Ele caminhou até ela, desejoso. Não houve nenhum tempo para conversa desde a noite daquele beijo. Se não fosse extremamente nojento, ele sequer teria escovado os dentes.

Balançou a cabeça diante de seu pensamento ridículo. Era típico dele pensar tamanha idiotice, mas isso era porque estava nervoso. Ele queria tanto falar com ela. Ele queria tanto esclarecer tudo, mas ninguém parecia querer o mesmo! Porque só isso poderia explicar as inúmeras tarefas que foram entregues a eles. Professora Minerva deveria estar se divertindo com isso, impedindo-o de obter a garota. Ele podia ouvi-la.

Agora, após horas intermináveis arrumando e decorando, ele poderia falar com ela. Lambeu os lábios, umedecendo-os. Era ridículo ficar nervoso. Ela havia correspondido ao beijo, certo?

James parou de chofre. Ela havia, não é? Ele não se lembrava agora, mas talvez ele a tivesse pego de surpresa. Pânico se instalou em suas feições. E se ela tivesse tentado se soltar e ele nem tivesse percebido?

James bufou. Estava sendo ridículo. E ele precisava resolver isso, se Lily não o quisesse, afinal, não seria uma novidade e então não doeria tanto. Se esperasse pela rejeição, ela não machucaria. Esfregou a testa, a mão subindo até o cabelo. Era típico dele se perder em pensamentos ridículos.

_Você está bem, James?

Ele levantou os olhos, corando imediatamente. Perdido em seu monólogo interior, ele nem se dera conta de que já havia chegado ao seu destino. MacKinnon olhava para ele como se olhava para uma espécime desconhecida. Havia gozação nos olhos da morena também. James só esperava que não tivesse dito nada em voz alta.

_Eu...

Seus olhos fixaram em Lily, mal registrando a presença de Marlene. Ele queria dizer tantas coisas e vê-la ali, empunhando a varinha para conjurar tecidos (ele não tinha a menor ideia do que ela estava fazendo) e mordendo o lábio nervosamente, fez com que um suspiro embaraçoso saísse de seus lábios. Se James não estivesse tão nervoso, ele teria visto que a ruiva estava igualmente ansiosa e vermelha. Mas ele estava concentrado demais em não passar muita vergonha.

_Nós podemos conversar, Lil-Evans?

Ele quase, quase, a chama de Lily. Mas Merlin sabe se ela não o azaria por isso. Ele não queria arriscar.

A resposta dela nunca veio. Não houve tempo. Um barulho estrondoso se fez ouvir e a ala leste do salão estava novamente desarrumada. James olhou para Gideon e Fabian Prewett enfiados em um canto.

_MacKinnon, Evans, venham aqui – professora Minerva chamou, segurando os dois meninos pela orelha.

James teve um instinto de morte. Ele iria matar aquelas crianças. Enquanto Lily lhe lançou um olhar de desculpas, ela teve que ir. Não era uma boa ideia desobedecer Minnie. Não em dias importantes como aquele.

Após receberem detenções, os gêmeos estavam saindo do salão, risonhos. Mas não foram muito longe, pois foram puxados para perto de onde ficaria o ponche.

_Eu vou matá-los se fizerem isso de novo, entendido?

Fabian riu, mas Gideon estava pálido. Aquele tom James nunca tinha usado.

_Você está tão irritado por que nós vamos vencê-los?

James revirou os olhos, soltando-os.

_Por favor, isso é impossível. Eu estava indo chamar Evans para sair.

O olhar dos dois foi impagável. As bocas abertas, prontas para receber mocas, espanto evidente. Eles não acreditavam que tinham estragado aquilo! James não chamava Evans para sair há muito tempo. E eles estragaram toda a diversão.

_Droga, Gideon! Eu aposto que ela o jogaria pela janela.

_Isso foi tudo ideia sua, Fabian. Seria tão divertido.

James quase rosnou. Sim, havia uma chance da ruiva jogá-lo pela janela, mas aquilo não era engraçado. Não para ele pelo menos.

Ele enxotou as crianças dali. Tudo bem, poderia falar com ela no baile. Só até lá ele esperaria, não mais.