In Love With My Best Friend escrita por Sany


Capítulo 18
Bônus I: Peeta


Notas iniciais do capítulo

Boa noite ... Consegui voltar sem muita demora com o primeiro bônus da fic... Espero que gostem ...



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... Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre ...

(Photograph - Ed Sheeran)

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Senti o vento em meu rosto em meio a fina chuva que começou a cair, mas não parei a corrida, eu nem ao menos estava com roupas apropriadas para correr. Meus sapatos estavam incomodando, mas não me importei nada mais importava naquele momento, eu só queria ficar sozinho queria pensar, queria esquecer cheguei ao fim da trilha e me sentei no chão olhando a vista tão conhecida de cima do morro. Eu costumava amar ficar ali sentado olhando o Distrito, mas naquele momento até mesmo aquela visão me fez sentir péssimo. A verdade é que eu estava me sentindo  perdido sem rumo, senti o celular vibrar no bolso do meu terno, mas não fiz o menor movimento para atende-lo eu não estava pronto para voltar não estava pronto para encarar a realidade, não estava pronto para nada.

A chuva parou e voltou algumas vezes e não tenho a menor ideia de quanto tempo fiquei ali apenas olhando o Distrito de um dos morros perdido em lembranças, o sol já tinha se posto quando comecei a caminhar para casa sem presa. Senti alivio ao ver que não havia mais a fila de carros estacionados na rua de casa. Então parei por um instante em frente a casa que morava desde os quatro anos e pela primeira vez na minha vida não tinha certeza se queria mesmo entrar.

Eu podia ver a luz da sala e da cozinha acesas assim como a da varanda e tudo parecia tão igual tão comum os dois carros na garagem, a velha cesta de basquete o jardim bem cuidado da minha avó, mas nada seria igual tudo seria diferente agora. A porta abriu e Katniss saiu seguida pela mãe dela ambas com os mesmos vestidos pretos que estavam algumas horas atrás e pude ver o alivio em seus rostos ao me ver mesmo que totalmente encharcado pela chuva. Elas trocaram um olhar antes da Effie entrar fechando a porta, minha melhor amiga me olhou por um instante enquanto eu continuei ali como se algo me prendesse ao chão, como se não conseguisse dar um único passo.

— Peeta – ela se aproximou e parou na minha frente, eu queria me desculpar por não atender o celular, por ter saído de repente, por não ter conseguido ficar, mas eu não conseguia nem ao menos falar. A luz do quarto da frente acendeu e olhei na direção dele por um momento, eu havia falhado com ela também, minha vó precisava de mim e eu não consegui ficar – Ela vai ficar bem, mamãe e eu ficamos com ela o tempo todo e vamos continuar aqui – concordei com a cabeça – Você esta ensopado é melhor trocar de roupa antes que você fique doente – eu não conseguia sair do lugar – Quer ir lá pra casa? – neguei com a cabeça, eu sabia que precisava entrar só não conseguia então Katniss pegou minha mão lentamente e me puxou.

Caminhamos lentamente e em silencio até a porta, esse pequeno percurso nunca foi tão difícil e assim que entramos pude ver tudo igual até mesmo o jornal dele ainda esta na sua velha poltrona, e isso foi como um soco no peito a realidade de que as coisas mudaram tão de repente era como um gole doloroso demais. Subimos as escadas e não me importei com os pingos que minha roupa deixava pelo caminho, assim que entramos no meu quarto ela foi até o armário e assim que voltou me entregou uma toalha. Não sei quanto tempo fiquei no chuveiro, mas assim que voltei ao meu quarto ela não estava lá, me sentei na minha cama no instante que ela entrou segurando uma xicara e me entregando em seguida, não tinha a menor vontade de beber nada, mas tomei um gole do chocolate que ela preparou antes de colocar a xicara na mesa de cabeceira.

— Eu não consegui ficar – minha voz saiu como um sussurro, mas ela me ouviu.

— Você precisava de um tempo, precisava ficar sozinho um pouco – olhei em seus olhos e vi o rastro vermelho das lagrimas que ela provavelmente deixou cair na cozinha eu sabia que ela havia sido forte o dia todo e que estava sendo agora na minha frente, mas que ela sentia a falta dele também.

— Eu só queria que os últimos dias fossem um sonho ruim, um pesadelo horrível eu só queria acordar e ver as coisas como antes – ela me abraçou.

— Eu também queria, mas não é possível.

— O que vai ser da minha vida sem ele? – perguntei em voz alta o que eu havia me perguntado o dia inteiro.

— Você não esta sozinho Peeta, meus pais, a vovó e eu estamos aqui com você nós vamos conseguir seguir em frente, esta doendo agora eu sei, mas vamos seguir em frente porque é o que ele queria – ela quebrou nosso abraço e olhou em meus olhos – Ele também entenderia o dor que você esta sentindo agora – ela se ajeitou na cama e pegando um dos meus travesseiros e colocando em seu colo – Vem aqui – deitei e coloquei a cabeça em seu colo enquanto ela fazia cafune em meu cabelos.

— Eu já sinto falta dele – disse alguns minutos depois vendo a foto na minha mesa de cabeceira onde eu e meus avos sorriamos abraçados no aniversario de casamento deles naquele ano, Katniss não disse nada apenas continuou com o cafune. Olhando aquela foto perdido em lembranças senti as lagrimas em meus olhos e pela primeira vez nos últimos quatro dias eu as deixei cair livremente eu estava quebrado por dentro porque eu não veria mais o homem que me ensinou tudo, o homem que foi mais que meu avô foi meu pai, meu amigo, o homem que me criou e que esteve ao meu lado quando meu pai não pode, que cuidou de cada machucado, que esteve ao meu lado a cada febre, que conversava comigo sobre tudo – Por que Katniss, primeiro meus pais agora ele, por que?

— Vai ficar tudo bem, você não esta sozinho, vai ficar tudo bem – continuei chorando até o sono me vencer e quando acordei no dia seguinte, pude ver Katniss deitada ao meu lado. A dor ainda estava lá de uma maneira estranha parecia ainda pior e eu sabia que e talvez nunca fosse embora eu apenas iria me acostumar com ela, eu sabia que sentiria falta dele todos os dias assim como ainda sentia falta dos seus pais, mas eu não estava sozinho.   

 

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            Memorias são a parte mais importante de quem somos, sejam bons ou não os momentos que passamos com as pessoas que importam são parte de nossas vidas e para mim fotos são a representação perfeita delas, talvez por ser filho de uma fotografa eu amava esse simples pedaço de papel com pequenos fragmentos de memorias, eu amo ter uma maquina fotográfica em mãos, amo esse pequeno “poder” de congelar um único momento que impresso trará diversas recordações ou que simplesmente levam aqueles que não estiveram ali imaginar como foi ou o que foi sentido. Eu nunca pude conversar com a minha mãe sobre fotografia, nunca tive essa oportunidade e não faço ideia do que ela achava de fato sobre elas, mas vendo as diversas fotos que minha mãe tirou durante sua curta carreira de certa forma me faz sentir próximo a ela, mesmo que não me lembrasse direito dela já a maioria das recordações que tinha eram dos vídeos caseiros e das fotografias.

            - Ainda acordado – minha vó perguntou da porta do sótão.

            - A senhora deveria estar descansando – comentei

            - Passei quatro dias deitada na cama de um hospital, acho que já descansei  suficiente – ela se sentou ao meu lado no sofá  – Você adora esse lugar não é

            - Eu me sinto próximo dela aqui, do papai também ela tirou tantas fotos dele – quando meus pais morreram meus avós tinham trago alguns pertences de ambos e colocaram no sótão, e com o passar do tempo acabei mexendo nas caixas e organizando algumas coisas, principalmente fotos e vídeos.

            - Seu pai e você eram os modelos favoritos dela – sorri, realmente a maioria das fotos pessoais da minha mãe eram minhas ou do meu pai – Quando você nasceu ela tirou tantas fotos, a cada sorriso seu ela queria um registro e quando seu pai estava viajando ela fazia questão de registrar tudo pra ele.

            - Acho que ela sentia falta do trabalho, talvez deixar de trabalhar não tenha sido uma boa ideia – disse olhando uma das ultimas fotos que ela tirou a trabalho datada algumas semanas antes do meu nascimento.

            - Sua mãe amava o trabalho dela, ela amava o que fazia, mas ela amava ainda mais você e eu sei que ela não suportaria perder os momentos com você para continuar trabalhando e no fim ela acabou unindo o útil ao agradável já que ela ainda fotografava o tempo todo e eu tenho certeza que as suas foram as melhores fotografias que ela tirou – ela se levantou e foi ate um baú e tirou uma caixa – Eu estava trabalhando nisso a um tempo e depois que você disse que iria casar eu pensei em entregar a você no dia do seu casamento, mas acho que posso entregar agora – abria a caixa com cuidado e observei por um instante o álbum antes de paga-lo e abrir a primeira pagina onde pude ver uma fotografia antiga do casamento dela.

            - Vó... – eu estava meio sem palavras, mas sorri nas paginas seguintes pude ver algumas fotos do meu pai ainda pequeno e não demorou para aparecer uma dele com minha mãe.

            - Eles estavam namorando ainda, seu pai tinha conseguido uma bolsa na universidade – sorri ao ver meus pais tão jovens sorrindo como se nada no mundo fosse atrapalhar a felicidade dos dois - E essa foi do primeiro jogo profissional dele, sua mãe fez uma surpresa e foi assistir -  nas próximas paginas pude ver mais algumas fotos dos dois, noivado, casamento, minha mãe gravida, meu nascimento, uma foto onde eu estava no ombro do meu pai segurando uma bolinha de basquete.

            - Uma pena eu não ter herdado o talento dele para o basquete – comentei observando o sorriso dele na foto éramos realmente parecidos embora ele sempre tenha tido um porte físico diferente do meu.

            - Você herdou muitas outras coisas do seu pai, tanto traços físicos como de personalidade que muitas vezes ao longo dos anos me fez ter a sensação de vê-lo crescer novamente. Você foi o pedacinho dele que ele deixou comigo quando morreu, um motivo para que eu conseguisse acordar todos os dias – ela apertou um pouco minha mão e após algumas paginas pude ver Katniss e eu na pracinha perto de casa – Esse foi o dia em que Effie e Katniss se mudaram – ela sorriu – Katniss não parecia muito feliz com a mudança tão pouco queria fazer amigos, mas vocês se deram tão bem.

            As paginas seguintes guardavam anos de pequenas recordações, aniversários, viagens, o primeiro dia de aula e muitas do dia a dia e Katniss estava em quase todas.

            - A viagem ao sitio no Distrito 13 – comentei vendo minha melhor amiga ao meu lado sentada em uma cerca – Katniss quase caiu do cavalo nesse dia, ela demorou dias para tentar subir em um novamente e ela só tentou novamente porque o vovô conversou com ela e a convenceu a não desistir lembra?

            - Lembro, vocês dois aprontavam tanto juntos eu vivia preocupada com vocês.

            - Não aprontávamos tanto.

            - Ah não – ela virou algumas paginas – Lembra desse dia? Vocês saíram para esquiar e voltaram só quando anoiteceu com a Katniss com uma torção no braço, Effie e eu estávamos nos descabelando quase chamando a policia.

            - Lembro, o vovô que livrou a gente de um castigo maior.

            - Seu avô sempre defendia vocês – ela comentou olhando a foto seguinte onde meu avô estava ajudando Katniss e eu a fazer um boneco de neve, minha melhor amiga estava com o braço enfaixado – Ele costumava dizer “Deixem eles se divertirem”, “Não precisa ser tão dura com eles, tenho certeza que eles aprenderam”. 

            - O vovô sabia das coisas, eu sinto falta dele dos conselhos das conversas.

            - Eu também, todos os dias – ela suspirou – Ele era especial, tinha seus defeitos, mas era especial e conhecia bem você, ele quase sempre estava certo sobre o que dizia respeito a você.

            - Quase sempre?

            - John era teimoso e quando cismava como algumas coisas não mudava de ideia sobre, você e Katniss por exemplo ele teimava em dizer que iriam acabar casando – me surpreendi com a informação.

            - Serio? Ele nunca deu a entender isso.

            - Ele dizia isso desde que vocês eram pequenos, Haymitch não gostava nada na época, mas com o tempo acabou entrando na onda dele e mesmo depois de vocês entrarem para a adolescência e não demostrarem em nenhum momento que começariam a namorar ele dizia que vocês se amavam só não sabiam disso ainda, que vocês eram a força um do outro e sempre estariam juntos e só não tinham visto isso porque tinham muito a arriscar  – desviei o olhar do dela por um momento olhando as fotos no álbum – Acho que ele estava parcialmente certo não é, afinal sempre se apoiaram e se mantiveram juntos nos últimos vinte quatro anos.

            - A Katniss é especial e não imagino minha vida sem ela, não da pra cogitar uma vida sem ela.

            - Mas não especial o suficiente para ganhar um anel.

            - Katniss nunca quis um anel vó, ela não acredita nessas coisas, ela prefere não amar desse jeito e eu fico feliz em saber que sou uma das poucas pessoas que ela se permite amar do jeito dela – ela suspirou assim como eu ela conhecia Katniss, sabia das convicções dela sobre amor.

            - A Glimmer ama você do jeito certo? Você a ama do jeito certo? – pensei por um minuto antes de responder, meu relacionamento com Glimmer era seguro, eu sabia exatamente onde estava indo ao lado dela, eu a conhecia o suficiente para saber dos seus sentimentos e sabia que podíamos ser felizes juntos.

            - A Glimmer me ama mais do que eu poderia esperar depois de tantos anos, ela é alguém especial vó e sei que você vai adora-la depois de conhece-la melhor.

            - Eu não tenho nada contra a Glimmer querido não pense que não aprovo a união de vocês, me lembro dela e sei que ela é uma boa pessoa e pude ver que os sentimentos dela por você não mudaram depois de todos esses anos e sei que você não a pediria em casamento se não acreditasse que podem ter um futuro, só quero ter certeza de que você vai preencher o restante desse álbum com as recordações certas – disse mostrando as paginas vazias no fim do álbum – Agora acho melhor eu ir dormir um pouco esta tarde. Boa noite querido – ela beijou meu rosto e se levantou.

            - Boa noite vó. E obrigado pelo presente.

            Não era preciso pensar muito para saber o risco enorme que qualquer mudança na minha amizade com a Katniss significava, eu havia pensado muito sobre isso anos atrás e não era o melhor momento para voltar a pensar sobre o assunto, eu a conhecia bem demais para saber que ela via o amor de uma maneira diferente de mim e ela era importante demais para arriscar perde-la.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso, espero que vocês tenham gostado e tido uma ideia dos sentimentos do loiro em relação a melhor amiga.
Eu adoro saber a opinião de vocês então fiquem a vontade em dizer o que acharam do capitulo.
Beijos até o próximo.