Begin Again - Em edição escrita por Hese, Theleader


Capítulo 5
Treacherous - Essa ladeira é traiçoeira, e eu gosto disso


Notas iniciais do capítulo

Olá! Só não postamos ontem porque não conseguimos nos falar, mas aqui estamos nós.
Esse capítulo está pronto há um tempo, mas, apesar da ansiedade, esperamos o dia para postar.
Espero que gostem.
PS: Os capítulos estão ficando cada vez maiores *-*



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Annie caminhava à minha frente com os olhos atentos correndo pelas prateleiras, enquanto me divertia com Henri, que estava sentado na cadeirinha do carrinho de compras. Suas mãozinhas agarravam um pacote colorido de balas, e me divertia com sua animação:

— Oh! - Murmurei ao vê-lo derrubar o pacote e me apressei para pegá-lo. - Tome cuidado com isso, mocinho. - Devolvi o pacote para suas mãos gordinhas e ri com sua exclamação.

— Katniss... - Olhei para Annie mais a frente e arqueei as sobrancelhas para o pacote de massa em suas mãos. - Acha que Finnick iria gostar?

— Você está brincando, não está? - Gargalhei - Vocês comem macarrão o tempo inteiro, não seria melhor fazer algo diferente?

— Eu não sei escolher essas coisas... Você está aqui para me ajudar com isso.

— Nossa, obrigada. - Empurrei o carrinho com cuidado e parei ao seu lado. Meus olhos passaram pela prateleira e foquei nas garrafas de vinho. Algumas eram realmente boas, mas não encontrei a que eu queria.

— Qual o problema? - Annie cutucou minhas costelas e formei uma careta em sua direção.

— Nada, eu só estava olhando os vinhos...

— Ah, quer um especial? Acho que não vai encontrar algo assim no mercado.

— Você tem razão. - Abaixei o olhar para as massas e apertei os dedinhos de Henri entre os meus. - Eu queria beber um que tomei com Peeta durante o nosso jantar.

Annie sorriu.

— Depois de um mês você ainda não esqueceu o gosto do vinho? - Ela riu. - Vocês estão se dando bem, eu gosto disso.

— Eu também gosto.

Annie recebeu uma mensagem, e quando se virou para lê-la, voltei minha atenção para Henri. Movi os lábios de forma calma e lenta, formando a palavra "Titia", na esperança de que ele repetisse comigo.

— Se eu soubesse que organizar festas de criança era tão complicado teria deixado Finnick fazer do jeito dele

— Você quer dizer com pizzas, cervejas e um jogo na televisão?

— Tem razão, esquece.

— Sabe, pra um cara que nasceu na França, Finnick tem um jeito bem americano de ser.

Annie riu, enquanto andava digitando algumas palavras em seu celular.

Ajudei a escolher algumas coisas um pouco melhores que massa para o jantar que ela prepararia naquela noite.

Na próxima semana poderia ser o primeiro aniversário do filho deles, mas naquele dia era o do casamento deles.

Annie engravidou pouco tempo depois do casamento, e mesmo que, tanto ela quanto Finnick, estivessem reluzentes com aquilo, me perguntei se eles eram o tipo de casal que de arrependia de ter tido filhos tão cedo e não aproveitado muito o tempo sozinhos.

Mas quando finalmente perguntei à Annie, ela me respondeu que não. Havia tanta certeza em seu olhar que não pude duvidar. Ela me disse que tudo tem hora para acontecer, e se Henri chegou naquela época, então assim deveria ser.

Procuramos por uma loja especializada de vinhos no centro da cidade, o que se mostrou uma tarefa um pouco difícil, já que nenhuma de nós duas tinha algum conhecimento no assunto. Todos os vinhos mais caros, e de coleção que eu tinha, meu pai me dava em todas as oportunidades que tinha. Ele adorava vinhos, e eu herdei um pouco desse gosto, mas não tinha tanto conhecimento na área, e nem vontade de comprar como ele tinha.

Quantos mais pensava nisso, mais tinha certeza de que ele e Peeta se dariam muito bem, ao menos nesse aspecto.

Eu não me lembrava do nome do vinho que tomamos em nosso jantar, mas assim que o atendente da loja me mostrou as opções de acordo com o que descrevi, reconheci a garrafa. Me surpreendi um pouco mais, quando, dentre todos, eu reconheci o cheiro adocicado de frutas do que tomei um mês antes.

Foi engraçado lembrar, em um estalo, de todas as coisas que meu pai divagava sobre ele, e também me lembrar de que era um de seus favoritos.

Pinot Noir, li no rótulo da garrafa. Meu pai tinha alguns dele, de diferentes lugares, guardados.

Annie e eu nos despedimos próximo à hora do almoço, quando ela me deixou na porta do meu prédio.

Dei um beijo em sua bochecha, e depois de descer do Carro, acenei para Henri pela janela.

Quando cheguei em meu apartamento, chutei as sapatilhas para o canto da sala, e fui preparar alguma das comidas congeladas que tinha na geladeira.

Enquanto o microondas esquentava uma lasanha, guardei as poucas coisas que comprara nos armários da cozinha. Ajustei a temperatura da minha adega climatizada para que ficasse ideal para o Pinot Noir.

Me sentei na sala, dividindo minha atenção entre comer e escrever. Meu livro estava quase no fim, e ao me dar conta disso, tive uma sensação gratificante.

Até aquele momento, eu tinha alguns contos publicados. Eu gostava de escrevê-los, e eles pagavam as contas, mas eu sempre quis ver um livro com meu nome em uma livraria.

O relógio apitou indicando que se passava das cinco, e suspirei aliviada por ter aproveitado a tarde trabalhando. Me levantei ao apoiar o notebook sobre a mesinha de centro, e caminhei até o quarto. Meu celular estava jogado entre os lençóis e o agarrei para responder algumas mensagens. Sorri quando o nome de Peeta surgiu na tela, indicando uma chamada:

— Pense em um lugar divertido! - Ele disse assim que atendi, e me alegrei com sua animação.

— Eu tenho certeza que vou te decepcionar com a resposta. - Me sentei na beirada da cama ao responder. - Você não quer me contar?

— Você é encantadora, sabia? - Peeta disse divertido, e gargalhei envergonhada. - Tem um parque no centro, você quer ir?

— Um parque de diversões? - Minha voz saiu um pouco mais alta do que eu esperava, denunciando minha animação. - Com toda certeza! - Dei um pulo em direção ao meu armário, imaginando o que poderia vestir. -Vamos nos encontrar lá?

— Sim, está ótimo! Mas Katniss.. - Ele murmurou - Gale também estava querendo ir, e eu pensei que você gostaria de chamar outra pessoa para nos acompanhar.

— Agora você está se aproveitando das minhas amizades, senhor Mellark?

— Culpado... - Pude ouvir sua risada e o acompanhei. - Mas não custa tentar, certo?

— Você tem razão. - Eu disse por fim - Logo te envio uma mensagem com a reposta!

— Vou esperar ansioso. Até logo, ah! - Ele riu do outro lado - E eu estou doido para te ver, Katniss.

Sorri com suas palavras e me despedi antes de finalizar a ligação.

Abri as portas do armário ao ligar para Madge e me animei com sua recepção calorosa. Nós nos aproximamos bastante durante o último mês, o que me fez comentar diversas vezes com Peeta sobre finalmente Gale estar chamando a atenção da loira. - como se não acontecesse desde o início.

Comentei sobre o parque e me alegrei com sua resposta positiva. Podia jurar que ela estava pulando quando mencionei sobre a presença de Gale, e terminei a chamada após marcarmos onde nos encontrar.

— Ótimo. - murmurei ao enviar a mensagem para Peeta. - Agora só preciso me arrumar.

Caminhei em direção ao banheiro, e tomei um banho consideravelmente rápido, pois já estava um pouco atrasada. Me vesti confortavelmente e encarei meu reflexo no espelho ao ajeitar a franja, já pronta para sair.

~***~

— Espero que valha a pena.

— Pare de agir como se não quisesse estar aqui! - Empurrei os ombros de Madge e lhe mostrei a língua. - Não acha que já o enrolou demais, não?

— Você e Peeta que são apressados. - Ela brincou, me fazendo revirar os olhos. - Eu sei que vai ser divertido, e você tem razão. - Ela gargalhou - Foi um milagre ele não ter desistido.

— Acho que isso foi um sinal para você agir logo. - Sorri para a loira enquanto atravessávamos a rua, e então os avistei na entrada do lugar. - Pode abrir mais o sorriso, Mad.

Ela soltou uma risada nervosa. Peeta sorriu em nossa direção e aceitei seu abraço ao nos aproximarmos.

— Olá Madge. - Ele saudou a loira e cutucou Gale de leve, que logo nos cumprimentou.

Peeta beijou minha cabeça e envolvi nossos braços para caminharmos um pouco mais à frente.

— Não olhe para trás. - Eu sussurrei em seu ouvido e rimos juntos.

— Você está linda. - Peeta sussurrou de volta, e então eu parei envergonhada, agarrando o tecido de sua camisa de flanela.

Ele e afastou minha franja dos olhos, nos encaramos por um breve momento e então nos aproximamos, diminuindo o espaço entre nossos lábios.

Senti sua respiração se fundir com a minha, e fui invadida pela velha sensação de ansiedade. Quando nos beijamos, elevei levemente os pés para igualarmos nossa altura, e quando o ar nos faltou, finalizamos o beijo.

— Quer tentar adivinhar o sabor dessa vez? - Brinquei ao relembrar nosso segundo encontro, à um mês atrás.

— Eu posso experimentar novamente? - Ele sorriu travesso e tentou se aproximar, mas ouvimos nossos nomes ao longe e nos afastamos novamente.

— Ei, vocês dois! - Gale gritou mais uma vez, chamando nossa atenção para si. Ele e Madge caminhavam lado a lado, e o mesmo tinha um sorriso idiota estampado no rosto. - Não precisam correr só porque querem um pouco mais de privacidade. É só pedir.

— Engraçado como sempre. - Peeta debochou do amigo, e me diverti com a careta de Gale. - Vocês querem comer algo agora?

Nem morta eu como antes de encarar aquela montanha russa. - Madge olhou para cima, encarando toda a estrutura ao longe e acompanhei seu olhar.

— Eu prefiro ir em outros brinquedos e deixar ela para a luz do dia... - Sussurrei para que apenas Peeta ouvisse e senti o aperto de nossos braços se intensificar por um momento.

Não tinha medo de montanhas russas, mas realmente não me parecia agradável ir durante à noite.

— Eu não estou com vontade de encarar ela hoje. - Peeta se pronunciou e me senti aliviada por não ter que fazê-lo. - Podemos nos encontrar mais tarde?

— Certo. - Gale respondeu apressado e piscou o olho em nossa direção, arrancando uma risada gostosa de Peeta. - Então eu vou ter que acompanhá-la até lá...se não me engano, acabou de virar um encontro. - Ele se virou para Madge e a mesma sorriu.

— Eu aceito isso. - Ela murmurou, o deixando surpreso, e segurei a risada pela situação. - Também temos que tomar cuidado com esse casal de...Ah. - Madge nos encarou com o olhar confuso. - O que vocês são afinal?! Estão juntos?

Devia ter sido simples, mas Peeta e eu respondemos coisas completamente diferentes. Seu 'sim' foi tão rápido que minhas palavras pegaram toda atenção, pairando sobre o ar.

— Não. - eu murmurei lentamente, e me arrependi por ter o feito. - Quer dizer, mais ou menos.

— Como? - Ele sussurrou ao meu lado e me virei em sua direção.

— Não me pediu ainda. - todos sorriram com minhas palavras, mas Peeta pareceu um pouco incomodado. Realmente não era o que eu queria dizer agora, e ele pareceu perceber que a coisa do pedido era apenas um contorno da situação.

Seu silêncio me deixou preocupada, mas logo sua mão se envolveu com a minha e suspirei aliviada por isso.

Gale chamou Madge para irem até a montanha russa e soltei a mão de Peeta para abraçá-la.

— Não vá muito longe. - Brinquei com ela ao nos despedirmos e segui com Peeta até uma barraca de 'acerte o alvo'. Pensei em algo para dizer a ele, mas me surpreendi com suas palavras:

— Como está sua pontaria, Everdeen?

Suspirei aliviada novamente e resolvi entrar na brincadeira.

— Bem melhor que a sua. - Arqueei a sobrancelha, aceitando o desafio.

— Você tem certeza de que quer fazer isso? O último que tentou contra mim foi embora chorando.

— Eu vou arriscar. - Continuei firme com minhas palavras e aceitei de bom grado as bolinhas de meia oferecidas pelo proprietário.

Peeta fez o mesmo, e após pagar a pequena taxa a música se iniciou, indicando o começo do jogo.

Animais aleatórios surgiram em nosso campo de visão e tentamos acertá-los com toda a concentração possível. Peeta me empurrou com o quadril após atirarmos a primeira bolinha, e gargalhei por sua tentativa de distração, mas acertei o alvo do meio do mesmo jeito.

— Você é boa nisso. - Ele comentou. - Mas eu já tenho muitos anos de prática, querida.

— Eu estou ganhando, Peeta. - Sorri convencida de minha afirmação, e então o vi acertar o pequeno leão que apareceu no alto da pilha de animais, fazendo uma leve sirene soar pela barraca o indicando como vencedor.

— Você o que? - Ele perguntou divertido, e riu de minha expressão confusa.

— Isso foi roubo! - Eu disse.

— Claro que não. Eu apenas prestei mais atenção do que você. - Ele levantou as mãos em rendição e revirei os olhos quando ele aceitou o prêmio.

— O que acha disso? - Ele levantou a pelúcia em minha frente. Um pequeno leãozinho, realmente bonito. - Sabe que é seu, certo?

Aceitei o bichinho e o apertei entre os braços antes de lhe dar um beijo.

— Você é muito gentil, mas não fique se achando por ter ganhado!

— Se eu começar a perder agora ganho mais alguns beijos?

—Não acho que vai precisar perder pra isso.

Peeta sorriu, e eu andei até a próxima barraca, outro jogo de pontaria, dessa vez com armas de água.

— Revanche?

— Não custa nada, vai ser bom ganhar de novo - ele falou seriamente, o que só me fez gargalhar.

Bati nossos ombros, de murmurei em desacordo. Paguei a taxa para que pudéssemos jogar, e daquela vez fui eu que empurrei Peeta, e então ele fez o mesmo. No final, nenhum dos dois conseguiu fazer mais do que cinco pontos, pois passamos a maior parte do tempo tentando atrapalhar o outro. Mas aquilo fora mais divertido do que o jogo jamais poderia ser.

Peeta sugeriu que fossemos comer algo, e eu concordei, lembrando que a última coisa que comi foi aquela lasanha congelada.

A maioria das barraquinhas de comida ficavam do outro lado do parque, mas ao menos as filas eram pequenas. Avistei Gale e Madge em uma delas e fui em sua direção. Peeta disse que iria guardar uma mesa, e me deu livre arbítrio para escolher algo para que ele comesse.

Gale tinha um dos braços envoltos nos ombros de Madge, enquanto ela segurava a mão dele que pendia na lateral de seu corpo. Chamei-os, e eles se viraram sorrindo.

— Achei que iriam na montanha russa.

— E fomos - Madge falou. Gale riu, e usou a mão livre para jogar os cabelos da loira para o lado. Ela lhe lançou um olhar feio e arrumou as madeixas douradas.

— Estamos diante da única pessoa que tem fome depois de ir numa montanha-russa. E quanto a vocês? - ele olhou para Peeta, que estava sentando em uma das mesas de plástico próxima à nós.

— Testamos nossa pontaria - ri.

— Deu pra ver que você ganhou - Madge comentou, apontando para minha nova aquisição. A apertei contra meu peito, sentindo a pelúcia fazer cocegas nos meus braços desnudos.

— De certa forma, ganhei sim.

Chegou a nossa vez, e eu pedi algumas besteiras que me pareceram apetitosas. Com o pedido em mãos, fomos até a mesma na qual Peeta esperava pacientemente. Pus o milkshake de morango na sua frente, e cesta de batata-fritas entre nós. Puxei a cadeira e me sentei ao seu lado. Madge fez o mesmo, e se ajeitou próxima à Gale.

— Como foi lá? - Peeta perguntou, e olhou para a montanha-russa que podia ser vista de onde estávamos. Minha coragem de andar nela, até mesmo de dia, se dissipou ao notar isso.

— Seu amigo grita feito uma menina - Madge revirou os olhos, pegando um dos nuggets que pediu.

— Você quase partiu meu braço em dois! - Gale protestou.

— Mas eu sou menina - ela respondeu, com as sobrancelhas erguidas, como se já soubesse que tinha ganhado a argumentação.

Peeta e eu apenas nos olhamos e sorrimos.

— Eu ganhei da Katniss, e teria ganhado de novo, se ela não tivesse trapaceado.

Soltei uma exclamação, ofendida.

— Foi você que começou. Só joguei do seu jeito. E você só ganhou a primeira vez porque eu me distraí - comi uma das batatas, que queimou um pouco minha língua. Tomei um gole do meu milkshake para tentar dissipar a sensação de ardência.

— Mas eu ganhei, não foi?

Madge riu.

— Quero ver você ganhar de mim - ela desafiou.

— Se você jogar como ela - Peeta indicou com a cabeça para mim, e eu dei um tapa leve em seu braço - Vai ser fácil. Se bem, talvez perder não seja de todo ruim.

Lembrei de suas palavras uns minutos antes, e ruborizei.

Gale perguntou à Madge sobre a faculdade de veterinária, e seus olhos brilharam.

Quando ainda estávamos nos conhecendo, ela me contou que trabalhava no café para pagar as despesas da faculdade. Seus pais o faziam antes, mas quando ela se mudou para morar com uma amiga, por conta da localidade de universidade, o dinheiro começou a apertar, e ela também sempre teve essa vontade de se tornar independente.

O emprego lhe veio a calhar, com horários flexíveis, e salário satisfatório, já que os pais ainda a ajudavam. Agora, um ano mais nova que eu, com seus vinte e quatro anos, ela cursava o último ano.

Eu estava orgulhosa, pelo que ela me contara, aquele sempre foi o sonho dela, e vê-la tão próxima de alcançá-lo me deixava feliz por Madge.

Outros assuntos foram surgindo, decorrentes àquele, e falamos sobre todas de forma alegre.

Nossos lanches acabaram, e alguns minutos depois, decidimos voltar as barracas de jogos.

Eu achei que Peeta e Madge estavam brincando, mas quando escolheram um jogo no qual o objetivo era acertar o maior número de argolas nos objetos que se mexiam, eles pareceram bem dispostos a ganhar.

Madge tomou a dianteira e escolheu as argolas vermelhas, deixando as pretas para Peeta. Sorri, e torci por ela animadamente.

Peeta se virou com as sobrancelhas erguidas para mim, e eu levantei as mãos, como se não entendesse a razão. Galei, chamou pelo nome do amigo, torcendo também.

No final, Madge ganhou. Ela correu até mim, e me abraçou. Usou o bichinho que ganhou para bater em Gale e reclamar por ele não ter torcido por ela.

Peeta se aproximou de mim, com um sorriso parecido com o de uma criança depois de aprontar.

— Você estava quase ganhando - franzi as sobrancelhas - O que aconteceu?

— Tem razão, eu quase ganhei. Mas então me lembrei da promessa que um certo alguém me fez.

Uma de suas mãos segurou em minha cintura, e eu dei um passo a frente, mas minha expressão era neutra, como se eu não estivesse fazendo nada.

Pus o bichinho que ainda segurava entre nós, e olhei para cima, agindo como se aquela aproximação não tivesse causado nenhum efeito em mim, o que era totalmente mentira. Eu estava arrepiada do pés a cabeça.

— É uma pena, porque eu realmente queria outro leão.

Peeta riu, e passei minhas mãos por sua nuca, e ele se abaixou sozinho, alcançando meus lábios. Ele sorriu entre o beijo, o que só me fez derreter ainda mais em suas mãos.

Existia alguma sobre Peeta que não fosse encantadora?

Nos separamos, e ao me virar para o lado, encontrei Madge sorrindo. Ela tinha as mãos na cintura, e balançava a cabeça de um lado para o outro, negando.

Peeta coçou a cabeça, e pela primeira vez desde que o conheci o vi um pouco constrangido.

— O que vamos fazer agora? - perguntei, empurrando a perna dele com o pé.

— Bom, depois dessa vitória - Gale respondeu - acho que Madge deveria escolher.

Ele então olhou para Peeta com olhar demasiado decepcionado, me fazendo rir.

Madge sorriu, e olhou para a roda gigante.

— Você realmente tem uma queda por altura - brinquei. Ela e eu rimos de nossa piada interna, e os outros dois nos olharam sem entender.

Tinha certeza de que Madge se lembrava de poucos dias atrás, quando ela estava falando sobre as qualidades de Gale, frisando a altura. Eu ri na hora, e passei a brincar sobre isso sempre que tinha oportunidade.

Todos concordamos com a loira, e seguimos para a fila da roda gigante, que não estava tão longa assim. Eu achei estranho, já que o parque parecia bem lotado, mas não podia reclamar.

Com a ajuda de Peeta, me ajeitei no carrinho quando nossa vez chegou. A barra de ferro que deveria nos impedir de cair, se abaixou, e eu segurei nela. O brinquedo começou a se mexer, e eu ri, quando vi meus pés se afastando do chão.

Lá de cima, o vento parecia um pouco mais frio, e percebendo meu arrepio, ele tirou o casado e passou sobre meu corpo.

— Eu queria te perguntar uma coisa. - Ele disse após ajeitar o casaco sobre meus ombros, e concordei, olhando em seus olhos. - Não consigo acreditar que somos apenas amigos que se beijam. Então, o que nós somos, Katniss?

Desviei o olhar por um momento e encarei as pessoas lá em baixo, me amaldiçoado por ter discordado quando Madge perguntou mais cedo.

Sabia que ele ainda me olhava, mas estava preocupada tentando achar as palavras certas para não estragar as coisas.

Ter Peeta ao meu lado durante o último mês tinha sido fantástico, e agora mais do que nunca, começava a aceitar sua importância em minha vida. Mas eu ainda não tinha garantia de que não o magoaria ou coisa pior.

— Nós dois definitivamente somos alguma coisa. - Eu disse por fim, voltando a encará-lo. - E eu estou adorando descobrir o que essa coisa significa.

— Mas? - ele perguntou, mas não deixou de sorrir pelas minhas palavras.

— Não tem mas... - Disse apreensiva, tentando esconder um pouco mais minhas incertezas. - Eu não quero que tenha 'mas' nisso.

— Fico feliz que tenha dito isso, pois eu também não quero - ele colocou a mexa que caia sobre minha bochecha, e sua pele tocou a minha. Ela estava quente, e quase como que reconfortante. Fechei os olhos, e deixei que seus dedos trabalhassem em caricias no meu rosto.

—Peeta? - o chamei, enquanto abria meus olhos lentamente. Ele me olhou, com as sobrancelhas franzidas, demonstrando que eu tinha sua atenção - Sabe, talvez eu não estivesse brincando sobre o pedido.

Então, ele riu, e eu fiz o mesmo. Mas não era pela brincadeira, eu estava surpresa comigo mesmo. Não costumava fazer esse tipo de brincadeiras, mas aquela era uma das coisas que descobri que mais gostava, durante aquele mês que passei com ele.

Gostava de quem eu era quando estava com Peeta.

Não podia dizer que era outra pessoa desde que o conheci, pelo contrário, eu era mais eu mesma. Todos aqueles limites imaginários que impus com o passar dos anos, todas as barreiras que criei para parecer melhor para alguém, que no final, não percebeu, sumiram.

Me sentia livre para fazer brincadeiras bobas, do tipo que só fazia, raramente, com Annie. Toda minha timidez sumia a cada beijo que trocávamos, ato que cada vez parecia mais natural.

Chegamos ao topo, de onde podíamos ver todo o parque. Peguei meu celular e tirei uma foto de toda a paisagem, que parecia ainda mais perfeita com todo aquela luz noturna.

— Sinto que estou te influenciando - Peeta esticou as mãos, e eu entreguei o celular a ele.

— Da melhor maneira - respondi, feliz pelo sorriso que ele deu ao ver a foto.

Passei o braço por seu ombro, e ele entendeu o que eu queria. Estivou o braço e encontrou um ângulo que parecia bom, e no momento em que ele tirou a foto, juntei meus lábios a sua bochecha, e senti ele sorrir.

A foto não poderia ter saído melhor, constatei quando peguei o celular. Eu sai de olhos fechados, enquanto Peeta olhava de soslaio pra mim, surpreso, e um sorriso tomava conta de seu rosto. Minhas bochechas estavam enrubescidas, e minha franja, que cobria totalmente minha testa, me deu um ar mais alegre.

— Inveja dessas pessoas que conseguem tirar fotos boas até com um celular - comentei, me fingindo de brava, mas por dentro estava reluzente.

Quando descemos do brinquedo, comecei a tirar seu casaco devolve-lo, mas ele fez um gesto com a cabeça, indicando que eu poderia ficar com ele.

Nos encostamos na grade que organizava a fila enquanto esperamos por Madge e Gale. A loira olhou para mim sorrindo, e eu entendi que ela queria dizer que tinha algo para me contar. Assenti discretamente, e me virei para Peeta.

—Alguma sugestão agora?

—Mas é claro - ele sorriu - Onde já seu viu ir num parque de diversões e não visitar os carrinho bate-bate?

Todos trocamos olhares cumplices.

—Cada um por si - levantei as mãos.

—Melhor ainda - Madge falou.

Peeta e Gale sorriram.

Me desgrudei da grade, e Madge veio até mim. Tomamos a dianteira, e procuramos pelo brinquedo. Nos prostramos na fila, enquanto Gale e Peeta continuavam andando calmamente, conversando sobre alguma coisa, que, por seus sorrisos, pareceu interessante.

Ficamos alguns minutos na fila, e assim que nossa vez chegou, corremos para os carrinhos, da mesma forma que crianças faziam.

Peeta sorriu para mim ao se sentar e fiz o mesmo. Seus olhos pareciam um pouco mais atentos quando o primeiro alarme soou, e gargalhei atrapalhando sua concentração.

— Preciso me preocupar com esse seu olhar? - Eu disse controlando a risada. Ele piscou em minha direção e estreitou o sorriso.

— Tome cuidado comigo, Everdeen. - Gargalhei novamente e olhei para os lados.

Madge e Gale pareciam estar concentrados para atacar um ao outro, e me alertei ao ouvir o segundo sinal.

As crianças à minha frente saíram para o lado oposto, e me virei a tempo de colidir frente a frente com Peeta.

— Tome cuidado comigo, Mellark. - repeti suas palavras e imitei sua piscada de forma divertida, arrancando uma risada gostosa dele.

Seu carrinho se afastou em um movimento rápido, e dei partida para o lado oposto em direção ao carrinho de Madge. Não pude evitar bater em algumas pessoas durante o caminho, e fui acertada de leve antes de bater em meu alvo.

— Katniss! - Ela berrou, e ri ao me afastar.

Vi Gale acertando Peeta, e o mesmo revidar. Estava tão feliz concentrada em sua birra infantil que não percebi Madge se aproximar. Seu carrinho bateu as minhas costas e fechei levemente os olhos com o baque.

— Vingança! - Ela disse ao parar ao meu lado. Revirei os olhos e encarei os meninos novamente ao ouvi-la bufar. - Eles parecem crianças.

— Acho que a graça é essa. - Me virei para acertá-la, mas ela se afastou sorrindo.

Continuamos a brincadeira por mais alguns minutos, e assim que bati na traseira de Peeta, o alarme soou indicando o fim de nosso tempo.

Ele olhou para trás antes de se levantar, e assim que deixei o carrinho suas mãos envolveram minha cintura.

— Eu te dou cinco segundos para correr. - Ele sussurrou em meu ouvido antes de beijar minha bochecha.

— O que? - Perguntei, com as sobrancelhas erguidas e senti seu aperto intensificar quando começou a contar.

— Um... - Ele desceu para meu pescoço e ruborizei por estarmos no meio de tanta gente. - dois... - Seu aperto se desfez e senti a cintura livre, seus lábios subiram para minha orelha novamente e assim que sua voz anunciou o terceiro número, respirei fundo e corri para longe da plataforma dos carrinhos.

Sabia que ele estava fazendo isso pela batida, e mesmo achando bobo me permiti aproveitar o momento.

Corri até a barraca de doces, e parei para respirar. Não o via de onde estava e me parabenizei por ter sido esperta. Mas seus braços me agarraram por trás e gritei assustada. Ele estava rindo quando sussurrou novamente:

— Te peguei..

— Peeta, você me assustou. - Suspirei pesadamente, mas não conseguia parar de sorrir. Ele soltou minha cintura e agarrou minha mão direita, me fazendo dar uma rodadinha e parar a sua frente.

— Me desculpe, mas você abusou um pouco momentos atrás.

— A batida? - Gargalhei ao olhar em seus olhos, e ele confirmou com um sorriso travesso. - Não seja um mau perdedor.

— Agora você foi longe demais.

Ele soltou minha mão e se abaixou rapidamente. Chamei seu nome sem entender e gritei ao ser erguida no alto.

— Peeta! - Ele me deitou em seu ombro e envolveu minhas pernas.

— Fique quietinha. - Peeta gritou por causa da música alta, e rodou rapidamente, me girando no ar.

— Eu quero descer! - Deixei escapar uma risada e bati em suas costas de leve, com as duas mãos.

Ele andou por mais algumas barracas ignorando meus protestos, e me senti envergonhada com os olhares que estávamos atraindo.

— Ei campeão, que diabos é isso? - Ouvi a voz de Gale e sua gargalhada. Imaginei que Madge estivesse junto, e bufei batendo em Peeta novamente.

— É meu prêmio. - Ele brincou dando um leve pulo, o que fez minhas costelas doerem. Gritei novamente e levantei a cabeça, deixando meus cabelos caírem sobre minha face.

Os três riram mais um pouco ao fazerem algumas piadas, e acabei me acostumando com a posição, por mais desconfortável que fosse.

Levantei o olhar e encarei um grupo mais à frente. Estreitei os olhos ao reconhecer algumas pessoas e prendi a respiração ao cruzar o olhar com Cato.

Ele pareceu confuso e desviei o olhar do seu, tentando esconder o rosto.

— Peeta, por favor me ponha no chão. - Pedi da melhor forma possível e ele o fez. Me senti aliviada e respirei fundo, ignorando completamente a piada de Madge.

Ouvi a risada de todos e senti Peeta envolver minha cintura novamente. Ele se aproximou de meu ouvido para murmurar um pedido de desculpas e deixei um fraco sorriso surgir em meus lábios ao pronunciar um "tudo bem"

Olhei novamente para a frente desejando que todos tivessem ido para outro lugar, mas Cato ainda sustentava o olhar em minha direção. O mesmo que usava para julgar minhas atitudes, e uma grande angústia cresceu em mim, me fazendo pensar que estava errada.

— Nós vamos até o shopping agora, vocês querem ir também? - Ouvi a voz de Gale e foquei em seu rosto. Peeta me apertou de leve e olhei em sua direção.

— Você quer ir? - Ele estava sorrindo de forma doce, e imaginei pelo seu olhar que queria continuar ali ou fazer outra coisa. Desejei que a última opção estivesse correta.

— Acho que vocês vão se divertir mais sozinhos. - Forcei um sorriso para aliviar as coisas, e mesmo entre as leves risadas pude perceber a preocupação nos olhos de Madge.

Ela já me conhecia bem.

Suspirei e abri um sorriso maior antes de nos despedirmos e sussurrei para ela se divertir. Gale acenou mais uma vez antes de passarem pelo grande portão e me virei para Peeta novamente.

— Vamos embora?

— Você realmente quer ir? - Ele perguntou e tentou beijar minha cabeça, mas por puro reflexo causado pelo momento, desviei. - Katniss, está tudo bem?

Peeta olhou para os lados como se imaginasse que eu tinha visto algo errado. Fechei os olhos ao perceber a burrada que fiz e o abracei.

— Sim, me desculpe. - Levantei a cabeça e olhei em seus olhos sem desfazer o Abraço. - Eu só estou cansada. Não podemos ir para outro lugar?

— Tudo bem. - Ele tentou repetir o ato anterior e não me movi até receber o beijo. Ele esticou o braço em minha direção e o envolvi apressada, o arrastando para a saída do local. - Tem certeza de que está bem?

— Acho que fiquei enjoada... - menti.

— Me desculpe, foi culpa minha.

— Não precisa se desculpar, vai passar logo. Eu só vou ficar quietinha por um momento.

Ele concordou e seguimos para o seu carro - já que eu tinha pegado carona com Madge na vinda - e quando chegamos, ele abriu a porta para mim.

Murmurei um "obrigado" ao me sentar, e encostei a cabeça no vidro ao fechar a porta.

Peeta se sentou no banco do motorista e ligou o carro após se ajeitar e por o cinto. Senti que ele estava um pouco tenso e imaginei que queria ligar o rádio por suas batidas ritmadas e frequentes no volante, mas eu simplesmente não podia me mover ou dizer algo. Estava segurando as lágrimas, mas não era por ver Cato, e sim por não ter agido da forma que me limitei fazer quando nos reencontrássemos. Me senti julgada e fraca. E o pior era que estava afetando a noite com Peeta.

— Sabe para onde quer ir? - ele murmurou após alguns minutos, e neguei preguiçosamente. - Eu conheço um parque bem calmo por perto, seria perfeito se pudéssemos tirar algumas fotos por lá, mas infelizmente minha câmera está em casa.

— Podemos ir pegar se quiser. - deixei as palavras saírem pausadamente, e só percebi que cogitei ir à sua casa após terminar a frase.

Peeta sorriu e me olhou rapidamente antes de voltar a atenção para a estrada e murmurou um "tudo bem" a minha sugestão.

— Você realmente não se importa? - Perguntou após mais alguns minutos e forcei um sorriso tentando voltar o foco para nosso momento e largar meus pensamentos.

— Eu vou adorar conhecer sua casa, afinal, você já conhece a minha.

Ele riu ao virar a rua e parou em frente à um prédio simples e charmoso - na minha opinião.

Subimos alguns degraus após descermos do carro e atravessamos a entrada.

Um jovem senhor que estava na portaria, abaixou o jornal para cumprimentá-lo e sorriu de forma doce para mim. Peeta nos apresentou rapidamente e desejei boa noite antes de entrarmos no elevador.

Seu apartamento ficava no quarto andar, e segurei sua mão durante todo o percurso, mas não dissemos uma palavra sequer. Ele provavelmente estava respeitando o meu silêncio, e agradeci mentalmente por isso, mas não queria estragar o momento, então apertei sua mão contra a minha e abri o melhor sorriso que podia.

— Espero que tudo esteja no lugar. - Ele riu de minhas palavras e viramos o corredor. - Você parece bagunceiro.

— Sério? - Peeta riu novamente e retirou a chave do bolso ao pararmos em frente à sua porta. - Eu posso me ofender com isso, sabia?

— Estou errada?

— Completamente! Mas vai poder ver com os próprios olhos. - Ele virou a chave e abriu a porta lentamente. Fui guiada por ele para dentro do apartamento e soltei sua mão para deixá-lo fechar a porta.

Sorri ao encarar o lugar e fixei o olhar nas paredes. Havia uma grande quantidade de pinturas e imagens, e pelo estilo imaginei que todas eram de Peeta.

— São seus? - Perguntei ao indicar as pinturas e ele concordou, sorrindo timidamente. - Então esse é o 'mais' que iria descobrir sobre o seu trabalho? - Sorri - Eu adorei, Peeta! São incríveis.

— Talvez você queira vê-los melhor. - ele disse, me influenciando a andar pelo lugar.

Ele tinha um gosto por simplicidade, e o admirei por isso. Deslizei os dedos pelo estofado escuro do sofá e parei em frente ao maior quadro da sala.

Era uma pintura abstrata, mas tinha o seu charme. Me parecia completamente única e seus traços eram encantadores.

— Eu vou buscar a câmera, tudo bem? - Ele disse sorridente e sumiu no pequeno corredor.

Me sentei confortavelmente no sofá e fechei os olhos.

Não podia deixar aquilo ficar na minha cabeça, mas infelizmente não conseguia parar de pensar em seu olhar. Não conseguia entender o que significava, e talvez nem quisesse. Apenas precisava encontrar a resposta para o seu significado, pois o aperto que senti naquela hora foi longe do que imaginava antes, e talvez isso fosse realmente positivo.

Estava mais relaxada quando Peeta retornou e me sentia bem por isso. Ele balançou a câmera Polaroid em minha direção, e abri um sorriso lhe dando permissão.

Ele bateu a foto e se jogou ao meu lado enquanto a mesma era revelada. Agarrei a imagem antes dele e esperei um momento para vê-la melhor.

— Não ficou tão ruim assim. - Comentei - Essa você pode guardar.

— Você está linda, Katniss. - Ele aceitou a foto e a encarou rapidamente antes de voltar o olhar para mim. - Ainda mais com essa camisa.

Olhei para meu colo e percebi que as mangas estavam cobrindo completamente minhas mãos. As puxei para cima e sorri para ele.

— Você pode ter razão. Até porque eu adorei ela. - Ajeitei as mangas novamente e olhei em volta mais uma vez. - Eu adorei sua sala.

— O que acha de conhecer outros lugares? - Ele se levantou, e ergui as sobrancelhas quando sua mão agarrou a minha. - Adoraria te mostrar a cozinha. - Ele riu - Estou com sede.

Gargalhei ao me levantar e o segui para o próximo cômodo. Seu apartamento era maior que o meu, e me surpreendi quando vi sua cozinha. Os móveis eram escuros e tudo ali trazia um ar simples e artístico.

— Aceita alguma coisa? - Peeta abriu a geladeira e me escorei na bancada de mármore. - Tenho o seu preferido. - ele levantou a jarra com chá e abri um sorriso em sua direção.

— Algum motivo especial para tê-lo?

— Além de me lembrar você? - Senti as bochechas esquentarem com suas palavras e desviei o olhar do seu. Um pequeno baque soou pela cozinha e identifiquei o barulho dos copos batendo na bancada.

Peeta nos serviu e guardou a jarra novamente antes de se apoiar ao meu lado. Não nos incomodamos em ficar de pé, então ignoramos as banquetas e nos aproximamos o máximo que pode. Envolvi seu braço com a mão livre e agarrei o copo com entusiasmo.

— Tem algo além, certo? - Sorri com minha afirmação e o vi beber um longo gole do chá gelado. Seus olhos correram por mim de forma divertida e ele apoiou o copo na bancada novamente:

— Ele também é o meu favorito.

Coloquei o meu copo na bancada, ao lado do seu. Movi os lábios de um lado para o outro, e me virei para Peeta.

—Se lembra de Annie, não é? - perguntei. Ele assentiu levemente, e gesticulou para que eu continuasse - Bom, Henri vai completar um ano semana que vem, e ela está organizando uma pequena festa...

Suspirei fundo, tentando descobrir a fonte do todo aquele nervosismo.

Annie era uma pessoa importante para mim, e apresentá-la a Peeta parecia algo grande. Ambos representavam partes da minha vida das quais eu mais gostava, e eu adoraria vê-los se dando bem.

Peeta se inclinou, encostando os lábios rapidamente nos meus, e eu relaxei.

—Eu adoraria ir com você.

—Combinado então- sorri, e o beijei mais uma vez.

Após o chá, caminhamos novamente para a sala, e nos sentamos confortavelmente após me ajeitar em seus braços. Peeta acariciou meus cabelos e fechei os olhos por um momento, aproveitando a sensação.

— Ainda vamos ao parque? - Ele sussurrou em meu ouvido e resmunguei em resposta. Tinha esquecido disso, mas queria sim ir até lá.

— Está tão gostoso. - murmurei, e em seguida ouvi a sua risada. - Podemos ir daqui a alguns minutos?

Ele beijou minha cabeça e entendi como um sim. Abri os olhos e me sentei, desfazendo nosso abraço. Peeta pareceu confuso por um momento e então pedi para que fechasse os olhos.

— Você não vai me roubar e fugir, vai? - Segurei a risada ao me inclinar em direção à polaroid que estava sobre a mesa de centro.

— Claro que não, seu bobo!

— Como eu posso saber? A porta está trancada, mas mesmo.. - Me inclinei em sua direção e lhe roubei um beijo, não o deixando terminar. - Outro? - Ele perguntou quando me afastei, e dessa vez sorri alegremente.

Seus olhos ainda estavam fechados e seus lábios se prepararam para receber os meus. Levantei a câmera que estava em minhas mãos e o fotografei. Seus olhos se abriram em espanto e gargalhei ao agarrar a foto.

—Acho justo que também tenha algumas fotos suas.

Ele riu, e deu uma breve olhada na foto. Não o deixei pegá-la por precaução. Iria guardá-la com toda certeza.

— Você não precisa dela, sabe que vai ver isso sempre que quiser.

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