A luz da lua que entrava pela janela era um feixe único contornando os traços delicados da Venus deitada na cama. Ela estava de bruços, a respiração profunda, o corpo completamente relaxado entre a confusão de lençóis brancos feitos pelos dois, horas antes. Kunzite estava de pé, velando o sono da venusiana. Olhando assim, ela tão serena, ele era quase incapaz de pensar que Venus era uma criatura perigosa e poderosa.

O general deu um sorriso silencioso quando, no chão, avistou o vestido amarelo, sandálias e a espada sagrada descartados por todos os lados, visivelmente largados de qualquer jeito graças a um desejo mútuo de estarem juntos.

Kunzite caminhou até o lado que ela ocupava da cama e acariciou a franja da amada suavemente, ela suspirou, mas estava muito longe de acordar. Para o shitennou, era engraçado pensar que ela, tão suave daquele jeito, fosse tão igual a si.

De alguma forma, eles se entendiam. Líderes, tutores, guerreiros lendários destinados a servir seus mestres pela eternidade, impedidos de amar livremente, de viver uma vida normal e reinar em suas casas. Alguns diriam que era como encontrar a sua metade, as partes que se completassem. Não era dessa forma que ele via as coisas, para ele, Venus era o seu igual.

Estalou um beijo na ponta do nariz da deusa, que despertou e lhe sorriu preguiçosa.

– Você deve ir, milady, há muitas responsabilidades lá fora – acariciou as bochechas da loira com as pontas dos dedos.

– Eu sei, minhas responsabilidades e as suas também - levantou e espreguiçou o corpo por um longo minuto antes de se levantar e começar a recolher as vestes do chão.

– Volto a vê-la amanhã? – Abraçou a cintura da mulher por trás, falando com os lábios contra o seu pescoço.

– Amanhã eu não posso, conferência em Urano – ela passou os dedos pelos cabelos dele.

– Entendo – esticou o corpo para girá-la para si e roubar um beijo antes que ela fosse. - Vou aguardar o dia em que poderá voltar.

– Aguardarei notícias de que posso vir – um selinho foi deixado nos lábios do amante antes dela desaparecer em um fino feixe de luz dourada.

Kunzite sorriu. Era sempre assim: as responsabilidades acima de tudo, sem brigas, sem jogos e com toda e total compreensão. Mais uma vez ocorreu-lhe o mesmo pensamento: eram iguais, clones de alma.