waller. – ele me encarou interessado. – Quando minha mãe morreu, ele me fez acreditar que tinha sido culpa dos diretores da Argus, disse que eles o tinham recrutado na base da ameaça e que foi obrigado a nos deixar.

̶  E era verdade? – neguei.

̶  Ele fez de livre e espontânea vontade, ele sempre quis. Mas uma garota de dezessete anos é facilmente manipulável, e eu só vim descobrir que ele estava mentindo quando entrei para o sistema.

̶  Sinto muito.

̶  Isso não é o pior. – o encarei receosa. – Ele estava me usando para ajudá-lo a roubar o Rubicon, ele queria posse dos arsenais nucleares da América, e por muito pouco eu não ajudei esse homem a destruir o país.

̶  Você... – ele deu dois passos para trás em negativa. – Por que não me contou antes?

̶  Você também manteve seus segredos para mim. – acusei com uma falsa calma. – Por que eu deveria confiar em alguém que me expeliu desde o momento em que eu pus meus pés nessa cidade? – eu sei que estava indo pelo caminho errado, atacar Oliver só tornaria tudo mais difícil, mas o olhar acusatório que ele me lançou fez a raiva falar mais alto. Ele estava sendo hipócrita. 

̶  Você tem razão, nós não nos conhecemos. Não sabemos nada um do outro. – observei ele caminhar em direção a saída do terraço. O ar parecia pesado em meus pulmões, eu estava cansada de tentar fazer Oliver confiar em mim. Ele estava tão preso dentro de suas inseguranças que era incapaz de se abrir comigo, e por mais que Sarah dissesse o contrário, eu não podia mudar seu jeito. Não se ajuda alguém que não quer ser ajudado.

Depois de alguns minutos ali, resolvi descer e encarar todos de uma vez. Oliver até podia ser um idiota, hipócrita, mas a equipe não tinha culpa, eles mereciam uma explicação.

̶  E então, o que você fez? – ouvi a voz de Sarah quando estava prestes a entrar no ambiente.

̶  O que você queria que eu fizesse? – ela estava falando com Oliver. Resolvi escutar.

̶  Tentasse se acertar com ela? – usou um tom de obviedade. – Vocês precisam um do outro agora mais do que nunca, Ollie.

̶  Sarah, nós não temos nada. Nós não somos nada um para o outro. – essa doeu bem lá no fundo.

̶  Tem certeza? – insistiu.

̶  Tenho. Ela não significa nada para mim, agora vamos mudar de assunto. 

Eu me senti ferida com as palavras duras de Oliver, não é como se estivéssemos tendo algo, mas depois da noite passada, da forma como eu me entreguei para ele... Você é uma idiota Felicity.

̶  Gente, eu gostaria de falar com vocês. – entrei logo no ambiente antes que sucumbisse a vontade de sair correndo. Oliver e Sarah estavam perto da porta, enquanto os outros mais afastados. Respirei fundo. – Quero pedir desculpas por ter escondido que Noah é meu pai.

̶  É sua vida particular Felicity, não nos deve nada. – Diggle respondeu e eu me senti mais relaxada.

̶  Não deveria se ele fosse um pai comum, mas estamos falando de um dos maiores criminosos que o mundo já viu. – rebati. – Espero que vocês entendam que é mais uma questão de intimidade do que de confiança, eu precisava criar afinidade com vocês para poder compartilhar essa informação. Mais do que meu pai, Noah é um monstro capaz de coisas horríveis e ele vai tentar usar vocês para me atingir.

̶  Estaremos prontos para ele quando chegar o momento.

̶  Nosso foco não é ele, mas sim o alfa. – Oliver argumentou rabugento.

̶  Ollie...

̶  Não Sarah, ele tem razão. – me adiantei antes que o clima pesasse mais. – Precisamos focar na missão, o que eu quero é deixá-los sobreaviso, apenas.

(...)

Dia seguinte:

Cassino clandestino de Star City.

Encarei o lugar me familiarizando com as maquinas ali, Donna trabalhava em um cassino de Las Vegas antes de cair em depressão, e eu sempre brinquei com as maquinas quando ninguém estava olhando, acabei aprendendo alguns truques.

̶  Tudo bem, a ideia é ganhar o máximo de dinheiro possível até irritar o dono, isso dará tempo para um de nós ir atrás do Adam. – falei pelo ponto aberto.

Com todos preparados, nos espalhamos pelo local tentando não dar bandeira. Trouxemos Lyla de reforço, por não ser da equipe ela podia muito bem se aproximar de Adam sem levantar suspeitas. O clima entre Oliver e eu ainda estava estranho, não nos falamos desde nossa ultima conversa, ele parecia fugir de mim e eu até preferia assim, um pouco de distancia me ajudaria a esclarecer as coisas.

̶  E então querida, uma mulher tão bela como você seria capaz de me vencer no poker? – Ray estava em seu papel e eu precisei prender a vontade de rir ao vê-lo tão animado com isso.

̶  Acredite docinho, uma mulher como eu é capaz de te vencer em muitas coisas. – lambi os lábios fazendo os velhos babões ao meu redor me lançarem olhos famintos.

̶  É o que veremos. – piscou para mim, divertido.

̶  "Felicity, você está tentando seduzir meu marido?" — Sarah perguntou, mas eu podia sentir o tom divertido em sua voz, ela queria atormentar Ray que engoliu em seco com suas palavras. – "Raymond, eu castro você”.

̶  Não, vamos apenas jogar. – sorri divertida mais com a mulher do outro lado do comunicador do que com a nossa encenação barata.

"Ele sempre cai nessa". — ela gargalhou baixinho enquanto o moreno a minha frente estava levemente pálido.

Ray e eu nos concentramos nos homens em torno de nós, enquanto disfarçadamente observávamos o local. Percebi Oliver flertando com uma ruiva num canto qualquer, o que me fez revirar os olhos em sua direção.

̶  Concentre-se no jogo, bela. – não precisava ser um gênio pra saber que Ray não estava falando do jogo apenas.

̶  Como quiser. – mostrei minhas cartas numa jogada vencedora.

̶  Você é boa. – sorriu divertido 

̶  "Ele chegou."— ouvi Lyla pelo comunicador. – "Estarei na cola dele."

̶  Cavalheiros, se nos derem licença, eu gostaria de convidar a dama para um drink. – Ray se levantou me estendendo a mão.

̶  Com prazer. – aceitei não sem antes ouvir insinuações idiotas que me fez querer socar aqueles abutres.

Caminhamos tranquilamente pelo lugar observando cada pessoa ali. O bar não estava cheio, o que nos dava certa privacidade, mas a sensação de estar sendo observada ainda permanecia comigo desde a hora em que botei meus pés ali.

̶  Nervosa? – ele perguntou próximo a mim.

̶  Ansiosa. – corrigi. – Essa é a nossa chance.

̶  Nós vamos conseguir. – estendeu o olhar sob meu ombro me fazendo virar para acompanhá-lo. Lyla acabara de entrar de braços dados com Adam Donner. Quem diria que o promotor classe média era um infiltrado traidor, por um momento me senti bem com o tiro que Amanda deu em seu próprio pé, justo ela que sempre controlou a vida de todos, estava perdendo as rédeas dos próprios capachos. – Do que está rindo?

̶  Da Waller tendo que abandonar toda sua petulância e orgulho para nos contar que seu tiro saiu pela culatra. – respondi obtendo um sorriso animado de Ray. 

̶  "Felicity, Adam foi para o escritório do cassino, e me deixou sob supervisão dos seus guardas, vou precisar que você improvise." — olhei em direção aonde Lyla deveria estar, mas nem sinal dela. – "Estou no banheiro”.

 

̶  Droga, odeio improvisos. – ralhei já me levantando. – Pelo visto o Donner não é tão banana assim.

̶  "Garotos, vocês precisarão dar cobertura para a nossa loirinha, tem capangas espalhados por todo o perímetro".— Sarah falou.

 

̶  "Eu vou ficar nos fundos do estabelecimento". — Diggle avisou.

̶  "Vou monitorar os cães de guarda do Adam".— Lyla garantiu.

̶  "Eu fico com a entrada do lugar". – Roy informou.

 

̶  "Estarei monitorando as câmeras e passando o máximo de informações que conseguir".— Sarah tinha ficado na van dessa vez.

̶  E eu continuarei no bar observando qualquer movimento suspeito. – Ray segurou minha mão em apoio. – Agora é com você Lis, estaremos todos aqui para te dar cobertura. – assenti.

Mas nem todos estavam ali, Oliver não se comunicou em momento algum, eu não sabia se o estapeava ou me estapeava por pensar nele numa hora como essa. Respirei fundo tentando puxar toda a coragem necessária para acabar de vez com isso, agora era tudo ou nada.

Caminhei cuidadosamente em direção ao escritório do cassino, os seguranças que deviam estar ali estavam de olho em Lyla, o que me ajudou bastante. Entrei na sala e o lugar estava vazio, nenhum sinal de Donner.

̶  Ele não está aqui. – informei fechando a porta atrás de mim.

̶  "Não está no corredor também".— Sarah assegurou. – "Se você for rápida, sairemos sem ser notados".

̶  Tudo bem. – suspirei abrindo minha bolsa que na verdade era um tablet portátil. – O grampo que Waller colocou no drive mostra que ele está aqui. – ergui meus olhos para o lugar que era bastante simples. Não tinha quadros na parede, o que descarta os cofres escondidos. 

̶  "Olhe na mesa atrás de você".— fiz como Sarah falou, mas ali só tinha papeis de contabilidade.

̶  Não está. – senti a frustração começar a se apossar de mim. – Droga. – revirei as prateleiras, mas nada parecia incomum.

̶  "Tente olhar dentro dos livros, algum deles pode ser falso".— Ray sugeriu e eu fiz como ele disse. Não demorou muito para que eu encontrasse um grosso livro capa dura que na verdade era um minicofre. Bingo.

̶  Ray, você é um gênio. – sorri rackeando com facilidade o objeto. – Fácil como tirar doce de criança.

̶  Se eu fosse você não comemoraria tão de pressa. – gelei com a voz atrás de mim. Rapidamente retirei o drive do cofre o segurando na palma de minha mão fechada, rente ao meu corpo. Girei dando de cara com Adam que me analisava com um sorriso pejorativo enquanto tinha uma arma apontada na a minha direção. – Olá Felicity.

 

Oliver Queen.

Fugir de Felicity não era tão fácil quanto parecia, muito menos quando ela estava enfiada dentro de um vestido apertado. Nossa conversa de mais cedo foi desastrosa e apesar de saber que ela tinha razão quando me chamava de hipócrita, eu preferia fugir a ter que encarar a realidade. Eu não podia olhar para ela e encarar um espelho, ver que assim como eu ela também tinha segredos, escuridão, e mesmo assim me trazia para a superfície, aceitar que eu estava sendo ingrato com ela era real demais e todo esse emaranhado de sentimento proibido só bagunçava a minha mente. Então sim, eu estava fugindo. 

Tudo aconteceu muito rápido; quando Felicity se levantou para ir atrás do drive, eu resolvi me posicionar de forma estratégica, então saí do cassino e fui até onde deixamos a van com as armas, pesquei um sniper e corri em direção ao prédio em frente, antes observando o melhor angulo para me colocar. Todos já estavam em suas posições e precisávamos tomar todo o cuidado possível, eu não esperava realmente precisar tomar atitudes extremas, mas nada me preparou para ver a vida dela correndo perigo, aquilo fez algo se ascender dentro de mim, como se eu estivesse totalmente incapacitado de mexer um único músculo. Adam estava apontando uma arma em sua direção e eu já podia tocar em meu próprio desespero. 

̶  “O que você pretende fazer?” — observei pelo telescópio da arma seu corpo tencionar. 

̶  “Não é obvio?”— ele sorriu ainda mirando sua cabeça. Os dois estavam em uma posição onde ficavam de perfil para a janela. Eu precisava colocar ele na minha mira. – “Me dê o drive”. — Adam estendeu a mão.

̶  Felicity, tente colocá-lo numa posição de costas para a janela. – percebi que ela tentou olhar em minha direção. – Não olhe.

̶  “Por que você traiu Amanda?” — ela perguntou tentando ganhar tempo, enquanto de vagar se posicionava de frente para a janela. 

̶  “Você acha mesmo que eu vou cair nesse joguinho barato? Tentar ludibriar o adversário com conversa para ganhar tempo é muito ultrapassado, Smoak”.

̶  “Eu só quero saber o porquê de você ter mudado de lado, é intrigante”. 

̶  “Por dinheiro, não é óbvio? Agora me dê à merda do ship”.— droga, ele não estava acompanhando os movimentos dela. Adam se aproximou mais de Felicity fazendo o cano na arma encostar-se à lateral de sua cabeça. – “O ship”. — senti meu corpo gelar quando ele ficou atrás dela a tomando como refém. Felicity entregou o objeto com cautela.

̶  "Ele vai matá-la". — Sarah parecia desesperada.

̶  Felicity, você confia em mim? – perguntei vendo que ela olhava em minha direção, seus olhos fixos em mim mesmo com a distancia. 

̶  “Com a minha vida”. — prendi o ar com suas palavras. A adrenalina corria por minhas veias, misturada ao medo, eu só tinha uma chance e não podia errar.

̶  Não se mecha. – respirei fundo antes de posicionar a mira na testa do homem, não era mais uma questão de escolhas. Era Felicity.

O corpo de Adam se mexia muito próximo ao dela, um passo em falso e eu poderia botar tudo a perder e tirar a vida de Felicity, eu sentia minhas mãos suando de nervoso, meu pulso não estava firme e o rosto amedrontado da loira não melhorava a situação. Só quando vi a boca imunda de Adam encostar-se ao rosto dela é que senti todo aquele ódio se multiplicar. Sem pensar duas vezes, soltei o gatilho que estava a alguns segundos pressionando para trás, a bala se alojou com facilidade na cabeça do homem, enquanto Felicity parecia congelar no lugar. Desci correndo do prédio, eu precisava vê-la, saber se ela estava bem. Foi preciso uma arma mirada em sua cabeça para eu perceber a importância dela, de sua segurança.

̶  Felicity. – chamei assim que a encontrei ainda parada encarando o corpo caído a sua frente. Ela ergueu os olhos para mim e tal foi minha surpresa quando não encontrei horror neles, ela estava assustada com tudo, mas a repulsa de antes já não estava ali.

̶  Oliver. – ela correu até mim fechando os braços em meu pescoço, enquanto eu rodeava sua cintura num abraço apertado.

̶  Você está bem. – não era uma pergunta, eu só precisava me certificar disso. Enterrei meu rosto na curva de seu pescoço inalando seu cheiro. – Está segura agora. – a apertei mais contra meu peito quando ouvi os soluços sair por seus lábios.

̶  "Tire-a daqui, Oliver, nós cuidaremos do resto".— ouvi a voz de Diggle em meu ouvido e só então lembrei que ainda usávamos o comunicador.

Felicity estava tremula, em choque pelo que acabara de acontecer e eu não a culpava ter a vida a um fio de ser tirada não deve ser a melhor das sensações para alguém como ela que ama viver. Resolvi levar Felicity para o meu apartamento, não podia e nem queria deixá-la sozinha, mais do que sua segurança eu precisava ter certeza que ela ficaria bem. O caminho foi um silencio ensurdecedor, ela parecia perdida em seus próprios pensamentos e eu aproveitei isso para mergulhar nos meus, nunca pensei que voltaria a sentir aquele sentimento de novo, o gosto da impotência por ver alguém morrer e não poder fazer nada era amargo, mas dessa vez eu fiz. E faria de novo por ela.

̶  Por que me salvou? – a voz dela por fim quebrou todo aquele silencio assim que passamos pela porta. – Por que se preocupa? 

̶  Eu não sei. – suspirei cansado. Ela se abraçava, acuada. – Tudo o que eu sei é que quando vi você ali, na mira de uma arma, eu me desesperei. – fechei os olhos me permitindo sentir tudo de novo. – Deus, eu quis o matar de todas as formas possíveis, quantas vezes fosse possível.

̶  Mas você mesmo disse que não sentia nada por mim. Oliver, você disse que eu não significava nada para você.

̶  Eu menti. – confessei me sentindo nu com seu olhar intenso. – Droga Felicity, eu não sei identificar o que é, mas eu sinto algo. Algo muito forte que só a imagem de você com outro homem me cega de raiva, e só o pensamento de você estar em perigo me faz querer te trancar num lugar seguro e te proteger. Eu nunca senti algo assim como se só o teu cheiro fosse capaz de envenenar minha pele, queimando por dentro, essa vontade de sempre me enfiar dentro de você e te fazer minha, esse desejo animalesco que me enlouquece, esse anseio por te tocar.

̶  Oliver... – ela estava com os olhos fechados, a pouca luz iluminando seu rosto enquanto parecia digerir cada palavra. – Você não pode me dizer todas essas coisas e depois se afastar, não pode me dizer tudo isso e me tratar como mais cedo. Esse jogo de gato e rato é insano demais, e eu não posso lidar com sua instabilidade emocional.

̶  Não se trata de um jogo, Felicity. – me aproximei alguns passos apenas para encará-la melhor. – Eu nunca te julguei pelo o que me contou, minha magoa veio de você ter escondido de mim, pareceu que não nos conhecíamos e eu me senti mal por isso, a sensação de estranheza é horrível. Mas então eu percebi que eu também escondia coisas, eu também não fui capaz de me abrir, não te deixei a vontade para fazer o mesmo. E foi por isso que estive fugindo de você o resto do dia, eu não podia encarar os fatos.

̶  Que fatos? 

̶  Eu estou gostando de você mais do que devia. – confessei. – Ainda não sei a dimensão ou a clareza dos meus sentimentos, mas eu quero você na minha vida. 

̶  Eu não... Oliver, você tem certeza? Eu não posso e não quero servir de estepe para você tentar canalizar suas dores. – ela respirava pesadamente tentando controlar a própria raiva. – Mas que inferno, deveria ser apenas foda, coisa de pele.

̶  E você acha que pra mim é fácil? – nós já estávamos alterados, ela me encarava com faíscas nos olhos. Acha que eu queria sentir tudo isso que estou sentindo? Eu já sou confuso demais, já tenho minha cota de sentimentos incompreensíveis e passado obscuro. Passei anos construindo essa armadura na tentativa de proteger o que me sobrou de humanidade, porque tudo o que eu amei foi arrancado de mim. Mas você tinha que aparecer e me desarmar, não é mesmo? Eu deveria me afastar, mas parece que quanto mais eu tento mais eu te quero. – meu peito subia e descia conforme as palavras iam saindo, o desespero gritante em por tudo para fora sem medir a consequência dos atos. – Hoje eu pensei que poderia te perder e pela primeira vez em dois anos eu parecia exposto a dor novamente, Felicity o gosto amargo do desespero ainda está em minha boca, e droga, eu não quero mais sentir isso. 

Nossos olhares se enfrentavam numa batalha assídua, enquanto o peso da verdade parecia impossibilitar que nos afastássemos, só de vê-la ali e bem, eu sentia o alivio correr por minhas veias, mas também percebia o quanto ela me deixava de guarda baixa, exposto. Encarei os olhos azuis que pareciam comportar uma tempestade dentro de si, a forma como ela me encarava sem pretensões e ao mesmo tempo sensual fazia minha respiração quebrar. Éramos fogo vivo prestes a incendiar qualquer lugar. Senti sua boca assaltar a minha sem aviso prévio num beijo desesperado e raivoso, eu não tinha noção do quão sedento meus lábios estavam dela, seu sabor era viciante e me fazia querer sempre explorá-la mais, buscando saciar meu desejo por seu corpo. Eu necessitava daquela mulher.

̶  O que você está fazendo comigo? – rangi enquanto espalmava minhas mãos em sua cintura, suspendendo-a para que aninhasse suas pernas ao redor da minha cintura. Andei com Felicity até o quarto a sentando na cômoda, fazendo vários objetos dali caírem, vidros se espatifando no chão e misturando aromas. O clima era extremamente erótico e selvagem.

Abri uma fenda no vestido longo e justo de Felicity, expondo sua perna direita e facilitando sua recepção ao meu corpo, suspirei alto quando sua boca trabalhou um chupão em meu pescoço e suas unhas arranharam meu pescoço. Inferno de mulher que me deixava duro só com um beijo.

̶  Hoje eu vou foder você. – soprei as palavras em seu ouvido recebendo um gemido como resposta. – Vou foder você duro e fundo.

̶  Oliver. – a arranquei do móvel recebendo um grito rouco e surpreso. – Me fode.

As palavras de Felicity foram como gasolina jogada sobre uma fogueira, capazes de me deixar ainda mais excitado. Joguei seu corpo sob a cama sem cerimônia terminando de rasgar o vestido, eu me sentia um animal incapaz de pensar além do desejo por possuí-la, ela parecia sentir o mesmo quando me lançou um sorriso jocoso e cheio de desejo. Minhas mãos subiram por suas pernas serpenteando cada pedaço de carne, bebendo da sua pele até chegar ao tecido fino de renda azul que não escondia nada, essa era a minha Felicity, sempre insinuosa. Contrariando meu desespero, desci a peça com uma lentidão torturante, eu queria provocá-la até que ela implorasse por mais, eu precisava mostrar a ela que saciar seus desejos era a prioridade ali.

̶  Queen... – gemeu impaciente. Me afastei segurando a minúscula peça tendo seus olhos confusos sob mim. – O que está fazendo?

̶  Eu quero que você se toque para mim. – pedi. Ela sorriu sapeca.

Observei sua mão descer sob seu ventre numa caricia suave até chegar ao vale de suas pernas, onde ela começou uma massagem displicente, acariciando, apertando e pressionando o próprio centro, senti minha boca secar quando ela introduziu um dedo em suas dobras, numa provocação silenciosa. Felicity estava exposta a mim sem pudor, era saboroso vê-la nesse momento.

̶  É isso que você quer, Oliver? – a voz rouca cheia de luxuria impregnando todo o cômodo. – Você gosta? – ela continuava se tocando, enquanto eu me despia desesperado. Puxei suas pernas a trazendo até próximo à borda da cama, segurei suas mãos a impedindo de continuar com as caricias e reivindiquei seus lábios num beijo urgente e desesperado. 

̶  Você me tira do sério, Smoak. – raspei seu lábio inferior com os dentes, numa puxada leve. – Tem o poder de me excitar apenas com um sorriso ou um olhar. – me levantei a trazendo comigo. Espalmei minhas mãos no rosto dela aprofundando mais um beijo cheio de luxuria suas mãos serpenteando meu corpo até encontrar o que queria me arrancando um gemido animalesco. – Felicity... – tombei a cabeça para traz sentindo os movimentos sincronizados que ela fazia em torno do meu pênis, tê-la me tocando era enlouquecedor porque ela sabia tomar o controle, sabia ditar o ritmo.

̶  Eu quero você, Queen. – protestou beijando meu pescoço. – Mas antes, eu quero te dar prazer. – sussurrou as palavras em meu ouvido antes de se abaixar ficando de joelhos no chão, sua mão esquerda acariciando minha coxa enquanto a direita continuava num vai e vem torturante. Não contive o gemido quando seu halito quente acarinhou minha ereção, soprando a glande antes de encostar levemente a língua. 

̶  Feli... – ela abocanhou meu membro me fazendo perder qualquer noção de tempo e espaço, eu me sentia fora de orbita como se não pertencesse ao meu corpo, seus movimentos se intensificando conforme eu perdia o controle dos gemidos, ela sabia exatamente o que estava fazendo. Senti meu corpo estremecer num aviso prévio de que meu gozo estava próximo, só então resolvi puxa-la para mim que soltou um protesto por ter seu trabalho interrompido. – Eu quero estar dentro de você. – tudo que recebi em troca foi um sorriso.

̶  Eu quero sentir você sem barreiras, Queen. – ela girou nossa posição me empurrando até a cama. Sem esperar por mais palavras, sentei sobre meus pés na cama trazendo Felicity para o meu colo, ela sentou de costas para mim acomodando toda a minha ereção dentro de si. Ela estava no controle. Nossos gemidos saíram em conjunto com o movimento, levei minhas mãos até os seus seios os apertando com volúpia o que fez a loira tombar o pescoço para trás, oferecendo-o a mim. Felicity ondulava o quadril com rapidez soltando gemidos e suspiros enquanto eu mantinha minha boca trabalhando em seu pescoço, senti seu braço circular minha nuca, suas mãos dando leves puxões em meus cabelos curtos na tentativa de sanar o descontrole. Soltei seus seios segurando sua cintura ajudando com o ritmo, sentindo cada pedaço de sua pele sensível, cada aperto de seu interior ao meu redor me fazendo suspirar. Eu estava ficando viciado nessa mulher, nunca era só sexo, era loucura, tesão, desejo, desespero. 

(...)

O cheiro de Felicity ainda estava impregnado em mim mesmo depois do banho, eu podia sentir seu perfume como uma tatuagem na minha pele. Suspirei quando senti um peso sob as minhas costas.

̶  Não mente mais pra mim, loira. – a respiração quente dela tocando minha pele enquanto sua mão circulava minha cintura e suas pernas se entrelaçavam as minhas no colchão.

̶  Não foge mais de mim, loiro. – ela devolveu me fazendo rir pelo nariz.

̶  Felicity, Felicity, você ainda vai me enlouquecer. – virei a cabeça vislumbrando um resquício de sua cabeleira. – Vamos tentar ser o mais honesto possível a partir daqui? – ela concordou com um 'humrum' enquanto dedilhava minhas costas.

̶  Vamos simplificar, esqueceu que eu sou objetiva? – ralhou em zombaria. – Que tal uma folga para o team amanhã?

̶  Faz tanto tempo que eu não tiro folga. – sorri com a ideia.

̶  Nós podíamos chamar o pessoal para uma cerveja, jogar conversa fora só pra variar.

̶  Ou podíamos ficar aqui nessa cama transando em todas as posições conhecidas. 

̶ Tentador, mas não somos coelhos e eu realmente queria descontrair com o pessoal. – rebateu me fazendo aceitar a derrota. Num rompante, mudei nossas posições fazendo-a ficar sob meu peito.

̶  Podíamos ser coelhos agora. – ela gargalhou tombando a cabeça para trás me fazendo observar aquele gesto com admiração. Ela era linda.

̶  O que eu faço com você, Queen? – ergueu uma sobrancelha ainda com um meio sorriso nos lábios.

̶  Sexo? – sugeri recebendo uma tapa leve no braço e logo caindo na gargalhada junto com ela.  ̶  Ai Felicity, eu não tenho culpa se nós somos uma explosão na cama.

̶  Você sabe como aliviar uma mulher de um estresse pós-traumático, Queen.

̶  Mérito nosso, somos bons amantes. – pisquei puxando-a para um beijo que não pararia por ali. Com ela era assim, tudo muito intenso e imprevisível, como começar o dia brigando e terminar matando essa tensão sexual no meu apartamento.


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Notas finais do capítulo

: UAU. Gostaram? Sentimentos do senhor gelo vindo atona, o que acharam? Momento Felicity em risco, quem gostou? Sexo de reconciliação eu nem vou perguntar, porque eu conheço minhas leitoras safadhenhaaaaas kkkkkkk

Gente, deixa eu esclarecer alguns pontos do enredo e se tiver outros não citados, é só me perguntar:
* A chacina causada na família de Oliver aconteceu a cinco anos, e ele já era agente da Argus, mas naquela época ele tinha o sonho de mudar o mundo e ser um herói;
* O desaparecimento de Laurel aconteceu a dois anos, então quando o Oliver diz que não sente tal coisa há dois anos, ele quer dizer que o sumiço da noiva foi a gota d'água para ele se fechar em copas;
* Lembram do Adam? O carinha que eles estavam vigiando no começo da história? Pois é, eu confesso que tinha esquecido ele em churrasco e acabei levando o enredo para outra direção, mas como eu disse lá em cima, voltei aos trilhos e a morte dele fecha um ponto na história;
* Fiquem de olho nesse ship, ele vai ser crucial ainda;
* O passado de Felicity dessa vez foi revelado de vez, o segredo que vocês tanto temiam foi revelado e o pai dela só deve aparecer no final da fic;
* Laurel não morreu;
* O alfa é... Pegadinha do malando ié ié kkkkkkkkk

Enfim, espero vocês nos comentários e, por favor, se tiverem duvidas, não se intimidem, pode perguntar. BEIJOOO! ♥



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