Tell You A Story escrita por STatic


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá amadinhas!!!!! Não quero ficar prologando essas notas porque eu sei que vocês estão loucas para ler, então sendo bem rápida: muito obrigada por todos os comentários lindos, os favoritos e todo o apoio que vocês estão nos dando, isso é muito importante para nós!!!

Espero que vocês gostem desse capítulo, que particularmente é o meu favorito até agora haha

Beijos e boa leitura!

Bruna.



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 Castle POV

Era como um pesadelo. Não um daqueles que te acordavam instantaneamente, seu corpo pegajoso pelo suor e trêmulo pela realidade que te assombrara. Parecia pior, aquele tipo de pesadelo que te deixava preso, sendo uma presa fácil dentro de sua própria mente. Impossível de acordar, impossível de fazer sentido.

—Um... Aborto? – A voz dela saiu rouca e hesitante. Minha cabeça doeu instantaneamente assim que as palavras “você sofreu um aborto” foram absorvidas. – O que? Como? Eu... 

Ela parecia perdida, assustada. Seus dedos que estavam em contato com os meus estavam escorregadios devido ao suor, e tremiam levemente. Eu estava em choque. Um aborto? Aquilo era impossível, nós não...

—Eu não estou... Estava grávida. – Ela sussurrou, ecoando meus pensamentos e parecendo falar consigo mesma. A palavra usada no passado me cortou profundamente, e eu podia notar que o mesmo acontecera com ela. 

—Eu realmente sinto muito. – Dra. Sullivan disse, mas eu mal a ouvia, minha concentração voltada completamente para a mulher na cama ao meu lado. Ela ainda disse mais alguma coisa antes de se retirar, e nenhum de nós sequer se deu ao trabalho de responder. 

No momento em que ouvi a porta se fechar, eu me sentei na beirada da cama, finalmente encontrando os olhos de Kate. Ela fitava o vazio, os olhos encobertos por uma manta que não deixava qualquer luz sair, ou entrar.

—Kate... – Sussurrei e imediatamente o encanto parecia quebrado, seus olhos finalmente encontrando os meus, se enchendo de lágrimas instantaneamente.

—Eu não sabia, Rick, eu não sabia! – Ela chorou, seu tom desesperado e dolorido mandando uma onda de pura agonia diretamente em meu peito. – Eu juro, eu não sabia. Eu não...

Eu já havia presenciado Kate Beckett em seus melhores e piores momentos. Eu já havia a visto rir e chorar, incontáveis vezes. Já havia assistido enquanto ela se perdia e se encontrava, em grandes e pequenos espaços de tempo. Já havia passado por tudo isso, mas ainda assim, nada era capaz de me preparar para aquilo.

— Me desculpe. – Kate disse entre um soluço e outro, e então havia sido demais. 

Subi completamente na cama estreita ao seu lado, a puxando para o meu colo ao mesmo tempo em que - para o meu completo choque- ela ficou tensa, se debatendo contra mim, me impedindo de chegar mais perto. 

—Não! – Ela disse alto, e enquanto ela continuava a falar e a lutar contra mim, sua voz foi falhando, diminuindo a um sussurro até que se extinguiu de vez. – Não, Rick, por favor. Me deixe... Eu não...

Apenas continuei abraçando-a, a segurando até que sua energia para lutar contra mim desapareceu, assim como sua voz também tinha. Seu corpo se tornou pesado contra o meu e seus braços passaram a me envolver ao invés de me afastar, e eu podia sentir sua mão fechada em punho em minha camisa, apertando com força, agarrada a ela como um tipo de salva vidas. Eu podia sentir também a camisa ficando cada vez mais molhada a medida que suas lágrimas caíam incessantemente, as minhas próprias encontrando seus devidos caminhos.

Ficamos assim por um tempo longo o suficiente para que eu perdesse a noção. Podiam ser minutos, mas também podiam ser horas. Quando senti que sua respiração estava ficando mais calma, indicando que ela provavelmente estaria dormindo em breve, eu finalmente falei. Por que eu sabia que ela se culparia. Era o que ela fazia, não havia surpresa nisso. Entretanto, eu não podia deixar que ela pensasse isso, ou ela se afogaria.

—Kate... – Sussurrei, ainda acariciando seus cabelos. Seu rosto machucado estava enterrado em meu peito, uma das minhas mãos ao redor da sua cintura, a outra em seus cabelos, a mantendo pressionada contra mim quando ela tentara sair. Eu não podia me dar ao luxo de deixá-la fugir, por que uma vez que isso acontecesse, ela se fecharia. Muito tempo e esforço -de ambos- havia sido gasto para que eu deixasse tudo se perder agora. – Isso não foi culpa sua.

Ela se encolheu imediatamente, como se minhas palavras a ferissem fisicamente.

—Eu sinto tanto. – A ouvi dizer, sua voz fraca e abafada contra meu corpo.

—Eu também. – Beijei seu cabelo e quando ela afastou a cabeça, dessa vez eu a deixei ir. A deixei ir para que ela pudesse olhar para mim, para que pudesse ver e ter certeza de que nada daquilo era culpa dela, para que ela pudesse ver que eu estaria ali, a segurando e a impedindo de fugir, de se esconder. Para que ela pudesse ver que eu continuaria ali, e que passaríamos por aquilo juntos. 

E ela o fez. Olhou para mim, provavelmente viu tudo o que eu imaginava, mas eu também vi coisas demais. 

Kate olhou para mim com os olhos vermelhos, e de repente eu me senti como se não pudesse sequer medir o que ela estava sentindo. Culpa, dor, confusão, choque. Mais culpa. Tudo ali, visível, e ela não precisava dizer nada para que soubesse que não havia muita coisa a se fazer. Ela estava exausta, aquilo era claro, mas algo faltava em seus olhos. Aquela luz que era comum e que era capaz de iluminar todo o mundo, havia sumido. Quase completamente apagada, sendo substituída pela culpa.

Ela me olhou com aqueles olhos torturados por alguns segundos, antes de respirar fundo de maneira entrecortada, murmurando outra vez “me desculpe”, antes de abaixar a cabeça e esconder o rosto em meu peito novamente. Kate parecia estar apavorada, e eu não conseguia entender o motivo.

Dor? Eu conseguia entender. Culpa? Jamais concordaria, mas conseguia entender. Choque, confusão, frustração? Eu podia entender isso também. Mas o medo e hesitação? Não sabia se era capaz, não agora. Quer dizer, do que ela tinha medo? 

Kate sempre foi forte. Ela era como uma rocha para todos ao redor dela, e durante muito tempo não havia tido ninguém para fazer o mesmo por ela. Mesmo quando ela não precisava ou se sentia de fato forte, ela fingia. Ela se fazia de forte, carregando o peso do mundo nos ombros e, depois de tanto tempo fazendo exatamente assim, ela havia pegado o jeito de se esconder, de não lidar com as coisas até o último minuto possível, o que geralmente causava uma catástrofe.

Entretanto, isso havia mudado. Mais aberta e mais disposta a aceitar o que realmente sentia, Kate havia notado quão quebrável seu coração ainda era, quão pouco era necessário para que ela fosse reduzida a quase nada além de dor. Mas ela não estava sozinha dessa vez, e pelo que dependesse de mim, jamais estaria.

Continuei a segurando à medida que suas lágrimas caíam e cessavam, até que sua respiração se acalmou por completo e pude notar que ela havia pegado no sono. Era melhor assim, de qualquer maneira. Ela precisava de descanso para se curar, ao menos fisicamente. A outra parte precisaria de um pouco mais de tempo e trabalho. Mas nós chegaríamos lá. 

Enquanto Kate dormia bem perto de mim, meus braços ficando doloridos de a segurar daquela maneira – eu não me movi, também precisava daquela proximidade-, era impossível impedir minha mente de divagar. Impossível impedir que minha imaginação criassem as imagens que eu tentava evitar, e que as jogasse bem na minha cara.

Kate e eu no hospital por um motivo inteiramente diferente, um bebê com cabelos da mesma cor do dela, os olhos claros e inocentes... Ou ainda, uma criança correndo pela casa direto para os nossos braços quando chegássemos em casa, risadas altas e infantis durante o dia. Kate completamente encantadora com um filho nosso nos braços, seu sorriso reluzente. Até mesmo antes, com uma Kate reclamando que suas roupas não serviam enquanto ela carregava nosso bebê, fruto de um amor tão puro e tão lindo que era uma crueldade ter sido arrancado assim.

Ter se acabado tão de repente, de uma maneira tão brutal.

Me movi um pouco e a tirei tão completamente debaixo de mim, deitando-a novamente na cama ao meu lado, deixando ambos mais confortáveis, mas sem quebrar o contato totalmente. Ela nem pareceu notar, permanecendo da mesma maneira que a coloquei. 

Tirei o cabelo de seu rosto machucado, imaginando se algum dia o mundo seria mais gentil com Kate Beckett. Quer dizer, qual era o ponto de tudo aquilo? 

Depois de um tempo, me levantei da cama e fiquei de pé, observando Kate dormir, sem nenhum pensamento exato na cabeça. Após mais um tempo, me sentei na cadeira desconfortável que estava no canto. Não foram até algumas horas depois para ela começar a dar sinais de que estava acordando. 

A pequena ruga na testa franzida me fez suspirar fundo, sabendo que a partir do momento que ela recuperasse sua consciência de onde estava e o que tinha acontecido, a dor a invadiria novamente. Seus olhos se abriram e piscaram algumas vezes, provavelmente se adequando à luz clara do quarto, um pequeno gemido escapou de seus lábios a fazendo levar a mão a cabeça. 

Me levantei e fui até ela, que ainda parecia perdida. Toquei sua mão, fazendo-a olhar para mim com os olhos brilhando por conta das lágrimas. 

—Me diga que isso foi um pesadelo. – A voz falhou bruscamente. 

—Eu sinto muito, Kate. – Apertei sua mão levemente. – Eu queria dizer que foi um pesadelo, mas não foi. 

Fechou os olhos com força, deixando um suspiro entrecortado sair, quase não fazendo um esforço para segurar o choro. 

—Rick, por favor... Eu preciso ficar um tempo sozinha. 

O quê?

— Não, eu não vou te deixar sozinha agora. – Disse decidido a não deixá-la, de fato. 

—Por favor, Rick... – Seus olhos se fecharam novamente, me fazendo perceber que eu tinha mesmo que deixá-la sozinha naquele momento. 

Eu conhecia Kate. Por mais aberta que ela houvesse se tornado, por mais que ela tenha mudado, ela ainda precisava daquilo: um tempo sozinha para encarar as próprias feridas, longe dos olhos de outras pessoas. De qualquer maneira, ela precisava daquilo, e eu precisava também. Eu podia deixa-la por alguns minutos. Apenas o suficiente para ela se sentir mais no controle, mas não o suficiente para que ela se fechasse totalmente. 

—Tudo bem, eu vou. – Respirei fundo e fui até ela, deixando um beijo em sua testa. Ela nem se moveu. – Mas eu vou voltar. Logo. 

Kate apenas acenou com a cabeça, voltando a deitar a cabeça nos travesseiros. A última coisa que vi antes de fechar a porta foram suas mãos cobrindo os olhos. Tentei afastar os pensamentos por pelo menos um pequeno período de tempo, procurando por algum lugar onde conseguisse um grande copo de café. 

Um café não consertaria as coisas, mas talvez as tornassem mais fáceis de lidar nesse momento. Ou ao menos me manteria acordado. O que chegasse primeiro. De qualquer maneira, café sempre foi algo nosso, sempre nos ajudou, e teria que fazê-lo agora.


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Notas finais do capítulo

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