NejiTen? Sempre! Uma Comédia Romântica escrita por AFM


Capítulo 28
Um gesto caridoso


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, sejam bem-vindos à mais um capítulo!!!
Muitíssimo obrigada aos que acompanham, mas principalmente, aos que comentam. Fiquei muito feliz com os comentários do capítulo anterior, me inspiraram muito!!!
Abraços e boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671359/chapter/28

Dois meses se passaram desde o encontro de Neji com seu pai. Até o presente momento, apenas ele e Tenten sabiam do estado de Hizashi. 

—Neji, aqui, o Naruto pediu para eu lhe entregar -disse Hinata entregando ao primo um pedaço de papel.

—O que é? -indagou Neji deitado no sofá, assistindo televisão.

—O convite de aniversário dele -respondeu a menina sentando-se ao lado de Neji no sofá.

—Olha só, então é o convite para passarmos fome.

—Neji!

—O quê? -disse rindo.- É verdade, ele gasta todo o dinheiro dele com sanduíche e não sobra quase nada para as outras coisas. Não se lembra do último aniversário dele? Tinha uns cinquenta convidados para vinte e cinco salgados. 

—Dessa vez ele vai fazer direito. E então, até quando você vai se recusar a ser meu irmão?

—Fala baixo! E negarei isso até a morte. Seu pai nunca vai descobrir e chega desse assunto.

—Não chega nada, Neji. Eu não vou me comprometer a guardar esse seu segredinho sujo para o resto da minha vida! Ou você conta ainda essa semana, ou conto eu -falou se levantando do sofá e subindo para seu quarto.

Ela não é nem louca de abrir o bico. Não hoje. Finalmente, depois de dois meses, não precisarei mais ficar encontrando meu pai às escondidas. À noite ele virá aqui se revelar e me levar embora, pelo menos foi o que prometeu.

Neji continuou assistindo televisão, até que a campainha tocou.

—Posso ajudar, senhorita? -disse o garoto ao atender a porta, constatando que era Tenten.

—Deixa de frescura -falou empurrando o namorado para o lado e entrando na casa.- Então, o que vamos fazer? Espero que tenha planejado algo muito bom, odeio sábados, nunca têm nada pra se fazer.

—Claro que tem, é você que nunca quer fazer nada. A gente pode ir à uma livraria, pode ser aquela no centro, que é enorme. Tem um monte de coisa para olhar lá, além de livros. Mas à noite, temos que estar em casa, bom, pelo menos eu.

—Por quê?

—Meu pai virá aqui hoje.

—Nossa, é mesmo, tinha me esquecido.

—Tudo bem se não quiser ficar, a discussão vai ser feia mesmo.

—Tá brincando? Há tempos que não vejo uma boa briga. Você ultimamente anda tão enferrujado, nem fazer raiva à Anko você faz mais. Era divertido ver a cara de fúria dela -disse rindo.

—Divertido só se era pra você, eu ia direto para a diretoria. Lá a Tsunade estourava meus tímpanos de tanto gritar.

—Vai falar para o Hiashi sobre os exames?

—Ele nunca vai saber. Só quem tem conhecimento disso somos eu, você e a Hinata e espero que fico só entre nós.

—Besteira, o que é que te falta para falar a verdade de uma vez?

—Vontade de morrer. Se ele sonhar que eu fiz isso, vai querer minha cabeça em uma bandeja. Vamos, então?

—Vamos.

Neji e Tenten saíram da casa do garoto e seguiram para uma livraria, localizada no centro da cidade. Ela é enorme, com centenas e centenas de estantes, contendo livros para todos os gostos.

—Qual o problema? -indagou Neji.

—Comigo? Nenhum! -respondeu a garota de coques passando o dedo pelos livros de uma estante no canto da livraria.

—Vamos lá, me conte. Você ama a livraria, fica horas olhando os livros e escolhendo quais vai levar.

—Eu estou olhando para eles agora.

—Desanimada desse jeito? Uma defunto consegue fazer uma cara de felicidade maior que a sua.

—Não é nada, deixa pra lá -disse sentando em um pequeno sofá de leitura.

—Namorados são para essas coisas também. Me fale, o que está deixando você assim?

—Vai achar besteira minha.

—Claro que não.

—Tudo bem. É que eu estava lendo o jornal e vi algo que me deixou bastante amargurada. É idiotice minha ficar chateada com isso, não importa o que aconteça, sempre haverá maldade no mundo, mas ler aquilo me deixou com uma sensação horrível. Geralmente as pessoas leem, se sensibilizam e seguem com suas vidas, mas, infelizmente, eu não sou assim. Fico relembrando a notícia e não consigo fazer mais nada que me deixe feliz.

—Poxa, sinto muito, mas me diga que notícia foi essa, desabafar ajuda.

—Foi de um casal que teve seu primeiro filho e resolveu abandonar o cachorro que tinham há cinco anos. Ler aquilo me deixou destruída. O bichinho saiu de casa achando que ia passear e acabou sendo largado nas ruas. Diversas e diversas vezes fiquei me colocando no lugar dele, na agonia que sentiu... sei que parece idiotice, mas não consigo parar de pensar.

—Não é idiotice coisa nenhuma. 

—Eu fico pensando até quando a maldade da nossa raça vai durar. A maioria das pessoas acha que por que os animais não pensam, eles não têm sentimentos. Aliás, nós nunca saberemos se eles realmente não raciocinam, nunca seremos eles para saber. Eu os acho extremamente inteligente e com certeza os mais amáveis. Uma vez eu briguei com a minha amiga de infância e até hoje nós não nos falamos. Vê que coisa mais fútil? Os animais fazem isso? Não! E daí se eles não sabem fazer ou usar a droga de um celular ou tablet! Eles, independentemente do que aconteça, sempre estão do nosso lado, ficam felizes quando chegamos em casa... só não entendo as pessoas que são capazes de fazer maldades com eles -desabafou a menina com os olhos marejados.

—Não fica assim não -disse Neji segurando as mãos da namorada.- A maldade sempre vai existir, mas pense nas pessoas que fazem ações boas aos animais.

—Eu já tentei, mas aí me vem à cabeça os que não têm a sorte de terem pessoas assim. Me dói muito. É até estranho de falar isso em voz alta. As pessoas geralmente sofrem por uma pessoa que morreu ou que está longe e eu aqui sofrendo por animais que nem conheço.

—Deixe as outras pessoas prá lá. Você é você! Se quiser sofrer por causa de um copo que caiu no chão, que sofra! São seus sentimentos, não dos outros, se acha que deve se compadecer dos animais, que se dane o que os outros pensam. Acho bonito da sua parte se importar.

—Obrigada, mas me dói saber que enquanto conversamos, rimos, dormimos, pode haver um anjinho (animal) sofrendo por aí.

—Infelizmente isso não tem como mudar, mas pense que se você ajudar um, já vai ter valido à pena. Sabe que quando você fala animal, nós também estamos inclusos?

—É verdade, a raça humana quer ser tão superior que nem mais a denominação animal faz referência à nós. Desculpe então, vou me referir agora por animais com sentimentos.

—Uu, pesado, nem todo ser humano é ruim.

—É, mas sempre temos algo de mal, eles não, são perfeitamente bons, como alguém é capaz de maltratá-los?

—Você está certa, então começa a rezar para que  alguma das previsões dos Incas estarem certas sobre o fim do mundo, assim a nossa espécie é varrida da Terra de vez. Se bem que é um perigo aos outros animais desaparecerem também, mas se muito deles vivem há mais tempo que nós, é provável que alguns sobrevivam. 2012 já foi, o mundo não acabou, mas tenha fé, alguma previsão há de está correta. Mas não fica triste assim, não podemos salvar todos os animais que sofrem, mas um já faz toda a diferença.

—É, eu acho, desculpe -disse enxugando as lágrimas.- Deve me achar uma boba por me debulhar em lágrimas por causa disso.

—Escute bem, eu já vi a Ino chorar por um mês porque a tela do celular dela quebrou. Ver uma pessoa chorar em prol dos animais, confie em mim, não é nada bobo. Hoje em dia a gente dá tanto valor à coisas mesquinhas que esquecemos o que realmente importa. Dentre bilhões de pessoas que só pensam em si mesmas, eu consegui achar uma que consegue pensar além do próprio umbigo, acho que mereço crédito, não acha?

—Você é um bobão -disse Tenten abrindo um sorriso.

—Por que você não vai descendo agora? Eu encontro você em um minuto, vou só pagar um livro que quero levar. Vai levar alguma coisa?

—Não, nem olhei direito os livros.

—Você quer tomar sorvete? Aqui embaixo tem uma sorveteria bacana.

—Pode ser, eu vou indo lá.

—Tá bom -disse Neji beijando a namorada, que logo desceu as escadas.- Boa tarde -falou para o vendedor-, você pode me ajudar a achar algum livro e um poster do Charlie Chaplin, por favor?

—Claro -disse o vendedor-, por aqui.

Neji comprou o que queria e logo desceu para encontrar Tenten. A garota estava sentada à uma mesinha, dentro da sorveteria. Até que o lugar era simpático. Colorido de azul claro e lilás, comportava umas vinte mesas de cor verde, cada uma com três cadeiras, da mesma cor.

—Oi -disse Tenten.- Comprou o que queria?

—Sim.

—Posso ver?

—Não.

—Por que não?

—É pessoal.

—Comprou pornô, não comprou? -disse a menina olhando desconfiada para o namorado.

—Talvez, quem sabe? Já pediu alguma coisa?

—Não, estava esperando por você.

Neji e Tenten passaram o resto da tarde na sorveteria conversando. No início, a garota estava um tanto tristonha, mas logo começou a se animar. Às seis, voltaram para a casa do garoto.

—À que horas seu pai vem, Neji?

—Ele disse que por volta das seis.

—Me deu um friozinho na barriga. O circo vai pegar fogo.

—Oi -disse Hinata descendo às escadas.- Achei que fossem ficar mais tempo fora de casa. Tenten, eu tenho que ir à casa da Sakura pegar um livro que esqueci, você vem comigo?

—E perder o show? -disse Tenten.

—Que show?

—Ah, nada não, modo de falar -respondeu nervosa.

—Então, vem comigo?

—Claro. Neji, não perca nenhum detalhe, me conte tudinho, ouviu bem?

—Tá bom.

—Estou falando sério, aliás, tenho uma ideia melhor: grava no celular. Vou adorar ver a cara do seu tio quando souber que o irmão está vivo.

Os minutos se passaram e Tenten e Hinata voltavam da casa de Sakura.

—Por que está andando tão depressa, Tenten? -indagou Hinata cansada de tentar acompanhar o passo da amiga.

—Desculpe, é que quero chegar na sua casa logo.

—Não se preocupe, ela não vai sair do lugar. É o Neji na porta?

—É -disse Tenten correndo para falar com o namorado.- Por que saiu? Ele já está aí?

—Já e a discussão está rolando solta -falou Neji olhando para a sala, pela janela do lado de fora.

—Quem está aqui? -indagou Hinata sem entender nada.- Por que tem dois do meu pai na sala? -disse olhando pelo vidro da janela.

—Hoje é o dia em que os mortos voltam à vida -disse Neji em tom de deboche.

—O quê?

—É o meu pai. Ele não morreu, apenas estava em coma sem o conhecimento de ninguém.

—E você diz nessa calma? -exclamou Hinata com os olhos arregalados.

—Quer que eu chore? Tenten, vamos para a sua casa? O clima aqui está bem tenso.

—E perder a discussão?

—Eu gravei pra você, pode assistir depois.

—Mas nada se compara com o ao vivo.

—Não é você que sempre diz que cada um tem que viver a sua vida e não se meter na dos outros? 

—É, eu menti, grande novidade, é uma qualidade muito frequente na raça humana -falou limpando o vidro da janela para poder enxergar melhor a discussão da sala.

—Vamos sair daqui, por favor?

—Tá.

—E eu? -disse Hinata.

—Acho bom você ir dá um passeio, essa casa vai desabar se os dois continuarem a discutir assim.

Neji e Tenten foram para a casa desta, enquanto Hinata se dirigiu para a casa de Sakura. 

—Mãe? -gritou Tenten ao entrar em casa.- Acho que ela saiu, quer ir pro meu quarto ou quer ficar na sala?

—Seu quarto, lógico.

—Espertinho, não me venha com segunda intenções -falou a menina subindo as escadas.- Neji, obrigada por hoje. Eu realmente estava mal por causa daquilo, desabafar me ajudou bastante -disse abrindo a porta de seu quarto. Mas... o que é isso? -falou de boca aberta ao ver o quarto coberto de imagens.

—Bom, achei que você merecia muito mais que uma conversa por se importar com os animais. Falamos deles como se fossem objetos e infelizmente, muitas vezes, os tratamos como se fossem, mas saber que existem pessoas como você que veem além disso me deixa um pouco mais tranquilo, então fiz isso -disse apontando para o montante de fotografias.

A parede lilás do quarto de Tenten deu espaço ao colorido das diversas fotos pregadas. Nelas, continham a garota abraçada com diferentes cachorros e gatos. Por entre as fotos, estavam alguns posteres de Charlie Chaplin.

—Por que fez isso? -perguntou Tenten emocionada.

—Porque você merece. Só pelo fato de se importar. A maioria das pessoas nem se lembra e você não só lembrou como fez algo para ajudar. Pedi que a Hinata chamasse você para sair naquela hora. Enquanto isso, vim aqui falar com a sua mãe e expliquei a situação. Ela tinha guardado essas fotos suas da época em que vocês moravam em outra cidade. Nunca me disse que foi voluntária em um abrigo para animais abandonados.

—Achei que você fosse achar minha sensibilidade uma fraqueza. 

—Está brincando? Foi a coisa mais bonita que vi alguém fazer. 

—Não sabia que mamãe tinha essas fotos guardadas.

—Ela me deu assim que falei para ela o que você me disse, então tive a ideia de colocá-las aqui. É um pouco triste dizer isso, mas nada do que você ou eu fizermos vai impedir que algum animal sofra, o mundo é grande demais e sempre haverá pessoas ruins e nós não temos controle sobre isso, mas não acho que você deva ficar triste. Dói pensar isso, mas se continuar a fazer o que fazia na sua outra cidade é um modo de compensar.

—Eu tinha vergonha, sabe? -disse Tenten olhando fascinada cada uma das fotos.

—Vergonha de quê?

—Eu não sei, do que eu fazia. Na escola, os professores perguntavam o que tínhamos feito no último mês. A maioria respondia que tinha estudado para as provas, feito uma avalanche de cursos ou pesquisado sobre a profissão que queria seguir. Eu tinha passado esse tempo dando banho em cachorros de rua ou alimentando gatos abandonados. Parecia coisa pequena frente ao que os outros tinham feito.

—Não só grandes ações mudaram o mundo, pequenas também contam e, além do mais, você não precisa mudar o mundo, mudar a vida de um cachorrinho abandonado para melhor já é um grande feito e dane-se quem acha que isso não é nada.

—Por que Charlie Chaplin? -falou Tenten apontando para o poster preto e branco do homem sorrindo.

—Eu achei que você sentiu que se importar com um bichinho era coisa pequena, então achei um dos personagens mais importantes da história que diz o contrário.

—Como assim?

—Foi ele que disse "Quem alimenta um animal faminto, alimenta a própria alma."

—Ele? Tem certeza? Ele não estava muito ocupado fazendo críticas à guerra ou a Hittler?

—Estava, mas assim, como você, teve tempo de se importar com os que são esquecidos. Não quero que pense que por não estar preocupada em se tornar uma grande médica ou engenheira como toda a escola está, seu trabalho com esses animais é menos importante. Pode não ser tão reconhecido pela sociedade, mas quem liga? Se eu dependesse da opinião da sociedade, desculpe os termos, mas eu tava lascada, perdido e mal pago.

—Você é uma graça, sabia? -disse Tenten sorrindo e enxugando as lágrimas.

—Só isso? Não mereço nenhum beijinho?

—Só um -disse beijando os lábios do garoto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem e quem puder, deixe sua opinião aqui, ok? Abraços!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "NejiTen? Sempre! Uma Comédia Romântica" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.