Lá E De Volta Outra Vez escrita por Pacheca
Notas iniciais do capítulo
Vim salvar os dias de uma certa senhorita, haha ♥ Enfim, esse está mais curto, mas ainda espero que ainda esteja do agrado de vossas senhorias ^~^ Até mais
Eu já estava ficando acostumado com o barulho das portas se abrindo. Virei a maçaneta e pedi licença. Ele soltou o livro e sorriu. Entrei no quarto e me aproximei, de volta para a poltrona.
– Olá de novo. Como está?
– Hum, bem. O mesmo de hoje de manhã.
– Mesmo? Mesmo com todas as visitas?
– Ah, isso. Bom, confesso que estou um pouco confuso com relação a alguns de vocês.
– Tipo eu?
– É, tipo você. Como a gente se conheceu?
– Ah, é uma história meio vergonhosa na verdade. Bom, só pra mim, mas enfim... – Ele deu uma risadinha, esperando eu continuar. – Eu achei que era um fantasma.
– Parece divertido.
– Não foi você quem gritou feito doida no corredor do colégio. – Acabei rindo junto dele, ficando um pouco mais na beirada da poltrona. Por menor que fosse, qualquer proximidade me parecia excelente. – Quem mais vive na sua mente nesse momento?
– A Nina me intrigou um pouco. Eu achei que me lembraria se tivesse uma namorada. – Respirei fundo. É, ao que parecia, não mesmo. – E eu não acho que ela seja meu tipo. Digo, ela é uma garota meiga e fofa, mas...
– Muito nova?
– Imatura. E também, a forma como Castiel a tirou daqui...Parecia que não era o lugar dela.
– Digamos que ela gosta muito de você.
– Eu sei, eu me lembro dela. Só não como minha namorada.
– Bem, eu não sei como ajudar.
– E Rosalya?
– O que tem ela?
– Ela fica bastante aqui. – Concordei, reparando que ele me vigiava para perceber qualquer reação. – Eu lembro bem dela, também.
– Imagino que vocês tenham convivido muito.
– Posso perguntar algo?
– Claro.
– Por um acaso, seria possível que Rosalya e eu... a gente tenha algo?
Aquilo foi um soco bem dado na boca do meu estômago. Abri a boca, meio sem saber como responder, só para fechá-la logo em seguida. Ele ficou esperando a resposta.
– Eu acho melhor você falar diretamente com ela. – Ele concordou, meio sem graça. Saber que ele achava que tinha algo com Rosalya me machucou, mas eu não podia culpa-lo. Até ai, também não seria eu a esmagar o coraçãozinho dele dizendo que ela era namorada do irmão dele.
– Obrigado.
– Tudo bem. Eu acho que já te importunei o suficiente, então vou deixar você descansar um pouco. E vou avisar Rosalya que você precisa falar com ela.
– Ah, obrigado. Por tudo.
Sorri, deixando o quarto num silêncio meio esquisito. Assim que fechei a porta, reparei que eu estava prendendo o ar. Sacudi a cabeça. Não, eu não ia fazer isso. Rosa não tinha culpa, e ele muito menos. Eu nem existia na cabeça dele naquela época. Ainda assim, era mais um aperto no coração.
A essa altura, acho que meu coração já estava habituado.
Chamei o elevador, meio inquieta. A porta se abriu e a enfermeira educada quase trombou em mim. Ela se desculpou na hora. A velha lá de baixo deveria aprender com ela.
– Ah, moça. – Chamei, quando ela já estava indo embora pelo corredor. Peguei o colar que tinha achado e a entreguei. – Estava no quarto de hoje cedo.
– Obrigada. Deve ser importante para a paciente. Vamos ligar.
Sorri e entrei no elevador, acenando. Assim que cheguei no saguão, Castiel e Rosalya estavam conversando sobre Nina. Rosa também não parecia nada satisfeita com a loucura da menina. Parei ao seu lado e pedi para ela vir comigo tomar uma água. Ela aceitou, ainda bufando de raiva.
– Precisa falar com ele.
– Por que? Aconteceu algo?
– Meio que sim. Digamos que ele realmente voltou no tempo.
– Como assim? Ou acontece ou não.
– Ele acha que vocês dois...entendeu?
– Ah, fala sério. É sério?
– É, é sério. Ele me perguntou diretamente. – Foi quando ela viu que eu realmente estava falando sério. Até porque, a última coisa que eu gostaria de falar é que meu namorado não sabe quem eu sou e acha que está afim da minha melhor amiga. Na mesma hora ela agarrou meu braço e saiu me puxando.
– A gente vai resolver isso agora. E você, tira essa cara, ele não sabe o que está falando.
– Eu não estou com uma cara, Rosa, eu sei disso. Mesmo assim, você gostaria se o Leigh saísse por aí achando que eu e ele somos um casal?
– Eu sei que faz sentido, mas vai passar, assim que eu falar com ele.
Suspirei. Eu até achava legal a Rosa querer resolver as coisas, eu só não entendia o que eu estava fazendo ali naquele momento. Ela me puxou com ela quarto a dentro e se sentou na cama, fazendo Lysandre, mais uma vez, soltar seu livro.
E então começou. Ela tentou ser o mais sutil possível, falando sobre Leigh e como todos os três conviviam super bem desde então. Eu não tinha o que fazer ali. Eu não fazia parte daquela conversa. Eu não fazia parte do relacionamento deles, das lembranças íntimas deles. E vê-los ali, sorrindo um para o outro, entendendo um ao outro e se abraçando não ajudava em nada.
– Anna?
Eu não respondi. Eu não tinha voz pra responder. Como se aquilo fosse impedi-lo de ver a torrente de lágrimas que estava me afogando, eu deixei o quarto correndo, escutando Rosa me chamando também.
Entrei no elevador, mas ao invés de descer até o saguão, parei no primeiro andar. Estava vazio, não fosse pela figurinha loira perto da janela, escutando um belo sermão do médico por ter mentido sobre algo tão grave.
– Sua mãe não pode ficar se preocupando em te dar puxões de orelha, Nina. Agora, vá pedir desculpas e desfazer isso tudo.
– Sim, senhor. – Ela fungou e o homem a deixou lá. A mãe dela? Sequei o rosto assim que ela me viu, meio sem graça. – Oi.
– Oi, Nina.
– Desculpa. Eu vi que também te chateei sobre o “namoro”. – Ela resmungou. Eu dei de ombros. Eu até pensei em perguntar sobre a mãe dela, mas ela se adiantou e acabou se abrindo. – Eu fico bem sozinha sem minha mãe, mas ela sempre vem pra cá. O Lysandre me ajudou muito sobre isso.
Concordei, mesmo sem sorrir. A verdade é que ainda achava que o que ela tinha feito era inaceitável, mas não dava para ignorar que ela ainda era criança. E uma criança solitária, para piorar. Não dá para esperar muito de uma pessoa dessas. E a situação de Lysandre não ia mudar se eu simplesmente a culpasse. Eu seria a imatura, nesse caso.
– É só tomar cuidado na próxima vez. Não dá pra fazer isso sempre.
Ela concordou, feliz em ver que eu não ligava muito. Digo, ela queria perdão, ela teria o perdão. Pelo menos da minha parte. Ela pediu licença e foi se desculpar, como tinha prometido. Eu aproveitei o momento sozinha e peguei o celular. Liguei, tentando manter a voz baixa.
– Ei, linda.
– Oi amor. Está ocupado?
– Para você, nunca. – Ri, feliz em saber que ainda podia sorrir, mesmo com todo aquele sofrimento. – Precisa de algo?
– De uma companhia?
– Desenvolva sua proposta. – Revirei os olhos, ainda sorrindo.
– Vejamos, você vai lá para casa, a gente vê um filme e se entope de comida, conversamos a noite e depois a gente dorme.
– Hum, me parece bom. Seus pais não vão achar ruim?
– Meu pai pode querer te botar para dormir na sala, mas... Acho que minha mãe concorda que eu preciso de um amigo hoje.
– Aconteceu algo com o Lysandre?
– Eu te digo depois. Você vai?
– Só me ligar quando estiver em casa. – Agradeci, desligando.
Doía aquilo tudo. Ser esquecida, ter que fingir que aquilo não me afetava, bancar a forte quando eu não sou. Por outro lado, saber que eu podia depender de Nathaniel em qualquer situação aquecia meu coração.
Se o mundo todo me esquecesse, Nathaniel sairia por ai espalhando meu legado pelo mundo. Sorri e me preparei para ir para casa, tirar um pouco do peso dos meus ombros com meu melhor amigo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Até mais vê-los ♥