Foi tarde demais para recuperar as memórias. Apenas um segundo, um mínimo segundo de reconhecimento e a troca de olhares, o alívio substituído rapidamente pela sensação de estar desnorteada e tonta, tão confusa que se parecia que ela havia sido sugada por um aspirador de pó.

Depois de tudo era fácil estar na frente de todos sorrindo. Era fácil encontrar as pessoas que faziam diferença e mostrar o mesmo riso fácil, a mesma voz despreocupada. O problema, mesmo, era estar só. Sempre que Minako ficava sozinha, aquela cena se repetia cada vez que ela fechava os olhos: tudo tão rápido.

Ela não queria ser dramática, ela não era importante, haviam outras prioridades, ela era uma senshi, a líder delas, e tinha que se manter forte. O problema é que era inevitável estar só e não sentir o nó na garganta, a respiração difícil. Não era possível conter o choro desesperado, – ao mesmo tempo que rogava pelo silêncio, quando queria gritar, seus pais não podiam ouvir – as lágrimas correndo como uma cachoeira, o ranho sendo limpo com os braços, a cabeça doendo constantemente pelas noites mal dormidas e o incomodo ao pensar em todas as coisas que lembrariam dele.

Era até engraçado pensar que poderia lembrar, eles não haviam ao menos se tocado nessa vida, mas na anterior ela podia dizer que sim. O que doía mais era poder lembrar-se com clareza de cada vez mais coisas, tudo tão nítido, quase palpável. Eles poderiam ter tido uma chance justa dessa vez, mas o destino era um sádico pregador peças.

Minako fechou a porta do quarto e verificou cada lugar do cômodo, Artemis não estava lá. Ela abriu a gaveta do quarto, mais um comprimido, outro analgésico. Não era exatamente a cura, mas tornava mais fácil o sorriso e das palavras jogadas como se não fossem nada, "Estou bem", ela dizia sempre.

A cama afundou assim que Minako se jogou sem ao menos trocar o uniforme escolar, mais uma vez o vazio, o sentimento de perda sem reparação. Ela o havia perdido pela segunda vez e Kunzite não estaria lá, nunca.