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...Tentando não precisar de você, está me partindo ao meio

Não consigo ver o lado bom, caído aqui no chão

E eu apenas continuo tentando, mas eu não sei para que

Porque tentar não te amar

Apenas me faz te amar mais

Apenas me faz te amar mais...

(Trying Not To Love You – Nickelback)

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O jardim estava realmente lindo, era inicio de primavera e a equipe de decoração tinha feito um trabalho impecável, eles haviam retirado a cerca que dividia o jardim de casa com o dos Mellark e decorado ambos com flores a nave estava decorada com um tapete branco e as cadeiras estavam devidamente organizadas. Em menos de uma horas John e Mags iriam renovar os votos em comemoração aos 40 anos de casamento e segundo eles nem um outro lugar seria melhor do que o jardim onde eles moravam desde o segundo ano de casados e onde criaram o filho e o neto. Não foi preciso nem mesmo pedir para que minha mãe sugerisse tirar a cerca e utilizar também nosso jardim para a data dando mais espaço para os convidados.

— Como esta ficando tudo querida? Muita gente já chegou?  – Mags perguntou sentada em frente ao espelho onde estavam terminando de maquia-la.

— Esta lindo, perfeito na verdade e acho que a maioria dos convidados já estão aqui.

— Effie esta calma ou ainda esta dificultando a vida do pessoa da organização?

— Ah ela ainda esta dificultando um pouco – disse sorrindo vendo minha mãe caminhando em meio a tudo apontando em varias direções discretamente, provavelmente dando ordens, ela estava decidida a deixar tudo perfeito.

— Você esta vendo o John?

— Não, mas ele deve descer em breve. 

— Acho que estou começando a ficar ansiosa – ela comentou olhando os papeis em mãos onde estavam os votos que ela tinha escrito – Imagina o escando se ele não aparecer – ela brincou.

— Tenho certeza que seria mais fácil o inferno congelar do que o vovô deixa-la no altar hoje – ouvimos batidas na porta e assim que fui abrir vi meu melhor amigo parcialmente vestido para a ocasião o nó da gravata pronto, mas frouxo no pescoço e o terno e mãos – Você não devia estar com o vovô? Como passou pela minha mãe vertido assim?

— Ele esta  pronto para descer agora, então não quis ser o alvo da tia Effie ficando lá – explicou entrando – Você esta linda vovó.

— Obrigada querido.

— Como você fugiu sem ela notar? – os dois estavam passando o dia na minha casa e minha mãe estava de olho neles, já que o vovó não via necessidade em não ver a noiva.

— Aproveitei que ela estava no jardim e saí pela porta da frente, um dos floristas me viu, mas acho que ele vai ser solidário em não contar nada – passamos os próximos minutos conversando enquanto arrumava meu cabelo em um penteado simples e em seguida fui ao banheiro do quarto e coloquei meu vestido – Uau quanta elegância - ele elogiou sincero. 

—Obrigada – agradeci enquanto ele desviava o olhar em direção a janela observando os convidados.

—  Um dia vou me casar nesse jardim – ele comentou alguns minutos depois quando estávamos apenas nos três no quarto.

— Serio? – fiz sinal para ele levantar e fui ajeitar a gravata dele antes que minha mãe o encontrasse e ficasse uma fera.

— Quer lugar melhor, é lindo reservado e especial - ele levantou o pescoço enquanto eu arrumava o colarinho. 

— Quem diria que Peeta Mellark era romântico.

— Ele aprendeu com o melhor John é um romântico incorrigível – Mags comentou sorrindo – Fica faltando só a mulher ideal.

— Ou seja a parte mais difícil – brinquei o ajudando com a abotoadura.

— Difícil é achar um homem que consiga aguentar você – ele devolveu no mesmo tom de brincadeira estendendo o outro braço.

— Acreditem essa não é a parte difícil, acontece sem vocês perceberem então quando a pessoa certa aparecer vocês vão saber.

— Não acho que seja tão simples assim – nunca fui do tipo de garota que acreditava em amor verdadeiro ou nesses romances épicos de livros e filmes.

— Lá vem o lado descrente da Katniss – ele revirou os olhos e se olhou no espelho antes de pegar o terno e colocar.

— Não é descrença, só não acho que todo romance seja como o da Mags e do John. Acho que um amor assim seja raro só isso e de certa forma não me vejo amando alguém assim – justifiquei me sentando ao lado da Mags para esperar.

— De fato não acho que tenham um amor como o meu e do John, até porque cada um ama de modo diferente o que não significa que não seja amor – ela sorriu – Nos últimos 40 anos John e eu vivemos de tudo, e nem sempre foi romance e coisas boas, passamos por coisas ruins em alguns momentos pensei que nada valeria mais a pena, mas sempre estivemos juntos – ela nos olhou – Então para mim o amor se resume não a perfeição, mas sim em achar aquela pessoa que faz sua vida valer a pena, aquela pessoa com quem você pode contar nos bons e nos maus momentos e acima de tudo aquela pessoa que vai estar ao seu lado sempre alguém que vai dividir tudo com você, sonhos, realizações, tristezas...

— Achava que o amor era mais no sentido de estar ao lado de alguém que faz seu coração acelerar, que te tira de orbita e faz com que tudo pareça diferente.

— Oh não isso é paixão, e normalmente é passageira, mas se você for alguém de muita sorte vai achar alguém que una as duas coisas, se der sorte pode achar alguém especial, como posso dizer alguém que seja quase que feito para você, você pode achar alguém que mexa com seu mundo todos os dias por anos em meio a defeitos e qualidades, que te tire de orbita com um único olhar, mas que esteja lá quando tudo estiver calmo e no lugar, alguém por quem você faria de tudo para ver sorrir e que faça você sorrir sempre, aquela pessoa que você confiaria sua vida sem pensar duas vezes e que você sabe que faria o mesmo. Eu costumo dizer para o John que ele é a minha pessoa, porque eu sempre achei que ele tinha sido feito pra mim então quando vocês acharem esse alguém não o deixe ir, apenas amem e aproveitem cada minuto. Se vocês fizerem isso vão viver exatamente o que você diz ser épico e raro.

— Como você e o vovô – Peeta comentou

— É, e eu sei que vocês vão encontrar a pessoa.

— Ai esta você Peeta estava te procurando a vários minutos – mamãe entrou no quarto de repente – Esta na hora, todos prontos? – ela não esperou uma resposta – Ótimo, vamos lá.

Eu não fazia ideia de que já tinha encontrado o épico.

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            Mags saiu do hospital no dia previsto e não poderia estar mais aliviada com isso, nem mesmo a presença irritante da Glimmer poderia diminuir minha felicidade em ter Mags bem e em casa. Alias a loira parecia realmente prestativa durante os dias que estava passando no Distrito.  Tanto Peeta quanto eu havíamos decidido passar as duas  semanas seguinte no 12 então eu havia ligado para o escritório e pedido alguns dias de folga embora estivesse resolvendo alguns assuntos importantes por e-mail ou chamada de vídeo, e mesmo com os protestos da Mags no fundo sabíamos que ela estava gostando de nos ter por perto.

O que eu não esperava era que a noiva dele fosse ficar também, Rambin estava se mostrando muito prestativa e presente o que acabava me mantendo afastada da casa vizinha então não pude ficar mais feliz ao saber que a loira iria embora aquela noite devido um compromisso inadiável na Capital no dia seguinte.

— Provavelmente só estarei de volta em sete dias talvez mais, não antes disso – ouvi o som da campainha e comecei a descer as escadas lentamente – Lavinia adia isso para mim, por favor, ah e manda no meu e-mail a copia do contrato pré-nupcial quero analisa-lo antes de darmos qualquer passo ... – assim que abri a porta fiquei surpresa por um instante – Ah acho que no momento é só isso, qualquer outro problema me liga obrigada – desliguei o celular e olhei a mulher na minha frente mais uma vez – Glimmer, o Peeta não esta aqui – informei já que ela só poderia estar procurando pelo loiro.

— Eu sei – ela sorriu um pouco – Ele esta na casa ao lado, acabei de sair de lá – ela fez uma pausa rápida antes de continuar – Eu queria conversar com você rapidamente. Se não for incomodar – em um primeiro momento fiquei novamente sem reação então dei dois passos para trás, deixando passagem para ela entrar.

— Entra – ela entrou em passos firmes e a guiei até a sala sem ter a menor ideia do que ela estava fazendo ali – Sinta-se a vontade – apontei o sofá e ela sentou após olhar rapidamente o ambiente, ela nunca tinha estado ali antes – Quer beber alguma coisa?

— Não obrigada. É uma bela foto – ela apontou para um dos porta retratos na mesa ao lado do sofá onde Peeta estava me abraçando no aniversario de casamento dos avos dele, era quase o fim da festa e ele já estava sem a gravata e o terno e minha maquiagem já não era tão visível, mas minha mãe havia adorado a foto.

— Não é uma das minhas favoritas, mas minha mãe gosta – disse sentando na poltrona próxima ao sofá.

— Acho que você esta se perguntando o que vim fazer aqui.

— Pra ser sincera sim eu estou.

— Nunca fomos amigas ou colegas não é – não era uma pergunta, mas concordei com a cabeça – Você e eu sempre fomos diferentes, andávamos com pessoas diferentes no colégio e talvez em outras circunstancias nunca tivéssemos trocado mais do que meia dúzia de palavras durante a vida – elas fez uma pausa antes de continuar – Eu sei que você nunca foi muito com a minha cara, quer dizer éramos indiferentes uma a outra no colégio e quando eu comecei a namorar o Peeta ficou nítido que você não gostava muito de mim, mas éramos adolescentes e isso não importava muito e quando meu namoro com ele acabou eu tive a sensação de que sua simpatia por mim diminuiu ainda mais.

— Somos muito diferentes – era uma resposta ridícula, mas sabia que por mais que eu não gostasse dela agora ainda mais por notar meus sentimentos pelo noivo dela eu não podia dizer a ela isso.

— Sim somos, e como disse em outras circunstancias eu não tentaria nem ao menos me aproximas de você, mas por mais que sejamos diferentes temos algo em comum ou melhor alguém em comum. Talvez você não acredite, mas eu amo o Peeta de verdade ele desperta o melhor de mim e eu sei que ele é importante par você assim como você é importante pra ele. Vocês são amigos a anos e eu duvido que qualquer pessoa de fora consiga entender a cumplicidade de vocês, e talvez seja melhor eu nem tentar porque provavelmente eu não vou conseguir entender, mas eu entendo que você é importante e que ele não suportaria perder sua amizade – ela suspirou – Eu não sei o que aconteceu entre vocês após o ano novo, eu sei que vocês se desentenderam e embora ele não tenha me dito sei que foi porque ele me pediu em casamento e eu sei que devido ao que aconteceu vocês estão fingindo ou deixando de lado a discussão, seja lá o que estão fazendo eu sei que vocês não conversaram ainda, que não se entenderam e sei também que vocês não precisam de mim para intermediar uma briguinha, mas eu estou aqui para que você saiba que eu amo o Peeta e não quero magoa-lo.

— Você veio aqui para dizer que o ama?

— Em partes sim, olha eu o amo e sei que você é importante na vida dele, não quero competir com você, não somos mais adolescentes e minha relação com ele esta indo em direção a um futuro onde tudo indica que vamos conviver muito já que vocês são como uma família e eu não quero fazer com que ele fique sempre no meio de nos duas, não quero que cada vez que estejamos no mesmo lugar seja tenso ou forçado.

— Forçado?

— É como se não quiséssemos a presença uma da outra.

— O que você sugere? – se esta visita fosse para me convidar para madrinha eu não tinha ideia de como iria reagir.

— Não estou pedindo para sermos amigas nem sei se um dia vamos conseguir chegar perto disso, mas gostaria muito de começar do zero sem um passado escolar onde éramos de turmas diferentes, só duas adultas que podem até ter mais em comum do que o que sentimos pelo Peeta. Só quero tentar melhorar um pouco nossa relação pelo bem do Peeta, eu realmente quero tentar e pra começar estou aqui sendo sincera com você sobre minhas intenções com ele.

— Você não pode garantir que não vai magoa-lo

— Eu sei, mas isso ninguém pode, nem mesmo você.

— Eu nunca o magoaria.

— Já o magoou.

— Como?

— Você acha que discutir com ele não o magoa? Olha eu só quero deixar claro que quero o melhor pra ele sempre, e eu sei que ter uma melhor relação com você seria bom e estou disposta a tentar, mas não posso fazer isso sozinha – ela se levantou – Obrigada por me ouvir, eu preciso ir tenho que arrumar minhas coisas para ir embora hoje a noite – me levantei também – Só pensa sobre isso, por favor, sermos mais sociáveis não deve ser tão difícil e eu sei que faria bem a ele.

A levei até a porta onde nos despedimos cordialmente, no fundo eu sabia que ela estava certa eu estava julgando-a por magoa-lo e estava magoando ele no processo. E por mais que eu não quisesse admitir ela parecia realmente gostar dele, talvez eu tivesse realmente perdido o jogo, talvez eu devesse esquece-lo, mas de uma maneira estranha toda vez que eu pensei em esquece-lo eu falhei. Ama-lo dessa forma era recente eu sei, mas em meio as noites perdidas e as minhas reflexões eu tinha a sensação de que tentar esquece-lo só me fazia ama-lo ainda mais.

Toda vez que eu tentava vê-lo como meu melhor amigo novamente eu via novas razões para que fossemos algo mais, para que eu o amasse ainda mais, talvez fosse loucura, mas eu sentia como se ele fosse feito pra mim, como se ele fosse a minha pessoa.