My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 15
The Chelsea Hotel


Notas iniciais do capítulo

boa leitura.



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Las Vegas – Nevada nove anos atrás

Jim

Subo apressado as escadas do pequeno Hotel onde Sid está morando com a sua garota. Preciso dele hoje pra fecharmos negócio com uns caras. Mas Sid anda muito filho da puta ultimamente. Acha que porque sou seu amigo não pegarei no pé dele.

Bato na porta com o punho fechado. Nenhum som. Bato de novo com mais força. Passo o peso de uma perna pra outra e o chamo:

— Qual é Sid? Abre essa porta!

Nada...

Escuto uma porta abrir atrás de mim. Uma senhora de aparência cansada me encara.

— Ele não sai daí a mais ou menos três dias – dizia a senhora – Mas ele está aí, tenho certeza. Ouviu heavy metal a manhã toda.

Franzi o cenho.

— E a garota que mora com ele? – indaguei.

— Não a vejo há três dias ou mais – ela dá uma pausa – Olha, eu sei que ele está metido com coisas erradas, mas me parece um bom menino.

Dou um sorriso amarelo para a senhorinha e a agradeço, ela volta para seu quarto.

Tento abrir a porta, mas está trancada, não há outra solução, vou ter que abrir a força. Dou um chute no trinco e a porta velha se escancara mostrando o aposento mal arrumado e mal iluminado.

— Sid? – pergunto na sala.

Vou em direção ao quarto e quando chego levo um susto. Sid está jogado na cama, ele não parece estar dormindo, parece estar totalmente dopado... Por drogas. Chego perto dele e dou uns tapas em seu rosto.

— Idiota, o que você fez? – na cama havia uns saquinhos de cocaína, a maioria vazio. Também havia uma seringa na cômoda, ao lado uma garrafa vodka vazia. Puta merda!

O balancei mais uma vez na cama, assim percebi que a coisa era séria. O filho da puta estava tendo uma overdose. Não pensei duas vezes, peguei seu corpo franzino e praticamente o arrastei para fora do local. O coloquei no carro e o levei para o hospital mais próximo, salvei a vida do filho da mãe.

**

— Você é um idiota, Jim! – gritou Sid – Eu faço o que eu quiser da minha vida! Vai se foder!

— Caralho, você tá viciado! Não dá pra trabalhar com você assim! Você estava me roubando, desgraçado! – apontei o dedo em sua direção – Você está fora – disse meneando negativamente minha cabeça – Pra mim já chega, assim não dá.

— O quê? – ele explodiu – Não estou viciado, é só que... Merda!

— Você me roubou! Confiei em você, Sid! – pensei por um segundo – Não devia ter salvado sua vida inútil aquele dia – o encarei fundo nos olhos ao dizer isso.

Depois disso não entendi mais porra nenhuma. Senti Sid me acertar um soco, caí em cima dos móveis do quarto de hotel dele. Não deixei barato, o acertei feio! Estávamos nos matando quando ouvi gritos femininos – Nancy. Ela tentava nos separar inutilmente... Me desvencilhei. Meu rosto pegava fogo, em minha boca eu sentia gosto de sangue.

— Meu Deus! O que foi isso? – disse Nancy.

— Jim filho da puta, me botou fora de tudo! – falou Sid passando a mão no super cilho cortado.

—Já estava mais que na hora! Não dá pra trabalhar com viciados como você, Sid! Vai se tratar! – cuspi as palavras – Primeira regra! Lembre-se! Venda, porém nunca se vicie! Você nunca serviu pra isso.

— Tá bom, Jim! – disse Nancy – Vá embora. Não queremos você aqui.

A encarei por um segundo. Ela era louca de viver com Sid, ainda mais assim. Me encaminhei até a porta, ainda sentindo o olhar mortal de Sid em mim.

— Nancy – proferi sério – Se eu fosse você, daria no pé antes que qualquer coisa ruim te acontecesse por culpa dele. Só um aviso.

Ela manteve a face séria. Bati a porta atrás de mim e desci as escadas mais que depressa. A merda estava feita. Perdi meu amigo.

Mais uma memória embaçada para se lembrar, ou não.

Hotel Chelsea – dois meses depois

Sid

Respirei fundo sentindo a metamfetamina entrar no meu organismo. Era como se uma paz repentina me tomasse e tudo parecesse bem por um momento. Mas depois minha calmaria se transformava em ódio e um apagão se formava. Não me lembraria do que poderia vir a acontecer.

Só isso não era o bastante, abri um saquinho de cocaína e depositei nas costas da minha mão e mandei a ver. Fui até a cozinha e peguei a vodka no armário de cima, tomei um gole significante... Minha vista embaçou, meu corpo eu já não comandava mais... Tudo embaçou. Somente lembro de Nancy chegar e... Lembro que discutimos... Lembro de ter deixado o apartamento... Flashes rápidos demais para entender.

**

Abri meus olhos lentamente, tentando focar minha visão. Mas que merda! Onde que eu tô? Pisquei trocentas vezes e me liguei que estava dormindo dentro do meu carro. Agora, como eu vim parar aqui? E aonde estou? Coloquei a mão direita na testa, tentando puxar as memórias. A última coisa que lembro é de sair do meu apartamento... E... Minha cabeça deu uma pontada! Porra.

Tá, calma! Melhor voltar pra casa. Olhei pro relógio: cinco pras onze. Nancy deve estar preocupada. Dirigi rápido pelas ruas iluminadas de Las Vegas. Cheguei em frente ao Hotel Chelsea, estacionei o carro no outro lado da rua. Suspirei. Quando ia saindo do carro, vejo a pessoa que menos desejava ver em anos: Jim Morrison. Estava saindo de dentro do Hotel onde eu estava. Filho da puta. O que tá fazendo aqui? Pensei em correr em sua direção. Mas não. Esperei ele entrar em seu carro e dar partida.

**

— Nancy? – chamei por ela dentro do nosso apartamento. Será que ela saiu? – Tá em casa? – indaguei.

Silêncio...

Fui no quarto. Vazio. Ela devia ter saído... Deve ter ficado furiosa por eu ter usado mais uma vez.

Passei em frente ao banheiro e ao ver aquela cena meu coração falhou uma batida. Não podia ser! Fui em sua direção, fui em direção ao corpo pálido de Nancy na banheira. Fui dando passos falhos, meus dedos tremiam...

— Nancy – choraminguei ao lado da banheira, onde ela se encontrava sem vida – O quê que...?

Lágrimas escorreram meu rosto, minha garganta estava travada. Eu queria morrer. Morrer com ela.

— Nancy – agora eu chorava incontrolavelmente agarrando seu corpo mole – Por quê? Por quê? – a perguntava mesmo sabendo que não haveria nenhuma resposta.

Olhei ao redor a procura de um bilhete... Nada. Ela não havia cometido suicídio. Tenho certeza. Ela me deixaria uma carta, assim eu faria isso logo após ela. Era nosso pacto.

Fiquei sem rumo. E agora? Senti meu mundo cair e sentia que todos ao meu redor assistiam. Todos estavam me dizendo adeus. Apertei Nancy mais forte em meus braços. Minhas lágrimas esquentavam meu rosto frio, podia sentir minha alma doer. Eu queria estar morto.

— Por favor, Nancy, não me dê as costas... – sussurrei em sua testa – Eu te amo.

A segurei e mirei seu abdome sangrando, sua camisa branca manchada de sangue e rasgada. A banheira parecia um massacre. A vida de Nancy estava ali e agora também, sua morte. Lágrimas quentes escorreram de meus olhos ardentes.

Agora minhas lágrimas já não eram mais de dor e sim de ódio. Eu já sei quem fez isso. Eu sei. Contraí meu maxilar até sentir dor. Eu mataria o primeiro que aparecesse. Eu vou matar quem fez isso. Eu vou! Juro que vou.

Uma frase veio em minha mente: “Nancy, se eu fosse você, daria no pé antes que qualquer coisa ruim te acontecesse por culpa dele. Só um aviso”.

Mais uma lágrima escorreu e o ódio me tomou por completo.

**

Agora estou aqui, preso, por um crime que não cometi. Eu não matei Nancy.

Era só eu ligar as coisas, a ameaça de Jim e ele saindo do Hotel naquela mesma noite. Não podia ser coincidência. O sentimento de vingança estava me cegando. Meus pensamentos eram uma bagunça. Eu queria vingança. Mas pelo quê? Será que Jim realmente a matou? Comprimi os olhos. Eu não tinha uma única lembrança daquela noite em questão. Nada parecia estar a meu favor. Dei um soco na parede.

Eu aleguei às autoridades que fora Jim quem matou Nancy, mas não havia provas quanto a isso. Ele alegou que eu era um drogado e antes mesmo disso os policiais acharam drogas em meu apartamento, o que não me ajudou muito. Eles me fizeram um exame de doping o qual deu positivo. Nada cooperava. Nada estava ao meu lado. Eu estava perdido. Será que cavei minha própria cova e vim parar nesse lugar?

Na cela pequena e escura... Fria. Eu criava meu plano. Eu sairia daqui e minha vingança seria completa. Eu matarei Jim Morrison e tudo que ele ama.


 

Dias atuais

 

Lana

— Oh, esse bairro é lindo, Jim! – exclamei observando o bairro residencial – Orange Beach é linda! Já morou aqui?

— Sim, pouco tempo – assenti com um balanço de cabeça – Chegamos – disse Jim sorrindo ao estacionar em frente a uma casa de coloração verde clara – Minha mãe vai ficar feliz em ver você, te conhecer – sorriu pra mim.

— Será? Tô meio apreensiva. E se ela não gostar de mim? – fiz biquinho.

— Não tem quem não goste de você, Lana – acariciou meu rosto.

“Tem sim! A Deborah”. Somente pensei. Ri do pensamento. Bom, nada engraçado, não? Jim me contou o que ela passou nas mãos de Sid e admito que senti pena da ruiva. Nenhuma mulher gostaria de passar por isso. Sinto por ela.

**

Entramos na casa com nossos pertences. O local era muito acolhedor, a aura do lugar era muito acolhedora. Aquele lugar que você se sente realmente em casa. Então... Esse era o caso.

Jim foi na minha frente se sentindo totalmente em liberdade na residência.

— Mãe? – chamou.

Admito que estava um pouco nervosa. Nunca pensei que um dia conheceria a mãe de Jim.

Uma mulher baixa de cabelos castanhos e olhos claros iguais de Jim aparece. Parecia estar vindo da cozinha. Sua feição se suaviza ao avistar o filho e esboça um sorriso. Os dois se abraçam e fico a contemplar a cena.

— Mãe, essa é Lana... – Jim me puxa para perto – A moça que te falei por telefone.

— Olá – a abraço.

— Oh! Olá! Sou Clara – sorriu. Isso me encheu de alegria – Jim me falou muito de você – ela olhou pro filho, qual riu.

Vi a feição de Jim mudar completamente. Ficou sério de repente. Meu coração quase se desfez por vê-lo assim... Ele tinha esse poder de mudar de humor repentinamente. Tão rude, tão carinhoso. Nunca o entenderia.

— Mãe – disse sério – Precisamos conversar sobre algo – ela também ficou séria instantaneamente.

Ela já devia saber do que se tratava. Todos nós sabíamos. Uma brechinha de medo se abriu em meu peito. Apertei o braço de Jim.

**

— Ele vai vir atrás de mim, não vai? – perguntei deitada colada a Jim. Estávamos em seu quarto.

— Provavelmente sim – me encarou – Mas estarei pronto.

— Pronto pra quê? – franzi meu cenho.

— Estarei pronto para matá-lo.


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Notas finais do capítulo

obrigada por lerem.



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