Os duendes entraram em guerra, pela primeira vez, no ano de 567 a.C...

Era um sonho insano. Num momento ele era ele mesmo, James Potter, beijando Lily Evans. No outro, tinha se transformado em um duende e estava sendo apedrejado por uma Evans também duende. Ela era muito clara ao gritar que ele não deveria tê-la beijado. Ela tinha nojo dele. Apenas isso.

James piscou algumas vezes, limpando a trilha de baba que começava em sua boca e terminava no pescoço. Os olhos estavam cheios de remela e ele tinha certeza de que sua testa estava vermelha. Olhou para o livro de História, aberta na página sobre a guerra dos duendes. Eles faziam outra coisa que não fosse isso? A paz dos duendes, o amor dos duendes, você não lia nada disso. Eles só sabiam brigar e brigar.

Onde estavam os rapazes, afinal? Ele precisava de uma distração.

_Você finalmente acordou, Prongsie!

James lançou um olhar feroz para Sirius, mas este sequer se importou. Com muita naturalidade, o moreno se jogou no sofá, pegando o livro de James e o jogando no chão. O objeto não ficou lá por muito tempo. Remus já o tinha pegado e o acariciado levemente. Era como se ele quisesse assegurar ao livro que ninguém mais lhe faria mal. James não quis pensar nisso, era um pouco perturbador.

_Vocês estão animados? Nosso último baile. Vou sentir falta disso aqui.

James sorriu, os rapazes já ocupando seus respectivos lugares. Ele sentiria muita falta de Hogwarts também. A vida dele era aquele lugar. O rapaz ouviu a façanha dos outros três sobre tentar se esgueirar até a cozinha sem a capa de invisibilidade. Por que eles fariam aquilo não tinha sentido, mas James estava grato quando Peter lhe estendeu um prato com bolo.

_Droga, Wortmail, não chore. De novo, não.

O comentário de Remus fez James engasgar levemente e rir ao mesmo tempo. Em consequência, farelos de bolo respingaram no tapete.

_Isso foi nojento, Prongsie.

Era balela. Sirius era a última pessoa que poderia achar qualquer coisa nojenta. Em troca, James abriu a boca para ele, mostrando todo o conteúdo que havia ali. Ele ouviu o barulho claro que indicava que Peter estava tendo ânsias de vômito.

_Você quer um pouco?

_Você compartilharia?

James riu, seus ombros tremendo. É claro que o melhor amigo diria aquilo. Ele estava indo responder quando um movimento chamou sua atenção. Havia uma garota ali, uma quartanista. O rapaz suou, esperando que ela não fizesse nada estúpido.

_É pra você, James. Me pediram para te entregar.

De novo, não. Merlin! Outro bilhete! Ele iria surtar, ele estava prestes a ter um colapso. Pelo menos ele tinha beijado Lily Evans. Não, agora que ele sabia quão bem os lábios deles se encaixavam, não sabia como viveria o resto da vida sem isso.

Sirius lançou um sorriso extremamente charmoso para a garota, fazendo-a corar intensamente. Ele ganhou um olhar velado de Remus, como já era de se esperar.

_Outro bilhetinho de amor? Malfoy está mesmo apaixonado.

James só lhe deu uma cotovelada, desdobrando o bilhete.

Eu prefiro você à Lula Gigante. Sempre.

L.

James se recordou de uma cena imediatamente. Lily Evans, quinto ano, gritando que preferia beijar a Lula Gigante a sair com ele. Ele se retesou, essa memória lhe dando alguns sentimentos novos. Não poderia ser, certo? Não.

_O que diz aí? – Remus perguntou, ligeiramente divertido. Até isso pareceu suspeito na mente de James.

Ele não estava em condições de responder, principalmente porque Lily Evans estava entrando no salão comunal, acompanhada da amiga Marlene. Os olhos de ambos se encontraram imediatamente até que a ruiva baixou os seus. Ela estava corada, as mãos inquietas. Ela estava linda.

James sentiu algo morno preencher seu coração. Não havia como suprimir a esperança de que ela estivesse mandando os bilhetes e, principalmente, a esperança de que ela gostasse dele do mesmo modo que ele gostava dela.