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Fotos, memórias perfeitas,

Espalhadas por todo o chão.

Alcançando o telefone porque

Eu não posso lutar mais ...

(Need You Now - Lady Antebellum)

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            Olhei todos os corações de papel espalhados por todo lugar e senti aquela raiva surgindo, não sabia bem o porque todo aquele alvoroço por uma data. No fim era apenas mais um dia como outro qualquer e não via motivo para tanto, mas o dia tinha sido cercado de romance pelos corredores do colégio os veteranos tinham inventado de entregar cartões e durante todas as aulas alunos apreciam na porta com uma assa horrível em uma fantasia ridícula de cupido chamando alunos para fazer a entrega do cartão acompanhado de um botão de rosa, era patético.

            - Esse dia parece não ter fim – comentei assim que descemos do ônibus na esquina de casa, até o velho ônibus amarelo do colégio tinha sido decorado com corações.

            - Quanta raiva acumulada Katniss é só o dia dos namorados – Peeta comentou, para ser sincera eu estava com raiva era pelo meu namoro ter terminado tão próximo a data mais romântica do ano e eu passaria aquela sexta feira em casa.  

            - Só acho muito alvoroço por uma data tão comum – ele riu já que sabia o que estava me incomodando de fato - Vamos ver serie e comer besteira hoje? – perguntei assim que chegamos em frente a minha casa.

            - Não, tenho outros planos para hoje – esperei que ele contasse mais alguma coisa, mas ele nada disse.

            - Que planos? – até onde eu sabia ele não estava saindo com ninguém

            - Cinema, talvez comer alguma coisa nada de mais.

            - Com quem?

            - Alguém especial. Eu fiquei de ajudar o vovô então nos vemos depois – ele saiu em direção a casa dele e fiquei parada por alguns minutos olhando a casa vizinha sem saber o que dizer.

            Não vi Peeta pelo resto da tarde e acabei ficando na sala passando os canais irritada, minha mãe iria sair com alguém embora não soubesse quem e eu passaria a noite sozinha, ela havia se oferecido para ficar em casa e me fazer companhia, mas eu não tinha aceitado ela não era muito de encontros e seria muito egoísmo fazer ela perder o dia dos namorados porque meu namorado ou melhor ex-namorado tinha terminado tudo uma semana antes. Gale era ridículo e eu não queria vê-lo nem pintado de ouro. Subi apenas quando minha mãe me chamou e observei enquanto ela escolhia uma roupa para sair.   

            - Não fica assim filha – ela sentou na cama ao meu lado – Vocês dois andavam brigando tanto foi melhor assim.

            - Eu sei – no fundo eu sabia mesmo, as ultimas semanas forma um caos brigávamos por tudo e acabávamos falando demais sempre magoando um ao outro.

            - Vem aqui deixa eu arrumar seu cabelo, vamos deixar ele com uma trança linda – ela pegou a escova e se sentou atrás de mim.

            - Você vai acabar se atrasando mãe, não quero atrapalhar seu encontro.

            - Katniss você é a coisa mais importante da minha vida – ela soltou meu cabelo e passou a mão com carinho - Nunca vai me atrapalhar.

            - Mas eu vou ficar em casa hoje mãe.

            - E desde quando você precisa sair para ficar bonita? Katniss você precisa ficar bonita para você meu amor mesmo que ninguém veja – ela sorriu e acabei sorrindo junto, diferente de mim mamãe era o tipo de mulher que se maquiava para ficar em casa, andava sempre elegante e raramente estava sem salto. Acabei concordando e deixei que ela fizesse uma bela trança no meu cabelo talvez eu fosse crescida demais para ter minha mãe fazendo tranças no meu cabelo sendo que eu mesma sabia fazer hoje em dia, mas no fundo eu gostava desse nosso pequeno momento gostava desse carinho. Nos minutos seguintes acabei trocando de roupa para agrada-la afinal não queria que ela ficasse preocupada comigo durante seu encontro – Você esta linda.

            - Obrigada mãe – não havia colocado nada demais jeans e blusinha, continuamos conversando enquanto ela se trocava até a campainha tocar – Vou conhecer seu namorado? – estranhei afinal achei que ela o encontraria em algum lugar como sempre fazia - Esse deve ser importante para você, esta apaixonada mãe? - ela riu.

            - Você pode abrir a porta, por favor? 

            - Posso – desci correndo curiosa para conhecer o possível namorado da minha mãe, mas quando abri a porta me surpreendi com meu melhor amigo parado na varanda, vestindo jeans e camiseta e segurando uma caixinha e um botão de rosa - Peeta – sorri para ele – Por que não entrou estava aberta.

            - Achei que seria legal fazer tudo direitinho – ele se aproximou sorrindo e ajeitando os óculos – Pra você – ele me entregou uma caixa de bombom com um cartão do Garfield e o botão de rosa – Feliz dia dos namorados – peguei surpresa o presente.

            - Achei que você ia sair – comentei enquanto lia o cartão rapidamente e sorri.

            - Então aceita? – olhei para ele por um momento – O dia dos namorados é para comemorar com alguém especial e você é especial é minha melhor amiga, alguém que posso contar e que quero sempre ao meu lado, então ao invés de passarmos a noite trancados dentro de casa como dois amigos solteiros lamentando a data vamos sair e nos divertir e ver o quanto alguns casais conseguem ser melosos durante um único dia no ano.

            - Serio? - perguntei meio sem acreditar que ele estava fazendo isso, só para alegrar meu dia.

            - Serio, afinal você sempre vai estar no meu coração – ele disse rindo e acabei sorrindo de volta.

            - Não cheguem muito tarde – ouvi minha mãe falar enquanto descia as escadas e soube que ela sabia de tudo.

            - Você esta linda tia Effie – ele elogiou sincero

            - Muito obrigada, você também esta muito bonito – ele sorriu – Eu guardo pra você – ela pegou as coisas da minha mão e me entregou minha bolsinha com documentos e meu casaco  – Divirtam-se.

            - Você também – Peeta se despediu da minha mãe e saímos de braços dados – Então quais os planos? Espero que sejam bons afinal hoje é um dia importante - brinquei e ele riu.

            -  Aquela comedia que queríamos ver com direito a muita pipoca e chocolate afinal é um dia especial. Depois podemos ir ao restaurante chinês que tem no centro e para finalizar a noite uma ultima parada na doceria para afogar as magoas de vez. O que acha?

            - Acho ótimo – sorri apertando um pouco mais o braço dele sentindo aquele perfume conhecido, de alguma forma Peeta era aquela pessoa que eu sempre iria querer ao meu lado.

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            Sai da casa do meu melhor amigo um tanto transtornada pela raiva, ele iria cometer um erro enorme pedindo aquela mulher em casamento ele não conseguia perceber que era um relacionamento sem futuro e que no final ele sairia machucado. Peeta era o tipo de pessoa que via o melhor dos outros, acreditava em segundas chances e não consegui ver o obvio. 

            Então nos dois dias seguintes não o procurei ele tão pouco se importou em me ligar o que era no mínimo estranho, eu sabia que ele tinha chegado na Capital devido uma postagem da Glimmer por uma rede social com uma foto dos dois indo para o desfile a algumas horas  e quanto mais as horas do sábado passavam mais nervosa eu ficava, ele tinha planos de fazer o pedido após o desfile provavelmente durante o jantar então involuntariamente me vi fazendo o calculo do fuso-horário.

            Deitei na minha cama olhei uma caixa próximo a estante, havia tirado ela do armário a alguns dias enquanto minha mãe e Mags estavam aqui tínhamos passado horas vendo os velhos vídeos e algumas fotos enquanto riamos com as lembranças, aqueles não chegavam a um terço do monte de momentos registrado que tínhamos juntos. Levantei e me sentei no chão abrindo a caixa e vendo algumas recordações e quando dei por mim estava rodeada por fotos e perdida em memorias mais uma vez. Sem guardar as fotos acabei pegando outra caixa um pouco mais pessoal do armário e a primeira coisa que vi dentro dela foi uma pequena caixinha bem conhecida de madeira feita por ele na aula de marcenaria e assim que abri vi algumas pétalas de rosa secas.

            Eu havia guardado uma pétala de cada rosa que ele tinha me dado ao longo dos anos assim como cada cartão, cada bilhete trocado em sala de aula, cada origami que ele fez para passar o tempo e me deu.  Peeta era uma das pessoas mais carinhosas que conheço e sempre foi cheio de pequenos gestos.  Comecei a olhar os cartões e ler por cima cada um até chegar em um especifico onde o Garfield estava cercado de rosas com os dizeres “Para o dia de hoje tenho um presente incrível para você”. E ao abrir estava escrito “Minha companhia” bem grande. Em baixo com a letra dele pude ler.

Aceita????

Não somos namorados, mas você sempre será especial na minha vida então acho que devemos comemorar. Lembre-se você sempre será minha melhor companhia.

Com Amor

Peeta

PS: Feliz dia dos namorados

            Peeta Mellark era parte da minha vida quase como uma parte de mim, ele enxugou minhas lagrimas e viu meus sorrisos, esteve ao meu lado a cada conquista e a cada fracasso, ele me conhecia mais do que qualquer pessoa no mundo e eu agradecia todos os dias por tê-lo em minha vida. Ele havia sido meu melhor amigo por anos, meu protetor esteve ao meu lado a cada minuto tentando me proteger do mundo, ele tinha tornado tudo melhor as vezes tinha a sensação de que ele me colocava acima dele mesmo e isso não tinha preço. Meu celular tocou e atendi rapidamente sem nem ao menos olhar o numero.

            - Peeta

            - Não é o Cato – fiquei em silencio por um momento sem saber o que dizer, porque no fundo Peeta era a única pessoa que eu queria que me ligasse - Cato Ludwig lembra de mim? Saímos a alguns meses.

            - Eu me lembro, tudo bem Cato? – perguntei educada.

            - Estou ótimo e você? – senti a voz dele levemente animada ao saber que me lembrava dele.

            - Estou bem.

            - Espero que Peeta não seja seu novo namorado – ele brincou

            - Não – de alguma forma a resposta saiu lenta quase que forçada – Peeta é um amigo, meu melhor amigo na verdade.

            - Eu tentei te ligar antes, mas não consegui – eu havia evitado todas as ligações dele nos últimos meses – Fico feliz que tenha me atendido hoje.

            - Eu estava meio ocupada com o trabalho – menti

            - Eu estou no Distrito esse final de semana, queria encontrar você o que acha de um jantar? – fiquei em silencio por um momento e olhei o relógio, ainda estava cedo e ter a companhia de alguém não seria ruim – Katniss você esta ai?

            -Estou – olhei o cartão ainda na minha mão pensando no loiro que havia me dado ele anos atrás – Desculpa Cato, mas hoje não vai dar – eu não queria a companhia desse loiro, eu queria meu melhor amigo, queria o Peeta de uma maneira um tanto egoísta queria ele só pra mim.

            - Tudo bem, mas eu não vou desistir de você, eu vou passar a semana por aqui estou de folga e no mês que vem estarei de volta novamente então me liga ou me atende.

            - Certo – nos despedimos e joguei o celular no carpete olhando mais uma vez as pétalas dentro da caixinha aberta ao meu lado e segurando o velho cartão.

            Cato era bonito e embora tivesse um ego um pouco maior do que deveria ele era sem duvida uma companhia desejada por muitas mulheres, e de alguma forma vinha insistindo em me ligar mesmo quando não retornei qualquer tentativa dele de falar comigo nos últimos meses, mas ele não era o Peeta, ele não me fazia sorrir naturalmente, ele não passava aquela sensação de alegria só por estar por perto e a ultima vez que saímos não conseguia parar de pensar que estaria me divertindo mais estando com o outro loiro. Peeta sempre seria minha melhor companhia ele sempre seria tudo, e agora eu o estava perdendo, perdendo para ela e isso me magoava. Porque de certa forma eu sempre preferi quando ele estava sozinho, sempre senti uma sensação de alivio ao ouvir que ele tinha terminado com um relacionamento, mesmo sendo com mulheres que o faziam feliz, mesmo que com namoradas que eu considerava ótimas pessoas. Eu sempre preferi ter ele só pra mim.

 “Glimmer representa um risco real para você”

" ...  já passou da hora de você parar de ficar mentindo para si mesma e admitir de uma vez por todas o que sente."

“Esta claro que não é só amizade que você sente por aquele loiro.”

" O pior cego é mesmo aquele que não quer ver."

As palavras ditas pela Johanna semanas atrás vieram na minha mente assim como muitas outras que ouvi ao longo dos anos, brigas com antigos namorados.

“É sempre ele, você sempre escolhe estar com ele”

“Mellark parece mais seu namorado do que eu”

“Não da pra ter um coração que já pertence a outro Katniss você pode negar, mas você entregou seu coração pra ele anos atrás”

“É difícil fazer dar certo quando a maior parte do seu tempo livre você quer passar com seu amigo”

"Não da para competir com ele, acho que ninguém consegue não é."

Então pela primeira vez em anos percebi que sempre foi ele que eu quis ao meu lado era nossa amizade que eu sempre defendia nas brigas com meus namorados era sempre ele que eu escolhia porque não havia ninguém no mundo que eu escolheria no lugar dele. Thresh estava certo eu havia entregado meu coração ao Peeta anos atrás sem nem me dar conta. Como eu consegui ser tão estupida em relação a isso, como não vi todos os sinais óbvios.

            Olhei o relógio e vi a hora sentindo um desespero enorme na Capital já havia passado das 20:00 horas. Peguei o celular e disquei o numero que sabia de cor, mas caiu direto na caixa postal, tentei mais duas vezes antes pegar a chave do carro. Senti um aperto no peito enquanto dirigia pelas ruas do Distrito. Como eu não tinha notado antes? Como não aceitei o inevitável?

            Parei em frente ao prédio conhecido ainda atordoada por me dar conta do que sentia somente agora e no momento que sai do elevador pude ver a porta do apartamento 71 abrir e pela expressão que vi sabia que ela esperava por isso, porque ela sempre soube, porque ela havia tentando me avisar varias vezes, mas eu não me dei conta, não aceitei .

            - Katniss o que aconteceu?

            - Eu estou apaixonada pelo meu melhor amigo.