Meu Psicopata de Estimação escrita por Felipe Araújo


Capítulo 10
A máscara de Ferro


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos, venho com mais um capítulo. Espero que gostem e saibam que estou muito feliz com todos os comentários.

Mas ainda mais feliz por receber minha primeira RECOMENDAÇÃO! OBRIGADOOOOOOO DARKY. Você alegrou minha vida auhsuahs

BOA LEITURA



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645041/chapter/10

A plateia do holocausto parece vangloriar o ato desumano que acabara de acontecer. Ester amarrada pendura o corpo para frente, completamente suja e despenteada. Coberta de suco podre de tomate, com dores no corpo, principalmente com dores em sua alma. A jovem sente mais incomodo com a risada irônica de Samantha ao seu lado, que a atiça. Pela terrível situação a doce e ingênua Ester desaparecera, e em seu lugar surge o lado sádico e decidido, não pensa em mais nada. Sua visão está escura, o ambiente roda de um lado a outro, o som das pessoas saem tremidos e tudo parece ficar em câmera lenta.

— O que disse? Já estamos mortos? — Sam murmura fora do microfone, mas Ester mantêm cabeça baixa e não responde.

**

Do lado de fora Anne insiste em procurar Lucas, para avisá-lo de Ester e da brincadeira que ajudou organizar. Mas sem sucesso, Lucas sumira no meio do povo. Anne não sabe que ele foi preso dentro do barraco de ferragens. Isso faz ela pensar que o garoto desistiu e voltou para casa. Entretanto o destino ajuda e quando Anne passa pelo barraco, escuta batidas na porta trancada. Se aproxima devagar, olha para os dois lados e não vê ninguém, todos da festa estão assistindo o show de Samantha, alguma coisa diz para ela que Lucas fora preso para não atrapalhar.

Corre até a porta e antes mesmo de chegar escuta a voz do rapaz, gritando por ajuda. Anne leva sua mão até as correntes geladas e não vê modo de abrir. Vocifera para Lucas se acalmar.

— Lucas sou eu Anne.

— Anne? Que brincadeira é essa, por que Vitor e George me trancaram aqui?

— É uma longa história, vou te tirar dai espera um pouco, essas correntes estão enferrujadas se eu forçar vão quebrar. — A garota procura por alguma coisa que sirva para arrombar a corrente. Em meio a grama molhada pela garoa, ela avista um pedaço de ferro. Rapidamente encaixa o ferro na corrente e impulsa todo seu peso para baixo, sem sucesso.

— E então Anne, conseguiu?

— Não, vou tentar de novo. — Com mais algumas tentativas a corrente estoura e a porta abre. Lucas não entende o motivo de tudo aquilo, e fica mais surpreso por ver Anne sem fantasia com roupas simplórias.

— O que está acontecendo? — Anne respira e conta tudo.

— Corra Lucas, meus amigos, quer dizer, todos nós...

— O que foi? Onde está Ester?

— Amarramos Ester no palco e ridicularizamos ela na frente de toda a cidade. — Lucas arregala os olhos, sua única reação e sair dali e encontrar sua camponesa.

Partindo sobre as pessoas soadas e risonhas, Lucas bufa em desespero. Parecia bom de mais para ser verdade, pensa como não desconfiou da intenção dos “amigos”. — Só queriam humilhar Ester – pensou alto. A pista de dança nunca fora tão cheia, o rapaz largou a barba e o chapéu de pirata e espremido tenta chegar até o palco. Em relances vê Samantha fazendo discurso, avista um tronco no meio do palco, não consegue ver direto, pois sempre entram em sua frente. Quando chega perto Sam grita no microfone e uma luz é jogada sobre Lucas que para no meio das pessoas fantasiadas.

— Chegou tarde Lucas, o espetáculo acabou!

— O que fizeram? Onde ela está? — Ele teve visão ampla do palco, mas Ester não estava mais lá, apenas um mar de tomates podres.

— Ela foi embora, saiu correndo e não quis esperar por você, que peninha! — Samantha gargalha enquanto fala, Lucas da de ombros e corre para fora da fábrica em meio a risadas e deboches. Antes de entrar no carro Anne vai na direção de Lucas, vocifera palavras de arrependimento.

— Lucas me desculpe!

— Você sabia e ajudou eles, o que tem de errado com vocês?

— Era para ser uma brincadeira...

— Humilharam a Ester, vocês disseram que a vida dela foi conturbada pela morte brutal da família, se ela é assim fechada para o mundo, eu tenho certeza que tem uma razão. E digo mais, admiro Ester por se isolar dessa cidade. — Lucas entra no carro e canta pneu dando partida e sumindo, deixando Anne plantada sem direito de resposta.

****

Sobre o escuro da noite e o frio da garoa, Ester corre descalça e toda suja pelas folhas secas da floresta. Não chora, não sente nada, apenas segue para sua casa. Nada passa pela sua cabeça, exceto uma coisa: acabar com todos que participaram do que acabara de viver. Pela grade de trás de sua casa Ester pula, desajeitada e dolorida pelos tomates que acertaram seu corpo. O desespero surge e não aguenta, assim que pisa na cozinha, desaba em lágrimas. Berra, chega a se contorcer caída no chão desolada com tudo que aconteceu. Sofre por saber que ninguém gosta dela e que Lucas fora apenas uma imaginação desenha em sua mente, saber que Edgar tinha razão e que todos só querem destruir ainda mais sua vida, faz seu coração diminuir.

Se recompondo ela levanta do chão, com o vestido rasgado pelas mãos de Vitor e George ela cambaleia, tranca a porta que entrou de chave e vai até o porão. Desce os degraus de cimento, seus pés vermelhos pelo barro da floresta, sua maquiagem destruída pelas lágrimas e fedendo pelo podre suco, a garota chora e chama a atenção de Edgar. Ao abrir a porta escondida de onde Edgar repousa Ester da de cara com o irmão, que segura os dois braços da garota e a joga em seu peito em um abraço.

— Eles me maltrataram Ed, me destruíram...

— Eu avisei, sou apenas eu, só eu que amo você.

— Me desculpe por tudo, agora somos só nós dois de novo. — Edgar leva os lábios até os de Ester e delicadamente a beija. Ester pula e cai sobre os braços de seu irmão que a carrega e segue subindo os degraus, continuam até um banheiro ao lado da sala de estar. Edgar coloca a irmã sentada na banheira de porcelana e liga o chuveiro, Ester recebe aquela água quente sobre seu corpo.

Edgar tira suavemente o vestido de Ester e joga para fora da banheira. Faz o mesmo com ele e retira suas roupas ficando nu. Com cuidado entra na banheira e ambos compartilham a quentura da água, Ester joga sua cabeça no ombro de Ed e chora, os olhos do homem passam de preocupados para olhos de um demônio, ele respira alto como se fosse um touro raivoso pronto para chifrar. Acaricia o cabelo dela, sente o que ela sente. Toca o rosto da garota e mais uma vez os dois selam o momento com um beijo mais carnal.

— Nós dois nascemos do mesmo útero, não existe ligação mais forte que essa, não existe um amor mais forte que esse.

— Me desculpe Ed...

— Não tem como duas pessoas se amarem tanto como nós dois.

— Me desculpe Ed...

— Vamos passar por isso e ficarmos juntos para sempre. — Ester joga as duas pernas sobre as pernas de Edgar e se abraçam.

— Eu quero que faça uma coisa para mim.

— Tudo que você quiser.

— Eu quero que você mate todos eles. — Edgar sorri e fala sussurrado.

— Posso começar com o vizinho? — Ester compartilha do mesmo sorriso do irmão.

— Não, ele eu tenho planos mais divertidos. Ele deixe que eu mesma cuido. — Assim que termina de falar os dois escutam Lucas gritando por Ester do lado de fora. Edgar salta da banheira, mas ela puxa ele de volta.

— Esse desgraçado...

— Calma, tranquei tudo, não tem como ele entrar. Vamos ficar calmos, pois essa noite você vai começar minha vingança. Meu psicopata de Estimação.

— Não gosto que me chame assim. — A garota pula por cima do corpo de seu irmão e sorri dizendo baixinho.

— Eu te amo.

**

Na casa ao lado, Lucas entra furioso e molhado com a chuva que caia. Clara e Patrick se assustam com a atitude do rapaz que se joga no sofá da sala angustiado. Lusia corre da cozinha e vai ver o que é o barulho, e todos o encaram assustados com o que veem.

— Meu filho o que aconteceu? Já voltou da festa, ainda são dez horas. — Clara exclama e Patrick ironiza.

— Parece que essa cidade é tão morta quanto as festas dela.

— Cala a boca idiota.

— O que aconteceu? Nos diga estou preocupada.

— Ester foi humilhada na festa agora não sei onde ela tá. — Lusia arregala os olhos quando ouve o nome da vizinha, sem explicação volta para onde estava assustada. Lucas repara na atitude da mulher e estranha. Clara continua falando.

— Que coisa horrível, aposto que ela está bem.

— Não, ela não tá bem. — O rapaz levanta e vai até a cozinha, — vou tomar um copo de água. — Lucas encontra Lusia com as duas mãos sobre a mesa e de cabeça baixa, parece extremamente preocupada então ele pergunta aflito

— O que foi Lusia?

— Menino, vocês não deviam ter feito nada com Ester, não deviam.

— Porquê? — A senhora dá de costas e sai da cozinha, deixando Lucas ainda mais confuso.

***

Cinco fotos imprimidas, cinco rostos marcados. O capuz preto sobre o corpo, as luvas da mesma cor vestidas. Um olhar tenebroso. Edgar está pronto para destruir o que atormenta sua amada irmãzinha. Antes de sair Ester estende a mão para seu irmão e lhe entrega uma máscara, a máscara de ferro da armadura de sua sala. Edgar coloca em sua face cobrindo seu olhar destrutivo, mas não diminuindo sua vontade de sanguinolência. Sem trocar palavras os dois se separam, Edgar para a fábrica e Ester para a casa de Lucas. Assim ninguém poderá culpá-la por nada, já que na hora dos acontecimentos ela estará na casa do vizinho.

O monstro de preto e com cara de caveira parte em direção a verdadeira brincadeira. O show está para começar.

***

A festa ainda rola solta. George é cobiçado por muitas garotas, cansado de dançar, já bêbado e fora de si, senta em um banco alto e escora no balcão pedindo mais um copo de Whisky. Bebe em apenas um gole. Vitor interrompe o amigo agarrado a uma menina. Parece tão bêbado quanto seu amigo que ri intensamente quando vê com quem ele está.

— Caralho você tá pegando a boca de galo? — Ele olha fixamente para a menina e olha para George, exclama alto para a ela em seus braços.

— Sua vadia, antes de você me pagar uma me disse que não tinha apelido. Por isso achei fácil de mais enfiar meu pau na sua boca.

— Você é um otário mesmo, me solta. — Ela larga de Vitor e sai nervosa para o meio do povo. George e ele dão altas gargalhadas.

— Já peguei duas, e você?

— Nenhuma Vitor.

— Nenhuma? Cara, vou pagar mais uma bebida pra você.

— E quem disse que eu preciso pagar alguma coisa, idiota, sou o dono da festa.

— Eu to brincando, disse isso para me pagar uma drink. – George revira os olhos e muda o foco quando recebe uma mensagem no celular. Ele abre a mensagem.

“Te espero atrás da fábrica, estou nua e com vontade de transar.” — Desconhecido.

— O que foi George?

— Bom tirando que recebi um sms não sendo cobrança da operadora, me dei bem. — Ele da de ombros para Vitor que fica pensativo olhando o amigo sumir no meio da pista.

— Quem recebe sms em pleno 2015? Que coisa estranha.

George chega no local onde supostamente uma garota nua espera por ele. Mas não encontra nada, apenas a chuva que vai violenta. Corre para não se molhar, observa atento todo o local coberto apenas por uma telha. Caixas de madeira, e entulhos se espremem diante da floresta escura em sua frente, o fundo da fábrica dava de encontro aos altos pinheiros. George torce o nariz e meio tonto da de ombros para o breu, mas volta quando escuta barulho vindo do incerto. Espreme os olhos e diante dele enxerga a figura de um homem parado na forte água vinda do céu mais escuro que sua vestimenta. O rapaz balança a cabeça e grita para a figura.

— Sem chance, não curto homem! — Ironiza, e cambaleia para frente, o homem de preto dá mais um passo e George agora pode ver que o desconhecido veste uma máscara estranha de ferro que reluz no meio do opaco lugar. — Cara, não é melhor entrar? Está chovendo, e acho que a garota nua não tá aqui!

O dono da festa ignora o misterioso mascarado e tenta voltar para dentro, mas é surpreendido quando dá de ombros por um toque de mão em seu ombro. O homem segura George com força, o rapaz revida e se solta indo para trás convencido indaga.

— O que foi? Quer brigar seu filho da puta? – antes de ele tentar algo o homem saca um facão de dentro do capuz molhado e tenta acertar George que desvia por pouco. — O que é isso?

Um confronto é seguido por golpes de facão, George tenta desviar segurando firme a arma branca, mas por estar bêbado não evita. Edgar grava o facão no ombro do rapaz, que cai no exato momento. A chuva molha o corpo de George que grita de dor. Seu sangue se mistura ao barro, o enorme corte é estendido do seu ombro até seu peito. Ele não consegue levantar, arrastando-se pela chuva ele tenta pedir ajuda. Mas a música alta abafa os berros de dor. Edgar se movimenta lentamente, enquanto o ferido com todas as forças restante se levanta. Inútil.

— Nã-o-o... — Edgar enfia o facão pelas costas de George, fazendo a lâmina atravessar e sair em seu estômago, repete a façanha mais vezes deixando o corpo do rapaz mutilado. O líquido viscoso é jorrado ao chão, levado pela água, enquanto o último suspiro do garoto se vai.

Não satisfeito o encapuzado vai até a caixa de energia localizado há alguns metros do local, abre e desliga todos os disjuntores. Transformando a festa em um local de trevas, todos os aparelhos de som, iluminação e refletores apagados. Apenas o que houvesse é o gritar e as vais de todos dentro da fábrica. Sem esperar o assassino agarra a perna de George já sem vida e arrasta para dentro do escuro.

**

— Porquê do escuro Érica? - Sam pergunta iluminando onde estava com o celular.

— Não sei amiga, acho que acabou a energia. Não, espera, tem uma caixa de disjuntores lá fora.

— Vitor, poderia fazer a gentileza de ir dar uma olhada?

— Sam você não percebeu que não manda em nada? - Ele retruca, mas Érica tentando enxergar no escuro afirma.

—Se não resolvemos vão quebrar todo o lugar, escutem a gritaria e as vaias. - Vitor não gostando da ideia vai até os fundos para ligar a luz.

Anda devagar e com cuidado, esbarrando sempre em alguém, a única coisa que ilumina seus passos é a lanterna do celular. Chega depois de algum tempo até os fundos. Quase escorrega ao pisar no solo do lado de fora, mas ignora e volta ao quadro de luzes. Abre reclamando de Sam ser tão mandona, e depara-se com todas as alavancas abaixadas.

— Desgraçado, algum bêbado desligou. — Liga novamente, fazendo assim tudo se iluminar. Da de ombros ao fechar o quadro e ao pisar quase escorrega de novo, - que porra, tá molha...

Vitor arregala os olhos, pois o que está deixando o piso escorregadio é um caminho longo e grande de sangue espalhado por todos os lados. Gritos são escutados, tirando a atenção do Alemão, que corre desviando do sangue, atropela todos até chegar em suas amigas que gritam e choram desesperadas. Sem entender ele olha para frente em direção ao palco e o que vê o faz tremer.

George está amarrado no tronco onde Ester fora humilhada. Seus braços estão para cima amarrados com a mesma corda da brincadeira. Sangue cai de sua cabeça, sua barriga fora aberta e seu intestino, entranhas, tripas espalhados decorando o palco. Os olhos dele fixos para cima e sua boca aberta eternizaram seu sofrimento. Ester neste momento é esquecida por todos que a humilharam e os mesmos rostos que sorriam com sua dor, choram pela mutilação, morte e pelo desespero. O verdadeiro show começa


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora que leram, aquele lindo review