Tell You A Story escrita por STatic


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá internautas!

Aqui estamos (talvez um pouco atrasadas) com o capítulo que vocês talvez estivessem esperando ansiosamente. E, pedimos desculpas por tanta demora, houveram alguns problemas técnicos, mas conseguimos, yay!!

Obrigada por todo o apoio que vocês estão nos dando, isso é muito importante para nós ♥

Um beijo, preparem os corações e boa leitura!



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Castle POV

Eu havia saído. Kate havia pedido, e eu a atendi. O que mais poderia ter feito? Enquanto ela parecia tão perdida que mal podia me olhar nos olhos, enquanto seu olhar transmitia uma mistura enlouquecedora de emoções – emoções que ela lutava para esconder e controlar -, tudo o que eu podia fazer era dá-la aquele espaço. Apenas espaço o suficiente para que ela pudesse se encontrar, mas não o suficiente para que ela rastejasse para dentro de si mesma, e se fechasse.

Quando eu finalmente voltara ao quarto, ela parecia melhor. Eu a conhecia, e sabia que quando colocasse sua cabeça em ordem, ela voltaria a ser ela mesma. Ao menos em parte. Kate havia me lançando um sorriso forçado – ela havia tentado, eu tinha que lhe dar isso – quando passei pela porta, se movendo para o lado ao mesmo tempo que esticava uma mão em minha direção. Um convite. 

Sem perder tempo, eu havia me deitado ao seu lado, a segurando enquanto ela se apertava junto a mim. Ela não chorava mais, embora seus olhos estivessem vermelhos e inchados. Ficamos em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a presença um do outro, aproveitando o conforto oferecido.

— Você está bem? – perguntei. Era uma pergunta idiota, mas necessária.

Ela não levantou a cabeça para me olhar ao responder.

— Você está? – ela devolveu, apenas aceitação e preocupação em sua voz.

Quando não respondi de imediato, ela finalmente levantou o rosto machucado, me encarado. A preocupação em seus olhos era tão genuína que levou lágrimas aos meus olhos. Kate não se perderia dessa vez.

—Não. – respondi honestamente.

Ela olhou em meus olhos por mais um segundo, e balançou a cabeça, antes de se esconder em meu peito novamente.

—É. -sua voz saiu abafada.

Não dissemos mais nada, e em algum momento ambos caímos no sono.

E então, depois de um dia inteiro de observação e de silêncios carregados, Dra. Sullivan deu alta para Kate e finalmente pudemos ir para casa. Ela deveria ficar em casa repousando por quatro dias, o que ela julgou ser tempo o suficiente para que estivesse recuperada de todos os traumas físicos do acidente. Todos nós sabíamos, sem que ela precisasse dizer, que os psicológicos ainda ficariam por um bom tempo.

Ao contrário do que aconteceu após eu ter voltado ao quarto de hospital, no primeiro dia em casa, Kate chorou compulsivamente, como se algo tivesse causando uma dor física em seu corpo. Fazê-la comer, ou se levantar para mais do que ir ao banheiro, ou mesmo com que deixasse alguém além de mim se aproximar, era uma causa perdida. Foi necessário muito esforço para fazê-la comer algo, e assim que voltei para ver como ela estava, cedeu um espaço para que eu deitasse ao seu lado, e uma vez na cama, ela novamente grudou seu corpo ao meu, escondendo seu rosto em meu peito e chorou até finalmente conseguir dormir.

Eu estava aliviado – mesmo com as lágrimas intermináveis – por Kate não ter se escondido completamente. Apesar de tudo, no fim do dia ela ainda estava aqui, ainda me deixava segurá-la, ainda perguntava como eu estava.

Ainda assim, aqueles quatro dias seriam difíceis, eu sabia disso. Era nada mais do que um simples fato. Eu só não sabia que seriam tão difíceis assim.

.

.

Aquela era mais uma manhã - das quatro - que ela ainda teria que passar em casa, a princípio repousando depois dos últimos acontecimentos. Eu queria ajudá-la, mas na maioria das vezes não sabia o que fazer. Kate era uma mulher forte, e agia como tal, mas em ocasiões como essa –quando o mundo desabava sobre ela – a única coisa que ela precisava, embora nunca admitisse, era alguém para ajudá-la a segurar o peso que o mundo tinha em suas costas.

Cocei a cabeça mais uma vez encarando a tela do notebook onde supostamente estaria escrevendo, mas não havia nem mesmo uma linha. O cursor piscava para mim, como quem desafia. Minha cabeça não conseguia se concentrar em outra coisa, embora precisasse fazer isso. Deixei o escritório e fui até a sala, encontrando-a encolhida no sofá com o olhar fixo em algo que podia jurar que, para ela, naquele momento, era a coisa mais interessante que existia ali.

Tento me aproximar sem fazer muito barulho para não assustá-la, e a passos lentos finalmente chego, e sem esperar, vou até o outro lado do sofá.

—Está tudo bem? – Pergunto assim que me sento ao lado dela.

O silêncio pairava sobre o ar como se fosse a mais agradável das situações, onde em outras ocasiões já estaríamos rindo alto ou perdendo o folego. De repente sua expressão mudou consideravelmente, e pude ver uma pequena lágrima escorrer pelo canto de seu rosto. Pude perceber que ela estava prestes a dizer algo; algo que ela provavelmente esteve remoendo pelos últimos dias, apesar dos esforços.

Eu não tinha certeza se queria ouvir.

— Eu estava com os sintomas, eu acordava me sentindo mal, vomitava todo o meu café da manhã! – Virou o rosto para mim e pude encontrar seus olhos brilhando, e estava claro que ela iria voltar a chorar - mais uma vez - em pouco tempo.

—Kate... – Tentei interromper, mas sem sucesso.

—Não é como se fosse um acidente, Castle! – A voz dela aumentou, me fazendo perceber que sim, aquilo estava doendo, e doendo muito. – Nós decidimos que estava na hora, que nós poderíamos ter um filho agora, e mesmo assim eu não percebi isso.

—Nós não tínhamos como saber, Kate. – Cobri sua mão com a minha. – Isso não foi culpa sua.

Minha voz era suave, com o único objetivo de acalmar, mas pareceu ter o efeito contrário. Seu rosto se contorceu e se tornou rígido, os olhos com uma expressão estranha de raiva. Eu não sabia do que ela estava com raiva, exatamente. De mim? Do universo? De si mesma? Talvez de todos, e pelo visto, tinha acabado de descobrir isso.

— Nós dois queríamos isso, Castle. – ela disse. – Nós decidimos isso juntos, nós tentamos, e eu não percebi! Eu estraguei tudo! Eu, então não me diga que não é minha culpa!

Ela chorava agora, e sequer parecia notar. Não de maneira descontrolada, apenas dolorosa, incapaz de ser impedida. Respirei fundo, me recostando no sofá. Eu tinha a mais absoluta certeza de que isso aconteceria em algum momento.

— É difícil e dói, eu sei, eu também estou mal com essa situação toda, mas na próxima vez nós saberemos o que fazer.

Tudo bem, não foi a melhor coisa a se dizer. No momento em que as palavras deixaram minha boca, ela se levantou, dando um passo para mais longe e se virando para mim. E, novamente, eu não tinha certeza de que queria ouvir o que ela estava prestes a dizer.

—Não vai ter uma próxima vez. – Kate me respondeu com uma voz trêmula, envolvendo seu corpo com os próprios braços, e, sem chances de eu sequer responder, ela continuou. – Eu... Eu não quero tentar novamente.

Aquela declaração me pegou de surpresa. Sabia que ela estava muito triste, sabia que a dor emocional que ela estava sentindo ainda era intensa, mas não esperava aquele tipo de reação. Respirei fundo, pedindo um pouco de coragem para responde-la.

—Kate, olhe para mim. – Minha voz estava bem calma, aquilo era novidade. O rosto dela ainda estava abaixado, parecia um esforço enorme levanta-lo. – Por favor.

Após uma longa e entrecortada respiração, ela levantou o rosto, finalmente me deixando olhar em seus olhos. Eu não gostava do que via ali.

—Eu não estou pedindo para agir como se nada tivesse acontecido, porque isso é algo impossível. Nós só precisamos dar um tempo. Nós vamos colocar isso atrás de nós e seguir em frente. Nós. Eu e você. Nós vamos passar por isso juntos, como sempre passamos. Vamos deixar a vida seguir seu curso, e quando chegar a hora, nós dois estaremos prontos.

Por um momento – o segundo em que ela hesitou – pensei que ela tivesse concordado. Que tivesse visto que eu tinha razão, que nós dois podíamos, de fato, passar por isso juntos. Mas então ela balançou a cabeça, fazendo as lágrimas que estavam presas caírem rapidamente.

—Eu não posso fazer isso. – Sussurrou e me deu as costas, caminhando em passadas longas em direção ao quarto.

Eu pude ouvir o clique suave quando a porta se fechou. Respiro fundo e passo as mãos nos cabelos, completamente perdido. Eu deveria ir atrás dela ou deixar Kate sozinha agora era uma boa opção? Balanço a cabeça e começo a caminhar até a porta do quarto.

—Kate? – Bati levemente na porta, esperando algum tipo de resposta. Após um minuto de completo silêncio, abro a porta de forma devagar, tendo a visão perfeita dela deitada praticamente encolhida na cama que parecia enorme naquele momento.

—Eu quero ficar sozinha. – Ela me responde, sem olhar para mim.

—Você não pode ficar sozinha agora, Kate! – Falo me aproximando da cama. – Agora você precisa de alguém para conversar, para te ajudar a passar por isso! – Assim que termino de falar, ela levanta o olhar e me encara de forma intensa. Os olhos vermelhos começam a brilhar. Lá íamos nós mais uma vez.

—O que você quer que eu faça? Que eu aja como se nada tivesse acontecido? – Ela se levanta e vem até mim. O tom de voz extremamente alterado por seu estado de espirito naquele momento.

—Eu nunca te pediria isso porque é uma tarefa impossível. Estou pedindo para você não se fechar, como você sempre faz! – De repente eu estava exausto daquela situação toda, deixando isso claro com o tom alto em minha voz, quase gritando. Mais uma vez eu só queria que ela entendesse que não era a única a estar sofrendo com toda aquela situação. – Eu sei o que você está sentindo agora porque eu sinto a mesma coisa. Eu também estou sofrendo com essa situação, eu sinto a mesma dor que você! Eu também tenho vontade de chorar e deixar tudo isso sair, mas não adiantaria! Nós precisamos nos ajudar, não se isolar cada um no seu canto!

—Não, Castle, eu estava grávida! Eu, não você! – Ela gritou para mim. – Era eu quem precisava saber sobre a gravidez porque eu era a mãe, sou eu quem está sentindo a dor maior aqui, então não, nós não estamos sentindo a mesma coisa! A dor que eu sinto não é a mesma que você está sentindo. – Kate despejou tudo sobre mim, e depois de um momento em silêncio, ela voltou a falar. – Você não consegue entender o que eu estou sentindo agora. Não pense que consegue, porque você não pode.

Passei um tempo tentando entender o que tinha sido aquele momento, pensando em todas as palavras que ela havia dito. Ela estava de fato mais magoada do que aparentava, mas eu também estava, principalmente agora. Depois daquela declaração, me sentia infinitamente pior do que estava. Fechei os olhos com força, em uma respiração funda que foi interrompida com um soluço que acabou escapando.

—Você tem razão. – Digo olhando em seus olhos, sentindo os meus próprios aderem. – Eu não posso mesmo entender o que você está passando agora.

Caminho em direção a porta, sem sequer olhar para trás. Se ela precisava ficar sozinha, eu também precisava. Ao menos naquele momento.


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Notas finais do capítulo

ainda merecemos comentários depois desse? djkdfkjfdjk



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