Equinócio de Primavera escrita por VenusHalation


Capítulo 6
Condição


Notas iniciais do capítulo

Tema 6: Bêbados



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Orbes azuis e cinzas se encaravam com intensidade, entre eles, apenas uma garrafa de líquido transparente, quase no fim. Balançaram a cabeça em afirmação, virando os copos – pequenas doses, na verdade – na boca de uma vez.

Sailor Venus apertou os olhos lacrimejantes, Kunzite tossiu quando sentiu o álcool queimar a garganta e a essência poderosa subir pelo nariz, era a sexta dose da bebida que tomavam juntos.

– Você não vai vencer essa, seu imbecil – a língua dela já estava tão solta que ela não se importava com títulos ou como diria qualquer coisa a ele.

– Imbecil? Não sou eu quem está de birra aqui – Ele puxou a garrafa, enchendo o copo dele novamente e apontando para o dela. – Aguenta?

– Birra? Eu não estou de birra! Enche logo esse troço, – empurrou o objeto, notando uma certa dificuldade dele em colocar o líquido com precisão – eu posso beber o dia inteiro!

– Claro, estou vendo... – Revirou os olhos com sarcasmo e elevou a dose – um brinde a sua teimosia em me aceitar, Minako!

– Um brinde ao seu caráter duvidoso, Kyle! – Virou o copo com certa selvageria, deixando um pouco da vodka escorrer pelo queixo.

Tudo havia começado na segunda-feira: dia comum de treino para as senshis em Tóquio de Cristal, ensinar as novas scouts, observar a pequena dama, nada demais além do protocolo ou, pelo menos, Minako pensava dessa forma até ser chamada por Mamoru a sala do trono. Certo, o incomum já começava aí: ser chamada por Mamoru; Mas não só isso era estranho, estranho mesmo foi encontrar um general shitennou vivo, não um shitennou qualquer, era ele. Kunzite – ou Kyle, seu nome de civil nessa vida – estava ao lado do trono do rei sendo apresentado a ela por uma Usagi sorridente, com o olhar cheio de esperança e a fala "Eu achei que o Mamo-chan estava muito sozinho".

Desde então, ela tinha sido obrigada a conviver com ele por metade do dia e embora ele não tivesse tentado nada, nem uma conversa além do que ele precisava saber sobre os regimentos do reino, só a presença dele irritava a sailor do amor profundamente. Tudo só piorou quando Mamoru disse que eles deveriam trabalhar juntos, foi aí que ela explodiu, pegou a maldita – sim, maldita – garrafa de vodka colocou sobre a mesa da sala de guerra e esperou que ele chegasse. Iriam resolver de uma forma limpa e justa se ele ficava ou não: bêbados. Afinal, na lógica indubitável de Minako, o álcool seria a melhor solução e, quem ficasse de pé até o fim, teria sua condição atendida.

Quando ela propôs isso a ele, Kyle achou que fosse uma piada, mas ela não riu. Então, ele preferiu ceder e pensou que poderia ser divertido, ele se lembrava do quão solta ela ficava em vidas passadas, a oportunidade de falar algo talvez estivesse ali: com ela completamente à vontade.

– Estamos com a garrafa quase no fim, você quer mesmo levar isso até o fim? – Kunzite apontou para os dois dedos de vodka dentro da garrafa.

– Claro, vamos deixar para lá quando a merda já está feita, não é? Desistir de tudo quando está quase acabando, você é mestre em desistir! – Ela apontava o dedo acusadora na direção do shitennou e agarrou a garrafa, encostando o bico nos lábios.

– Minako... – Sentiu tontura ao levantar, mas conseguiu ser ágil o suficiente para tirar a garrafa dela.

– Ora, Kunzite, vamos lá! Me deixe terminar tudo sozinha, não seria a primeira vez! – Se houvesse veneno na boca dela, com certeza estaria escorrendo como a vodka fizeram há uma dose atrás.

– Qual é o seu problema? – Kunzite soltou a garrafa na mesa e, sem pensar duas vezes, abaixou-se até ela, segurando os braços da cadeira que ela estava sentada. – Eu não me aproximei, eu não fiz nada, durante a semana toda eu tentei respeitar o seu espaço e você está me atacando verbalmente como se eu fosse um monstro!

– Então, – pausou a fala, pelo simples fato de notar que ele estava perigosamente perto - por que você o fez?

– Porque eu sabia que se eu fizesse, eu ouviria você gritar comigo – mordeu o lábio inferior – e, no fundo, era o que tudo o que eu precisava ouvir. Sei que pedir desculpas não muda nada, mas acredite em mim: eu não fiz nada daquilo consciente.

– Como posso acreditar em você uma terceira vez? – Abaixou a cabeça, ele estava perto demais.

– Você me matou nas outras duas, poderia matar de novo e não o fez – por instinto, levantou a cabeça dela por um suave toque no queixo. – Eu sei que algo aí dentro não fez isso porque me quer por perto, então, deixe sair.

Ficaram em um silêncio mortal tentando absorver as palavras. Foi como se tudo o que foi dito jorrasse como uma cachoeira lavando a alma. Mesmo com todo o peso do álcool sobre a cabeça, ambos se sentiram tão leves quanto plumas.

– O álcool te deixa muito convencido – pensou que odiava quando ele era tão lógico e fatalmente certo.

– Realista – acariciou de leve uma das bochechas dela. – Não vou fazer nada que você não queira.

– Por favor, cale a boca antes que eu mude de ideia – sussurrou, elevando a cabeça, deixando os lábios quase encontrarem os dele.

Minako cedeu quando os dedos dele envolveram sua nuca e a puxaram para um beijo urgente, poderia colocar a culpa na quantidade de vodka ingerida depois. O hálito deles poderia ser, facilmente, confundido com o cheiro de uma destilaria, mas nada importava. Ela puxou a camisa dele com força, pela insistente abertura que ele usava, e pode ter certeza – mesmo longe da sua melhor capacidade mental – que ouviu botões baterem contra o chão e alguns móveis ali perto. Ele, por sua vez, fez questão de erguer o corpo dela e coloca-la em um lugar que para ambos fosse mais confortável: a mesa.

Tudo era uma confusão de beijos e toques nada contidos, fosse culpa do álcool ou qualquer outra coisa, não era de interesse nenhum dos dois parar ali. Quando terminaram, o cheiro de álcool era forte no ar e, graças ao suor, boa parte da tontura já havia passado. Kyle puxou o corpo dela de volta para o seu, e beijou-lhe a cabeça, ambos ainda estavam ofegante. Apertada contra a pele morena do shitennou, Minako olhou para o chão.

– Acho que terminamos juntos, dessa vez – a voz dela estava rouca.

– Mas isso nós quase sempre...

– Não isso! – Interrompeu, se afastando e apontando para a garrafa quebrada e para a mancha deixada pela vodka quase que completamente evaporada do chão – isso!

– Quer dizer que poderemos trabalhar juntos?

– Não mesmo! – Seu tom era brincalhão, quase como ele se lembrava de ser anteriormente – Terá de me provar dignidade muitas outras vezes e meus olhos não vão sair de cima de você!

– Terei o maior prazer em prová-la se for desse jeito – estalou um selinho nada tímido nos lábios da loira.

– Sua língua fica muito solta quando você está bêbado – passou o dedo indicador no nariz dele, brincalhona.

– Você não imagina o quanto... – deu o típico sorriso lateral, reservado a pouquíssimos momentos, que ela não via há, literalmente, séculos.


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Notas finais do capítulo

Essa fic foi uma das poucas que eu já tinha um plot. Não exatamente assim, mas foi o que saiu conforme os dedos foram indo pelo teclado xD
Tentei fazer algo mais leve, mais desprocupado, sem todo o climão de "Ah, seu traidor! Vou te odiar pra sempre!"

Mas é como dizem por aí: O álcool entra, a verdade sai!
E não, não vou detalhar o ato, não consigo, imaginem o quiserem aí!
Eu disse que ontem ia justificar o atraso das fics e esqueci, então: tava impossível, mesmo, olhar pra qualquer fonte de luz nos últimos 4 dias... Enxaqueca do demo, fora que fui conhecer a família do meu namorado. Sim, estou namorando de novo, só não tornei público ainda pq... Sei lá pq!
Fun facts:
Eu estava muito bêbada quando beijei ele pela primeira vez;
Quando ele foi me pedir em namoro, quem ficou bêbado foi ele pq ele estava NEUVOSOR. (Ninguém quer saber disso, mas casou com o tema e talz... :v)



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