My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 14
Mermaid Motel


Notas iniciais do capítulo



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Sid

— Alguma coisa está errada – proferi baixo enquanto me aproximava do trailer de Jim Morrison.

Dei uma passada em frente ao trailer andando sorrateiramente como um gato. Parei e observei ao redor, alguns trailers ainda tinham as luzes acesas, mas a maioria com luzes apagadas. 

Estava lá há quase quatro horas e nada de Jim e sua namoradinha. A madrugada já se estendia. Pensei por um segundo no óbvio, eles haviam de ter ido embora. Mas que porra! E eu pensando que ele viria até mim. Covarde!

Tá, calma. Pra onde que o filho da mãe poderia ter ido? Alabama talvez ou New Jersey, contudo, preciso da certeza. Bom, vai que eles somente decidiram passar a noite fora e voltar amanhã? Não... Acho que não.

— Filho da puta – exclamei baixo e chutei o chão rochoso do parque.

O que posso fazer? Quero saber agora pra onde ele levou a queridinha da namorada dele e já sei pra quem perguntar.

Andei mais alguns metros sorrateiramente no parque e cheguei à frente de um trailer bege claro com enfeites do Natal ainda. Encarei a porta e dei umas batidas. Escutei um resmungo. Bati de novo.

— Ronald, já disse que... – Deborah arregalou os olhos ao me ver. A ruivinha tentou fechar a porta, porém coloquei meu pé entre a porta e o batente. Empurrei a porta de metal com força e entrei trancando-a.

— Nem pense em se mexer, ruivinha! – ela vestia apenas roupas intimas. Até que era gostosinha.

— Sid... O que é que... Você aqui... – se encolheu tentando cobrir-se.

— Calma ruivinha – me aproximei dela – Só vim fazer umas perguntas. Simples! Me responda e sairá ilesa – passei a mão em suas madeixas ruivas. A mulher se encolheu mais um pouco – Então está tendo um caso com o careca do Ronald?

— É isso que você veio perguntar, estúpido? – me encarou nos olhos tentando intimidar-me, na verdade ela estava me excitando. Me contive.

— Não, claro que não! Quero saber de Jim e sua namoradinha. Pra onde os dois malditos foram? Você sempre sabe de tudo quando se trata dele – segurei firme em seu ombro.

— Hã? – arqueou as sobrancelhas ruivas – Eu não faço a mínima ideia do que você está falando.

— Não se faça, ruivinha – me encostei nela – Desembucha, pra onde eles foram? – agora a prensei na parede.

— Não sei, seu nojento! Não encosta em mim! – disse me empurrando com força. Segurei seu rosto com a mão direita fazendo-a formar um bico com os lábios.

— É melhor você não gritar, hein. Se não as coisas ficariam muito feias – tirei minha 32 da cintura e apontei pra ela, que encarou a arma assustada – Agora, eu vou perguntar novamente, ok? Onde eles estão? – soltei minha mão de seu rosto.

— Não faço ideia – ainda estava mentindo. A peguei pelos cabelos e a joguei no chão ao lado da cama, lágrimas se formavam nos belos olhos azuis – Juro que não sei – chorou.

Me agachei ao lado dela.

— Você pode fazer isso da maneira difícil ou da fácil. Qual prefere? – balancei a arma em minha mão – Até quando vai tentar proteger esse cara? Ele nunca te deu a mínima. Nunca faria por você o que está fazendo pela tal da Lana. Ele te deixou aqui, a minha mercê – ri dela – Agora me fale!

Ela abaixou o olhar dizendo:

— Eu... Eu não sei, Sid – a vadia mentia tão mal!

— Mentirosa – me levantei e a acertei uma coronhada na fonte esquerda – Diga logo, antes que eu me irrite mais, porra! – ela passava a mão no local que havia a acertado. Guardei a arma e a paguei pelos ombros – Levanta! Anda! – se levantou e me olhou com o rosto encharcado e vermelho – Isso! Boa garota... Agora, tira a roupa pra mim – encarou-me incrédula – Isso mesmo! Tira a droga do sutiã!

— Sid, por favor! Não faz isso...

— Você escolheu o jeito difícil. Mas ainda tem chance de voltar atrás.

— Você matará o Jim – quase gritou.

— Fala baixo, vadia! – a peguei pelos cabelos e a joguei na cama – Anda, tira!

— Não!

Fiquei furioso com a recusa. Fui em sua direção e tentei tirar seu sutiã, mas ela se debatia muito forte, vagabunda! Dei um soco em seu rosto perfeito. Ela ficou jogada na cama, com a mão no local. Ficariam marcas, com certeza!

— Vamos Deborah... É simples! Abra o bico ou se não... Terei que abrir suas pernas a força.

— Aí eu grito, seu inútil – me encarou.

— Aí eu estouro seus miolos – ela comprimiu os lábios – Vamos Deborah, porra! Cansei de brincar! Chega! – peguei a arma novamente – Você quem pediu – e fui em direção a porta.

— Aonde você vai filho duma puta? – esbravejou ela.

— Atrás de um garotinho muito sapequinha que conheci hoje. Sabe, ele nem parece que é seu sobrinho... Como é o nome dele mesmo? Simon, não? A mãe dele vai adorar a visita! – ri sinicamente – Pensando bem, ela é bem mais bonita que você. Quem sabe ela não dê pra mim de boa vontade? Por que tipo... – me aproximei dela e toquei seu rosto – Um homem tem necessidades – dei as costas pra ela.

— Alabama! Eles foram pra Alabama! Que merda! Jim me odiará pra sempre por isso, idiota!

Bati palmas pra ela, sinicamente.

— Ótimo! Assim que se faz, Debinha – beijei rápido em sua boca, ela limpou o local imediatamente – Melhor cuidar desses machucados aí. Peça pra Ronald te ajudar. Adeus! – fechei a porta do trailer sorrindo e saí correndo, antes que a ruivinha chamasse alguém.

Lana

— Jim, acho melhor pararmos em algum lugar – já era a terceira vez que eu falava isso.

— Tá certo, você tem razão. Vamos parar no próximo Motel que encontrarmos.

— Ó! Acho que tem um ali – apontava na direção das luzes de neon.

— Mermaid Motel – disse Jim lendo o letreiro de neon – É o que temos pra hoje.

— Melhor do que sofrer um acidente por você dormir ao volante – disse ao sair do carro – Vou pegar minha bolsa, quero tomar um banho – abri a porta traseira e peguei a bolsa. Vi Jim pegar sua mochila.

No neon do Motel se via uma seria de calda verde e ela mexia a calda conforme a luz piscava. Era engraçado.

— Do que está rindo? – indagou Jim indo até a recepção.

— Daquela sereia – apontei pra figura em neon – Será que tem sereias aqui? – brinquei.

— Acho que sim, agora tem – disse me encarando. Eu ri.

(...)

— Pode ir. A água está ótima, Lana – exclamou Jim saindo do banheiro com a toalha enrolada na cintura.

— Assim espero – passei por ele e entrei no banheiro.

Retirei minha roupa, amarrei meu cabelo num coque e abri o chuveiro. Me coloquei embaixo dele e senti a água morna relaxar meu corpo. Enquanto a água escorria pelo meu corpo, varias coisas vinham à minha mente. Sinto saudade dos meus pais, de Stefani, da minha antiga casa e até do meu chefe mandão. Sinto saudade de Los Angeles, sinto falta da correria de NY. Mas Jim preenchia essa saudade. Não sei como, não sei como ele faz isso. Só espero que nunca pare.

Não sei quanto tempo fiquei no banho, mas quando saí seca do banheiro e com a toalha ao redor do corpo, o quarto estava vazio.

— Jim...? – arqueei a sobrancelha.

Escuto passos em frente à porta do nosso quarto, escuto a chave ser introduzida e a maçaneta girar, a porta se abre e avisto meu amado; Jim me olha e ri. Eu devia estar com uma cara de assustada.

— Que foi? – ele pergunta trancando a porta novamente.

— Fiquei assustada, sei lá. Saí do banho e você não estava – olhei a sacola na mão dele – O que é isso?

— Ah, fui ao posto de gasolina ao lado abastecer e já comprei algumas coisas na loja de conveniência – se dirigiu a uma pequena mesa redonda e colocou os itens lá – Comprei aquele refrigerante que você gosta – ele riu.

— Diet Mountain Dew? – cheguei ao lado dele na mesinha.

— Esse mesmo – tirou o refrigerante em lata da sacola e também observei que tinha outras guloseimas.

— Ai, obrigada, meu amor – o abracei. Ele me abraçou e eu relaxei em seus braços. Nos separamos e ele se deitou na cama, o observei tirar os sapatos e a camisa azul escura. Abri o refrigerante e tomei um gole do líquido gelado, senti o olhar de Jim em mim.

— Você fica diferente de cabelos presos – Jim ainda me fitava.

— Ah, é? – soltei meus cabelos.

— Sim, linda de todos os modos. Mas agora venha aqui – ordenou – Por que não se livra dessa toalha?

— Achei que estivesse com sono, Jimmyzinho – brinquei, me aproximando da cama de casal.

— Perdi o sono ao te ver assim – se sentou na beirada da cama e me puxou para si.

— Assim como? – aticei-o.

— Assim... – desfez o nó da toalha e me expôs.

Num segundo minha boca foi até a sua e uma luta de quem conseguia tocar mais um ao outro foi travada. Jim me depositou na cama, me acariciando. No instante seguinte nossas respirações estavam totalmente descompassadas e a sensação da sua pele em contato com a minha, era indescritível.

Sempre era a mesma sensação, ele me tocava e nada ao redor mais existia. Me esquecia de tudo e de todos. Era como se fosse a última vez, como se fosse o último dia de sol do verão.

— Jim, tira logo essa calça jeans... – supliquei, enrolada a ele.

— Pra já, Miss America! – beijou meu pescoço e se levantou, tirou toda a roupa restante em seu corpo e voltou para mim.

Suas mãos tocaram todos os pontos possíveis de meu corpo, mas eu queria logo é que ele parasse de me torturar desse jeito e fizesse o inevitável, o óbvio. Mas Jim é mal, queria me fazer sofrer de prazer.

Finalmente meu desejo mais íntimo foi atendido e pude senti-lo em mim. Da minha boca só saiam coisas sem sentido. Jim se movia junto a mim, nossos corpos suplicavam um pelo do outro. Era como se nunca conseguíssemos ter o bastante. Eu queria mais, eu quero mais. Muito mais.

— Vamos mudar, Jim... – ele entendeu o meu pedido.

Jim virou na cama me deixando por cima. Pude ver um sorriso malicioso magnífico em seus lábios, me incentivando. Voltei a me mover, Jim segurava minha cintura e me incentivava a mover meu corpo a sua maneira.

Meus gemidos audíveis, com certeza poderiam ser ouvidos do lado de fora do quarto, mas foda-se. Se um homem passasse, com certeza ficaria excitado e se fosse uma mulher ficaria com inveja e se no caso fosse um adolescente safado, sairia correndo para se masturbar.

Jim inverteu novamente as posições e eu podia sentir meu corpo formigar, estava próximo. Finalmente, eu me sinto derramar, minhas pernas estão moles, meus membros parecem ser feitos de gelatina. Sinto uma paz interior. Jim também tem a sua vitória e escorrega pro meu lado.

Viro meu corpo e o abraço, encosto a cabeça em seu peito e escuto as batidas loucas de seu coração, iguais as minhas.

— Podemos ser presos por atentado ao pudor – ele ri – Você não foi nada silenciosa.

Ri da sua exclamação.

— E isso infla o seu ego, não é? – levantei o rosto para encará-lo. Mas ele não responde, somente ri – Jim, daqui a pouco amanhece... Só quero ver que horas vamos acordar – dou uma pausa e digo logo de uma vez o que estava preso na minha garganta – E tipo, eu estou com um pouco de medo, de toda essa situação – ele se sentou na cama.

— Medo? Medo do que? Eu estou aqui, Lana. Eu morro e mato por você – meus olhos lacrimejam.

— Eu não sei, Jim. Esse Sid... Ele é mesmo um louco! Psicopata. Por um segundinho assim – fiz um sinal de pequeno com o indicador e o polegar – Pensei que eu e você teríamos paz.

— E teremos, meu anjo. Teremos sim. Nem que eu tenha que matar esse, canalha.

Fiquei em silêncio. Preferi guardar meus medos pra mim, me ajeitei ao corpo de Jim e o resto eu não lembro. Adormeci.

Jim

Dormíamos tranquilos, eu e Lana. Ela agarrada ao meu corpo e o sol sendo tampado pelas cortinas bege gastas do quarto de hotel. Devia ser ainda de manhã, mas teríamos que seguir viagem. Escuto meu telefone tocar em algum lugar. Levanto vagarosamente pra não acordar Lana, ela resmunga algo ainda dormindo ao me afastar. Acho o celular na mesa redonda. Número de Deborah, mesmo assim atendo.

— Que foi? – digo ao atendê-la.

— Jim... – ela suspira alto – Jim, meu Deus! Eu fiz uma grande bosta! Espero que me perdoe... E, porra! – ela começa a chorar, eu me preocupo.

— Fale logo, Deborah! O que aconteceu?

— Eu nem dormi esta noite, Jim. Me perdoe... Mas, é que eu... Eu disse pro Sid pra onde vocês foram.

— Porra! Você está brincando, né? – observei a Lana dormindo na cama – Por que fez isso? Você é louca? Mas como e por quê?

— Me perdoe! Ele apareceu aqui ontem de madrugada, bateu em mim, tentou me abusar e ameaçou Diana e Simon! – ela soluçava do outro lado da linha – Ele tinha uma arma consigo e apontou na minha cara! Eu hesitei no começo, aguentei o soco que ele me deu, mas quando ele ameaçou ir atrás de Diana...

— Calma, Deborah! Você não teve culpa. No seu lugar qualquer um faria o mesmo – tentei amenizar a situação, mas eu mesmo estava apreensivo – Não se preocupe, darei um jeito, como sempre dei. Obrigado por ligar.

— Jim, não me odeie por isso! Meu Deus! Se algo acontecer a você... – disse com a voz trêmula.

— Nada acontecerá. Ele com certeza virá atrás de mim e quando vier estarei pronto... Mas e você? Como está?

— Um corte na cabeça, um olho roxo e meu sutiã preferido rasgado. Super bem! – essa sim é a Deborah que todos conhecem.

— Ok, desculpe. Tenho que desligar. Tchau, Deborah – desliguei o aparelho.

Merda! Merda dupla!

Passei a mão pelo rosto e fui pro banheiro. Olhei meu reflexo no espelho e aquela sensação que sempre tenho volta. Minhas decisões sempre feitas de momento, nunca são as melhores. E não quero olhar pra trás e não conseguir lembrar direito disso. Não quero que seja uma lembrança embaçada.

Por que não consigo cuidar de quem amo? Eu e essa mania de botar todos que estão ao meu redor em perigo.

Fico ali apoiado na pia remoendo tudo que passei, tudo que vivi. Me torturando.

— Que foi, Jim? Estava no telefone? – uma Lana sonolenta aparece na batente do banheiro.

— Sim. Arrume suas coisas, vamos voltar pra estrada... – suspirei a encarando – Sid sabe pra onde estamos indo.


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Notas finais do capítulo



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