Cold Spring escrita por letter


Capítulo 2
Rhaegar Targaryen


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores. Sim, depois de séculos, voltei. Perdão pela demora, mas aqui está o primeiro capítulo, finalmente. Boa leitura a vocês.



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 Rhaegar Targaryen nem chegara a suar.

Era o terceiro cavaleiro que o desafiava, e embora perdesse a noção do tempo sempre que entrava em duelos amistosos, o Príncipe tinha certeza que nem três minutos transcorreram antes desses três jovens cavaleiros abandonassem suas espadas no chão declarando rendição.

Embora fosse início de tarde, a clareira preparada para duelos amistosos e diversão dos cavalheiros - a alguns quilômetros do castelo de Harrenhal - estava vazia. As centenas de tendas montadas em volta do castelo estavam em silêncio. Rhaegar desconfiava que todos estavam se resguardando para o grande banquete que Lorde Walter Whent ofereceria a noite em homenagem ao seu nome.

O Príncipe dragão estava decepcionado. Claro que tinha consciência dos verdadeiros motivos do Torneio de Harrenhal ter sido promovido, ele próprio o patrocinou, mas ainda assim, Rhaegar esperava poder se divertir um pouco mais, a vida em Porto Real era muito monótona, e sair da rotina para variar era um prazer do qual não conseguia falar.

Porém, parecia que ou todos os cavaleiros dos Sete Reinos eram esgrimas de péssima qualidade, ou todos temiam levar o duelo verdadeiramente a sério pela possibilidade de machucar ou vencer Rhaegar Targaryen o que provavelmente achavam que seria uma grande ofensa ao Príncipe. Tolos. Rhaegar queria apenas um duelo de verdade.

— E então? Mas alguém? – perguntou o Príncipe em visível tom de frustração, tirando o elmo e olhando para a meia dúzia de cavaleiros que o olhavam em um misto de admiração e receio. Rhaegar sabia que no fundo todos queriam ter a chance de duelar contra ele, em seu íntimo ele sabia que aqueles homens queriam bradar nas tavernas sobre o quanto foram corajosos e bravos de encarar o herdeiro dos Sete Reinos. Mas o temiam de mais para que o fizesse.

Quando Rhaegar estava abrindo a boca para anunciar então o fim daquele efêmero momento, um pequeno cavaleiro pigarreou e deu um passo a frente. O cavaleiro estava com o elmo fechado, impedindo de ver seu rosto, apenas seus olhos, duas fendas intensas e cinzentas.

Rhaegar não sabia se sentia animado ou decepcionado ao ver o pequeno cavaleiro se aproximando com a espada em punho. Era um tanto magricela e desengonçado, como se a armadura não fosse ajustada para ele ou seu tamanho, Rhaegar teve que curvar o pescoço para poder vê-lo. Era muito pequeno. Imaginou que deveria ser um jovem rapaz, talvez um escudeiro que afanou a armadura de seu Lorde.

— E você é...? – começou o Príncipe, mas foi interrompido por uma espada cruzando o ar.

Mais por reflexo do que por estar preparado, Rhaegar foi capaz de se defender do golpe. Ficou surpreso com a vontade de duelar do cavaleiro a sua frente. Nenhum de seus adversários anteriores chegou a sequer levar a espada com vontade pra deferir um golpe.

Rhaegar empurrou com sua espada a espada do adversário e tentou atingi-lo com um golpe de lado, mas foi bravamente interceptado pelos reflexos e rapidez do cavaleiro.

Seu oponente não era forte, Rhaegar notou, ao ver que a espada do cavaleiro tremia com o peso que o Príncipe forçava a sua própria. Mas seu adversário era rápido, isso não tinha como negar. Com rapidez e agilidade o cavaleiro conseguiu se defender de todos os golpes deferidos por Rhaegar, não deixando que a espada de aço valiriano de Rhaegar Targaryen sequer tocasse a sua armadura uma vez.

Por duas ou três vezes o cavaleiro quase conseguiu atingir Rhaegar, e isso para o Príncipe foi o auge do seu duelo com algum adversário, nunca tentaram realmente o atacá-lo. O jovem dragão estava eufórico. Queria saber quem era aquele cavaleiro, e se ele na verdade não fosse cavaleiro e sim um escudeiro, como o Príncipe suspeitava, o nomearia seu próprio escudeiro, e treinaria com ele diversas vezes por dia, assim como fazia com Jaime Lannister, antes que esse ingressasse na guarda real de seu pai.

Em um momento de distração em que o Príncipe ponderou ter um novo companheiro para duelos, Rhaegar deixou-se ser atingido e perdeu o equilíbrio, tropeçando em uma pequena pedra e cambaleando para trás, o cavaleiro surpreso com o que conseguiu fazer com o Príncipe, se distraiu e tropeçou na mesma pedra, mas esse não tinha o mesmo equilíbrio de Rhaegar e foi direto de encontro ao Príncipe, jogando todo seu peso inconscientemente por cima de Rhaegar, caindo ambos no chão.

Os cavaleiros presentes na cena prenderam a respiração, imaginando o que aconteceria ao infortunado cavaleiro que teve o azar de cair por cima do herdeiro dos sete reinos. Rhaegar viu os olhos do pequeno cavaleiro se esbugalharem através do elmo, demonstrando sua surpresa para com os atos. Provavelmente ponderando se isso acarretaria alguma consequência em sua vida.

Quando Rhaegar soltou uma gargalhada que poderia ser ouvido a um raio de um quilômetro, todos relaxaram e começaram a rir juntos, embora ainda estivessem sem graça.

— Você pode ser pequeno rapaz, mas tem mais culhões que todos esses Lordes reunidos – anunciou o Príncipe — Me diga seu nome.

O pequeno cavaleiro se levantou, com cuidado para não perder o equilíbrio. Parecia não ter ouvido o Príncipe lhe dirigir a palavra. Pegou sua espada e a colocou cuidadosamente na bainha.

Rhaegar não conseguia expressar sua surpresa ao ver o cavaleiro lhe dar as costas, ainda com elmo na cabeça, sem lhe dirigir uma palavra, enquanto ele próprio ainda estava escancarado no chão. Sentiu a risadas dos demais cavaleiros morrerem, e o silêncio perpetuar entre os olhares que dirigiam do pequeno cavaleiro que andava sem olhar para trás, para o Príncipe escancarado no chão.

— Eu vou matar você! – gritou uma voz ao longe, correndo em direção a clareira, era um jovem rapaz, com o símbolo de um lobo gigante bordado em suas vestes — Você pegou minha armadura de novo!

Rhaegar se levantou e notou que o jovem rapaz se dirigia ao pequeno cavaleiro. Como Rhaegar imaginou, um garoto que pegara a armadura de um jovem Lorde. Rhaegar começou a andar em direção aos dois. Amenizaria a raiva do rapaz e ofereceria um cargo de escudeiro pessoal para o jovem cavaleiro.

O jovem Lorde, que provavelmente era um Stark pelo símbolo bordado em seu peito, paralisou quando viu o Príncipe se aproximando. O pequeno cavaleiro também parou em seu lugar, mas continuou de costas para o Príncipe.

            — Sua Alteza – murmurou o garoto.

            — Você deve ser Benjen, o caçula de Lorde Stark – palpitou Rhaegar. Benjen assentiu — E esse deve ser seu escudeiro, imagino? Bem treinado devo dizer, conseguiu me derrubar.

            Rhaegar que nunca viu um Stark pestanejar viu a insegurança estampada no rosto de Benjen Stark.

            — Você... duelou com ele? – perguntou o pequeno Lorde, ao cavaleiro que soltou um audível suspiro de dentro do elmo, visivelmente frustrado.

            — Eu já ia devolver Benjen – anunciou o cavaleiro, que para a surpresa de Rhaegar não era um cavaleiro pela tom da sua voz, não era uma voz de homem.

            O farsante tirou o elmo, e Rhaegar viu os cabelos negros caindo como ondas pela armadura afanada. Rhaegar não percebeu quando deu alguns passos para andar para frente para ver quem era aquela mulher que o derrubara.

            — Por favor, Alteza, eu não queria insulá-lo – a moça falou sem olhá-lo nos olhos — Nunca me deixaria duelar com você se soubesse que sou uma mulher.

            — Lyanna, nosso pai vai... Ele é o Príncipe... Você perdeu o juízo? – babulciou Benjen, visivelmente esse era o momento de maior constrangimento de sua vida.

            — Está tudo bem – respondeu Rhaegar, queria colocar sua mão no queixo da garota para ver seu rosto melhor, mas mesmo sendo um Príncipe, isso seria impróprio — Nosso pai? — perguntou Rhaegar, ponderando as palavras de Benjen — Quer dizer então que você é...?

            — Lady Lyanna Stark – respondeu ela tentando fazer a melhor reverência que conseguia usando uma armadura.

— Muito prazer Lady Stark, eu sou o Príncipe Rhaegar Targaryen.

Por algum acaso, Lyanna achou a afirmação muitíssima engraçada e soltou uma gostosa risada, levantando seu rosto e levando o seu olhar de encontro ao do Príncipe que achou encantador como seu sorriso não era só nos lábios, mas também nos olhos.

— Perdoe minha irmã, Vossa Alteza – pediu Benjen pegando Lyanna pelos braços — Precisamos ir agora.

— Está tudo bem, de verdade – anunciou o Príncipe, Benjen acenou e foi puxando Lyanna pelo braço, Rhaegar olhou os dois se afastarem, e só voltou para clareira quando Lyanna olhou para trás e sorriu novamente a ele.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentários com críticas, sugestões e etc são muito bem vindos.



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